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JOS RODRIGUES DE PAIVA

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da nossa confusão. Fiadas de casas a nascer [...]. Não há centro nenhum, não o distingo,<br />

esboços de largos, [...]. Desisto de um fio que me oriente, ando à roda de mim, venho<br />

dar ao mesmo sítio.” (RS, p. 240).<br />

Tudo é labirinto. Desde a infância, tudo é labirinto, mesmo no brinquedo de que<br />

Luís Cunha mais se lembra, “um brinquedo de paciência, [...] um labirinto de plástico, em<br />

redondo, com três pequeninas esferas de aço.” Era preciso rolar “as esferas no primeiro<br />

circuito até à abertura para o segundo, [havia] que vencer vários circuitos, reuni-las enfim<br />

no nicho central.” (ibid., p. 127). Tudo é labirinto, e circular – espiral que ora se abre ora se<br />

fecha –, princípio e fim interseccionados num só tempo e único espaço, os da memória de<br />

origens, os da emoção que inventa mundos novos a (re)construir sobre os escombros do<br />

passado. Sobre eles, o Homem vai “à deriva pelo labirinto das ruas, pela rede de muros que<br />

se erguem do chão.” Tenta ouvir, na sua memória absoluta ou “algures, no abismo do mistério,<br />

uma ordem que venha, categórica como se um deus a dissesse na eternidade.” (p.<br />

241). Vai “visitar a alegria, o triunfo breve do [seu] corpo. [...]. Visitar a esperança. A perfeição.”<br />

(p. 242).

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