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JOS RODRIGUES DE PAIVA

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1. PRÓLOGO<br />

Analisei, em tempos, um conjunto da obra romanesca de Vergílio Ferreira, escritor<br />

português contemporâneo, inovador, no seu tempo literário, do romance produzido em<br />

Portugal, inovador também do ensaísmo, abrindo, quer num quer noutro gênero, novas<br />

perspectivas de criação literária e de reflexão sobre o Homem e sobre a Arte naquilo que a<br />

transcende ou a faz transcender dos seus limites.<br />

Vergílio Ferreira é um romancista de idéias, autor de romances-problema, ou seja,<br />

de um “modo” de romance que se destina a tudo problematizar (ou questionar), até mesmo<br />

esse próprio gênero narrativo. Analisei, em tempos, um conjunto de romances seus, destinando-se<br />

esse meu trabalho (realizado na UFPE), à obtenção do título de Mestre em Teoria<br />

Literária. Escrevi a dissertação a que dei o título de “Mudança”: romance-limite, no período<br />

de 1979 a 1981, ano em que fiz a defesa do trabalho. Posteriormente substituí esse<br />

título, quando o publiquei em livro a que chamei O espaço-limite no romance de Vergílio<br />

Ferreira 1 . Eis aqui, precisado, aquele vago “em tempos” a que associei tal análise. Expressão<br />

naturalmente vaga, neste caso até pelo decurso das duas décadas que me separam, hoje,<br />

do tempo da escritura do trabalho então realizado.<br />

Vergílio Ferreira era na época um autor vivo, construindo a sua obra em plena e intensa<br />

atividade criadora. Publicara até 1979, afora livros de contos e de ensaios, treze romances<br />

dos quais os onze então disponíveis constituíram o corpus do meu trabalho (esgotados<br />

os dois romances iniciais, publicados em 1943 e 1944, nunca foram reeditados, por<br />

decisão do autor). Centrada no romance Mudança (1949) a minha dissertação ambicionou<br />

realizar a análise de conjunto da obra ficcional do escritor, tomando aquele nuclear objeto<br />

de estudo como um divisor de águas, um “limite”, uma “fronteira” a partir da qual já se<br />

identificavam claramente no romancista diferentes fases da sua obra. Entretanto interligadas,<br />

eram resultantes de um processo evolutivo continuadamente desenvolvido, conscientemente<br />

executado, enquanto processo e enquanto projeto. Era aquele, então – o dos onze<br />

1 Recife: Edições Encontro/Gabinete Português de Leitura, 1984.

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