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Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações

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<strong>Letras</strong><br />

d i g i t a i s<br />

Teses e Dissertações originais em formato digital<br />

A Retórica e a Razão<br />

no Discur so Político:<br />

a argumentação nas eleiçõ<br />

es<br />

presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1989<br />

Adriana Tig re Lacerda Nilo<br />

1994<br />

Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação<br />

em <strong>Letras</strong>


Ficha Técnica<br />

Coor<strong>de</strong>nação do Projeto <strong>Letras</strong> <strong>Digitais</strong><br />

Angela Paiva Dionísio e Anco Márcio Tenório Vieira (orgs.)<br />

Consultoria Técnica<br />

Augusto Noronha e Karla Vidal (Pipa Comunicação)<br />

Projeto Gráfico e Finalização<br />

Karla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação)<br />

Digitalização dos Originais<br />

Maria Cândida Paiva Dionízio<br />

Revisão<br />

Angela Paiva Dionísio, Anco Márcio Tenório Vieira e Michelle Leonor da Silva<br />

Produção<br />

Pipa Comunicação<br />

Apoio Técnico<br />

Michelle Leonor da Silva e Rebeca Fernan<strong>de</strong>s Penha<br />

Apoio Institucional<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>Letras</strong>


Apresentação<br />

Criar um acervo é registrar uma história. Criar um acervo digital é dinamizar a<br />

história. É com essa perspectiva que a Coor<strong>de</strong>nação do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação<br />

em <strong>Letras</strong>, representada nas pessoas dos professores Angela Paiva Dionisio e Anco<br />

Márcio Tenório Vieira, criou, em novembro <strong>de</strong> 2006, o projeto <strong>Letras</strong> <strong>Digitais</strong>: <strong>30</strong><br />

<strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>teses</strong> e dissertações. Esse projeto surgiu <strong>de</strong>ntre as ações comemorativas<br />

dos <strong>30</strong> <strong>anos</strong> do PG <strong>Letras</strong>, programa que teve início com cursos <strong>de</strong> Especialização<br />

em 1975. No segundo semestre <strong>de</strong> 1976, surgiu o Mestrado em Linguística e Teoria<br />

da Literatura, que obteve cre<strong>de</strong>nciamento em 1980. Os cursos <strong>de</strong> Doutorado em<br />

Linguística e Teoria da Literatura iniciaram, respectivamente, em 1990 e 1996. É<br />

relevante frisar que o Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em <strong>Letras</strong> da UFPE, <strong>de</strong> longa<br />

tradição em pesquisa, foi o primeiro a ser instalado no Nor<strong>de</strong>ste e Norte do País. Em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, contava com 455 dissertações e 110 <strong>teses</strong> <strong>de</strong>fendidas.<br />

Diante <strong>de</strong> tão grandioso acervo e do fato <strong>de</strong> apenas as pesquisas <strong>de</strong>fendidas a partir<br />

<strong>de</strong> 2005 possuirem uma versão digital para consulta, os professores Angela Paiva<br />

Dionisio e Anco Márcio Tenório Vieira, autores do referido projeto, <strong>de</strong>cidiram<br />

oferecer para a comunida<strong>de</strong> acadêmica uma versão digital das <strong>teses</strong> e dissertações<br />

produzidas ao longo <strong>de</strong>stes <strong>30</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> história. Criaram, então, o projeto <strong>Letras</strong><br />

<strong>Digitais</strong>: <strong>30</strong> <strong>anos</strong> <strong>de</strong> <strong>teses</strong> e dissertações com os seguintes objetivos:<br />

(i) produzir um CD-ROM com as informações fundamentais das 469<br />

<strong>teses</strong>/dissertações <strong>de</strong>fendidas até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 (autor, orientador, resumo,<br />

palavras-chave, data da <strong>de</strong>fesa, área <strong>de</strong> concentração e nível <strong>de</strong> titulação);


(ii) criar um Acervo Digital <strong>de</strong> Teses e Dissertações do PG <strong>Letras</strong>, digitalizando<br />

todo o acervo originalmente constituído apenas da versão impressa;<br />

(iii) criar o hotsite <strong>Letras</strong> <strong>Digitais</strong>: Teses e Dissertações originais em formato<br />

digital, para publicização das <strong>teses</strong> e dissertações mediante autorização dos<br />

autores;<br />

(iv) transportar para mídia eletrônica off-line as <strong>teses</strong> e dissertações digitalizadas,<br />

para integrar o Acervo Digital <strong>de</strong> Teses e Dissertações do PG <strong>Letras</strong>, disponível<br />

para consulta na Sala <strong>de</strong> Leitura César Leal;<br />

(v) publicar em DVD coletâneas com as <strong>teses</strong> e dissertações digitalizados,<br />

organizadas por área concentração, por nível <strong>de</strong> titulação, por orientação etc.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento do projeto prevê ações <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns, tais como:<br />

(i) <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>rnação das obras para procedimento alimentação automática <strong>de</strong><br />

escaner;<br />

(ii) tratamento técnico <strong>de</strong>scritivo em metadados;<br />

(iii) produção <strong>de</strong> Portable Document File (PDF);<br />

(iv) revisão do material digitalizado<br />

(v) procedimentos <strong>de</strong> reenca<strong>de</strong>rnação das obras após digitalização;<br />

(vi) diagramação e finalização dos e-books;<br />

(vii) backup dos e-books em mídia externa (CD-ROM e DVD);<br />

(viii) <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> rotinas para regularização e/ou cessão <strong>de</strong> registro <strong>de</strong><br />

Direitos Autorais.<br />

Os organizadores


A Retórica e a Razã<br />

o<br />

no Discurso Polític o :<br />

a argumentaçã o nas eleições<br />

presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1989<br />

Adriana Tigr e Lac erda Nilo<br />

1994<br />

Copyright © Adriana Tigre Lacerda Nilos , 1994<br />

Reservados todos os direitos <strong>de</strong>sta edição. Reprodução proibida, mesmo parcialmente,<br />

sem autorização expressa do autor.


Progrnma <strong>de</strong> PO" - G rad u s.y1'l r;<br />

em Letra8 e Lingul3tica<br />

UFPE<br />

UNIVERSIDADE<br />

FEDERAL DE PERNAMBUCO<br />

CENfRO<br />

DE ARTES E COMUNICA


p.22 Terceira linha do panigrafo 1.5: on<strong>de</strong> se Ie concepriio Aristotelica leia-se concep~iio<br />

aristotelica;<br />

p.28 No final da citayao em italico, leia-se acrescimo: "...visa a persuadir; e que aquele que se<br />

dirige ao audit6rio universal visa convencer. "<br />

p.29 0 rodape que se relaciona it pagina anterior, <strong>de</strong>ve inieiar com 0 seguinte trecho: "La<br />

distinction entre les discours qui s'adressent a quelques-uns et ceux qui seraient valables<br />

pour tous, permet <strong>de</strong> mieux faire comprendre ce qui oppose Ie discours persuasif a celui<br />

qui se vent convaincanf. Au lieu <strong>de</strong> cOl1si<strong>de</strong>rer que la persuasion. .. "<br />

p.<strong>30</strong> Segundo paragrafo, on<strong>de</strong> se Ie condiciona totalmente leia-se con dicion a<br />

<strong>de</strong>masiadamente;


Programo. <strong>de</strong> Fos - Gud UAQfl,o<br />

em <strong>Letras</strong> e Linguistica<br />

UFPE


Programa <strong>de</strong> P 6s G d<br />

. - ra uaQ§,o<br />

em <strong>Letras</strong> e Lii1gL.is~jca<br />

U-FPE<br />

A autenticida<strong>de</strong> divulgada nio e hisrorica,<br />

e visual.<br />

Tudo parece verda<strong>de</strong>iro<br />

Em todo caso e verda<strong>de</strong>iro 0 fato <strong>de</strong> que pareya verda<strong>de</strong>iro<br />

E que a coisa com que pareya seja dada como verda<strong>de</strong>ira<br />

Ainda que, como Alice no Pais das Maravilhas<br />

Nunca Tenha existido."


• A todos os professores do Programa <strong>de</strong> P6s-Gradua93o em <strong>Letras</strong> e Lingiiistica que<br />

direta ou indiretamente contribuiram para elabora9<strong>30</strong> <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

• Aos professores, <strong>de</strong> quem larnentavelrnente nao fui aluna, Sebastian Joachim pela<br />

aten9<strong>30</strong> em recomendar<br />

titulos <strong>de</strong> meu interesse; e a Kazue Saito <strong>de</strong> Barros pelos<br />

aconselhamentos extra-eurriculares e pelas <strong>de</strong>scontraidas conversas <strong>de</strong> efeito<br />

terapeutico.<br />

• Aos professores <strong>de</strong> outras areas, da UFPE, pelas consultas esclarecedoras, em<br />

particular, a pessoa do Prof. Torquato Castro e do Prof. Romualdo Marques<br />

(Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito do Recife), ao Prof. Paulo Cunha (Centro <strong>de</strong> Artes), a Prof3.<br />

Silke Weber e ao Prof. Michel zaidan (CFCH).<br />

• Ao CNPq pela balsa a mim concedida no periodo <strong>de</strong> IIUUYo<strong>de</strong> 92 a agosto <strong>de</strong> 94<br />

para realizayao <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

• Ao Partido dos Trabalhadores, pelo acesso a documentayao em \li<strong>de</strong>o da Campanha<br />

Presi<strong>de</strong>ncia1 <strong>de</strong> 1989.<br />

• A TV dos Trabalhadores - TVT, pela liber39<strong>30</strong> <strong>de</strong> cOpias da Propaganda Eleitoral<br />

Gratuita. Em particular a pessoa <strong>de</strong> Isabel Mercadante,<br />

na epoea responsavel pelo<br />

encaminhamento<br />

do material.<br />

• A A~uba - Produtora <strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o - pelo ~ cedido para edi9<strong>30</strong> da propaganda<br />

eleitoral gratuita, a ser apresentada como material <strong>de</strong> apoio na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> tese.


• Aos amigos jornalistas Isaltina Gomes e Claudio Castanha pela aten~ao e presteza no<br />

auxilio a agiliza~ao <strong>de</strong> questoes tecnicas e politicas.<br />

• A ex-assessoria do ex-presi<strong>de</strong>nte Fernando Collor e a assessoria do candidato a<br />

Presi<strong>de</strong>ncia da Republica, Luis Inacio Lula da Silva, pelas entrevistas concedidas.<br />

• A MB. Thereza Alves pela competencia, paciencia e enorme <strong>de</strong>dica~ao <strong>de</strong>monstradas<br />

na digita~ao <strong>de</strong>ste trabalho, sem as quais nao teria sido possivel conclui-lo em tempo<br />

habil.<br />

• Aos primos Paulo Fonseca e Mario da Fonte pelo apoio e pela solidarieda<strong>de</strong> na<br />

impressio <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

• Em especial, a Marcuschi pela aten~io dispensada, na orienta~ao, mesmo diante <strong>de</strong><br />

wna agenda tomada por tantos outros compromissos. Agra<strong>de</strong>~o ainda pela<br />

oportunida<strong>de</strong><br />

oferecida em sala <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> entrar em cantata com uma imensuravel<br />

gama <strong>de</strong> conhecimentos e sobretudo, pela tenacida<strong>de</strong> intelectual com a qual nos<br />

inspjra a fazer ciencia.


Levando-se em conta 0 objetivo da pesquisa, esse trabalho se caracteriza como<br />

Aruilise do Discurso, e se inscreve no campo da Pragmatica para investiga9ao dos<br />

fundamentos 16gico-filos6ficos da argwnenta9ao.<br />

o universo da amostra constituiu-se nos discursos politicos veiculados pelos<br />

programas te1evisivos da propaganda<br />

eleitoral gratuita, no periodo do segundo tumo das<br />

e1ei9Oespresi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1989, disputado entre os candidatos Fernando<br />

Collor <strong>de</strong> Mello<br />

(PRN) e Luis Inacio Lula da Silva (PT).<br />

Foram anaJisadas as estrategias discursivas nas qwus se basearam as<br />

argumentayOes dos candidatos e suas respectivas representa90es politicas, no<br />

posicionamento<br />

<strong>de</strong>stes seja diante <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> urn fata, ou ainda, da escolha <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tenninados universos referenciais para apresentayio<br />

<strong>de</strong> urn perfil ou trajetOria politica.<br />

Conforme previsto nas hip6<strong>teses</strong>, a argumentayio no prograrna do candidato<br />

Collor foi mais ret6rica, no sentido <strong>de</strong> ser persuasiva; e a argumentayao no prograrna <strong>de</strong><br />

Lula foi mais racional, apelando para a consciencia do eleitor com a finaHda<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter 0<br />

seu convencimento.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista da tipologia textual, houve na propaganda<br />

politica <strong>de</strong> Collor<br />

uma predominancia da Jinguagem que cria wna realida<strong>de</strong> no discurso, enquanto, do outro<br />

lado, na propaganda <strong>de</strong> Lula, observou-se uma maior recorrencia a realida<strong>de</strong><br />

conteXhJaJjzada historicamente.<br />

Mesmo se tratando <strong>de</strong> urn estudo <strong>de</strong> caso, este trabalho evi<strong>de</strong>ncia os contrapontos<br />

percebidos,<br />

<strong>de</strong> urn modo gera1, entre os discursos <strong>de</strong> direita e <strong>de</strong> esquerda em outras<br />

situayOes, on<strong>de</strong> possivehnente tantbem po<strong>de</strong>m ser encontrados os contrastes aqui<br />

observados.


RESlJMO 6<br />

1. INTRODu


4. ANALISE DOS UNIVERSOS REFERENCIAIS DOS FATOS E DOS<br />

SUJEITOS ENlJNCIADORES 140<br />

4.1 PERFIL DO HO~M IDEAL - Fato Discursivo 141<br />

4.2 "ONDE ESTAVA VOCE" - Fato Narrativo l43<br />

4.3 A LmGUAGEM DA IMAGEM 144<br />

4.4 VINHETAS - "0 trem" <strong>de</strong> Collor x "0 trem" <strong>de</strong> Lula 147<br />

5. CONCLUSAO 151<br />

5.1 PERSPECllV AS 155<br />

6. ANEXOS 158<br />

6.1 NORMAS DE TRANSCRI


Partindo da aruilise dos discursos veiculados na propaganda<br />

eleitoral para a TV,<br />

no segwldo tumo das EleiyOes <strong>de</strong> 1989, este estudo tern por objetivo investigar os<br />

fundamentos da argumentay<strong>30</strong> dos candidatos a Presi<strong>de</strong>ncia da Republica, Collor e Lula.<br />

Para veri:ficar <strong>de</strong> que forma cada lUll dos candidatos construiu os seus argwnentos<br />

e <strong>de</strong> que situayOes partiu para <strong>de</strong>struir os argwnentos<br />

do seu adversario, serao analisadas<br />

as estrategias discursivas:<br />

• Na adoyao <strong>de</strong> universos referenciais nos quais se basearam os discursos e as<br />

imagens.<br />

E necessario esclarecer - no entanto - que, ao cont:nirio <strong>de</strong> outros estudos em<br />

Analise do Discurso, on<strong>de</strong> e passivel apontar 0 objeto da inves~ao<br />

na prOpria estrutura<br />

lingWstica, na abordagem dos fimdamentos da argwnen~, 0 que "sustenta"<br />

<strong>de</strong>temrinadas "fonnas" <strong>de</strong> pensamento e perceptive~ porcSmnem sempre localiz3vel. 0<br />

assWlto e fluido par natureza. Isso expJica, em parte, 0 rato <strong>de</strong> este trabalho ter 0 seu eixo<br />

centrado ita pragnWica, e transcen<strong>de</strong>ndo<br />

a LingOistica strictu sensu, se utilizar <strong>de</strong> areas<br />

afins para compor 0 arcabo~<br />

te6rico adotado para analise.<br />

Da comunicayao politica, par exemplo, e passivel se obter expJi~<br />

sobre os<br />

pi<strong>anos</strong> <strong>de</strong> ayio trayados nas campanhas, responsiveis pela propaganda politica, <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

surgem os discursos a serem anaJisados. A reIayao entre 0 terreno da ~ao<br />

politica stricto<br />

sensu e a politica <strong>de</strong> comunicayao adotada pelos candidatos sera percebida nas tipologias


textuais. Essa discussao te6rica sera realizada no item 2.3 Publicida<strong>de</strong>, Propaganda<br />

Politica e Marketing Politico, no capitulo que trata do Referencial Te6rico.<br />

Deve-se consi<strong>de</strong>rar que nas campanhas eleitorais, caracterizadas como episOdio<br />

sazonal, os discursos levados ao publico, elaborados pelos candidatos e suas assessorias,<br />

recebem interferencias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> questOes puramente factuais e momentaneas (como as<br />

<strong>de</strong>n6ncias <strong>de</strong> parte a parte ou as mudan~as estrategicas no conteudo do programa <strong>de</strong><br />

govemo) ate 0 compromisso implicito previamente fumado com 0 pensamento politico<br />

que norteia cada uma das representa~Oespartidarias ao longo dos <strong>anos</strong> (os principios<br />

adotados como premissa basica para argumenta~ao).<br />

A acirrada disputa politica que levou Collar e Lula ao segundo tumo eleitoral,<br />

numa polarizayio nitida entre as fmyas politicas <strong>de</strong> direita e <strong>de</strong> esquerda aconteceu num<br />

momenta hist6rico para 0 Pais, marcado principalmente pela volta das elei~Oes<br />

presi<strong>de</strong>nciais.<br />

Com re~<br />

ao cenano nacional, 0 resgate do direito <strong>de</strong> escolha do Presi<strong>de</strong>nte da<br />

RepUblica pelo voto direto, vinte e nove <strong>anos</strong> ap6s 0 Ultimo sufrigio, acontece, no<br />

entanto, em meio a uma crise <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> politica e institucional, corn 0<br />

awnento crescente do <strong>de</strong>scrCdito da populayio em rela~io a politica partidaria e aos<br />

segmentos dirigentes<strong>de</strong> modo geral.<br />

Do ponto <strong>de</strong> wta do cenAriointemacional, <strong>de</strong>ve-se levar em conta ainda que os<br />

referenciais i<strong>de</strong>olOgicosque orientam a ~io<br />

politica passavarn, e ainda passaro, pelas<br />

charnadas "Mudan~as<strong>de</strong>Paradigma", <strong>de</strong> wn lado, corn a queda do intitulado "Socialisrno<br />

Real" no leste europeu e a ~<br />

do papel do Estado e, do outro, a expansio da<br />

16gica<strong>de</strong> mercado, atraves dos projetos neo-liberais.


