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Império Germânico: desígnio anulado ou a renascer?
Nuno Morgado
Uma perspectiva geopolítica __________________________________________________________________
Quanto às maiores cidades, podem apontar-se: Berlin (3,4 milhões de habitantes), Hamburg (1,7
milhões), München (1,3 milhões), Köln (1 milhão) e Frankfurt (671 mil). Para findar o factor físico,
salientam-se vulnerabilidades, tomando-se nota de que a produção energética não é auto-suficiente e
mediante o fecho do canal de Kiel, a saída do Mar Báltico queda no arbítrio da Dinamarca e da
Suécia.
Passando ao factor humano, refira-se que a Alemanha é o Estado mais populoso da Europa (82,1
milhões de indivíduos), sendo a sua população na maioria urbana, etnicamente homogénea (91,5%
de alemães), altamente instruída e um serviço público excelente que lhes garante saúde. Subsiste, no
carácter alemão uma tenacidade e resistência que se têm mantido ao longo dos séculos, sendo de
acrescentar alguma rusticidade sobretudo no Sul (Bayern) e no Leste (o que resta da Prússia). Neste
aspecto, as provas duras em prol de um bem a alcançar não assustam os povos germânicos. Quanto
a vulnerabilidades, podemos apontar que a maioria da população está dedicada aos serviços, pelo
que existe um desequilíbrio particular de mão-de-obra no sector primário, este essencial para a
produção alimentar. Do mesmo modo, a taxa de natalidade é insuficiente para manter a população e
constata-se um desequilíbrio entre a população urbana e a população rural, problema, de resto, de
países desenvolvidos.
No factor recursos naturais e comunicações a Alemanha é uma potência de energia nuclear
(ocupa o 4º lugar no ranking mundial), possui produção cerealífera e criação de gado, embora seja de
referir que não basta para satisfazer as necessidades alimentares da sua população. Existem jazidas
de carvão (bacias Ruhr e Rhein), urânio (Schwarzwald e Erzgebirge) alguns recursos minerais e
sobretudo a produção de madeira. A rede rodoviária, bem como a ferroviária, são colossais (231.581
km e 47.201 km respectivamente) ligando a Alemanha o Oeste/Este. Existem grandes portos
(Hamburg, Bremen, Rostock), a rede fluvial ascende aos 6700 km, os aeroportos são cerca de 550 e
o número de linhas e operadoras telefónicas é muito elevado (em 2006 contavam-se cerca de 54,2
milhões de principais linhas telefónicas). Todavia, a produção agrícola não cobre as carências da
população, a pesca tem perdido importância e existe uma necessidade de se importar energia
(petróleo e gás).
Prosseguindo para o factor histórico, mencione-se que, efectivamente, a tradição histórica, a par
da filosofia política, é fundamental no estudo para a avaliação do potencial estratégico. Matéria que
escapa àqueles para os quais tudo se reduz à Economia (seja ela a super-estrutura ou não) ou a
outra fonte de saber, facto é que a História dá um poder mítico e excepcional às versões
apresentadas, sendo que, porém, o seu tratamento deve ser cauteloso e afastado dessa narrativa
mítica (e/ou mística), mas antes abrangente (incluir variações disciplinares), profundo (analisar as
interacções além de registos historiográficos) e contextualizado (ligando a História à realidade actual).
Em verdade, a tradição histórica e representações, crenças e valores que lhe estão associados
(Ribeiro, 1998: 135-138) são um condicionante essencial no modelo que estamos a aplicar à
realidade alemã, uma vez que na corrente da Estratégia que nasce nas aspirações/desejos da
Nação, estes são corporizados nos interesses nacionais que dão origem a objectivos, que por sua
vez exigem a aplicação da força para a sua concretização - toda esta conjuntura permanece
completamente imersa na filosofia política, mergulhada numa determinada poção ideológica,
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