Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico ... - Porto Maravilha
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diversas quadrículas abertas até ao momento. Uma vez removido esse pacote, foi feita a continuidade das escavações nessas mesmas áreas, de forma a obter uma perfilagem estratigráfica horizontal e vertical, completas, de todo o pátio e ainda procurar identificar contextos arqueológicos preservados, abaixo dos depósitos tecnogénicos recentes, que apresentam materiais do século XVIII ao XX. Uma vez completadas e na continuidade dos depósitos tecnogénicos observados desde a superfície do terreno, foi iniciada no dia 4 de Agosto, uma nova decapagem mecânica abrindo-se duas trincheiras: T2 e T3. A primeira de forma paralela e contígua à grande estrutura a Sul e a segunda de forma perpendicular a essa, cruzando o centro do pátio da Cedae, de Sul para Norte. O grande volume de sedimentos obtidos foi transportado para o canteiro industrial e está sendo peneirado de forma integral, por trincheira: T1-Norte: nível 1 a 15; T1-Sul: nível 1 a 15; T2: nível 16 a 30; T3: nível 16 a 30. As sondagens têm sido abertas de forma manual com recurso a ferramenta mecânica (martelete), para remoção inicial de camada de concreto na primeira fase dos trabalhos. Quando alcançado o sedimento, o trabalho segue de acordo com a metodologia exposta anteriormente. Com o decorrer dos trabalhos de campo, foi possível identificar uma galeria antiga de saneamento básico, possivelmente dos finais do século XIX ou inícios do XX, que se estende desde as quadrículas E28 a K27. A mesma está inativa, sendo que o topo da mesma foi identificado a cerca de 1,50 m de profundidade. Trata-se de uma estrutura com cobertura abobadada, em alvenaria de tijolo maciço e cimento grosseiro, com patine antiga. Esta galeria orientada Leste-Oeste, passa por um bueiro a Leste de G28, tendo o mesmo sido aberto e verificando-se que aquela continua para Leste desse ponto, tendo derrocado parte da abóbada e portanto estando inativa. Durante os trabalhos de abertura da Trincheira 1 – Norte, a citada caixa de acesso a esta galeria entrou em colapso, ruíndo. Até ao momento não foi identificado o alicerce da galeria, estando sendo escavada a sondagem na continuidade de E, F e G28. A estrutura identificada durante a prospecção arqueológica e confirmada durante a etapa 2 da escavação, nas quadrículas I, J e K16 trata-se de uma grande parede, extremamente bem conservada, composta por aparelho almofadado em cantaria (pedra lavrada). Após a abertura da Trincheira 1 – Sul, boa parte da mesma ficou exposta, tendo ocupado todo o perfil Sul daquelas sondagens, após a continuidade das mesmas, apresentando já cerca de 3 metros de altura. Na Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (Etapas Prospecção, Escavação e Monitoramento) – Obras de Revitalização da AEIU Portuária, Rio de Janeiro/RJ Relatório de Andamento 9 – Setembro/2012. 94
escavação dessas quadrículas foram identificados diversos blocos derrubados, dispostos de qualquer forma, os quais pelo tipo de trabalho e dimensão, terão pertencido a essa parede. Foram também escavadas as quadrículas R13 e S13 até cerca de 1,5 m de profundidade, permitindo observar a face interna dessa parede, a qual é muito robusta. A Trincheira 2 encontra-se sendo escavada de forma paralela a esta estrutura, de forma a expor a mesma em boa parte do seu traçado. Esta parede mestra de edifício, com orientação Leste-Oeste, foi identificada como pertencente a um imóvel, datado pelo menos do século XIX, que existiria no local e que terá sido demolido durante a 1ª metade do século XX, em cerca de 2/3. O atual edifício de escritórios da CEDAE, a Oeste da estrutura identificada, corresponde ao terço poente do edifício, a qual foi poupada. A sua fachada encontrava-se junto ao início da Ladeira de São Bento. Em relação aos materiais arqueológicos, foram identificados alguns fragmentos de faiança portuguesa datada do século XVIII, cerâmica comum também desse período até ao século XX, faiança inglesa do século XIX e porcelana chinesa dos séculos XVIII e XIX, sempre em contextos de revolvimento, a par de materiais arqueológicos de diversos períodos, demonstrando as grandes transformações que ocorreram no espaço e as diferentes origens de sedimentos utilizados como aterro de forma a subir a cota do terreno, até à superfície atual. Entre estes contextos surgem extensas e densas camadas de derrubes (demolições) de estruturas do século XIX e XX que existiram outrora no local. A par da estratigrafia extremamente complexa do local e das poucas estruturas identificadas, foram observadas inúmeras interferências em subsolo compostas por redes diversas: água, esgoto, telefone e respetivas valas de implantação, algumas delas ativas, outras inativas. Por enquanto, para além das duas estruturas referidas, não foram ainda identificados contextos de ocupação selados, existindo uma forte possibilidade dos mesmos se encontrarem abaixo do 3 m de profundidade (abaixo dos depósitos tenogénicos), nomeadamente os de origem colonial, uma vez que o espaço foi até ao século XIX (finais) de propriedade e uso pelo Mosteiro de São Bento. A partir dos resultados até agora obtidos, a escavação prossegue na sua etapa 2 (escavação sistemática), com a continuidade da escavação das quadrículas abertas inicialmente e o rebaixamento mecânico de todo o terreno, de forma a identificar a estratigrafia geral de toda a área da intervenção e observar outros vestígios que ali possam existir. Estas ações e seus resultados serão objeto de relatório futuro sobre a escavação. Programa de Gestão do Patrimônio Arqueológico (Etapas Prospecção, Escavação e Monitoramento) – Obras de Revitalização da AEIU Portuária, Rio de Janeiro/RJ Relatório de Andamento 9 – Setembro/2012. 95