Direta ou indiretamente essas mudan~as interferem na a~ao politica e no discurso<br />

politico. Como sera visto adiante, enquanto no programa televisivo da Frente Brasil<br />

Popular a <strong>de</strong>finiy<strong>30</strong> i<strong>de</strong>o16gica do candidato Lula e enfatizada, ressaltando-se a sua<br />

representat:ivida<strong>de</strong>junto a classe trabalhadora; no programa do candidato do PRN, Collar<br />

e mostrado como oposiyao ao "status quo", sem vinculo com qualquer segmento<br />

especifico da socieda<strong>de</strong>.<br />

A linguagem sem dUvida e urn. campo <strong>de</strong> estudo privilegiado que pennite a<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>ssas e outras quest3es emergentes no tenD ou submersas nas suas<br />

entrelinhas. Desse modo, alem da ja citada importincia politica da eleiyao <strong>de</strong> 1989,<br />

<strong>de</strong>staca-se no nfvel da comunicayao, a singuJarida<strong>de</strong>da ela~ao<br />

da propaganda politica<br />

pela TV, que na epoca ainda podia recorrer a gravay3es <strong>de</strong> cenas extemas, partic~ao<br />

<strong>de</strong> militantes e gente do povo, criayao <strong>de</strong> vinhetas c quadros <strong>de</strong> humor, apari~ao dos<br />

apoiadores.<br />

Hoje tOOosesses recursos foram suspensos pela ~ao Eleitoral que restringiu<br />

a propaganda politica as gravayOes em estUdios, <strong>de</strong> pronunciamentos produzidos<br />

exclusivamente pelos candidatos. 0 presente trabalho po<strong>de</strong> fazer tun recorte <strong>de</strong> urn.<br />

materialriquissimo e Unicoque certamente ren<strong>de</strong>ria diversos outros tipos <strong>de</strong> abordagem.<br />

A escolha dos Fundamentos da Argwnen~ como ponto principal da analise<br />

<strong>de</strong>ve-se a relevincia <strong>de</strong>stes como "~a-ehave" <strong>de</strong> inves1igayao,atraves dos quais e<br />

passivel <strong>de</strong>scobrir as diferentes fonnas <strong>de</strong> e~io<br />

do discurso, que propriamente as<br />

divergCnciasconceituais previamente <strong>de</strong>marcadas em fim9io dos principios partidarios e<br />

dos programas <strong>de</strong> govemo.<br />

A analise do discurso politico e <strong>de</strong> fundamental importancia, em funy<strong>30</strong> inclusive<br />

da relevincia que adquire nos regimes <strong>de</strong>mocriticos, on<strong>de</strong> 0 povo elege seus<br />

representantes, po<strong>de</strong>ndo ter acesso as inf~<br />

e aos diferentes pontos <strong>de</strong> vista.


E principalrnente atraves dos discursos que os politicos se dirigern ao povo.<br />

Estabelece-se assim, apesar da unilateralida<strong>de</strong> do processo, a comunica~ao entre<br />

candidatos e eleitores. 0 povo po<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir ou nao.<br />

em <strong>de</strong>bates produzidos no circuito comercial, por ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> TV. au seja, nao sao<br />

exc1usivosdo programa televisivo.<br />

<strong>de</strong> obter simultaneamente a aten~io (do telespectador), a a<strong>de</strong>sao (do cidadio) e 0 voto<br />

(do eleitor), encarnados numa sOpessoa, mas que juntos formam tun gran<strong>de</strong> publico.<br />

maior recon-encia a argwnentayio<br />

publicitaria, que nonnalmente cria tuna<br />

realida<strong>de</strong>, realida<strong>de</strong> essa i<strong>de</strong>atizada, do que a argwnen~io<br />

16gicabaseada na<br />

realida<strong>de</strong> hist6rica. Relaciona-se a isso a maior inci<strong>de</strong>ncia do fato discursivo e<br />

1 Segundo 0 advogado Jose Paulo Cavalcanti Filho in "Inform~ao e Pa<strong>de</strong>r" (1994): "Esse tempo <strong>de</strong><br />

transmissao e pogo 0 80% tio preco <strong>de</strong> anUncio em horario nobre (cofTespon<strong>de</strong> ao pre~o <strong>de</strong> tahe/a<br />

menos os 20% legaJmente atribuidos iu agencias <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>) [...] niio custa nadapara os partidos,<br />

mas e cara para 0 gOllerno(nofundo, para totios nOs)."


• No programa <strong>de</strong> eollor, ha uma malOr inci<strong>de</strong>ncia <strong>de</strong> textos com<br />

predorninio <strong>de</strong> frases curtas, mensagens em forma <strong>de</strong> vinhetas e<br />

<strong>de</strong>poimentos baseados mais em opinioes pessoais que em fatores extemos.<br />

Seguindo a logica do marketing politico, as pesquisas <strong>de</strong> opiniao serviram<br />

para <strong>de</strong>linear a irnagem do candidato e estabelecer os fundamentos da<br />

argumentayao.<br />

1.2.2 Na propaganda eleitoral gratuita da Frente Brasil Popular ha 0 predominio da<br />

argumentay<strong>30</strong> logica, contextualizada na realida<strong>de</strong> historica, sobre 0 apelo da<br />

realida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>alizada. Relaciona-se a isso uma maior inci<strong>de</strong>ncia do fato narrativo e<br />

textos com base em referencias contextuais.<br />

• No programa <strong>de</strong> Lula, a argumentay<strong>30</strong> caracteriza-se como propaganda<br />

politic a, porem sem a utilizayio do procedimento do marketing politico, ou<br />

seja, sem que os argumentos<br />

estejam baseados nas pesquisas <strong>de</strong> opiniio<br />

que sondam. os eleitores por amostragem estratificada. A maior parte dos<br />

textos tinha a conotayio <strong>de</strong> <strong>de</strong>n-uncia, com base em referencias factuais.<br />

A amostra selecionada para este trabalho foi re1irada da propaganda eleitoral<br />

veiculada pela TV no segundo tumo da Campanha Presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1989. A escolha do<br />

veiculo TV <strong>de</strong>ve-se a duas quest3es, uma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m qualitativa outra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

quantitativa. A primeira consi<strong>de</strong>ra 0 fato <strong>de</strong> a campanha feita pela TV retmir tanto os<br />

discursos planejados quanta os improvisados,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aqueles realizados por cada urn dos<br />

candidatos em cstUdio, com maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo e recursos do teleprompter


ate os que foram realizados em comicios e <strong>de</strong>mais apari(j:oespublicas, com caracteristicas<br />

mais nitidas da estrutura da fala.<br />

A segunda razao da escolha do veiculo esta relacionada ao indice <strong>de</strong> audiencia<br />

obtido pela midia televisivanum pais, como 0 Brasil, on<strong>de</strong>, segundo dados estatisticosdo<br />

IBGE, <strong>30</strong>.593.364<br />

<strong>de</strong> brasileiros sao analfabetos e 0 equivalente a dois ter90s da<br />

POPula9ao e semi-analfabeta. Vale ressaltar que embora conste como indice oficial,<br />

fomecido pelo Anwirio Estatistico do Brasil (1992), trata-se <strong>de</strong> uma avaliacrao<br />

subnotificada, pais boa parte dos que sao consi<strong>de</strong>rados alfabetizados, apenas assina 0<br />

nome.<br />

"No Brasil <strong>de</strong> 1960 as transmissOes televisivas se restringiam<br />

a<br />

oito capitais, on<strong>de</strong> existiam 18 emissoras<br />

e 760 mil receptores. Hoje, os<br />

numer08 SaG espetaculares:<br />

235 emissoras, por volta <strong>de</strong> 25 milhlJes <strong>de</strong><br />

receptores, cinco re<strong>de</strong>s nacionais e 94% da popular;oo potencialmente<br />

atingida pela televisao".<br />

Esses dados evi<strong>de</strong>nciam 0 quanta a TV se potencializou como ve1culo<br />

paradoxalmente aglu1inadore segregante. Sendo capaz tanto <strong>de</strong> refmyar as diferencras<br />

sociais e fragmentar as noticias, rnostrando 0 que meJhor Jhe convier, como tarnbern <strong>de</strong><br />

reunil' pessoas, regi5es, paises e continentes em tamo<br />

<strong>de</strong> urn <strong>de</strong>temrinado foeo <strong>de</strong><br />

ateny3es.<br />

Nesse casa, 0 que se ressalta na TV, talvez rnais que a audiencia, e a credibilida<strong>de</strong><br />

que <strong>de</strong>sperta na pop~io par ser urn veiculo cuja pr~ao oferece <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

info~Oes<br />

(telejomais e docurnentirios) a entretenirnentos (filrnes, novelas e shows).<br />

Portanto, apesar <strong>de</strong> a propaganda eleitoral gratuita ter objetivo e fonnato distintos do<br />

restante da chamada pr~io normal, <strong>de</strong>sfruta do rnesmo status que 0 veiculo<br />

possibilita ern tennos <strong>de</strong> aParato tCcnico, com iniirneros recursos a serern utilizados a


partir da simples junyao dos elementos audiovisuais e das tecnicas recentes <strong>de</strong><br />

computayao gratica e <strong>de</strong>mais efeitos especiais.<br />

Mora 0 que ja foi exposto, ressalta-se ainda 0 artificio da onipresenya que 0<br />

veiculo possibilita as pessoas. 0 que no contexto real passa dias emeses para ser<br />

realizado, na tela nao vai alem <strong>de</strong> alguns segundos. Alguem que esteve "ontem" ali, po<strong>de</strong><br />

estar "hoje" aqui com a maior facilida<strong>de</strong>, ou ate em dois locais diferentes ao mesmo<br />

tempo.<br />

o politico que utiliza a midia televisiva, na verda<strong>de</strong>, esta simultaneamente falando<br />

pela TV, para a TV e com a TV. Assim como <strong>de</strong>finiu Schwartz (1985) a midia seria "0<br />

Segundo Deus".<br />

"A televisiio nos ultimos trinta <strong>anos</strong> tem modificado radicalmente<br />

a estrutura das campanhas. Mais que qualquer outro veiculo tem levado<br />

a politica a atravessar as fronteiras regionais e a cruzar os limites das<br />

classes s6cio-economicas. A mesma imagem, a mesma informafiio,<br />

alcanfando simultaneamente os diftrentes grupos sociais, contribuem<br />

fortemente para homogeneizar as referencias do eleitorado" (Lavareda<br />

1991: 127).<br />

E interessante ainda perceber que mesmo nao tendo por objetivo basico informar,<br />

ven<strong>de</strong>r, nem muito menos possibilitar entretenimento,<br />

as propagandas eleitorais po<strong>de</strong>m se<br />

aproxinYr das tipologias textuais da multi-midia recorrendo - entre outros - aos estiIos<br />

jomalistico<br />

ou publicit3rio.<br />

Em outras palawas, mesmo nio sendo prioritaria a t:ransmissao <strong>de</strong> inf~Oes,<br />

como cumpre aos jomais, a propaganda tamb6m se reporta aos fatos para veiculayao das<br />

i<strong>de</strong>ias do candidato. Da mesma fonna, a reCOlTenciaas estrategias do "marketing" nao e<br />

exclusiva do mercado que <strong>de</strong>las se utiliza para lanyamento e diw1gayao <strong>de</strong> wn produto<br />

passivel <strong>de</strong> compra e venda. Esse procedimento<br />

vem sendo adotado cada vez m.ais pelos<br />

politicos.


E, em parte, a opyao predominante por cada urn <strong>de</strong>sses estilos que vai revelar a<br />

fundamentayao 16gico-filos6fica da argumentay<strong>30</strong> dos discursos politicos <strong>de</strong> cada uma das<br />

duas representayOes polfticas e <strong>de</strong> suas respectivas propostas <strong>de</strong> govemo.<br />

A propaganda politic a veiculada pela TV constitui-se numa especie <strong>de</strong> "mosaico".<br />

Diversos blocos integravam urn todo, chamado nos estados do nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> "Guia<br />

Eleitoral"l e nacionalmente conhecido como Propaganda Eleitoral Gratuita. A diversida<strong>de</strong><br />

do material Ievado ao ar, reme <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pronunciamentos feitos pelos pr6prios candidatos,<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> apoiadores da campanha, ate as <strong>de</strong>nimcias elaboradas por cada uma das<br />

candidaturas em disputa.<br />

Existiam aroda as partes mais Ieves, tais como, os "jingles", as vinhetas, quadros<br />

<strong>de</strong> humor e esquetes que cumpriam a fim~o tecnica <strong>de</strong> dar folego ao. programa,<br />

constituin


o material foi obtido por duas fontes distintas. Da ET APAS, uma organiza\(ao<br />

MO governamental (ONG) <strong>de</strong>dicada a assessoria <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s populares do Recife em<br />

pesquisa e comunica9ao,<br />

obtive as duas primeiras fitas cassetes em vi<strong>de</strong>o. A referida<br />

documenta\(ao trazia propaganda <strong>de</strong> ambos os candidatos, com predominancia dos<br />

programas <strong>de</strong> Collor.<br />

Posteriormente, atraves da TV dos Trabalhadores - sediada em Sao Paulo e<br />

responsavel pela produyao e docurnenta~o da propaganda politic a do PT, obtive tres<br />

fitas cassetes em vi<strong>de</strong>o. Nessa remessa predominava 0 registro da campanha <strong>de</strong> Lula.<br />

Do total das cinco fitas, apenas uma nao foi utiHzada par conter falhas tecnicas na<br />

grava9ao e trazer material repetido.<br />

No cOmputo geral dispus <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis programas da propaganda eleitoral da<br />

Frente Brasil Popular, com <strong>de</strong>z minutos <strong>de</strong> ~<br />

cada, 0 que perfazia urn total <strong>de</strong> duas<br />

horas e quarenta minutos <strong>de</strong> gra~ao. Ja na documenta9ao da propaganda do Programa<br />

da Recons~ao<br />

NacionaJ, nao foi passivel aferir 0 registro precise das grav39Oes, pais os<br />

programas nao traziam cartela <strong>de</strong> apresenta9io<br />

com os respectivos niuneros e tempo <strong>de</strong><br />

dura 9 <strong>30</strong>·<br />

Com base na sel~io dos temas tratados na anaIise - no entanto - estimo que 0<br />

material some uma hora <strong>de</strong> grav~,<br />

0 que equivaleria exatamente a seis programas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z minutos.<br />

A falta <strong>de</strong> equivalencia na quantida<strong>de</strong> dos dados no universo geral da amostra Ilio<br />

interferiu na sel~ qualitativa do material, que para efeito <strong>de</strong> analise foi tratado<br />

eqUitativamente. Dos <strong>de</strong>zesseis textos anatisados, oito sao propagandas<br />

<strong>de</strong> Collor, oito<br />

propagandas <strong>de</strong> Luia. Essa amostra seletiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis textos correspon<strong>de</strong><br />

aproximadamente a <strong>de</strong>z por cenro da ~ total que ultrapassou 0 n6mero <strong>de</strong> cento<br />

e cinqtienta p3ginas.


o primeiro passo foi a transcri9ao <strong>de</strong> cinco fitas <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>o cassete, corn duas horas<br />

<strong>de</strong> grava9ao carla, para a folha <strong>de</strong> <strong>de</strong>cupagem,<br />

on<strong>de</strong> se registrou a i<strong>de</strong>ntifica9ao do que<br />

fora veiculado no vi<strong>de</strong>o (imagern) e no audio (m-usica ou fala).<br />

Nesse momento foi constatada a enorrne varieda<strong>de</strong> dos temas tratados, e como <strong>de</strong><br />

certa forma e caracteristico do veiculo TV, nem sempre aprofundados.<br />

Ern linhas gerais,<br />

ambos os prograrnas <strong>de</strong> propaganda politica referiram-se a questao dos transportes, da<br />

sau<strong>de</strong>, da educa9ao, da econornia (politica salarial, divida extema e intema).<br />

Diante da amplitu<strong>de</strong> do material disponivel, em seguida a transcri9ao, foi realizado<br />

o procedimento <strong>de</strong> recorte propriamente<br />

dito, com a escolha do material a ser analisado.<br />

<strong>de</strong>stacados:<br />

Para observar a diversida<strong>de</strong> da argurnenta9ao, em pontos comuns, foram<br />

Analise da argwnen~io dos programas on<strong>de</strong> cada urn dos candidatos<br />

expOs seus respectivos pont08 <strong>de</strong> vista 80bre urn tema conceitua1: alian9as politicas<br />

e compromissos politicos com segment08 da poPuJa9io.<br />

Em ambas as propagandas televisivas os candidatos menctonaram 0<br />

referido tema ressaltando ou dissimulando suas alian9a8 politicas. Tanto Conor<br />

quanto LuJa se pronunciaram<br />

a respeito.<br />

b. Posicionamento diante <strong>de</strong> um rato<br />

Em comicio realizado pela campanha <strong>de</strong> Conor ern <strong>30</strong>/09/89, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Caxias do Sui, houve tumulto no meio da multidao. a programa <strong>de</strong> conor<br />

responsabilizou 08 integrantes da Frente Brasil Popular pelo oconido.<br />

A acusa9ao<br />

foi respondida com outra <strong>de</strong>nimcia.


