perfil Supermercado Peri - Apas
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<strong>perfil</strong> <strong>Supermercado</strong> <strong>Peri</strong><br />
<strong>Supermercado</strong> é hoje o<br />
principal símbolo do bairro<br />
ELIANE CUNHA<br />
O Destino se cha<br />
Localizado na zona norte de São Paulo,<br />
o supermercado ganhou o mesmo nome do<br />
bairro em que o fundador morava no Japão<br />
POR FÁBIO DE LIMA<br />
Nos anos 1920, chegava ao Brasil,<br />
vindo da região de Okinawa,<br />
sul do Japão, Koei Takara,<br />
com apenas 16 anos de idade.<br />
O jovem só sabia lidar com agricultura.<br />
Ao se estabelecer na região de São José<br />
do Rio Preto, interior de São Paulo, foi<br />
plantar café e, anos depois, arroz. Koei se<br />
casou e teve quatro filhos.<br />
A lavoura exigia demais da família e a<br />
vida no Brasil não teve um só dia fácil desde<br />
a sua chegada. “Meu pai, que também<br />
se chamava Maurício, contava que, quando<br />
era criança, estudava num colégio interno e<br />
precisava usar roupas mais bonitas, sempre<br />
limpas, sapato novo e gravata. Mas quando<br />
voltava para casa, encontrava o meu avô<br />
trabalhando sem parar, mal vestido, todo<br />
sujo da lavoura e bastante cansado. Minha<br />
tia, irmã do meu pai, também sempre estava<br />
muito cansada, pois, mesmo com apenas<br />
8 anos de idade, já cozinhava para toda<br />
a família. Minha avó tinha problemas de<br />
saúde e nem sempre estava em condições<br />
de cozinhar”, comenta Maurício Takara,<br />
neto do fundador do <strong>Peri</strong>.<br />
Nos anos 1950, diante das dificuldades,<br />
a família Takara resolveu arriscar tudo.<br />
Procurou um banco e fez um financiamento<br />
para investir na produção agrícola.<br />
A intenção era plantar mais, vender mais e<br />
ganhar mais. Mas o negócio não saiu como<br />
a família planejou e, além de perder toda<br />
a produção, ficou a dívida com o banco.<br />
“Quando meu avô e meu pai conseguiram<br />
pagar as dívidas, anos depois, resolveram<br />
abandonar a agricultura e morar na cidade<br />
de São Paulo. Não dava mais para continuar<br />
no interior do jeito que as coisas<br />
estavam”, diz Maurício. “Em São Paulo tínhamos<br />
um parente que era dono de uma<br />
farmácia no centro da cidade, com quem<br />
meu pai foi trabalhar. Logo pegou gosto<br />
pelo comércio”, completa.<br />
Depois de algum tempo, a família<br />
comprou um terreno no bairro Jardim<br />
<strong>Peri</strong>, na zona norte, coincidentemente<br />
o mesmo nome do bairro em que Koei<br />
Takara morava no Japão antes de vir para<br />
o Brasil. Parecia coisa do destino. No terreno<br />
foi construída uma casa com espaço<br />
para um ponto comercial. A família era<br />
formada, na época, por Koei Takara, sua<br />
esposa, Massa, e quatro filhos: Maurício,<br />
80 SuperVarejo | Outubro 2008
mava PERI<br />
o mais velho, Massaki, Mário e Luzia. No<br />
espaço disponível, Koei resolveu abrir<br />
um armazém de secos e molhados.<br />
Mas os Takara não entendiam nada de<br />
secos e molhados. Por isso, Koei e Maurício<br />
foram conversar com alguns parentes<br />
que já tinham armazéns desse ramo em<br />
outros bairros de São Paulo. Os parentes<br />
argumentaram que seria interessante já<br />
começar com auto-serviço, visto que, na<br />
Koei Takara nos anos<br />
1940, ainda agricultor<br />
ARQUIVO<br />
Família Takara dedicou<br />
a vida ao <strong>Peri</strong><br />
