21.05.2014 Views

JOS RODRIGUES DE PAIVA

JOS RODRIGUES DE PAIVA

JOS RODRIGUES DE PAIVA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EPÍGRAFES <strong>DE</strong> VERGÍLIO FERREIRA<br />

Sobre a Arte<br />

E na sua evidência imediata, na sua imediata eficácia, a arte é tão simples! Porque<br />

o que é difícil e complicado não é sentir a arte, mas explicar a obra, como o que é<br />

difícil não é o amor, a alegria, a amargura, mas teimar em fazer deles tratados de<br />

psicologia.<br />

(Cântico final, p. 77).<br />

Sobre o romance<br />

Não se faz decerto um romance com idéias matemáticas: a matemática não é<br />

artística. Mas pode-se confinar com a arte, escrevendo até um livro de filosofia.<br />

Basta que para isso as “idéias” aí se revelem artisticamente, tenham um suporte<br />

emotivo. E é isso fundamentalmente o que para um romance se pode exigir.<br />

(Espaço do invisível I, p. 69).<br />

Sobre a crítica<br />

O que profundamente um autor espera do crítico é ser nele continuado, não bem,<br />

todavia, pela reduplicação da obra, porque uma obra é sempre única, mas por uma<br />

consonância com ela que a dê na sua explicação ou desdobramento.<br />

(Espaço do invisível III, p. 11-12).<br />

Numa página célebre e que todos conhecemos escreveu Baudelaire que a melhor<br />

crítica de um quadro, digamos de toda a obra de arte, é a crítica “poética” e não a<br />

fria e algébrica; e que, deste modo, a melhor forma de darmos conta dela pode ser<br />

“um soneto ou uma elegia”. Exigir isso como norma seria reduzir toda a crítica à<br />

arte, ao menos como reflexo. Mas penso que o crítico “ideal” ou seja, o críticolimite,<br />

seria aquele que recriasse, em termos de explanação, a obra de arte criticada.<br />

Criticar a obra seria então recuperá-la na origem para a revelar a nós próprios, aos<br />

outros e decerto, normalmente, ao seu autor.<br />

(Ibidem, p. 13).<br />

Por sobre tudo, o que importa é que o criticar uma obra é sê-la da outra maneira.<br />

Mas sê-la é retomá-la viva e não dissecar o seu cadáver.<br />

(Ibidem, p. 14).<br />

Sobre o ato de escrever<br />

Um livro ainda, reinventar a necessidade de estar vivo. Mundo da pacificação e do<br />

encantamento – visitá-lo ainda – mundo do êxtase deslumbrado. Da minha comoção<br />

sutil e íntima, vidrada de ternura até às lágrimas. Da pálida alegria oculta como<br />

uma doença. Do frêmito misterioso da transcendência visível. Da fímbria de<br />

névoa como auréola que diviniza o real. Do reencontro com o impossível de mim.<br />

Da quietude submersa. Do silêncio. Um livro ainda – um livro? Frêmito do êxtase,<br />

a ternura sutil, fímbria, limite, pálida alegria – quão longe tudo já, ó espaço da maravilha.<br />

(Rápida, a sombra, p. 270-271).<br />

Escrever é abrir um sulco de sinais por onde o quem somos ou o que sentimos háde<br />

passar.<br />

(Um escritor apresenta-se, p. 209).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!