Este fato foi abordado em oito prograrnas da propaganda eleitoral gratuita,<br />

sendo quatro vezes por cada uma das duas representa~Oes politicas.<br />

Para se referirem a este terna, ambos os programas <strong>de</strong> TV recorreram<br />

ao<br />

futebol como forma <strong>de</strong> ilustrar melhor 0 que queriam dizer. Esse procedimento<br />

que se caracteriza como "argumenta~ao via exemplo", tambem sera analisado.<br />

c. A ad~io dos universos referenciais nos discursos e nas imagens dos sujeitos<br />

enunciadores.<br />

• Na propaganda eleitoral do PRN, esses aspectos serio analisados na<br />

diwlgayio do "Perfil do Homem I<strong>de</strong>al", on<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma subliminar, e<br />

<strong>de</strong>lineado 0 perfil <strong>de</strong> Collor associando-o a imagem do homem i<strong>de</strong>al. 0<br />

texto foi construido sem referencias a propaganda adversana.<br />

• Na propaganda eleitoral da FBP, esses aspectos serao analisados na<br />

diwlgayao do programa "On<strong>de</strong> estava voce? Um programa que ajuda 0<br />

eleitor a escolher",<br />

no qual e divu1gada parte da trajetOria politic a <strong>de</strong> Lula<br />

em contraposiyao a trajetoria <strong>de</strong> Conor.<br />

Muito ja se escreveu sabre 0 carater eminentemente argwnentattvo<br />

da linguagem.<br />

Da RetOrica ctassica<br />

<strong>de</strong> Ariswteles a Nova Ret6rica tal como a re<strong>de</strong>finiu Perelman em<br />

"L'Empire Rhetorique" (1988) e no "Traite <strong>de</strong> L'Argumentation" (1988) em co-autoria<br />

com Olbrechts- Tyteca, trabaJho premiado e consi<strong>de</strong>rado are hoje 0 mais completo e atual,<br />

o tema vem recebendo especial 31enyio na Filosofia, no Direito e na Lingiiistica.<br />

As <strong>de</strong>finiy3es <strong>de</strong> Perehnan nas citadas obras sabre 0 310 <strong>de</strong> convencer e 0 ato <strong>de</strong><br />

persuadir serio discutidas no capitulo 2, <strong>de</strong>dicado ao Referencial Teorico. Ja os exemplos<br />

dos contrapontos entre convencer e persuadir percebidos nas formas <strong>de</strong> argumentayio


dos discursos politicos serao encontrados<br />

nos capitulos reservados a analise do material<br />

empirico.<br />

Especificamente<br />

no capitulo do Referencial Te6rico questiono a forma peIa qual<br />

Perelman distingue 0 ato <strong>de</strong> convencer do ato <strong>de</strong> persuadir, e por conseqiiencia, a<br />

maneira como reIaciona cada wn <strong>de</strong>sses atos, respectivamente,<br />

aos audit6rios universal e<br />

particular.<br />

Refiro-me tambem ao trabaJho <strong>de</strong> Benenger (1989:14) sobre a persuas<strong>30</strong>, que<br />

apresenta uma classi:fica~ao bastante ampla dos tipos <strong>de</strong> influCncia exercida no processo<br />

<strong>de</strong> intera~ social 0 referido autor <strong>de</strong>fine a persuasio entre dissimulada e manifesta,<br />

subdividindo esta Ultima entre a persuasio propriamente dita (racional) e a ret6rica, no<br />

seu modo <strong>de</strong> vcr, como sendo uma forma <strong>de</strong> influenciar at:rav6s <strong>de</strong> urn apelo emocional.<br />

Fa~ aJgwnas consi~ sobre 0 pensamento <strong>de</strong> Benenger e proponho algumas<br />

re<strong>de</strong>fini~.<br />

Sigo 0 esquema conceitual proposto par Landowski (1992: 122) para analise dos<br />

universes pubJicitarios e politicos na comuni~ politica. Com re~ a abordagem<br />

s6cio-semi6tica, proposta pelo citado autor, para a analise das formas <strong>de</strong> sociabiIida<strong>de</strong> da<br />

pubJicida<strong>de</strong> e da poIitica, adoto as <strong>de</strong>fini9iJes <strong>de</strong> faro discursivo e fata narrativo. Para 0<br />

referido autor 0 fata discursivo e constituido no discurso e nele se encerra, ja 0 fato<br />

narrativo se reporta ao mlUldo exterior referindo-se a uma ~ ou reIatando wna<br />

hist6ria.<br />

UtiJizo <strong>de</strong> Landowski ainda as <strong>de</strong>finiy3es dos universos referenciais nos quais se<br />

baseiam os discursos: 0 univeno auto-referenciaJ. e 0 <strong>de</strong> refcrincia contextual. No<br />

primeiro caso, os discursos ten<strong>de</strong>m a referir-se a urn <strong>de</strong>terminado tema sem a apreensao<br />

<strong>de</strong> urn contexto a sua volta. Nos discursos <strong>de</strong> refer&1cia contextual, 0 tema abordado e<br />

apresentado em um <strong>de</strong>temrinado ceruirio.


No que tange a questOes especificas, tais como as formas <strong>de</strong> impiicito, tomarei<br />

por base as <strong>de</strong>fini~6es <strong>de</strong> Ducrot (1977: 14-19) que os distingue em 0 implicito do<br />

enunciado e 0 implicito fundado<br />

na enunciaqao. 0 citado autor, assim <strong>de</strong>fine 0 implicito<br />

do enunciado:<br />

"um procedimento banal, para <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as fatos que nao<br />

queremos assinalar <strong>de</strong> modo exp/icito, e apresentar, em seu lugar<br />

outros fatos que po<strong>de</strong>m aparecer como a causa ou a consequencia<br />

necessaria dos primeiros ... Uma variante um pouco mais sutil do<br />

mesmo procedimento ... largamente explorada pela propaganda e pela<br />

publicida<strong>de</strong> consiste em apresentar um raciocinio que comporta como<br />

premissa necessaria, mas niio formulada, a tese objeto da afirmaqao<br />

implicita" (1977:15).<br />

Segundo Ducrot esta forma <strong>de</strong> raciocinio caracteriza urn silogismo, "em que se<br />

formula explicitamente uma premissa (a menor) assim como a conelusao, a fim <strong>de</strong><br />

apresentar implicitamente a outra premissa (a maior)" (1977:15). Ji 0 impJicito<br />

fundado na enunciaqiio ocorre quando junto ao conteUdo do enunciado, evi<strong>de</strong>ncia-se 0<br />

prOprio fata da enunc~. Ter-se-i ai, entia, 0 que Ducrot chama os subentendidos do<br />

discurso. Para 0 referido autor, nesse caso, "... 0 impJicito nao <strong>de</strong>ve ser procurado<br />

no<br />

niveJ do enunciado, como um proJongamento do niveJ expJicito, mas um niveJ mais<br />

profundo, como uma condiqiio <strong>de</strong> existencia do ato <strong>de</strong> enunciaqiio" (1977: 17).<br />

Para analise das estrategias discursivas adotadas pelos candidatos sera utiJizado 0<br />

conceito <strong>de</strong> ~ dot argumentos, oriundo da~.rt}t


1.5 APRESENTA


Relativiza-se essa rela9ao, no entanto,<br />

pelo fato <strong>de</strong> nem sempre as marcas ou<br />

tra9Qs i<strong>de</strong>ol6gi.cos serem perceptiveis na produyao textual<br />

0 mais interessante, como sera<br />

possivel perceber adiante, e que nao so a presen9a, mas a propria ausencia <strong>de</strong>sses<br />

vincuIos tern lUna conota9ao i<strong>de</strong>olOgica.<br />

Na Ultima parte da fimdameD.ta9io teorica propije-se lUna discwsio sobre a<br />

<strong>de</strong>fini9ao conceitual do que se enten<strong>de</strong> por Publicida<strong>de</strong>, Propaganda e Marketing Politico,<br />

dada a influencia que a politica <strong>de</strong> comuniC39io exerce nos procedimentos<br />

adotados para<br />

elaborayao discursiva do material divulgado.<br />

Os capitulos 3 e 4, <strong>de</strong>dicados a Analise do Corpus, veri:ficam os


Da diversida<strong>de</strong> no plano das i<strong>de</strong>ias surge, em gran<strong>de</strong> parte, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

argumentar, seja atraves da fala ou da escrita, as pessoas sao motivadas a construir uma<br />

argumenta~<strong>30</strong>, concatenando 0 seu pensamento, seguindo uma <strong>de</strong>tenninada linha <strong>de</strong><br />

raciocinio. 13 as diferentes fonnas <strong>de</strong> argumenta~ao nao po<strong>de</strong>m ser atribuidas<br />

exclusivamente as discordancias conceituais, pois e possivel se encontrar, mesmo diante<br />

<strong>de</strong> temas sobre os quais os oradores tenham pontos <strong>de</strong> vista iguais ou semelhantes,<br />

social, a argumentayao ocorre tanto em ftmyao da necessida<strong>de</strong> das pessoas se<br />

posicionarem sobre uma dada questio,<br />

como surge tambem. da necessida<strong>de</strong> das pessoas<br />

apresentarem<br />

argumentos que sirvam para <strong>de</strong>marcar uma contrapoSiy<strong>30</strong>, ou, no minimo,<br />

Ulna posiy<strong>30</strong> divergente em re~o a tun pensamento posto anterionnente ou a Ulna<br />

s~ pr6-existente.<br />

Embora nio se constitua como modalida<strong>de</strong> predominante da linguagem 2 , a<br />

argwnentayao esta presente em v3rias si~ cotidianas seja nos espayos formais ou<br />

informais da interayao social<br />

1 ~... I'argwnentation ne se <strong>de</strong>roule pas dans Ie vi<strong>de</strong>, mais dans Wle situation socialement et<br />

psychologiquement <strong>de</strong>terrninee. qu'eUeengage pratiquement ceux qui y participent".<br />

2 Kibedi Varga. Discours, Recit et Image (1989), p.32. 0 autor cl.assificatres niveis <strong>de</strong> funcionamento da<br />

linguagem: 0 LOGOS, voitado para a transmissao e prodtt9io do saber, 0 PHATOS, com 0 objetivo <strong>de</strong><br />

suscitar em~ao do interlocutor e 0 ETHOS, que busca acima <strong>de</strong> tudo a socializa'tao; 0 "falar" por<br />

empatia, para ser amado e ser agradavel. Por essas razOes,0 mais abrangente.


Ainda que <strong>de</strong> modo geral prevale~a - na convivencia entre as pessoas - a<br />

lin~em<br />

com fins eminentemente <strong>de</strong> SOCializay<strong>30</strong>(a conversa informal, 0 bate-papo, os<br />

pedidos <strong>de</strong> info~<strong>30</strong>,<br />

os curnprimentos e ate os mexericos), em alg;umassitua~5es e<br />

praticamente inevitivel a fundamentay<strong>30</strong> das pr6prias i<strong>de</strong>ias para explicay<strong>30</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tenninados pontos <strong>de</strong> vista.<br />

Essa sena, inclusive, uma das fonnas atraves da qual urn interlocutor toma suas<br />

i<strong>de</strong>ias passiveis <strong>de</strong> aprovayao no meio no qual interage socialmente. Isto nao significa,no<br />

entanto, que i<strong>de</strong>ias e aer5es para serem aceitas precisem ser explicadas. Muito pelo<br />

contrario. 0 que se po<strong>de</strong> observar na analise <strong>de</strong>"urn material discursivo empirico e que<br />

muitas vezes 0 orador tem 0 seu pronunciamento aceito pelo publico ouvinte, ate mesmo,<br />

Bellenger (1989), urn estudioso da persuasao, ja havia chamado a aten~ao para 0<br />

fato <strong>de</strong> que, nas camadas simples da populayao, 0 discurso elaborado, no sentido <strong>de</strong><br />

critico e explicativo,surte menos efeito. Por isso 0 apelo ao embelezamento das palavras<br />

e 0 seu tom emocional po<strong>de</strong>m ter maior exito.<br />

Partindo do principio basico da argumenta~io sistematizadopor Arist6teles, para<br />

quem a arte <strong>de</strong> persuadir <strong>de</strong>pendia da ~io<br />

do orador sobre 0 tipo <strong>de</strong> audit6rio ao<br />

qual se dirige, a:firma Bellenger (1989: 25): "Algumas pessoas mo<strong>de</strong>stas (a gente<br />

1 •algunos oyentes mo<strong>de</strong>stos (la gente comun) cancen <strong>de</strong> Ja capacidad que se requiere para seguir un<br />

razonamiento eJaborado y curiosamente, quienes tienen eJpo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir son en general personas<br />

senciJJasl"


Essa COnstatay<strong>30</strong> nos leva a perceber que a argumentay<strong>30</strong><br />

nao esta diretarnente<br />

ligada ao conteudo do que sera dito, mas principalmente<br />

relacionada a forma <strong>de</strong> como<br />

faze-Io. Nao se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> aqui uma cis<strong>30</strong> drastic a entre forma e conteudo, pois as variayOes<br />

na forma <strong>de</strong> argumentar interferem na elaboray<strong>30</strong> do conteudo<br />

do pr6prio argumento.<br />

Razao pela qual essas dimens5es SaDdistintas, porem nao <strong>de</strong> todo dissociadas.<br />

o que se quer dizer e que na abordagem da pragmatica lingilistica, preocupada<br />

prioritariamente com a fimdamentayao 10gico-:filos6fica do pensamento, a argumentay<strong>30</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista. 0 estudo da argwnentayao, nessa perspectiva, possibilitaria a analise da<br />

forma pela qual se po<strong>de</strong> perceber como as pessoas fundamentarn<br />

suas i<strong>de</strong>ias e baseiam<br />

Perelman e Olbrechts- Tyteca (1988: 08-09) retomam <strong>de</strong> Arist6teles a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />

a argumentayao se <strong>de</strong>senvolve em funy<strong>30</strong> do audit6rio:<br />

em um discurso. Todo discurso se dirige a um audit6rio e esquece-se<br />

muitas vezes que isso ocorre mesmo quando se trata <strong>de</strong> um discurso<br />

escrito. Tanto e que 0 discurso e concebido emfun~ao do auditorio, que<br />

a ausencia material do leitor po<strong>de</strong> fazer crer ao escritor que ele esta<br />

1 "ee que nous eonsen;ons <strong>de</strong> la rhetorique traditionneOe, e'eat l'i<strong>de</strong>e meme d'auditoire, qui est<br />

immediatement evoquee, <strong>de</strong>s que I'onpense iJ un discours. Tout discours s'adresse iJ un auditoire el on<br />

oublie trop souvent qu'il en eat <strong>de</strong> mUM <strong>de</strong> tout ecril. Tandis que Ie discours eat eon~ en fonetion<br />

mime <strong>de</strong> l'auditoire, I'absence matbiel/e <strong>de</strong>s lecteurs peul faire eroire iJ l'eerivain qu'il est seul au<br />

mon<strong>de</strong>, bien qu'enfail son tute soit toujours eonditionne, eonsciemment ou ineonseiemment, par eeux<br />

auxquels il pretend s'adresser".


Programa <strong>de</strong> Pos-GradU&


Em seguida Perelman e Olbrechts- Tyteca ressaltam que os audit6rios classificados<br />

como "interlocutor" e "0 proprio sujeito orador" po<strong>de</strong>m ser vistos como auditorios<br />

particulares (1988: 40): "Em contrapartida 0 individuo que <strong>de</strong>libera ou 0 interlocutor<br />

do dialogo pod em ser percebidos como um auditorio particular, do qual nos<br />

conhecemos as rea90es, em rela9ao ao qual nOs estamos ao mesmo tempo, ou ao<br />

reconhecem<br />

inclusive que "...0 audiiOrio particular po<strong>de</strong> ser univer~al. Particular por<br />

A partir <strong>de</strong>ssas reflexOes, Perelman (1988: 31) sugere que 0 tipo <strong>de</strong> argumenta~io<br />

<strong>de</strong>va ser <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> acordo com 0 tipo <strong>de</strong> auditOrio diante do qual esteja 0 orador:<br />

!fA distiny/io entre os discursos que se dirigem para alguns e<br />

aqueJes que se dirigem para todos opfJe 0 discurso persuasivo daquele<br />

que quer convencer. Em lugar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar que a persuasoo se dirige a<br />

imagi1Jaf/io, aos sentimentas<br />

[...] e que 0 discurso convincente faz apelo<br />

a raz/io 3 , em lugar <strong>de</strong> os opor um ao outro, como 0 subjetivo e 0<br />

objetivo·, queremos caracteriza-los, <strong>de</strong> uma maneira mais tecnica, e<br />

mais exata, dizendo que ° discurso<br />

dirigido a um audit6rio particular<br />

1 "Par contre l'individu que <strong>de</strong>Jibere OIl l'inter/acuter au dialogue peuvent e1re per~s comme un<br />

auditoire particu1ier, dont nous connaissons les reactions, dont noru sommes au ",eme temps au moins<br />

d'etudier les caractmsitiques. "<br />

2 •••.. cet auditoire si limite est gemraletMnt consi<strong>de</strong>re par Ie savant non comme um auditoire<br />

particulier, mais comme etant vraiment l'auditoire universel: il suppose que tous les hommes, avec Ie<br />

meme intrdinement, la",eme competence et la meme information, adopteraient les memes conclusions".<br />

3 Ponsees Pascal. 470 Plei.a<strong>de</strong>. p.61.<br />

4 Kant, Critique <strong>de</strong>]a raison pure, trad. Paris (l927),p.634-635.


Seguindo essa linha <strong>de</strong> pensamento, enten<strong>de</strong>-se 0 ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Perelman e<br />

Olbrechts- Tyteca (1988: 39) quando dizem: "E pois a natureza do auditorio ao qual os<br />

Aproveitando a "brecha" <strong>de</strong>ixada pelos autores quando se referem a "em larga medida",<br />

gostaria <strong>de</strong> tecer algwnas consi<strong>de</strong>ra~5es no sentido <strong>de</strong> redimensionar 0 po<strong>de</strong>r atribuido ao<br />

audit6rio.<br />

o audit6rio po<strong>de</strong> influenciar em larga medida 0 discW"SOdo orador, como pensam<br />

Perelman e Olbrechts-Tyteca (1988), mas nao condiciona, nem <strong>de</strong>termina a<br />

fundamentayio dos argumentos. Alem do perfil do publico ouvinte, outros aspectos<br />

certarnente interferem na escolha <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados argumentos e fonnas <strong>de</strong> argumentar:<br />

• 0 universo referencial daquele que argwnenta (0 orador) ou da instAncia que<br />

ele representa;<br />

• 0 grau <strong>de</strong> familiarida<strong>de</strong> do orador com 0 publico e ainda com 0 ambiente<br />

tisico on<strong>de</strong> transcorre a int~io;<br />

• 0 contexto situacional e a natureza do evento. Exemplos:<br />

. uma. escola e uma. sala <strong>de</strong> aula;<br />

. urn tribunal e urn jUri ou,<br />

No capitulo <strong>de</strong>dicado ao estudo da "Adaptayio do Orador ao Audit6rio",<br />

Perelman e Olbrechts-Tyteca (1988: 31), chegam a afinnar que "0 importante, na<br />

s'adresse a l'imagination, au sentiment, blef a I'automate, et que Ie discours convaincant foit appel a la<br />

raison, ao lieu <strong>de</strong> les oppose I'une a I'autre, comme Ie subjectif a I'objectij, on veut les caracteriser,<br />

d'une fa~on plus technique, et aussi plus exacte, en disant que Ie discours adresse a l'auditoire<br />

particulier vise persua<strong>de</strong>r, aJorsque celui qui s'adresse Ii l'auditoire universeJ vise Ii convaincre."<br />

1 "C'est donc la nature <strong>de</strong> l'auditoire auquel <strong>de</strong>s arguments peuwmte etre soumis avec succes qui<br />

<strong>de</strong>termine dans une large mesure et I'aspect que prendront les argumentations et Ie caroetere, fa portee<br />

qu'on leur attribuera".


provavel,<br />

mas qual e a opiniao daqueles aos quais ela se dirige" 2. E bem verda<strong>de</strong> que<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> estabelecer os aspectos e a tonica da argumentaerao como sugere 0 pensamento<br />

