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JOS RODRIGUES DE PAIVA

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não se cruzavam com os escolhidos por Vergílio. De algum modo os outros preservavam a<br />

importância do social e do político. De algum modo – sobretudo Namora – se fixou nos<br />

limites do psicológico (talvez ainda uma herança presencista) sem se permitir avançar para<br />

o existencial. De algum modo todos se contiveram na ousadia de experimentar estruturas e<br />

linguagens novas – fazendo-o, mas com parcimônia – e todos se abstiveram de tentar o vôo<br />

para a temática da transcendência no romance. Não há metafísica nas questões levantadas<br />

nos romances desses autores. As suas questões não se identificam com os grandes problemas<br />

da humanidade, as interrogações angustiadas do Homem na sua condição mais universal.<br />

Foram essas questões que sempre interessaram o romance de Vergílio Ferreira. Foi<br />

esse, o romance da compreensão e do questionamento do existir humano, que ele sempre<br />

desejou escrever. E mesmo dizendo que escrevia “sempre o mesmo livro”, nunca deixou<br />

de praticar linguagens e estruturas que se renovavam de livro para livro – apesar da personagem<br />

arquetípica, representação do Homem em processo, apesar da recorrência simbólico-alegórico-metafísica<br />

que caracteriza toda a sua obra –. E porque o mundo “é composto<br />

de mudança”, apesar do que no romance de Vergílio é permanente também se vão renovando<br />

os seus núcleos e motivos temáticos. É este o lugar de Vergílio Ferreira no romance<br />

português do século XX.

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