época, em meados dos anos 1960, o sistema<br />
já mostrava ser o futuro desse tipo<br />
de comércio.<br />
Então, Koei e Maurício fizeram algumas<br />
prateleiras, compraram cestinhas, carrinhos<br />
e abriram o armazém. “Essa primeira loja<br />
tinha cerca de 200 metros quadrados e dois<br />
check-outs apenas. A família toda trabalhava;<br />
até mesmo um dos irmãos do meu pai,<br />
na época ainda criança, ajudava vendendo<br />
doces. Muitas vezes, os clientes reclamavam<br />
que, ao comprar algum<br />
doce para os filhos, o produto já<br />
vinha mordido. Meu tio explicava<br />
que tinha experimentado o doce<br />
apenas para saber o gosto”, relembra<br />
Maurício.<br />
No início, a família vendia produtos<br />
como arroz e feijão a granel.<br />
Eles nem sabiam se o negócio daria<br />
lucro mesmo. Então, imaginavam<br />
que, se não vendessem toda<br />
a mercadoria, pelo menos teriamna<br />
comprado por atacado, a preços<br />
mais baixos, e a própria família<br />
poderia consumir o que sobrasse.<br />
ARQUIVO<br />
Mas o armazém fez tanto sucesso que foi<br />
preciso contratar, em pouquíssimo tempo,<br />
funcionários como balconista e motorista.<br />
A primeira loja funcionou nas mesmas<br />
instalações até meados dos anos 1970.<br />
Depois passou por algumas ampliações e,<br />
em 1982, a família abriu, no mesmo bairro,<br />
uma loja maior, com 800 metros quadrados<br />
de área de vendas e oito check-outs, que<br />
contava com 60 funcionários. A loja antiga<br />
foi fechada; a nova sobreviveu ao tempo,<br />
passou por ampliações e continua como<br />
sede do <strong>Supermercado</strong> <strong>Peri</strong> até hoje. Em<br />
2002, uma segunda loja, com 450 metros<br />
quadrados, foi inaugurada no bairro. E em<br />
2005, a terceira unidade, com 700 metros<br />
quadrados, abriu as portas ao público.<br />
“Desde 2001 temos procurado profissionalizar<br />
o negócio. Antes, meu pai<br />
tomava conta de tudo. Hoje, é impossível<br />
ter apenas uma pessoa à frente desse tipo<br />
de negócio”, afirma Maurício. O jovem e<br />
experiente supermercadista, com pouco<br />
mais de 30 anos, trabalha no <strong>Peri</strong> desde<br />
criança e também sente a responsabilidade<br />
de continuar o negócio fundado pelo<br />
avô e pelo pai, que sempre contou com o<br />
esforço de toda a família. “Hoje, temos a<br />
responsabilidade de, pelo menos, manter<br />
o que foi feito, em respeito ao trabalho<br />
deles. Fazer isso, nos dias atuais, é muito<br />
complicado; afinal, seus concorrentes<br />
crescem e, se não se cuidar, você fica para<br />
trás”, explica o comerciante.<br />
O <strong>Supermercado</strong> <strong>Peri</strong> continua sua<br />
trajetória de sucesso, mesmo não contando<br />
mais com Koei, falecido em 1982, e<br />
com Maurício, que fez parte da diretoria<br />
da APAS e faleceu em 2004. “Pensamos<br />
em expandir a rede, na zona norte mesmo.<br />
Aqui temos tradição e credibilidade,<br />
temos um nome forte. Esse bairro e essa<br />
região são muito especiais para toda a<br />
nossa família. Foi aqui que nascemos e é<br />
aqui que ganharemos ainda mais representatividade.<br />
Estamos trabalhando todos<br />
os dias para honrar o trabalho que foi iniciado<br />
pelo meu avô, meu pai e meus tios”,<br />
afirma Maurício.<br />
Fonte desta matéria<br />
<strong>Supermercado</strong> <strong>Peri</strong>: (11) 2233-9333<br />
revista@supervarejo.com.br<br />
Outubro 2008 | SuperVarejo 81