<strong>de</strong> Gracian reproduzido pelos autores (1988: 31), ao estabelecer a seguinte analogia:<br />

totalmente 0 discurso ao pUblico, pois em <strong>de</strong>tenninados momentos 0 orador sabe que<br />

po<strong>de</strong>ra estar dizendo coisas que VaGcontra os interesses <strong>de</strong> algumas pessoas ou ate <strong>de</strong><br />

segmentos do publico ouvinte, em fimerao muitas vezes da heterogeneida<strong>de</strong> do proprio<br />

audit6rio.<br />

Conforme reconhecem os citados autores (1988: 28), quando 0 orador estiver<br />

diante <strong>de</strong> urn.a situayao <strong>de</strong>sse tipo "[... ]<strong>de</strong>vera uti/izar mu/tip/os argumentos para ganhar<br />

Em <strong>de</strong>terminadas circunstancias, 0 orador po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>parar com 0 confronto, ou<br />

seja, saber que para contemplar alguns, estara con1rariando v<strong>anos</strong> ou vice-versa. Nesses<br />

casas e quase inevitAvel fazer uma analise das perdas e ganhos diante <strong>de</strong> carla uma das<br />

alte:mativas para <strong>de</strong>cidir que postura adotar diante do seu pUblico. Deve-se levar em conta<br />

ainda alguns aspectos, tais como, compromissos politicos <strong>de</strong> outra or<strong>de</strong>m, que, ate certo<br />

ponto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da opiniio pUblica.<br />

2 "L'important, dans l'argumentation, n'eSf pas <strong>de</strong> savoir ce que l'orateur consi<strong>de</strong>re Jui-mi7M comme<br />

vrai au comme probant, mais quel est l'avia <strong>de</strong> cera auxquela elJe s'adresae".<br />

1 "comme dun festin, aU lea vian<strong>de</strong>a ne a'appretent pas au goUt <strong>de</strong>s cuisiniers, mais a ceJui <strong>de</strong>s<br />

conviez".<br />

2 "11<strong>de</strong>vra utiliser <strong>de</strong>s arguments multiples pour gagner les divers elements <strong>de</strong> son auditoire. "


Com rela9ao aos discursos politicos, objeto especifico <strong>de</strong>sse estudo, <strong>de</strong>ve-se<br />

lembrar que embora os pronunciamentos em campanha e1eitoral dirijam-se em sua<br />

maioria a popula9ao, 0 orador, ao discursar para 0 eleitor, nao pe<strong>de</strong> se esquecer dos<br />

cornpromissos que tern com 0 partido politico que representa e com 0 conjunto <strong>de</strong> for9as<br />

politicas que 0 apoiam. Isso significa dizer que sirnultaneamente<br />

diversos "audit6rios"<br />

concorrern entre si, 0 que <strong>de</strong>manda ainda uma maior aten9ao em rela9ao a 0 que dizer e<br />

como dize-Io.<br />

es1ijusto em equacionar, no.discurso, os interesses do gran<strong>de</strong> publico (audit6rio alvo das<br />

campanhas), sem contrariar 0 pensamento das bases que apoiam a candidatura.<br />

quase infinita e para querer se adaptar a todas as mas particularida<strong>de</strong>s. 0 orador se<br />

encontra confrontado com inumeros problemas. "1. Segundo os referidos autores, essa e<br />

as particularida<strong>de</strong>s hist6ricas e leeais "... <strong>de</strong> maneira que as <strong>teses</strong> <strong>de</strong>fendidas possam ser<br />

admitidas por todos"'2.<br />

ariginar-se-ia dai, a proposta do auditOrio universal, cujo i<strong>de</strong>al seria obter 0<br />

assentimento <strong>de</strong> todos os seres dotados <strong>de</strong> razio. Perelman e Olbrechts- Tyteca, os<br />

pr6prios criadores da <strong>de</strong>fini~io, questionam se essa i<strong>de</strong>ia nio estrapolaria sua real<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existCncia: "Essa pretensao a uma valida<strong>de</strong> absoluta para todo<br />

auditiJrio composto <strong>de</strong> seres racionais nao e exorbitante?"3, perguntam<br />

'1';\<br />

(1988: 37).<br />

os autores<br />

1 "... la variete <strong>de</strong>s auditoires est quasi infinie et que, a you/oir s'adapter a toutes leurs particu/arites,<br />

/'orateur se trouve confronte avec <strong>de</strong>s prob/emes innombrahles".<br />

2 " ... <strong>de</strong>fafon que les theses <strong>de</strong>fendues puissent em admises par tous".<br />

3 "Cette pretention a une ya!idite abaolue pour tout auditoire compose d'etres raisonnab/es n'est-eOe<br />

pas exerbitante?"


pensamento,<br />

parece claro que a verda<strong>de</strong> absoluta e incontestavel dos fatos praticamente<br />

so e possivel nas ciencias exatas, on<strong>de</strong> aquele que aborda urn <strong>de</strong>tenninado<br />

tema tem<br />

muito mais chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a veracida<strong>de</strong> da sua proposiyao, atraves do uso <strong>de</strong> urn<br />

raciocinio eminentemente l6gico.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente<br />

0 uso da razao nao se esgota nesse myel, do contrario se estaria<br />

rePfoduzindo a estreiteza do pensamento cartesiano, para 0 qual somente 0 que fosse<br />

evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>veria ser passivel <strong>de</strong> credito. Como observam Perelman<br />

e Olbrechts- Tyteca<br />

certitu<strong>de</strong>s do caicuio. Ora, a concepfOo cJaramente expressa por<br />

Descartes na prlmeira parte do Discurso sobre 0Metodo era ter /quase<br />

que por falso, tudo 0 que so fosse verossimii'. E eie que fazendo da<br />

4 Cf. Kant, Critique <strong>de</strong> la raison pure, p.9. wMemeI'auteur Ieplus consciencieux ne peut, sur ce point,<br />

que se soumettre Iil'epreuve <strong>de</strong>sfaits, aujugement <strong>de</strong> ses /ecteurs".<br />

1 "Le domaine <strong>de</strong> I'argumentation est ce/ui du vraisemblahle, du plausible, du probable, dans la mesure<br />

aU ce <strong>de</strong>mier echappe aux certitu<strong>de</strong>s du caJcuJ.Or la conception nettement exprimee par Descartes<br />

dans la premiere partie du Discours <strong>de</strong> la Method etait <strong>de</strong> tenir 'presque pour faux tout ce qui n 'etait<br />

que vraisemblable'. C'eat /ui qui, faisont <strong>de</strong> l'evi<strong>de</strong>nce la marque <strong>de</strong> la raison, n'a vou/u consi<strong>de</strong>rer<br />

comme rationneUes que les <strong>de</strong>monstrations qui, Iipartir d'i<strong>de</strong>es claires et distinctes, propageaint, a<br />

l'ai<strong>de</strong> <strong>de</strong>s preuves apodictiques, l'evi<strong>de</strong>nce <strong>de</strong>s axiomes Ii tous les theoremes w .


conceituar as formas <strong>de</strong> argumenta~ao, conveneer e persuadir, em fun~ao dos audit6rios e<br />

nao pela fundamenta9ao<br />

16gieo-filos6fica dos discursos. No ponto <strong>de</strong> vista dos referidos<br />

autores essa discussao consiste em urn <strong>de</strong>bate secular entre os partidarios da verda<strong>de</strong> (os<br />

fil6sofos que procuravam<br />

0 absoluto) e os partidarios da opiniio (os ret6ricos engajados<br />

na a~ao).<br />

Como ja foi dito anteriormente, embora predisponham-se a elaborar a distin9ao<br />

entre conveneer e persuadir no campo da argumenta~ao, Perelman e Olbrechts- Tyteca<br />

condicionam essa distinyao a natureza do audit6rio. Se a proposta dos referidos autores e<br />

espiritos" 1(1988: 10), como po<strong>de</strong>m caracterizar as diversas formas <strong>de</strong> argurnentar<br />

levando em conta 0 fim do processo, ou seja, 0 pUblico ao qual se dirigem os discursos?<br />

Com reIayao especificamente ao contexto da disputa poJitica, nas elei93es<br />

presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1989, 0 pUblico ao qual se dirigiam os candidatos era 0 mesmo: a<br />

populayao votante. No entanto, cada forma <strong>de</strong> argumentar<br />

construiu discursos bastante<br />

diferentes. Como se explica entia, nesse caso, argumen~ diferentes para 0 mesmo<br />

publico? De acordo com a <strong>de</strong>fini~ <strong>de</strong> Perelman e Olbrechts- Tyteca, esse pUblico<br />

po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>nominado particular por entre 0 col\iunto da populayao constituir-se no<br />

segmento votante. Mas, como sera passivel perceber nos capitulos 3 e 4, <strong>de</strong>dicados a<br />

analise, a persuasao nio esteve presente nos dais programas com a mesma intensida<strong>de</strong>.<br />

De qualquer modo 0 pUblico ouvinte selia 0 mesmo. A forma <strong>de</strong> dirigir-se a ele e<br />

que se diferencia, po<strong>de</strong>ndo fazer inclusive com que cada candidato consiga a a<strong>de</strong>s<strong>30</strong> <strong>de</strong><br />

2 "Entre i'ontologie, a ia soup/esse crewe, mais infinie, et la rationa/ite apodictique, mathbnatique ou<br />

syllogistique, mais iimitee, Perelman a pris une troisieme voie: i'argumentation, qui raisonne sans<br />

contraindre, mais qui n'oh/ige pas davantage a nnoncer a la Raison au profit <strong>de</strong> l'ilTationnel ou <strong>de</strong><br />

I'indicible".<br />

1 "...moyens diseursifs d'obtenir I'adhesion <strong>de</strong>s esprits".


segmentos distintos <strong>de</strong>sse audit6rio, sem dUvida algwna heterogeneo no seu perfil sOcioeconomico.<br />

A escolha do audit6rio como ponto <strong>de</strong> referencia para uma distin9<strong>30</strong><br />

conceitual entre convencer e persuadir, <strong>de</strong>ve-se possiveImente a propria dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finir os lirnites da racionalida<strong>de</strong> humana, nos momentos on<strong>de</strong> esteja em jogo uma<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisao.<br />

No que tange a essa questao, a aruilise <strong>de</strong> Perelman e Olbrechts- Tyteca sobre<br />

como abordar os temas convencimento<br />

e persuasao explica as dificulda<strong>de</strong>s encontradas<br />

para se obter uma melhor <strong>de</strong>fini~ao: "Os criterios pelos quais acredita-se po<strong>de</strong>r separar<br />

convicyao e persuasao sao sempre fundados sobre uma <strong>de</strong>cisao que preten<strong>de</strong> isolar <strong>de</strong><br />

que pretenda valer para um audit6rio particular e <strong>de</strong> chamar<br />

convincente aquela que e reputada a obter a a<strong>de</strong>sao <strong>de</strong> todos os seres<br />

que 0 Grador se faz do razfio. Cflda homem vi em um conjunto <strong>de</strong> fatos,<br />

verda<strong>de</strong>s, que todo homem <strong>de</strong>w, segundo eJe, adltJitir,<br />

porque eles sfio wllidos para todos os seres racionais"2.<br />

1 "Leacritereapar leaquelaon croit pouvoir separer conviction et persuasion sont toujours fon<strong>de</strong>a sur<br />

une <strong>de</strong>cision qui pretend isoler d'un ensemble, ensemble <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>s, ensemble <strong>de</strong> facultes, certains<br />

elements que /'011 considire comme rationnelS'.<br />

2 "Nous nous proposons d'appeler persuasive une argumentation qui ne pretend va/oir que pour un<br />

auditoire particulter et d'appeler convaincante ceJlequi est censee obtenir l'adhUion <strong>de</strong> tout etre <strong>de</strong><br />

raison. La nuance est a3sez dilicate et <strong>de</strong>pend, esaentiel1ement, <strong>de</strong> i'i<strong>de</strong>e que i'orateur Se fait <strong>de</strong><br />

I'incamation <strong>de</strong> la raison. Chaque homme crott en um ensemble <strong>de</strong> faits, <strong>de</strong> verites, que tout homme<br />

doit, seion Jut, admettre, parce qu'ilssont va/abiespour tout etre raisonnabie".


E levando em conta a necessida<strong>de</strong>, inerente a metodologia cientifica, <strong>de</strong> tornar<br />

compativel a fundamentayao<br />

te6rica a natureza empiric a do material a ser analisado, que<br />

proponho uma sistematiza~ao das i<strong>de</strong>ias dos principais autores nos quais me baseei:<br />

• Perelman (1988, L'Empire Rhetorique)<br />

• Perelman e Olbrechts-Tyteca (1988, Traite <strong>de</strong> L'Argumentation)<br />

• Lionel Bellenger (1989, A Persuaslio)<br />

• Eric Landowski (1992, A Socieda<strong>de</strong> Refletida).<br />

Aproveitando urn quadro trayado por Bellenger (1989:14) <strong>de</strong>dicado ao estudo da<br />

persuasao, fa~o algwnas interferencias, propondo modificayOes no ponto "newatgico"<br />

que se refere a natw"eza racional e emotiva da argumentayAo ou do "exercicio <strong>de</strong><br />

influencia" tal como conceitua 0 referido autor.<br />

Bellenger tenta ciassificar v3rios tipos <strong>de</strong> influencia que cada pessoa (ou<br />

instituiyao) po<strong>de</strong> exercer sobre terceiros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a forma espomanea<br />

e involunt3ria ate a<br />

intencional e calculada.


- Sanci6n<br />

• Recurrir & 1&fuerza abiertamente<br />

- recnicas <strong>de</strong>l cambio forzado<br />

- Amenaze y chantaje<br />

- Doble coacci6n(dilema)<br />

OBRAR<br />

SOBRE<br />

OTRO<br />

• Aura"-""<br />

• C~ .. '..... Emociclnlll<br />

- EncMto ..~<br />

- Faseinac:i6n<br />

- Compromiso<br />

·PrHtigio<br />

• Buena<br />

presencia<br />

• Me <strong>de</strong>l ro<strong>de</strong>o<br />

- Inteligencia astute<br />

- $ugesti6n<br />

- Dominac6n<br />

1 - MilD <strong>de</strong>l jer.<br />

- Credibilidad<br />

- Coh8feneia<br />

- Consisteneia<br />

- Congruenc:ia<br />

-Sofisma<br />

- Figura <strong>de</strong>l discurso<br />

- CondiciOMmiento<br />

psieollngiJlstico<br />

- Or<strong>de</strong>n <strong>de</strong> Ie "gracia'<br />

- Influencia <strong>de</strong>l cuerpo<br />

\I <strong>de</strong> Ie mirada I<br />

I<br />

• Sedueei6n<br />

Los efec:tos<br />

<strong>de</strong>l.<br />

persual6n<br />

Nio farei comentari08 sobre OS tmiversos cia CO~<br />

e cia seduyio, pelo fato <strong>de</strong><br />

nio utiJiza-losna analise.<br />

Com re~<br />

a persuasio f~o uma nova proposta utilizando os fundamentos, ja<br />

mencionados, <strong>de</strong> Perehnan e <strong>de</strong> Landowski, pormenorizados no final <strong>de</strong>ste capitulo.<br />

conseguir reunir trayos discursivos que sejam capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar uma fonna <strong>de</strong><br />

argwnentayio que visa a convencer predominantemente por raciocinio 10gicoou Jatos<br />

narrativos<br />

que se reportam a uma reaJida<strong>de</strong> exterior e outra que tenta persuadir atraves<br />

<strong>de</strong> opiniOese juizos <strong>de</strong> valor ou fatos discursivosque se constituem no nfveltextual.


emocional. Como sera possivel perceber na analise que se segue, cada uma


1. Predominio da argumentaC;3o 16gica que busca 0 fato como prova material do<br />

verda<strong>de</strong>iro<br />

2. Recorrencia a fatos narrativos que situam 0 discurso na realida<strong>de</strong> exterior<br />

3. Maior enrase, no discurso, do uso <strong>de</strong> dados e percentuais corn valor<br />

argurnentativo<br />

4. Menor presenc;a, nos discursos, <strong>de</strong> figuras <strong>de</strong> linguagern ou qualquer outra forma<br />

<strong>de</strong> simbologia<br />

5. !\1aior distanciarnento entre os interlocutores. 0 orador recornenda ao ouvinte que<br />

pense e reflita. 0 ato <strong>de</strong> convencer conta corn a a<strong>de</strong>sao do ouvinte por convicc;ao<br />

prOpria.<br />

I'. Predominio da argumentayao corn base ern opiniaes, testernunhos ou referencia<br />

prOpria<br />

2' . Recorrencia a fatos discursivos criados no Divel textual in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nternente <strong>de</strong><br />

contexto hist6rico<br />

3'. Maior enfase ern referencias vagas e nio concretas. Predominio da busca do<br />

"provavd" sobre 0 verda<strong>de</strong>iro<br />

4'. Maispresen~ <strong>de</strong> figuras <strong>de</strong> linguagern, sofismas e uso <strong>de</strong> palawas corn duplo<br />

smtida<br />

5'.<br />

Maior envolvimento entre os interlocutores. 0 orador dar a enten<strong>de</strong>r que conhece<br />

o que 6 melhor para 0 ouvinte e 0 sugestiona corn a sua argumentae;ao. 0 ato <strong>de</strong><br />

persuadir po<strong>de</strong> significar a a<strong>de</strong>sio incondicional do ouvinte, sern que ele estcja<br />

convencido das razOes pelas quais a<strong>de</strong>riu ao orador ou a sua proposta.


necessaria uma breve incursao na genese da razao, para que se esclare~am alguns<br />

conceitos necess<strong>anos</strong> ao estudo da argumentaya.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argmnentar surge com 0 <strong>de</strong>senvolvimento do raciocinio 10gico<br />

ainda na inf'ancia, quando, ja tendo se apropriado do cOdigo JingOistico, a crianya comeya<br />

a <strong>de</strong>scobrir as diversas fonnas <strong>de</strong> expor as suas idCias e, mais do que isso, gradativamente<br />

apren<strong>de</strong> a contrap6-las as dos seus interlocutores nos diversos contextos da interavao<br />

social.<br />

Par isso mesmo Piaget chamou originalmente 0 pensamento Ibgico<br />

formal <strong>de</strong> pensamento "socializado", 0 comunicavel. A rela~ao entre 0<br />

Pensamento 1000co (a razao teorica) e a autonomia moral (razao<br />

pranca) e, pois, intrlnseca a propria psicogenese e nao externa, ela niio<br />

e merajustaposi~ao, mas essencialmente uma relagao diaJetica"(Freita&<br />

1 "Quand noua sommes convaincua, noua ne SOmRUJS vaincus que par nous-meme, par nos propes i<strong>de</strong>es.<br />

Quand nous sommes persua<strong>de</strong>s, noua Ie sommes toujours par autnli. /I


Seguindo essa linha <strong>de</strong> pensamento, ao analisar as conc~5es <strong>de</strong> Kant e Piaget,<br />

estabelecendo paralelos entre as <strong>de</strong>fini90es <strong>de</strong> cada urn sobre a Razt20 Te6rica<br />

eaRazt20<br />

intelectualida<strong>de</strong> quanto a sensibilida<strong>de</strong> do homem, nio se po<strong>de</strong>ria afinnar que sO a<br />

argwnen~ao 10gico-fonnal recorreria a razio. Basta que para isso amplie-se 0 conceito<br />