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escavação <strong>de</strong>ssas quadrículas foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s diversos blocos <strong>de</strong>rruba<strong>do</strong>s,<br />
dispostos <strong>de</strong> qualquer forma, os quais pelo tipo <strong>de</strong> trabalho e dimensão, terão<br />
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cerca <strong>de</strong> 1,5 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, permitin<strong>do</strong> observar a face interna <strong>de</strong>ssa pare<strong>de</strong>, a<br />
qual é muito robusta. A Trincheira 2 encontra-se sen<strong>do</strong> escavada <strong>de</strong> forma paralela a<br />
esta estrutura, <strong>de</strong> forma a expor a mesma em boa parte <strong>do</strong> seu traça<strong>do</strong>. Esta pare<strong>de</strong><br />
mestra <strong>de</strong> edifício, com orientação Leste-Oeste, foi i<strong>de</strong>ntificada como pertencente a<br />
um imóvel, data<strong>do</strong> pelo menos <strong>do</strong> século XIX, que existiria no local e que terá si<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>moli<strong>do</strong> durante a 1ª meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XX, em cerca <strong>de</strong> 2/3. O atual edifício <strong>de</strong><br />
escritórios da CEDAE, a Oeste da estrutura i<strong>de</strong>ntificada, correspon<strong>de</strong> ao terço poente<br />
<strong>do</strong> edifício, a qual foi poupada. A sua fachada encontrava-se junto ao início da La<strong>de</strong>ira<br />
<strong>de</strong> São Bento.<br />
Em relação aos materiais arqueológicos, foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s alguns fragmentos<br />
<strong>de</strong> faiança portuguesa datada <strong>do</strong> século XVIII, cerâmica comum também <strong>de</strong>sse<br />
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séculos XVIII e XIX, sempre em contextos <strong>de</strong> revolvimento, a par <strong>de</strong> materiais<br />
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ocorreram no espaço e as diferentes origens <strong>de</strong> sedimentos utiliza<strong>do</strong>s como aterro <strong>de</strong><br />
forma a subir a cota <strong>do</strong> terreno, até à superfície atual. Entre estes contextos surgem<br />
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XX que existiram outrora no local.<br />
A par da estratigrafia extremamente complexa <strong>do</strong> local e das poucas estruturas<br />
i<strong>de</strong>ntificadas, foram observadas inúmeras interferências em subsolo compostas por<br />
re<strong>de</strong>s diversas: água, esgoto, telefone e respetivas valas <strong>de</strong> implantação, algumas<br />
<strong>de</strong>las ativas, outras inativas.<br />
Por enquanto, para além das duas estruturas referidas, não foram ainda<br />
i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s contextos <strong>de</strong> ocupação sela<strong>do</strong>s, existin<strong>do</strong> uma forte possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
mesmos se encontrarem abaixo <strong>do</strong> 3 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (abaixo <strong>do</strong>s <strong>de</strong>pósitos<br />
tenogénicos), nomeadamente os <strong>de</strong> origem colonial, uma vez que o espaço foi até ao<br />
século XIX (finais) <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e uso pelo Mosteiro <strong>de</strong> São Bento.<br />
A partir <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s até agora obti<strong>do</strong>s, a escavação prossegue na sua etapa<br />
2 (escavação sistemática), com a continuida<strong>de</strong> da escavação das quadrículas abertas<br />
inicialmente e o rebaixamento mecânico <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o terreno, <strong>de</strong> forma a i<strong>de</strong>ntificar a<br />
estratigrafia geral <strong>de</strong> toda a área da intervenção e observar outros vestígios que ali<br />
possam existir.<br />
Estas ações e seus resulta<strong>do</strong>s serão objeto <strong>de</strong> relatório futuro sobre a escavação.<br />
<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Gestão <strong>do</strong> Patrimônio Arqueológico (Etapas Prospecção, Escavação e<br />
Monitoramento) – Obras <strong>de</strong> Revitalização da AEIU Portuária, Rio <strong>de</strong> Janeiro/RJ<br />
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