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JOS RODRIGUES DE PAIVA

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56<br />

parte da aprendizagem de Antônio, da aprendizagem do Homem. Antônio aprendia a Vida<br />

descobrindo a si mesmo, o outro, o Saber e a Mulher.<br />

Regressando à idéia da arquipersonagem proposta por Helder Godinho e considerando<br />

que Antônio Santos Lopes seja o herói vergiliano em plena juventude, que tem a<br />

infância e a adolescência evocadas pelo homem maduro ao tempo da escrita da sua narrativa,<br />

teremos no protagonista de Manhã submersa esse “herói” ou essa arquipersonagem na<br />

fase inicial da sua busca, da sua formação, do seu percurso existencial. Por isso aplicamse-lhe<br />

muito bem estas observações de Godinho:<br />

A geração da arquipersonagem é a geração da peregrinação à procura de uma possibilidade<br />

de existir, de um espaço para instalar o seu presente, que, nos livros seguintes a<br />

Onde tudo foi morrendo, tomará cada vez menos o aspecto de um espaço econômico para<br />

se tornar no espaço metafísico da procura da Ordem universal, com cujo encontro a<br />

arquipersonagem terá a aparição de si e encontrará a Mulher e o Saber. 11<br />

Ao tempo em que escreve a sua narrativa, Antônio Santos Lopes percorrera todos<br />

os estágios da sua aprendizagem e encontrava-se no esperançoso limiar do amor, no encontro<br />

casual com uma mulher que conhecia e amava desde sempre. Antônio continuará, tal<br />

como Carlos Bruno e Pedro, no percurso existencial do herói vergiliano, presente em outros<br />

romances.<br />

3. APELO DA NOITE.<br />

“Viagem sem regresso” entre o pensar e o agir: um tempo de decisão.<br />

A problematização de natureza política, que só lateralmente se verifica em Mudança,<br />

tem continuidade e aprofundamento em Apelo da noite, romance que Vergílio Ferreira<br />

termina de escrever em 1954 mas que só publica em 1963, registrando-se, entre um e outro<br />

– ao longo dos oito anos que separaram o término da escrita do momento da publicação do<br />

livro –, o aparecimento de Manhã submersa (1954), Aparição (1959), Cântico final (1960)<br />

e Estrela polar (1962).<br />

11 GODINHO, Helder. Os parentescos simbólicos em Vergílio Ferreira. In: MOURÃO-FERREIRA, David<br />

(Org.). Afeto às letras. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1984, p. 230.

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