<strong>de</strong> razio, e po<strong>de</strong>r-se-a perceber que tanto 0 ato que busca convencer, quanto aquele que<br />

Perelman e Olbrechts-Tyteca (1988: 37-38) nio endossam a maior parte das<br />

<strong>de</strong>fini'tOes dos :fil6s0fos que contrapoem <strong>de</strong> fonna dicotOmica 0 convencimento a<br />

persuasio. Assim proce<strong>de</strong>m em rela'tio a Pascal, Dumas e Kant: "A concepyt2o kantiana,<br />

Em rela'tio a Dumas, cujo ponto <strong>de</strong> vista e <strong>de</strong> que na persuasao confia-se em<br />

razlScs afetivas e pcssoais 0 que a faz muitas vezes sofisticas, Perelman<br />

e Olbrechts-<br />

A diferenya po<strong>de</strong> estar no fato <strong>de</strong> que as provas objetivas po<strong>de</strong>m ser<br />

exteriorizadas. Como observant Perelman e Olbrechts-Tyteca<br />

(1988: 35) "[...]para quem<br />

1 "La conception Jcantie~, quoique par ses consequences assez proche <strong>de</strong> 10 notre, en differe parce<br />

qu 'eOefait <strong>de</strong> I'opposition subjectif-objectifle crethoe <strong>de</strong> la distinction entre persuasion et conviction".<br />

2 " ..• il ne precise pas en quoi ceNepreuve affestive dijfererait techniquement d'une preuve objective".


convencido do fato. Santos apud Tesheiner (1993: 51) faz uma reflexao sobre 0 contexto<br />

juridico, mais especificamente do direito penal, que na verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser estendida a todo<br />

e qualquer momento on<strong>de</strong> esteja em jogo a fonnavao <strong>de</strong> wn juizo <strong>de</strong> valor:<br />

• Se levarmos em conta 0 fato <strong>de</strong> que os dois candidatos que disputavam 0<br />

segundo tmno eleitoral dirigiam-se ao mesmo publico (a popula~io<br />

votante), e ambos buscavam com os seus discursos obter igual efeito:<br />

a<strong>de</strong>sio dos ouvintes, tem-se ai entio, 0 ato caracterizado como persuasio.<br />

• Se consi<strong>de</strong>rannos, confonne sugere a hipOtese <strong>de</strong>sse trabalho, e a an3lise<br />

que se segue, que existent diferen~ basi-cas nas fonnas <strong>de</strong> argumentar,


sera possivel perceber que na argwnenta~ao existe wna contraposi~ao<br />

(como pensava Kant, Pascal e Dumas)<br />

entre discursos corn referencias<br />

factuais e objetivas, passiveis <strong>de</strong> prova material e diseursos baseados ern<br />

valores rnais subjetivos que po<strong>de</strong>rn ser vaIidos e passiveis <strong>de</strong> credito, mas<br />

nao po<strong>de</strong>rao ser exteriorizados. Essa <strong>de</strong>:fini~ao reeai sobre os meios<br />

diseursivos.<br />

Arnbas as estrategias discursivas po<strong>de</strong>rn ter a pretensao<br />

<strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>radas<br />

verda<strong>de</strong>iras, mas eada wna <strong>de</strong>tas apresentari<br />

wna 10gica propria. Por isso mesmo ten<strong>de</strong>rn<br />

a construir trajetOrias bastante distintas.<br />

Ao eontririo da conotayao pejorativa que surgiu no final do seculo XIX, e que ate<br />

hoje e perceptivel em cada associayao feita entre a ret6rica e a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> urn diseurso<br />

superficial, rebuscado ou repetitivo; ja na segunda meta<strong>de</strong> do seculo xx, a retoriea<br />

passou a servista com 'outros Olh08'.<br />

Essa revisao do sentido da ret6rica possibilitou a retornada dos valores bwe08<br />

que<br />

tiverarn origem na GrCcia Classica quando comeyou a ser vista como organizayao<br />

discursiva direcionada a a<strong>de</strong>sio do gran<strong>de</strong> pUblico.<br />

Segundo Ducrot e Todorov apud CiteDi (1985: 08):<br />

"0 aparecimento do retOrica como discipJino especifica e 0<br />

primeiro testemunho, no tradifQO oci<strong>de</strong>71taJ, duma reflexao sobre a<br />

li71guagem. Comefa-se a estudar a li71guagem niio enquanto 'lingua',<br />

mas enquanto<br />

'discurso'."<br />

Citelli relata que "os pensadores<br />

gregos, <strong>de</strong> S6crates a Platao escreveram sobre<br />

o assunto, porem e com Arist6te1es que 0 discurso sera dissecado em sua estrutura<br />

e<br />

funcionamento." (1985: 08)


o interessante e que tanto no seu apogeu no seculo V, quanta na sua retomada,<br />

no seculo XX, a ret6rica foi e continua sendo alvo <strong>de</strong> duras criticas.<br />

Bellenger, para quem os primeiros profissionais da persuasao foram os sofistas,<br />

foi urn dos estudiosos a estabelecer urn paralelo entre essas duas 6pocas rnostrando<br />

as<br />

criticas recebidas pela Ret6rica: "Po<strong>de</strong>-se atribuir a ret6rica 0 lugar que ocupa<br />

atualmente na nossa socieda<strong>de</strong> a publicida<strong>de</strong> e a mercadologia" 1 (1989:18).<br />

Em ambos os contextos, 0 que para sofistas ou rnarket61ogos e apontado<br />

como<br />

gran<strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>, para alguns fil6sofos - em ambas as 6pocas, era e ainda e urn gran<strong>de</strong><br />

a persuasl1o, era uma <strong>de</strong>usa po<strong>de</strong>rosa: 'a encantadora que jamais sofreu <strong>de</strong>sprezo' (Os<br />

suplicantes, I03a ss), segundo Esquilo era tambem 'a odiosa filha do engano'<br />

Portadora<br />

do hem e do mal ou quem sabe acima <strong>de</strong> ambos, a ret6rica teve seu<br />

efeito comparado ao das drogas. Segundo Benenger (1989: 19):<br />

"G6rgias, como Protagoras,<br />

estabe1ece um para1elo entre a arte<br />

cia aratOria e a medicina: '0 discurso guarda a mesma rela~110com 0<br />

espirito que as drogas com 0 corpo. Tal como as drogas surtem efeitos<br />

1 ~Sepue<strong>de</strong> asignar a la retOrica ellugar que ocupan aetuaJmente en nuesta sociedad la puhlicidad y<br />

la mercadotecnia"<br />

1 "Para los sofistas, PHEITO, la persuasion era uma diosa po<strong>de</strong>rosa: 'la encantadora que jamas ha<br />

sufrido un rechazo' (Las suplicantea, 103a ss), segUn Esquilo, pro tambien 'la odiosa hija <strong>de</strong>l<br />

Yerro'(Agamen6n, 38.5 sa)"<br />

2 "Gorgias, como Protagoras, estahelece un para/e/o entre el arte oratorio y la medicina: 'HI discurso<br />

guarda /a misma relacion con el espiritu que /as drogas con el cuerpo. Tal como /as drogas haeen<br />

ajIorar posiciones diferentes <strong>de</strong>l cuerpo, algunas <strong>de</strong> las cuales aeahan con la enfermidad y otras con Ja


Confonne<br />

observa Bellenger (1989: 19), baseando-se em Guthrie (1971), 0 cerne<br />

da questio estava nos principios eticos, morais e filos6:ficos adotados na pratica <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tenninada<br />

comunica9<strong>30</strong> politica.<br />

a) 0 prov6vel (0, mas, aJgum, 0 verossimil, 0 pJausiveJ) e IIUlis<br />

honortivel que 0 verdJu:leiro; b) 0 que parece para cada um, 0 e na<br />

medida em que assim e tratado por ele '0 ho~",<br />

ell medida tk todlls as<br />

A consequencia disto esti no que este posicionamento<br />

possa acarretar. Bellenger<br />

(1989:19) cita a observa~ao <strong>de</strong> Versenyi (1963) para quem 0 reconhecimento do<br />

provavel como mais honoravel que 0 verda<strong>de</strong>iro implicaria em se admitir que a verda<strong>de</strong> e<br />

o conhecimento sac praticamente uma ilusio:<br />

"Posto que toda busca humana se move nos limites do reino da opiniao, on<strong>de</strong> 0<br />

engano ejQcil, toda persuasao<br />

f...} e resultado do po<strong>de</strong>r cia eloquencia mais que uma<br />

perspicacia racionar 1 • 0 referido raciocinio elucida bem a questao, embora ao contestar<br />

o positivismo racionaJista, recaia no mesmo posicionamento <strong>de</strong> contrapor ao racional, 0<br />

que nio for eminentemente 16gico.<br />

Bellenger compara a mercadologia<br />

a sofistica ao dizer que os filOsofos <strong>de</strong> hoje<br />

(seguindo os passos <strong>de</strong> Platio e SOcrates quando con<strong>de</strong>navam<br />

a sotlstica), acusam, pot'<br />

sua ve~ 0 lIUll'ketingque segue a 16gica do mercado. 0 marketing, nessa conc~ao, nao<br />

seria senJo uma t6cnica <strong>de</strong>dicada a nio dizer a verda<strong>de</strong>. 0 mesmo exagero e atribuido a<br />

publicida<strong>de</strong> que, <strong>de</strong> acordo com os criticos da mercadologia, nio faria outra coisa senio<br />

elaborar formosas mcntiras.<br />

vida, asi las palavras puetIsn pr01lOCar La alegrla 0 La tristeza, el temar 0 la canfianza, a bien, por<br />

media <strong>de</strong> una pesuasiOn mal intencionada, adormecer 0 embrryar al espiritu"<br />

3 "Les sofistas aceptaban comojUndammtos esenciale8 tIs la retorlca: a) 10probklbk (0, mas, min, 10<br />

vero8simiJ, 10plausibJe) h ntQ!lhono,tlbk tpl~ 10vodluJero; b) 10que Jeparece a coda quien e8, en la<br />

medida en que 8e trata <strong>de</strong> el ("eJhombre ula mediJa <strong>de</strong> todas la8 casas") "<br />

1 "Puesto que toda busca humana se mueve en los Jimite8 <strong>de</strong>J reino tIs la opinion, don<strong>de</strong> eJ enganii es<br />

facil, taJa persuasiOn ... es resuJtatio <strong>de</strong>l pothr tIs.la eloquencia mas que <strong>de</strong> uma perspicacia racionaf'


<strong>de</strong>fazada, haja vista as novas dimens3es do marketing 2 • Qualquer mensagem, tenha ela ou<br />

nao carater <strong>de</strong> propaganda persuasiva, po<strong>de</strong> cometer eng<strong>anos</strong>. Primeiro porque, aquele<br />

que fala ou escreve po<strong>de</strong> se enganar. Segundo, porque in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> estar ciente<br />

Por isso mesmo, seria engano atribuir antecipadamente apenas as propagandas <strong>de</strong><br />

marketing comercial ou politico uma caracteristica eng<strong>anos</strong>a. 0 que acontece e que a<br />

propaganda, assim como a ficyao que recria a realida<strong>de</strong>, trabalha com urn conceito<br />

relativo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, m.ais proximo do "provaver ou do "virtuar. Dai a Observ~<strong>30</strong> <strong>de</strong><br />

Bellenger (1985:47): "De fato, para 0 homem da mercadotecrzia, assim como para 0<br />

sofista 'nfio existe mais que a aparencia'". E esse artificio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>spreen<strong>de</strong>r-se da<br />

realida<strong>de</strong> historic a assim constituida, 0 que da margem a simulay<strong>30</strong> ou dissimulayao para<br />

obteny<strong>30</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenninados<br />

fins. Deve-se consi<strong>de</strong>rar ainda que hoje em dia, ate mesmo<br />

alguns segmentos do marketing comercial tern ultrapassado 0 universo da aparet1cia,<br />

veiculando propagandas que nio trazem estere6tipos e sim mensagens educativas.<br />

A esse respeito, <strong>de</strong>staca Adilson Citelli (1985:10): "caberia a retorica nao<br />

assumir uma atitu<strong>de</strong> etica, dado que seu objetivo nao e 0 <strong>de</strong> saber se algo e au niio<br />

2 A respeito das novas teru:ienciasnessa area. vale citar em Comunicacio e Socieda<strong>de</strong> (1983), p.l 05-101),<br />

"Urna abordagem Societal do Mak~ e Publicida<strong>de</strong>", Gino Giacomini Filho. 0 autor mostra a mud.an¥a<br />

<strong>de</strong> perpectiva entre 0 Marketing Tradicional • preocupado em oferecer solu¢es para os problemas<br />

empresariais e com isso aumentar os lucros e 0 Marketing Preventivo on Macro-Marketing que faz<br />

consulta a opiniio pUblicanao apenas para <strong>de</strong>finir on re<strong>de</strong>finir 0 produto e tra98f campanha publicitaria,<br />

mas inclusive para sondar a compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste ao hem estar e a or<strong>de</strong>m social.


Para 0 proprio Aristoteles, a retorica seria urn arcabou~o teorico capaz <strong>de</strong> fornecer<br />

indicativos <strong>de</strong> procedimentos<br />

que possibilitam a persuasao:<br />

"A retorica parece ser capaz <strong>de</strong>, por assim dizer, no concernente<br />

a uma dada questao, <strong>de</strong>scobrir 0 que e proprio para persuasao.<br />

Por<br />

isso, dizemos que ela nao aplica suas regras a um genero proprio e<br />

<strong>de</strong>terminado [...] a retorica e a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver teoricamente 0 que em<br />

cada caso - pa<strong>de</strong> ser capaz <strong>de</strong> gerar a persuasao" (s.d., p.21-22).<br />

Tal como conclui Citelli, a partir do trabalho <strong>de</strong> AristOteles, em Arte RetOrica, a<br />

"retorica e uma especie <strong>de</strong> cOdigo dos cOdigos, esta acima dos compromissos<br />

estritamente persuasivos (eJa nao aplica suas regras a um genero proprio e<br />

<strong>de</strong>terminado), pois abarca tados asformas discursivas" (1985:11).<br />

Embora ressalte que a RetOrica nio e sinonimo <strong>de</strong> persuasio,<br />

e sim urn meio que<br />

"pa<strong>de</strong> reveJar como se faz a persuastio", Citelli, assim como Bellenger, concebe<br />

,praticamente todo discurso como sendo persuasivo, no sentido <strong>de</strong> ter a persuasio<br />

como<br />

fim: "Persuadir e sin6nimo <strong>de</strong> submeter [...] leva 0 outro a aceitaytio <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia".<br />

Recorrendo<br />

a e1imologia da palavra, lembra que "per + sua<strong>de</strong>re = aconselhar alguem,<br />

aconseihar outra pessoa acerca da proce<strong>de</strong>ncia<br />

daquiio que esta sendo anunciado"<br />

(1985:13).<br />

Em qualquer circunstincia e sobretudo em 6poca <strong>de</strong> eleiyio, nio sO as ay3es<br />

concretas, mas a simples apari~ em pUblico <strong>de</strong> urn politico, seja pessoaJrnente ou<br />

atraves da midia, tern, senio necessariamente, urn caratcr i<strong>de</strong>olOgico, no minimo, urn<br />

significado politico.


Aquele individuo que surge no ceruirio nao representa<br />

somente a si e sim a urn<br />

partido e suas foryas politicas. Tanto e assim que, ate nos momentos<br />

on<strong>de</strong> nao esteja<br />

"fazendo campanha",<br />

qualquer candidato esti sujeito a uma cobranya <strong>de</strong> postura ou ao<br />

chamado patrulhamento<br />

i<strong>de</strong>o16gico em funyao do local que freq1ienta ou em que mora,<br />

da roupa que veste, do meio <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> que disp3e, das pessoas que escolhe para<br />

companhia e ate do niunero <strong>de</strong> filhos que por ventura tenha tido fora do casamento.<br />

Ja no contexto discursivo, nem tudo 0 que 0 politico diz e faz, ao dizer, e capaz<br />

<strong>de</strong> revelar uma <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ologia.<br />

E estranho que, em pleno seculo xx, quando sediscute inclusive 0 fim das<br />

i<strong>de</strong>ologias ou a forma <strong>de</strong> apreendC-las, ainda haja quem veja i<strong>de</strong>ologia em toda parte. Nio<br />

so, nero sempre, eIa e perceptivel, como tam.bCm nio <strong>de</strong>ve ser interpretada <strong>de</strong> forma<br />

monoJitica. l<strong>de</strong>ologia nio e urn papel timbrado on<strong>de</strong> a partir do emmciado no cabeyalho<br />

se pressupOe uma <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> poJitica ou institucional.<br />

A apreensio <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenninado trecho <strong>de</strong> um discurso, sem a <strong>de</strong>vida<br />

contextuatiza~io e a i<strong>de</strong>ntifi~ao do autor, nio revelaria sua proce<strong>de</strong>ncia. Ate mesmo<br />

com 0 enWlciado que se tomOU 0 mais conhecido da campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1989:<br />

"Nao me <strong>de</strong>ixem s6, minha gente", isso po<strong>de</strong>ria ocorrer.<br />

Diante da in~io sobre que candidato se dirigia assim a pop~io,<br />

possivehnente a primeira resposta seria: CoBor. Mas essa associayio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

~. Depen<strong>de</strong> sobretudo do contexto comunicativo que seja tornado por referencia.<br />

A propaganda eleitoral da FBP tamb6m trouxe 0 referido enWlciado, numa<br />

<strong>de</strong>tenninada<br />

situayio. Certamente 0 apelo nio foi feito pelo candidato Lula. 0 programa<br />

<strong>de</strong> TV da Frente produziu um quadro <strong>de</strong> humor, on<strong>de</strong> 0 ator Guilherme Karan fazia uma<br />

parOdia imitando CoBor: "Niio me <strong>de</strong>ixem s6, minha gente".


a. "lamentavelmente inumeros ramais ferroviarios foram <strong>de</strong>sativados ... e<br />

por que foram <strong>de</strong>sativados? simplesmente porque era um transporte do<br />

pessoal mais poore ... mais necessitado ... acabaram os trens para jogar<br />

todos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> onibus que nem lata <strong>de</strong> sardinha ... mas a gente<br />

nao<br />

agilenta mais ... "<br />

b. "eu sonho com esse pais em que nunca mais tenha uma crian9a<br />

passando fome ... eu sonho<br />

com um Brasil no dia em que nunca mais<br />

uma crian9a ... uma menina. .. <strong>de</strong> <strong>de</strong>z ... doze ... <strong>de</strong> quinze ... <strong>de</strong>zesseis ana<br />

tenha que ven<strong>de</strong>r 0 seu corpo a troeo <strong>de</strong> um prato <strong>de</strong> comida ... eu sonho<br />

com esse pais e tenho certeza que voee tambem sonha. .."<br />

Que texto po<strong>de</strong>ria ser atribuido a Collor ou a LuJa? Os dais, talvez. Afinal, ambos<br />

po<strong>de</strong>riam ter falado nesses tennos. Na verda<strong>de</strong>, Collor e autor do primeiro discurso e<br />

Lula, do segundo.<br />

Essa constatayio revela que a analise do conteW1o nem sempre e a mais indicada<br />

para a veri:ficayio das diferenyas ou semeJbanyas do que se queira obseIvar. E evi<strong>de</strong>nte<br />

que a veiculayio dos discursos em Jinguagem audiovisual pennite a i<strong>de</strong>ntificayio quase<br />

instantanea dos seus autores. Mas 0 que se chama atenyao e que - assim como foi visto<br />

nos exemplos citados acima - in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da i<strong>de</strong>ntificayio dos sujeitos<br />

enunciadores, alguns discursos nio trazem em si elementos suficientes para que se<br />

perceba a proce<strong>de</strong>ncia das i<strong>de</strong>ias e a fimdamentayio<br />

do pensamento politico.<br />

Confonne<br />

observa Possenti (1993 :26) "dizer que toda linguagem e i<strong>de</strong>olOgica e<br />

consi<strong>de</strong>rar i<strong>de</strong>o/agia como sindnimo puro e simples <strong>de</strong> represe~1io e niio um upo<br />

especifico <strong>de</strong> representa9ao."<br />

Resume 0 citado autor (1993: 26): "Se i<strong>de</strong>o/ogia e igual a<br />

represent09ao<br />

(digamos, do mum/a) entao certamente todas as /inguas slio i<strong>de</strong>olOgicas,<br />

mas iS80 seria tilo tauto/Ogico quanta dizer que todas as linguas sao linguas."


