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JOS RODRIGUES DE PAIVA

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de Signo sinal), cinco novos romances viriam a ser acrescidos pelo autor ao expressivo<br />

conjunto do seu trabalho ficcional: Para sempre (1983), Até ao fim (1987), Em nome da<br />

terra (1990), Na tua face (1993) e Cartas a Sandra (publicação póstuma de 1996) que<br />

constituem o último ciclo romanesco do escritor. Ausente da minha dissertação, “Mudança”:<br />

romance-limite, porque inexistente ao tempo da sua escritura, este ciclo constituirá –<br />

a partir de Para sempre, elemento nuclear da investigação – o corpus a analisar no trabalho<br />

que a partir de agora me proponho realizar.<br />

2. INTRODUÇÃO<br />

2.1 – Objetivo/Justificativa<br />

Com a elaboração de Para sempre: romance-síntese e última fronteira de um território<br />

ficcional, pretendo completar a investigação em torno da obra de Vergílio Ferreira.<br />

Agora não mais em torno de um, mas do conjunto da obra do romancista. Penso que seria<br />

lamentável deixar incompleto o estudo da obra do escritor. Julgo que isto bastaria, tanto<br />

como objetivo do trabalho quanto como sua justificativa. Mas a esta posso ainda acrescentar<br />

outras razões: a releitura da obra literária agora encerrada na sua completude, mesmo a<br />

daqueles livros já analisados no meu ensaio, decerto levará, quem sabe, a novos resultados,<br />

ou, senão a tanto, a melhor desenvolver e aprofundar os já conseguidos.<br />

Vergílio Ferreira, embora costumasse dizer um tanto retoricamente que escrevia<br />

sempre o mesmo livro, não cessou nunca de realizar novas experiências nos seus romances<br />

e as propostas na última fase ficaram, afinal, por investigar. É o momento de o fazer. O<br />

escritor, que nos seus dois primeiros romances, não pôde fugir ao cerco neo-realista, rompeu<br />

esse cerco a partir de Mudança caminhando ao encontro do existencialismo filosófico<br />

e literário e da fundamental descoberta de Malraux, Sartre, Camus, Kafka, do nouveau<br />

roman. Rompeu com o modelo tradicional do romance, quebrou convenções, desmistificou.<br />

Fragmentou o sujeito romanesco, a estrutura ficcional, substituiu o “enredo” pelo “poético”<br />

optando por um romance de discurso por já não o satisfazer o de ação. Transformou<br />

esse gênero literário, tal como o praticou, num amplo espaço de questionamento de tudo,<br />

inclusive do próprio gênero. Abriu, por outro lado, o seu discurso a reverberações de outras<br />

“linguagens”, a da música, a da pintura – sobretudo no final, por um certo “parentesco”<br />

expressionista. Harmonizou contrastes discursivos que lhe permitem transitar, num mesmo

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