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AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
Diz Fernando Pessoa, em Mensagem, que “todo começo é involuntário”. Mas, para haver começo,<br />
é necessário, senão o simples e feliz acaso que o desencadeie, o estímulo que acorde a vontade de<br />
fazer, porventura inexistente ou adormecida. O começo do projeto que acabo de concretizar neste estudo<br />
da obra de Vergílio Ferreira não foi involuntário. Ele existia há muito, em moldes bem mais simples,<br />
mais como intenção do que como projeto, no meu desejo de revisitar o universo desse autor e de complementar<br />
e aprofundar o estudo dessa obra que se encontrava ainda em curso, quando, pela primeira<br />
vez, me ocupei dela num estudo amplo. A vontade de o fazer nos moldes que aqui estão, culminando o<br />
percurso de quatro anos de um Doutorado em Letras, existia latente, semiadormecida ou inibida pelo<br />
peso do compromisso que o projeto impunha e pelas dificuldades de trabalho para a sua realização. Essa<br />
vontade adormecida foi acordada pelo constante incentivo de amigos, de familiares e de colegas de<br />
ofício da Universidade Federal de Pernambuco e de outras instituições.<br />
Chegando ao final do caminho, não posso esquecer nem deixar de agradecer aos que, antes do<br />
início da jornada, estimularam o seu “involuntário” começo, e aí distingo a palavra firme e amiga da<br />
professora Beatriz Berrini, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que fez questão de ser,<br />
fora do âmbito da orientação oficial do meu trabalho, a primeira leitora da introdução e do primeiro<br />
capítulo, quando tudo o mais estava ainda por fazer e muito longe do final. Luzilá Gonçalves Ferreira,<br />
Nelly Carvalho, Virgínia Leal, Abuêndia Padilha e Lourival Holanda também estão naquele momento<br />
precursor do caminho a percorrer, estimulando-me a vontade. Luzilá e Lourival viriam a ter participação<br />
efetiva no meu trabalho, não só como amigos e colegas de Departamento, mas também como professores<br />
de disciplinas que cumpri e na orientação que o professor Lourival Holanda me ofereceu, sempre<br />
generosa, incentivadora e tão democrática que permitiu ao orientando seguir o próprio caminho. Sébastien<br />
Joachim, esse incansável docente e pesquisador do universo das Letras, é aqui lembrado pela alegria<br />
que manifestou quando me soube aprovado no processo de seleção. Viria depois a apoiar-me com<br />
bibliografia para o estudo das relações entre a literatura e a música. Alfredo Cordiviola mostrou aos seus<br />
alunos, entre os quais tive a honra de estar, outros modos de ver e fazer a Teoria da Literatura, permitindo<br />
e estimulando, nos cursos que ministrou sobre Teoria da Ficção e a obra de Roland Barthes, que os<br />
estudos se fizessem de forma criadora e inventiva, que é como se deve fazer a própria Literatura.<br />
Um trabalho da natureza deste, agora concluído, não se faz sem a solidariedade, a colaboração e<br />
mesmo algum sacrifício de pessoas queridas e de companheiros de trabalho. E assim, para que mais e<br />
melhor eu pudesse me dedicar ao processo da escrita e me fosse concedido o benefício da redução de