No que se refere a uma 'epistemologia da a.ruilisedo discurso' ressalta, no entanto,<br />

Possenti: "Parece que vale a pena servir-se produtivamente<br />

do conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia em<br />

rela9QO a lingua gem, reservando-o para a analise <strong>de</strong> discursos em que 0 papel da<br />

i<strong>de</strong>ologia e relevante para explicar fatos que nao SaG <strong>de</strong> todo e quaiquer discurso"<br />

(1993:27).<br />

"...nao se pa<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar totalmente a afirmativa <strong>de</strong> que os<br />

'estilos <strong>de</strong> pensamento' estao relacionados com os grupos hist6ricos <strong>de</strong><br />

classe e seus interesses, e <strong>de</strong> que as i<strong>de</strong>ias emergem como consequencia<br />

das diferentes visOes, ou perspectivas, <strong>de</strong> grupos distintos <strong>de</strong>ntro da<br />

socieda<strong>de</strong>. "<br />

Nos dois Ultimos seculos 0 conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia, vem passando por diversas<br />

transfo~Oes. Talvez antes <strong>de</strong> discutir sobrc as referencias i<strong>de</strong>ol6gicas presentes ou<br />

ausentes no discurso, seja necessario uma r3pida incursao na trajet6ria epistemol6gica da<br />

i<strong>de</strong>ologia.<br />

Bell (1980) analisando 0 fim da i<strong>de</strong>ologia faz uma retrospectiva histOrica,<br />

sintetizada no trecho a seguir:<br />

"0 termo i<strong>de</strong>ologia foi cunhado pelo filO80fo frances Destutt <strong>de</strong><br />

Tracy, no fim do secu/o <strong>de</strong>zoito. Juntamente<br />

com oulros fi/Osofos da era<br />

do iluminismo - em especial os materialistas He1velaus e Holbach -, <strong>de</strong><br />

Tracy procurava<br />

<strong>de</strong>finir um modo <strong>de</strong> chegar a verda<strong>de</strong> que nao fosse<br />

peJa ft ou a autoridatk (os metodos tradicionalmente recomendados<br />

peJa Igreja e pelo Estado). Por outro lado, sob a irifluencia <strong>de</strong> Francis<br />

Bacon, esses homens procuravam meios <strong>de</strong> eliminar as distorr;Oes da<br />

vida pessoa/, do preconceito, das idiossincrasias da educQ9t1o, das<br />

intervenr;Oes do interesse ou da simples vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> crer - fatores que


criavam versOes ilusorias da verda<strong>de</strong>, semelhantes<br />

as sombras vistas da<br />

Caverna <strong>de</strong> PIatQo...<br />

Seu objetivo era ''purificar'' as i<strong>de</strong>ias a fim <strong>de</strong> chegar a uma<br />

verda<strong>de</strong> "objetiva" e ao pensamento<br />

concreto.<br />

(1980:310).<br />

[...] Tracy chamau <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia essa nova ciencia das i<strong>de</strong>ias"<br />

Segundo Bell (1980:321),<br />

ainda:<br />

"Com Marx, a paiavra i<strong>de</strong>ologia sofreu transmuta~Oes curiosas.<br />

Para 0 Marx <strong>de</strong> A ltkologill Alem4, 0 termo estava associado ao<br />

i<strong>de</strong>alismo filos6fico, au a conceMQo <strong>de</strong> que as i<strong>de</strong>ias sao autonomas e<br />

que, <strong>de</strong> modo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, tem 0 po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> revelar a verda<strong>de</strong> e a<br />

consciencia. Como materialista, contudo, Marx nQopo<strong>de</strong>ria aceitar essa<br />

explica~Qo ja que a existencia <strong>de</strong>termina a consciencia e qualquer<br />

tentativa <strong>de</strong> pintar um quadro do realida<strong>de</strong> partindo<br />

apenas das i<strong>de</strong>ias,<br />

so po<strong>de</strong>ria levar a uma 'falsa consciencia'. "<br />

A partir dai 0 contexto hist6rico passa a ser 0 balizador e a verda<strong>de</strong> e vista como<br />

verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> classe.<br />

'j4 teoria do <strong>de</strong>terminayao social das i<strong>de</strong>ias apresenta muitas<br />

dificulda<strong>de</strong>s. A primeira <strong>de</strong>las - segundo 0 referido autor - seria a<br />

questao do autonomia do ciencia. A segunda, 0 que chama <strong>de</strong> presu~Qo<br />

<strong>de</strong>terministica <strong>de</strong> que haja uma correspon<strong>de</strong>ncia univoca entre um<br />

conjunto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e algum objetivo <strong>de</strong> classe. E por fim a terceira seria<br />

a propria <strong>de</strong>fini~Qo <strong>de</strong> classe. "


"As principais <strong>de</strong>cisiJes sociais provinham da distribui9iio da<br />

proprieda<strong>de</strong> [...] Contudo num mundo politico tecnol6gico como 0 <strong>de</strong><br />

hoje, a proprieda<strong>de</strong> per<strong>de</strong>u gradativamente sua for9a como<br />

<strong>de</strong>terminante do po<strong>de</strong>r, e as vezes ate mesmo da riqueza efetiva. "<br />

Argumenta 0 referido autoc que nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>mas, "a capacit~iio tecnica<br />

passou a ser mais importante do que a heranya, como <strong>de</strong>terminante da ocupar;iio, e 0<br />

po<strong>de</strong>r politico tem mais importancia que 0 economico. "<br />

Superando a distinyio cIassica da Sociologia do Conhecimento, que associava<br />

i<strong>de</strong>ologia a falsa consciencia e a ciencia com a verda<strong>de</strong>ira consciencia, 0 conceito aqui<br />

adotado e aquele <strong>de</strong>finido par Ver6n (1981:196),<br />

0 qual ressalta que "uma i<strong>de</strong>ologia niio<br />

e um repert6rio <strong>de</strong> conteildos (opiniiJes, atitu<strong>de</strong>s ou mesmo representa90es) e uma<br />

"gramatica" <strong>de</strong> engendramento <strong>de</strong> sentidCM, <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> sentido, em materias<br />

significantes."<br />

a argwnentayio,<br />

Por este motivo serio anaJisadas as estrategias discursivas que consti.tuem<br />

e nio 0 conteUdo dos discursos politicos.<br />

Com reiayio ao espectro da abordagem do tema i<strong>de</strong>ologia, nio sera feita<br />

discussio sabre 0 eixo estrutura x superestrutura,<br />

tal como propOs Bakhtin (1986), urn<br />

dos precursores <strong>de</strong>ssa discussio. Nio interessa aqui tecer consi<strong>de</strong>rayOes sabre se 0<br />

contexto hist6rico <strong>de</strong>termina 08 discursos ou se sio 08 discursos que revelam as diversas<br />

correntes do pensamento politico. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da verificayio <strong>de</strong> uma reiayio <strong>de</strong><br />

causa e efeito (quem e respons3vel par que), 0 essencial e analisar 0 aspecto relacional<br />

entre esses Wliversos.<br />

Partindo-se da idcSia <strong>de</strong> que uma


nem sempre seja possivel distinguir as diferen~as i<strong>de</strong>olOgicas atraves <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenninados<br />

discursos; confonne observa Fiorin:<br />

"A cada forma9ao i<strong>de</strong>ologica correspon<strong>de</strong> uma forma9ao<br />

discursiva que e um conjunto <strong>de</strong> temas e <strong>de</strong> figuras que materializa uma<br />

dada visao do mundo. Essa forma9ao discursiva e ensinada a cada um<br />

dos membros <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> ao longo do processo <strong>de</strong> aprendizagem<br />

lingUistica. Ii com essa forma9!io discursiva assimilada que 0 homem<br />

constroi seus discursos, que ele reage lingUisticamente aos<br />

acontecimentos. " (1990:32)<br />

Para esse autor, 0 discurso e olugar da repr~ mais que 0 da criayio. Esse<br />

prop6sito, discordo do pensamento <strong>de</strong> Fiorin, wna vez que ele parece reforvM a visida<br />

<strong>de</strong>~ social das i<strong>de</strong>ias. Como mostram os dados empiricos, nern. sempre as<br />

i<strong>de</strong>ologias sio perceptiveis nos discursos, linda que a Jinguagem seja 0 lugar e ao mesmo<br />

tempo 0 meio <strong>de</strong> verificayido conteUdo e das marcas i<strong>de</strong>olOgicas.<br />

No entanto, ou, quem sabe, talvez ate por isso mesmo,<br />

"as visOes <strong>de</strong> mundo nao<br />

se <strong>de</strong>svinculam da linguagem porque a i<strong>de</strong>ologia vista como algo imanente a realida<strong>de</strong><br />

e indissociavel da linguagem", confonne afinna Fiorin (1990:33).<br />

o que acontece e que a propria omiss3o das concepy3es i<strong>de</strong>ol6gicas no discurso<br />

que tcnta ser neutro, constitui-se nwna postura i<strong>de</strong>olOgica. Nonnalmente isso ocone,<br />

como sera possivel pcrceber na analise do material empirico, quando 0 enunciador nio<br />

revela suas posi~ politicas e seus vJnculos com <strong>de</strong>tenninados segmentos da socieda<strong>de</strong>,<br />

na tentativa <strong>de</strong> obter consenso, com a a<strong>de</strong>sio da maioria.<br />

o que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado e que embora "as i<strong>de</strong>ias e, por conseguinte os<br />

discursos sejam expressOes da vida real e a realida<strong>de</strong> exprima-se pelos discursos" nem<br />

sempre esses se reportam ao real situado historicamente no tempo e no espayO (Fiorin,<br />

1990:33). Nem sempre 0 real e realida<strong>de</strong> histOrica.


unagens :<br />

Como argumenta Aumont (1993: 210), quando analisa 0 realismo socialista nag<br />

"No fundo e a propria<br />

na


conceito ou urn politico, implica caractenza-Ios <strong>de</strong> aIgurna fonDa, qualificando suas ~Oes<br />

e funyOes, diferenciando as suas imagens das dos concorrentes.<br />

Ern linhas gerais, a serneJhanya entre os que fazern publicida<strong>de</strong>, propaganda e<br />

marketing politico e que, tOO08esperarn a aceita~o<br />

do que e divulgado. Cada urn <strong>de</strong>sses<br />

universos tern para corn 0 seu interlocutor urna relayao <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia, pois, para que no<br />

processo <strong>de</strong> comunicayao aconteya a a<strong>de</strong>sao, do outro lado, 0 piiblico tera que <strong>de</strong>cidir,<br />

passando <strong>de</strong> ouvinte a actante.<br />

As diferenyas comeyarn a swgir, no entanto, quando se leva ern conta 0<br />

procedimento adotado no plancjamento das campanhas (comerciais ou politicas) e na<br />

organizayio das estratCgias discW"Sivasdos textos divuJgados. Nio basta <strong>de</strong>finir estes<br />

conceitos usando apenas 0 criterio da finalida<strong>de</strong>. Pais se correria 0 risco <strong>de</strong> se pensar,<br />

equivocadamente, que sO existe uma rnaneira <strong>de</strong> divuJgar urn produto ou urna umca<br />

forma <strong>de</strong> divuJgar urn politico (inclui-se aqui a 1I'ajetOria <strong>de</strong> vida e as propostas <strong>de</strong><br />

govemo). Fazer isso, seria <strong>de</strong>sconhecer a heterogeneida<strong>de</strong> discW'Sivaern cada urn <strong>de</strong>sses<br />

universos.<br />

Para iniciar essa abordagem, urna <strong>de</strong>finiyio parece fundamental: On<strong>de</strong> situar os<br />

discursos politicos produzidos em campanha eleitoral? Estariam os discursos politicos<br />

inseridos no campo do marketing politico? Nio necessariamente. Marketing politico e<br />

propaganda politica consti.tuern a mesma coisa? Nio.<br />

Embora, diante do es~<br />

reservado a propaganda eleitoral gratuita, toOOdiscurso<br />

politico possa ser consi<strong>de</strong>rado urna forma <strong>de</strong> propaganda politica, nem todos Iimitam--:·;a<br />

esse universo, a partir do momento que adotam a 1000ca <strong>de</strong> mercado. Essa seria a<br />

diferenya basica entre a propaganda politica propriamente dita na concepyio tradicional<br />

do termo, e 0 marketing politico.<br />

Percebe-se, assirn, que, ao contririo do que se pensa comurnente, publicida<strong>de</strong>,<br />

propaganda<br />

e marketing politico nio seriam simples variay5es <strong>de</strong> urn eixo tmico, e sim<br />

universos que se inter-relacionam.


Com certeza, cada vez mais as empresas precisam das campanhas pubJicitirias<br />

para lan~ar seus produtos no mercado, assim como as instituiyespartidarias e seus<br />

respectivos candidatos Ilio po<strong>de</strong>m abrir mio da propaganda politica para chegar ao<br />

eleitor. Mas a propaganda, no seu sentido generico, remonta a seculos passados, vem <strong>de</strong><br />

uma seara bastante distinta dos interesses especificos da politica ou do mercado, on<strong>de</strong> 0<br />

que se promovia era a fe. Po<strong>de</strong>-se dizer que talvez fosse esse 0 "neg6cio" ou a "politica"<br />

da Igreja, mas na verda<strong>de</strong> era a sua razao <strong>de</strong> ser. E para tal precisava propagar.<br />

Hoje, no entanto, persiste, na tipologia do discurso propagandistico, uma<br />

<strong>de</strong>finiyio dicoromica que 0 subdivi<strong>de</strong> em propaganda e publicida<strong>de</strong>. 0 primeiro e visto<br />

como sendo relativo a campanhas poIiticas ou institucionais e 0 segundo visto quase que<br />

exclusivamente como reaJizador <strong>de</strong> comerciais.<br />

Essa distiny<strong>30</strong> nio parece a<strong>de</strong>quada, por que nem sempre e passivel situar, <strong>de</strong> urn<br />

lado, urn politico ou urn tema politico e, <strong>de</strong> outro, pura e simplesmente, urn produto, seja<br />

ele urn sabonete <strong>de</strong> luxo ou urn <strong>de</strong>sinfetante.<br />

Colocando na finalida<strong>de</strong> da ayio comunicativa (poHtica ou comercia1) a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir 0 generodiscursivo,<br />

po<strong>de</strong>-se inearreI' no equivoco <strong>de</strong> perceber cada<br />

urn <strong>de</strong>sses generos como unissonos. On seja, como se somente os produtos fossem objeto<br />

<strong>de</strong> trabalho do discurso pubJicitario e, da mesma fonna, como se 0 disclU'SO <strong>de</strong><br />

propaganda se limitasse aos politicos.<br />

Esse parece ser 0 limite impasto pela <strong>de</strong>finiyio <strong>de</strong> Charau<strong>de</strong>au apud Carvalho<br />

(1993). Para 0 autor "0 que marca a diferenqa entre a propaganda politica e a<br />

comerciaJe que enquanto a primeira se baseia em valores eticos, a segunda explora 0<br />

universo dos <strong>de</strong>sejos".


Em linhas gerais, essa distiny<strong>30</strong> po<strong>de</strong> ser feita em tennos te6ricos. Mas a<br />

veri:ficay3o do universo empirico fomece 'contra-exemplos'<br />

que nao <strong>de</strong>stituem a <strong>de</strong>finiyao<br />

tradicional, mas sugerem a sua. ampliay3o, no sentido <strong>de</strong> se incluir em cada urn <strong>de</strong>sses<br />

Segue abaixo a visualizay<strong>30</strong> <strong>de</strong>ssa analise com 0 <strong>de</strong>staque para 0 que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir<br />

cada urn <strong>de</strong>sses universos:<br />

.'<br />

V:L-"""<br />

. .." ..~<br />

;,. •.,


Obs.: A semelhanya entre os universos 2 e 3 esta no fato <strong>de</strong> nao terem fins lucrativos ,<br />

enquadrando-se<br />

nas chamadas campanhas institucionais; ja a semelhanya entre os<br />

universos 1e 4 esta na adoyao da 16gica <strong>de</strong> mercado. Basta para isso pensar que,<br />

da mesma forma com a qual se nota a falta <strong>de</strong> 6tica como valor utilizado em<br />

<strong>de</strong>terminadas campanhas politicas, 6 possivel encontrar campanhas publicitcirias,<br />

cuja preocup3yao extrapole 0 valor comercial do produto, trazendo mensagens<br />

educativas. Exemplos:<br />

1. Qualquer campanha publicitaria que divulgue diretarnente rnarca, serviyo ou<br />

produto, com 0 objetivo prioriWio <strong>de</strong> ~ao<br />

e venda.<br />

2. Campanha institucional: "A9QO da Cidadania Contra a Fome e Pe/a Vida",<br />

bancada por entida<strong>de</strong>s sem fins lucrativos, veicuJada ern TV <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1993.<br />

3. Campanha institucional intitulada "Gente Que Faz", bancada por empresa do setor<br />

financeiro, BAMERINDUS, para TV, veiculada em 1994 aos scibados, em<br />

horano nobre.<br />

4. Qualquer campanha politica que se utilize da estrategia mercadolOgica, seja na<br />

realizay<strong>30</strong> <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> opiniio publica para orientay80 das ayOes, ou para 0<br />

levantamento das rcivindi~ que ernbasario os discursos politicos ou 0<br />

proprio Programa <strong>de</strong> Govemo.<br />

Essa compreensio permite perceber, ao cont:r3.rio do que prop3e Charau<strong>de</strong>au<br />

apud Carvalho (l993), que nJo s6 a propaganda politica 6 capaz <strong>de</strong> veicular valores<br />

6ticos, morais ou educativos. Assim como, nern sempre a campanha publiciWia dirige-se<br />

exclusivamente ao universo dos <strong>de</strong>sej08. Po<strong>de</strong> acontecer exatamente 0 oposto, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> quem diwlga, como divuIga e do que 6 divulgado.<br />

Tanto a publicida<strong>de</strong> comercial quanto a propaganda<br />

politica po<strong>de</strong>m se utilizar da<br />

pesquisa <strong>de</strong> opiniio. E esse procedimento po<strong>de</strong> interferir <strong>de</strong> diversas maneiras na<br />

elaboray80 dos discursos que divulgam wn produto ou temas conceituais. Assim, e<br />

possivel 0 lanyamento <strong>de</strong> wn produto com qualida<strong>de</strong>s apontadas previamente pelo


consumidor como sendo necessarias (nesse caso nio seria preciso 0 uso <strong>de</strong> uma<br />

argumenta~<br />

sedutora ou persuasiva para fazer 0 consumidor comprar, pois <strong>de</strong> antemio<br />

o seu publico potencial ja estaria auto-sugestionado<br />

a isso). Do mesmo modo, pensando<br />

no universo politico, e passivel 0 lanvamento <strong>de</strong> uma campanha politica on<strong>de</strong> 0 candidato<br />

fonnule seu discurso baseado mais nos <strong>de</strong>sejos ou julgamentos <strong>de</strong> valor que nas<br />

necessida<strong>de</strong>s basicas da poPulavao.<br />

Embora nio <strong>de</strong> todo elucidativas na distin~ do que seja publicida<strong>de</strong> e<br />

Propaganda, existem algumas <strong>de</strong>fini~ mais interessantes, como a <strong>de</strong> Penmou apud<br />

Carvalho (1993) que ve 0 texto publicit3rio como urn "gran<strong>de</strong> batisterio", urn Proces8O <strong>de</strong><br />

atribwyao <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>; e a <strong>de</strong> Lagncau apud Carvalho (1993) que sugere para<br />

compreensio do texto publiciWio a abordagem <strong>de</strong> t:res vias: a psicol6gica (na linha<br />

freudiana, 0 jogo <strong>de</strong> palavras como fome <strong>de</strong> prazer), a antropol6gica (os jogos<br />

simb6licos reavivando arquetipos coletivos) e a sociol6gica (a ilusio da comunhio intima<br />

em socieda<strong>de</strong>s industriais atravcSs <strong>de</strong> urn discurso que nio<br />

se dirige especi:ficamente a<br />

ninguem, dirigindcrse ao mesmo tempo a todos).<br />

Ve-se, entia, que a <strong>de</strong>finiyio do que seja Publicida<strong>de</strong>, Propaganda<br />

e Marketing<br />

Politico e bastante relativa, 0 que requer certa flexibilida<strong>de</strong> no momenta <strong>de</strong> conceituar ou<br />

propor esquemas gr3ficos que condicionam uma dada interpretayio.<br />

Os tenucs limites <strong>de</strong>sses universos verificam-se na prOpria <strong>de</strong>nominayio do<br />

exercicio da profissio:<br />

"As agencias se <strong>de</strong>nominam mais freqiientemente <strong>de</strong> 'agencias <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong>', muito embora a associayiio que as congrega seja<br />

'Associayiio Brasi1eira <strong>de</strong> Agencias <strong>de</strong> Propaganda". Os profissionais<br />

SaD sempre "profissionais <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>", siio publicitilrios" (Maranhio,


Ate mesmo em dicionarios e passivel encontrar diversas <strong>de</strong>fini~Oes para 0 tenno<br />

"publicida<strong>de</strong>" como observa Maranhao (1988: 41): "dar <strong>de</strong>staque pUblico a <strong>de</strong>terminado<br />

assunto, principio,<br />

i<strong>de</strong>ia", e caracteristica da publicida<strong>de</strong>, assim como 0 simples fato <strong>de</strong><br />

ser "a proprieda<strong>de</strong> do que e pUblico." E apontada ainda como capaz <strong>de</strong> manipular: "A<br />

arte <strong>de</strong> exercer aqtio psicolOgica sobre a opinitio pUblica com fim comercial. "<br />

E, <strong>de</strong> certa forma, da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> separar a metodologia e 0 raio <strong>de</strong> ay<strong>30</strong> da<br />

publicida<strong>de</strong> e da propaganda na politica que surge 0 conceito <strong>de</strong> Marketing Politico. Este<br />

se ocupa do objeto <strong>de</strong> trabalho iniciahnente atribuido apenas a Propaganda (politica),<br />

utilizando-se ao mesmo tempo da l6gica <strong>de</strong> mercado, procedimento metodol6gico<br />

originahnente adotado pela publicida<strong>de</strong> (comercia1).<br />

Assim conforme observa Figueiredo (1994: 12):<br />

"0 marketing politico e similar GO marketing <strong>de</strong> produtos.<br />

Primeiro, tanto numa campanha como no mercado, ha um corifunto <strong>de</strong><br />

organizaqOes (partidos e empresos) que competem entre si para alTair<br />

'os consumidores' (no coso da politica, os eleitores). Segundo: nos dois<br />

dominios consumidores e eleitores <strong>de</strong>sempenham 0 mesmo papel: sao,<br />

ambos tom adores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cislio. Face a "oferta" [aspas minhas] escolhem 0<br />

que lhes parece mais apropriado. Terceiro; os canais <strong>de</strong> comunica~ilo a<br />

disposi900 dos partidos e candidatos(os} silo os mesmos que estilo GO<br />

aJcance das empresos nos socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. "<br />

"Marketing e fundamentalmente estrategia <strong>de</strong>finida com<br />

antece<strong>de</strong>ncia por especialistas que analisam as pesquisas, estudam 0<br />

quadro politico, pesam virtu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>feitos dos adversilrios, iriformam-se<br />

sobre as caracteristicas do eleitorado e assim por diante. "


Dessa forma, e possivel perceber que 0 marketing politico nio<br />

trabalha apenas<br />

seguindo a filosofia politica dos partidos ou estratCgias adotadas por estes durante<br />

as<br />

elei~Oes, para tr~ar as linhas <strong>de</strong> a~ao, seja <strong>de</strong> urna campanha (Marketing Politico<br />

Eleitoral) ou seja <strong>de</strong> urn mandato (Marketing Politico Permanente). Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

pratica que se baseia tambem ou sobretudo (a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da emase dada a este<br />

procedimento) na pesquisa <strong>de</strong> opiniio pUblica para <strong>de</strong>tectar aspectos relacionados a<br />

imagem do candidato e ao teor do seu programa.<br />

Existe tambem a pesquisa direcionada para <strong>de</strong>finiyao das politicas publicas. Nesse<br />

caso, levando em conta as variaveis: ida<strong>de</strong>, sexo e, principalmente, grau <strong>de</strong> ins~ao em<br />

funyao da classe social, e feito urn levantamento dos principais problemas apresentados<br />

pela populayao, baseado no qual elabora-se 0 Programa <strong>de</strong> Governo.<br />

Vale lernbrar que a pesquisa nio exclui a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se somar ao Programa,<br />

diretrizes ~ por equipes ou grupos especializados por area tematica e ainda<br />

contnouiyOes <strong>de</strong> instituiyOes <strong>de</strong> consultoria ou 6rgios <strong>de</strong> c1asse.<br />

''A<strong>de</strong>quar 0(a) candidato( a) ao seu eleitorado potencial significa, basicamente,<br />

saber 0 que pensam e 0 que querem os e1eitores em <strong>de</strong>terminado momento." A anaIise<br />

<strong>de</strong> Figueiredo (1994: 10), fimdamentada no pensamento aristotelico, evi<strong>de</strong>ncia que boa<br />

parte do que 0 candidato fala ern campanha, e promete fazer quando eleito, e extraido do<br />

prOprio cleitorado.<br />

"'De posse <strong>de</strong>ssas i'?foTmafOes, e possiveJ compatibiJizaT 0<br />

discurso do(a) candidato(a) com os anseios do e1eitorado fazendo com<br />

que e1e se posicione <strong>de</strong> acordo com as preocupafOes do socieda<strong>de</strong>, sem<br />

contrariar sua hist6ria politico. ••<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do mento ou da critica que se f~a a essa postura, e evi<strong>de</strong>nte<br />

que a sua adoyao estabelece a chance <strong>de</strong> uma ressonancia bcm maior entre 0 orador e seu


Progri1illa dfl P6s-Gradu9.yao<br />

em Letnu; e Linguistica<br />

lTFPE<br />

publico interlocutor. Pois fica muito mais facit 'falar 0 que 0 povo quer ouvir'; quando se<br />

tern a infonnayio antecipada, e estratificada par diversos segmentos da socieda<strong>de</strong>, sabre 0<br />

Salvaguardadas as diferenyas dos metodos e a distincia<br />

dos tempos 0 marketing<br />

politico Ilio esta ta~ longe da ret6rica. Dizia Arist6teles apud Citelli (1985:10): '~<br />

Nio e <strong>de</strong> se estranhar que, nas socieda<strong>de</strong>s marcadas pela competiyao, mesmo na<br />

esfera pUblica, 0 marketing politico tenha se transformado nurn po<strong>de</strong>roso instnunento <strong>de</strong><br />

pedras do caminho. N'"aoe urn fim ern si, mas urn meio utilizado para sintonizar 0 orador<br />

candidato com 0 pUblico eleitor.<br />

A nova ret6rica assim como 0 marketing politico retomam a ret6rica cIassica. Dase<br />

ao "marketing", no entanto, a cono~ pejorativa da propaganda massificada,<br />

utilizada pelos regimes totaJitarios tanto por nazistas como por sociaJistas.<br />

Ja na primeira meta<strong>de</strong> do s6culo XX Hitler foi 0 autor do primeiro Ministerio da<br />

Propaganda Politica que se tern conhecimento na Hist6ria MWldial.<br />

"Conhecem-se,<br />

na histiJria dos ultimos tempos, tres exemplos <strong>de</strong><br />

formidavel organizayiJo <strong>de</strong> material <strong>de</strong> propaganda: 0 escritiJrio <strong>de</strong> Lord<br />

North Cl;ffe, na Inglaterra,<br />

durante a Gran<strong>de</strong> Guerra, as institui90es <strong>de</strong><br />

Propaganda da Guerra Civil russa e 0 Ministerio <strong>de</strong> Propaganda do III<br />

Reich [...j Hitler apren<strong>de</strong>ra hem essa regra,formando<br />

todo um corpo, as<br />

1 Essa estrategia recorre a algumas das "Leis da Propaganda PoHti.ca"; as cbamadas lei da i<strong>de</strong>ntifica~iio e<br />

lei da re;v;ndic~iio que simultaneamente visam aproximar 0 candidato dos eleitores, tentando rnostrar<br />

que suas reivindica~Oes estao conternpladas nas propostas apresentadas ern carnpanha.<br />

Domenacb apud J. Camilo Torres (1959:45-63) classifica onze <strong>de</strong>ssas leis transforrnadas em dicas <strong>de</strong><br />

procedirnentos: simplifi.cayao, repeti~, variayio ternatica, <strong>de</strong>sfigurayao, transfusao, unanimida<strong>de</strong>,<br />

contraste, causalida<strong>de</strong> afetiva e a da simpatia, alem das duas citadas acima.


SA., com verda<strong>de</strong>iras brigadas <strong>de</strong> choque <strong>de</strong> propaganda, foram essas<br />

tropas que, <strong>de</strong>fato, olevaram ao pa<strong>de</strong>r" (Tchakhotine, 1952: 294-295).<br />

Observa Tchakhotine (1952: 298) que "A pratica da propaganda adotada por<br />

Hitler <strong>de</strong>u em resultado uma certa animosida<strong>de</strong> contra a propaganda em gera/ que se<br />

manifesta <strong>de</strong>pois da Segunda Guerra, nos camadas inte/ectuais". Mesmo se<br />

constituindo em objeto <strong>de</strong> critica e temar, a propaganda ganha impulso com os meios <strong>de</strong><br />

comunicayio<br />

<strong>de</strong> massa, ampJiando a sua inseryio na socieda<strong>de</strong>.<br />

E quase inevitavel se reportar ao passado quando se percebe que as criticas feitas<br />

a ret6rica sao muito semelhantes as que se fazem ainda hoje ao marketing politico. Para<br />

N'waldo Jr. (1991:23) trata-se <strong>de</strong> "um produto antigo com uma embalagem nova" .<br />

Ressalta 0 referido autor (1991: 81): "[...] claro que noo tinha esse nome nem a<br />

dimenst10 que alca1lfaria no socieda<strong>de</strong> capitaJista. Mas era largamente praticado<br />

especialmente pelos titulos <strong>de</strong> pa<strong>de</strong>r politico e religioso{ ...]".<br />

Baseando-se<br />

no estudo <strong>de</strong> Groppi intitulado "Tudo come9Qu com Maquiavel",<br />

NlValdo Jr. argumenta que a ousadia <strong>de</strong> Maquiavel foi ter dissociado a poHtica da etica.<br />

Para 0 referido autor (1991: 2S) surge assim "0 comeyo da Teoria e da Tecnica da<br />

Politica entendida como uma discipJina autonoma, separada da moral e da religit1o"<br />

E necessario ressaltar, no entanto, que antes do marketing politico propriamente<br />

dito ja havia a preoc~<br />

com wn trato da imagem pUblica dos politicos, sobretudo na<br />

Cpoca em que a ret6rica era discipJina cwricular voltada para a fonnayao<br />

dos gran<strong>de</strong>s<br />

oradores greco-rom<strong>anos</strong>. Segundo observa N'waldo Jr.(1991: 14) "Maquiave/ nQO<br />

inventou 0 maquiavelismo" apenas teria se inspirado nas cenas politic as das cortes,<br />

analisando personagens da nobreza com os quais conviveu. Na galeria dos citados em 0<br />

Principe estavam Francesco Sforza, Fernando e Isabel <strong>de</strong> Castela, da Espanha, Luis xn,<br />

Carlos vm e cesar Borgia, da Franya, entre centenas <strong>de</strong> outros nomes.


propaganda:<br />

De wn dos principais clrculos do po<strong>de</strong>r - 0 religioso - nasceu 0 conceito <strong>de</strong><br />

"0 discurso propagandistico tem suas origens remotas no<br />

discurso religioso. A propria palavra pl'opagll1ldll<br />

tem seu etimo em<br />

pl'opagl11'e<br />

(semear), no sentido <strong>de</strong> semear a fe entre os pagiios (nao<br />

iniciados) [...] apelando para 0 genero narrativo au suasorio buscava<br />

convencer 0 ouvinte a adotar nova fe, prometendo<br />

'ceus e terras'."<br />

(Carvalho - 1993).<br />

Ainda com relay<strong>30</strong> a origem do discurso propagandistico, observa Maranhao<br />

(1988: 51):<br />

"0 registro mais frequente dos dicionlJrios etimolbgicos para 0<br />

termo "propaganda" cila a "propaganda Fi<strong>de</strong>i da Igreja Catolica como<br />

congregayao para a propaga9Qo da Fe Crista organizada no ana <strong>de</strong><br />

1622 a nivel do bispado ramona [...] como esfor90 sistematizado<br />

po/iticamente e organizado institucionalmente para a reayiio da<br />

ortodoxia catblica e a catequese do mundo barbaro, momentos <strong>de</strong><br />

paradoxismo da tradi9iio evangelica do cristianismo".<br />

Mas, <strong>de</strong> acordo com 0 que <strong>de</strong>stacam Schie<strong>de</strong>r e Dipper (1984) apud Peter Burke<br />

(1992: 16): "0 conceito mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> propaganda remonta apenas ao fim do seculo<br />

XVIII. quando as tecnicas <strong>de</strong> persuasQo usadas pelos <strong>de</strong>ftnsores da Revolu9iio<br />

Francesa foram comparadas as tecnicas cristiis <strong>de</strong> conversao. "<br />

Nio se po<strong>de</strong> esquecer que as artes pIasticas <strong>de</strong>sempenharam oU1rora wn papel<br />

reservado hoje a midia: a criayio, a preservayio e a ~o da imagem do govemante.<br />

Burke (1992), autor <strong>de</strong> urn estudo sobre a cons~io<br />

da imagem pUblica <strong>de</strong> Luis XIV,<br />

<strong>de</strong>screve <strong>de</strong>talhadamente, a que ponto chegava 0 culto a personalida<strong>de</strong> do refendo<br />

monarca.


Luis XIV foi rei da Franya por nada menos que 72 <strong>anos</strong>. a incentivo as artes<br />

girava praticamente em tomo <strong>de</strong> uma louvayao que mantinha os suditos e toda a<br />

populayao submissa ao rei, durante tOOosesses <strong>anos</strong>. Luis XIV !eVe sua imagem retratada<br />

em pintura, bronze, pedra, tapeyaria. Somente em gravura "setecentas ainda po<strong>de</strong>m<br />

ser<br />

encontradas na Biblioteca Nacional. A/ora cerca <strong>de</strong> trezentas medalhas a cada<br />

comemora9ao <strong>de</strong> acontecimentos do reinado. "(Burke, 1992: 28)<br />

Deve-se a hist6rica 'Entree Triomphante' <strong>de</strong> Luis XIV em Paris, 1690, com a<br />

rainha, a expressao 'Entrada Triunfante' que marcou a passagem do casal por uma sene<br />

<strong>de</strong> Arcos do Triunfo. A atenyio para com 0 significado literal. e simb6lico que a imagem<br />

publica do rei represetttava chegava a tal ponto, que certa vez)he fora recomendado: "0<br />

rei <strong>de</strong>ve aparecer erguendo 0 bastao, nao apoiado nele. "(Burke, 1992: 14).<br />

Mesmo quatro seculos <strong>de</strong>pois, a hist6ria da ret6rica ou do marketing nao mudou<br />

muito. Ao tratar a ques& da 1magem do Po<strong>de</strong>t, Schwartzemberg (1978) analjsa que no<br />

mundo contemporineo <strong>de</strong> modo geral: "a politica <strong>de</strong> star system envolve sobretudo a<br />

direita; constitui mesmo uma das linhas <strong>de</strong> c/ivagem que a separam<br />

da esquerda, por<br />

correspon<strong>de</strong>r a valores e a uma tatica muito diftrente", embora reconh~a 0 referido<br />

autor que a personific~<br />

do po<strong>de</strong>r tambem tenha existido em alguns regimes que se<br />

<strong>de</strong>claravam socia1istas.<br />

Schwartzemberg<br />

(1978: 20-21) cita que a biografia abreviada <strong>de</strong> Stalin continha<br />

no seu texto original diversos elogios, tais como: "0 maior dos chefes", "0 maior<br />

estrategista <strong>de</strong> todos 08 tempos". E que nio satisfeito, Stalin feria acrescentado <strong>de</strong> proprio<br />

punho, comentarios do ti.po: "embora assumisse mas fu1l9OeS <strong>de</strong> cheft do partido e do<br />

povo com a maxima habilida<strong>de</strong> e contasse com 0 apoio incondicional<br />

sovietico, Stalin <strong>de</strong>sconheceu por completo qualquer vaida<strong>de</strong>, pretensao<br />

pessoal. ". Observa ainda 0 citado autor, que Marx repudiava a ado~ao,<br />

<strong>de</strong> todo 0 povo<br />

au glorifica9ao<br />

mas Lenin teve<br />

a sua imagem exposta a venerayio pUblica.


Confonne abordado no inicio <strong>de</strong>ste capitulo, a existencia <strong>de</strong> algumas semelhanyas<br />

entre a ret6rica e 0 marketing faz com que ambos tenham recebido criticas da mesma<br />

natureza, a comeyar pela instrumentalizayao do saber na "profissionalizayao" da politica.<br />

Segundo analisa Maranhao (1988: 53):<br />

'~ propaganda no mundo mo<strong>de</strong>rno e reca/cada e <strong>de</strong>sprezada, da<br />

mesma maneira que a retorica nao po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como<br />

produtora <strong>de</strong> conhecimento na Ida<strong>de</strong> Medieval, que so visava <strong>de</strong><br />

Aristoteles, sua Teoria do Conhecimento (Lbgica) esquecendo os<br />

Tratados Retoricos. "<br />

Da mesma fonna que antes, existem ate hoje inUmeras criticas a ad~ao<br />

da 16gi.ca<br />

<strong>de</strong> Mercado na poHtica. Atualmente, 0 divisor <strong>de</strong> 3guas parece estar na prOpria politica.<br />

Quanto mais complacente ou mesmo favoravel a ~.io da 16gi.ca <strong>de</strong> Mercado na<br />

<strong>de</strong>finiyao da poHtica s6eio-econOmica, mais aberto estara este segmento para recorrer a<br />

assessoria <strong>de</strong> marlceting politico. Os partidos <strong>de</strong> representa~<br />

politica <strong>de</strong> direita ha muito<br />

ja a<strong>de</strong>riram e mos<br />

segmentos <strong>de</strong> esquerda vCm a<strong>de</strong>rindo a essa proposta.<br />

Quanto mais comprometida, no entanto, com uma proposta politica <strong>de</strong> perfil<br />

socialista, maior sera a resistencia da representayio <strong>de</strong>ssa esquerda, critica a a~.io da<br />

perspcctiva mercadolOgica na comunic~.io, por discordal' <strong>de</strong>ssa orien~.io no ambito<br />

geral da prOpria or<strong>de</strong>m sOcia-politico e economica.<br />

Os mais criticos chegam a dizer que 0 ItUU'ketingpolitico trata 0 candidato como<br />

se fosse tun sabonete. Ou seja, lUll produto a ser lanyado no mercado ou urn artigo ja<br />

conhecido, cuja imagem necessitasse <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lagem.<br />

Essa critica foi feita por te6ricos da Escola <strong>de</strong> Frankfurt.<br />

"Sendo a puhlicida<strong>de</strong> a<br />

retiJrica da venda, ela <strong>de</strong>finitivamente transformaria tudo em mercadoria <strong>de</strong>ntro da<br />

critica tradicional e radical" (Maranhio,<br />

1988: 163). a que estava em <strong>de</strong>staque nessa


critica era a discussio sobre a autenticida<strong>de</strong> da arte apbs 0 efeito "reprdu9io" da midia.<br />

Para Maranhao, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a existencia da publicida<strong>de</strong> critica, nem tudo 0 que essa<br />

veicula po<strong>de</strong> see consi<strong>de</strong>rado kitsch.<br />

Landowski (1992: 132) conceitua a relar;<strong>30</strong> entre os campos publicitario e politico<br />

como "0 Conflito das Sintaxes". 0 autor recorre a mesrna pergw1ta elaborada<br />

anteriormente.<br />

o citado autor consi<strong>de</strong>ra a pergunta pertinente, mas, ao mesmo tempo, acusa-a <strong>de</strong><br />

redutora, embora reconheya que a extensio do marketing alem das suas fronteiras iniciais<br />

possa banalizar 0 discurso poHtico e "corre 0 risco - a longo prazo - <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar <strong>de</strong> seu<br />

fim a propria racionalida<strong>de</strong> do principio eletivo [...] <strong>de</strong> esvaziar <strong>de</strong> seu conteUdo as<br />

regras do jogo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>mocracia representativa hem compreendido". Na sua opiniio,<br />

as criticas partem mais <strong>de</strong> quem resiste as inovay6es do que daqueles que por ventw"a<br />

tenham analisado a questio racionalmente.<br />

Landowski apresenta uma <strong>de</strong>finiyio semi6tica para anatisar a questio que<br />

consi<strong>de</strong>ra baJjzada por duas gramaticas poHticas. Para 0 referido autor (1992: 133), corn<br />

essas duas gramAticas poHticas: ''Duos sintaxes diferentes entraram em concorrencia [...]<br />

do ponto <strong>de</strong> vista do <strong>de</strong>finiyao e do gestao actancial das re/aqfJes entre atores sociais".<br />

"se articulavam,<br />

enta~, em torno <strong>de</strong> um so e mesmo principio geral, 0 do<br />

~: eleifiJo enquanto procedimento juridicc:rpolitico <strong>de</strong> <strong>de</strong>signoft1o<br />

dos representantes<br />

(dos eJeitos) e Obvio; mas tambem eJeifiJo no sentido<br />

semiotico do termo, isto e, como esquema <strong>de</strong> relOfiJo, como organizOft1o<br />

sintirtica baseada numa autonomia reciproca das partes e, mais<br />

especiaJmente no suposta competencia dos eleitores-sujeitos. "


"Os cidadaos continuam, e claro, a cumprir seu papel<br />

institucional, formal, por assim dizer, <strong>de</strong> eleitores, mas pelo plano da<br />

comunicayao e do imaginario sOCia-politicos, em compensayao, nao sao<br />

mais reconhecidos por principio, nem tratados sintaxicamente como<br />

actantes - sujeitos integrais."<br />

Segundo ainda a Iinha <strong>de</strong> pensamento<br />

do citado autor, ao utilizar a pesquisa <strong>de</strong><br />

opiniio para reelaborar 0 conteUdo e a imagem <strong>de</strong> urn produto ou candidato, 0 marketing<br />

(seja ele comercial ou politico) retira do pUblico consumidor-eleitor<br />

0 po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> escoIha.<br />

A argumentayao <strong>de</strong> Landowski proce<strong>de</strong> se se pensar que 0 consumidor-eleitor<br />

n<strong>30</strong><br />

precisara selecionar muito 0 que the interessa mais no contexto <strong>de</strong> urn jomal ou <strong>de</strong> urn<br />

programa eleitoral, pelo fato <strong>de</strong> ja ter sido ouvido a respeito, e <strong>de</strong> suas respostas terem<br />

sido utiljzadas para que 0 produto viesse pronto.<br />

Por outro lado, consi<strong>de</strong>rando<br />

que atraves do marketing 0 eleitor tern a chance <strong>de</strong><br />

opinar previamente, coisa que necessariamente n<strong>30</strong> acontece no procedimento comwn e<br />

corrente, ao inves <strong>de</strong> manipulado, ele passa a condiyio <strong>de</strong> sujeito-actante (participativo).<br />

o ceme da questlo esta em saber que universo do pUblico-eleitor sera atingido por<br />

essa consulta. 0 marketing politico difere do procedimento habitual, que atribui as<br />

<strong>de</strong>cis3es 80S grupos <strong>de</strong> comando e aos setores organizados<br />

da socieda<strong>de</strong>, por adotar a<br />

estrategia mercadol6gica, e obter a opiniao do conjunto da populayio,<br />

atravCs <strong>de</strong> amostras<br />

representativas <strong>de</strong> todos os segmentos sociais.<br />

Em contrapartida, os que n<strong>30</strong> dispOem da pesquisa <strong>de</strong> opiniio estratificada, se<br />

baseiam nos principios do referido partido politico, nas estrategias adotadas<br />

dW'aIlte a<br />

campanha, nas experiencias das gest5es executivas que tenham ocorrido sob 0 comando<br />

politico do respectivo partido ou ainda em propostas formuladas por equipes <strong>de</strong><br />

colaboradores <strong>de</strong> cada uma das politicas setoriais. Esse foi 0 caso da campanha do


candidato LuJa em 1989 (Ver em anexo ill consulta a assessoria da FBP sobre os<br />

procedimentos adotados em campanha).<br />

Retomando a discussio te6rica, e necessario dizer que Landowski Ilio <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ter<br />

razio ao argumentar que, na relayao do eleitor com 0 politico, po<strong>de</strong> ocorrer 0 mesmo que<br />

na relay<strong>30</strong> do consumidor com wn produto qualquer.<br />

o autor explica que ao fomecer,<br />

por exernplo, opiniao sobre 0 que mais lhe<br />

interessa nwna publicayao, 0 leitor po<strong>de</strong>ra receber da empresa responsive!,<br />

wn serviyo<br />

especializado, <strong>de</strong> acordo com os seus interesses pontuais.<br />

Assim, segundo Landowski, esse leitor <strong>de</strong>ixaria <strong>de</strong> ter wna relay<strong>30</strong><br />

<strong>de</strong>scompromissada <strong>de</strong> compn. para ter wna relayao <strong>de</strong> contrato que sugere wn vinculo.<br />

E 0 que chama <strong>de</strong> 1000cada compn. e 100ica do contrato. Esse procedimento tern como<br />

wn dos objetivos atenuar 0 comportamento voliwel do eleitorado, observado por<br />

Domenach apud Tchakhotine (1952: 298): "[...] a opiniao pUblica 7U1S <strong>de</strong>mocracias e<br />

tao superficial e mutavel como 0 sentimento que impele um cliente a abandonar uma<br />

marca <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntifricio por uma outra mais peifumada ou melhor apresentada" .<br />

Entra ern <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>ssa maneira uma questio polCmica: a idoneida<strong>de</strong> das pesquisas<br />

<strong>de</strong> opiniio como prmca politica.<br />

Assim como os meios <strong>de</strong> comunicayao<br />

<strong>de</strong> modo geral, a pesquisa <strong>de</strong> opiniao<br />

tambCm dispensa 0 contato direto do politico com 0 pUblico. Com isso se quer dizer que<br />

o candidato nio precisa fazer a chamada politica orginica<br />

e sistematica, nern sequer tee<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> vinculo ou compromisso<br />

com segmentos da populayio para saber das<br />

suas feivindicayOes.<br />

Nesse caso, 0 que se coloca ern jogo<br />

e algo mui.to serio: a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

eleger wn candidato, cuja representativida<strong>de</strong> nio tenha efe1ivamente respaldo institucional<br />

ern wn partido politico, sendo obtida quase que exclusivamente maves da votay<strong>30</strong><br />

atingida nas eleiy3es.


estrat6gias eleitorais competitivas, Lins apud Grandi et alii (1992: 175) analisando a<br />

campanha <strong>de</strong> CoDor afinna com natw'alida<strong>de</strong>:<br />

foi partidaria. Inicialmente, seu partido foi 0 PJ, Partido da Juventu<strong>de</strong>,<br />

mais tar<strong>de</strong> transformado em Partido da Renovar;iio Nacional (PRN),<br />

"A criar;iio <strong>de</strong> um movimento amplo e aberto, que permitisse<br />

agregar todos os esforr;os politicos e coor<strong>de</strong>nar os apoios e ativida<strong>de</strong>s<br />

Renovayio Nacional - MPRNl , <strong>de</strong>sjgnado para abrir frentes <strong>de</strong> apoio individual e<br />

coletivo. Paralelamente foi instalada uma Central <strong>de</strong> AtendDnento ao Eleitor, a 'Falecom',<br />

para receber sugestOes e prestar escIarecimentos, que chegou a fimcionar com 70 linhas<br />

telefOnicas. A estrutura <strong>de</strong> fimcionamento da campanha e passivel <strong>de</strong> se perceber no<br />

organograma reproduzido a seguir (Ver em anexo ill consulta a assessoria <strong>de</strong> Collor<br />

sobre os procedimentos adotados em campanha).<br />

1 Embora a sigla PRN signifique Partido da Reconstru9GO Nacional, no titulo "Voto e Marketing ... 0<br />

Resto e Politica", Lins (1992: 175), <strong>de</strong>fine MPRN como sendo Movimento pelaRenOVa9GO Nacional.


Organogramada<br />

Campanha <strong>de</strong> Fernando Collor<br />

(Janeiro - 1989)<br />

reproduzem, no terreno da politica, um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> praveniencia exterior<br />

ao politico propriamente dito" .


egenerado, em todo caso rearticulado em fun900 <strong>de</strong> uma l6gica que, a<br />

priori, the e estranha, a da "comunica9ao midiatica", e mais<br />

especificamente,publicitaria. "<br />

Deve-se consi<strong>de</strong>rar tamb6m 0 fato <strong>de</strong> que a reaJizayio <strong>de</strong> eleiy3es<br />

representa urna saida momentanea do terreno habitual da politica cotidiana,<br />

q"lWldoestio em jogo outras quesroes, que Dio a eleiyao <strong>de</strong> urn candidato e suas<br />

respectivas propostas. Isso significa dizer que fatalmente 0 'fazer political em<br />

6poca <strong>de</strong> eleiyio <strong>de</strong>manda estrat6gias <strong>de</strong> planejamento e discursos diferentes dos<br />

que se verificam habitualmente. Justifica-se assim, <strong>de</strong> certo modo, a saida do<br />

terreno da politica stricto sensu para 0 da publicida<strong>de</strong>.


A propaganda eleitoral televisiva apresenta wna diversida<strong>de</strong> tarnanha que <strong>de</strong>safia<br />

wna <strong>de</strong>finiQaotipol6gicaprecisa do que vai ao ar. Cada programa veiculado diariamente<br />

po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado como urn discurso, wna vez que, gI"aQa8ao enca<strong>de</strong>amento das<br />

sequenciastextuais e visuais, constroe uma signific~ao.<br />

Porem nio<br />

se po<strong>de</strong> esquecer, e talvez seja melhor ver <strong>de</strong>ssa forma, que<br />

<strong>de</strong>tenninadas partes <strong>de</strong> urn programa televisivo po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como urn<br />

discurso, pois apresentam enunciados numa dada situaQio<strong>de</strong> comunic~ao.<br />

Ha, ai, uma espCcie<strong>de</strong> efeito "bonecas russas" como <strong>de</strong>nominou Maingueneau<br />

(1976), pois assim como acontece nesse artesanato, .que escon<strong>de</strong> uma peQa <strong>de</strong>ntro da<br />

outra, nos programas <strong>de</strong> propaganda eleitoral, urn breve texto <strong>de</strong> abertura traz wna<br />

<strong>de</strong>nUncia, que impJica <strong>de</strong>scriyio narrativa <strong>de</strong> urn fato, que por sua vez recorre a urn<br />

exemplo para refmvar a argumen~.<br />

No <strong>de</strong>correr da analise sera passivel perceber 0 que observa Maingueneau<br />

(1976:177) ''Num texto argumentativo e freqiiente 0 uso <strong>de</strong> relato a titulo<br />

argumentativo, dizendo <strong>de</strong> DUtro modo, as mesmas unida<strong>de</strong>s textuais: funcionam<br />

simultaneamente sabre esses dois pi<strong>anos</strong> ARGUMENTATIVO e NARRATIVO, urn e<br />

subordinado ao outro. Mas as coisas po<strong>de</strong>m se inverter, assim, a argumenlafao po<strong>de</strong><br />

ser 0 meio utilizado por alguem que vise influenciar, procurando<br />

dar este Jim a um<br />

relato ou narrattva que, nesse caso, nao teria apenas a funfiio<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>screver ou contar<br />

uma hist6ria. "<br />

A questio, inclusive, do enca<strong>de</strong>amento discW"Sivona argumentaQaomaterializa 0<br />

que (<strong>de</strong> Arist6telesa Perelman) se chama 'Hierarq~ao<br />

dos Argumentos'. Isso significa


dizer que urn tal argwnento contnbui para estabelecer urn outro, situado a urn nivel<br />

superior e assim por diante.<br />

Da-se a seguir a analise do posicionamento dos candidatos ao se referirem a uma<br />

i<strong>de</strong>ia, a urn fato e ainda na apresen~io<br />

<strong>de</strong> urn perfil politico ou trajetOriapolitica.<br />

3.1 AllAN


Mais especificamente, trata-se <strong>de</strong> observar quais as semeIhanyas e diferenyas<br />

perceptiveis nas fOtmayOes textuais, nos dois programas veiculados pela propaganda<br />

eleitoral gratuita.<br />

Iniciado 0 segundo tumo eleitoral, Lula ja no seu primeiro discurso faz urna<br />

especie <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcayio<br />

<strong>de</strong> espayo, dis1inguindo, <strong>de</strong> urn lado, seus aIiados e, do outro, os<br />

segmentos dominantes da socieda<strong>de</strong> como sendo os apoiadores <strong>de</strong> Collor. 0 candidato da<br />

FBP comeya agra<strong>de</strong>cendo indistintamente a todos aqueles que safram <strong>de</strong> casa para votar:<br />

lieu quero <strong>de</strong>dicar esse que Ii 0 primeiro programa<br />

do segundo turno aos e/ei/ores<br />

brasileiros... aos mais <strong>de</strong> setenta milhOes <strong>de</strong> brasileiros que foram as ruas para<br />

garantir a <strong>de</strong>mocracia <strong>de</strong>sse pais. .." (Texto 1-para as nonnas <strong>de</strong> transcriyio, veja-se 0<br />

anexo no qual tambCm contam na integra 08 textos aqui citados).<br />

Em seguida, Lula comeya a especificar mais 0 pUblico interlocutor<br />

ao qual se<br />

dirige, e progressivamente utiliza conectores ou marcadores que estabelecem 0<br />

enca<strong>de</strong>amento discursivo entre 08 diversos blocos: "IIUIS.•• sobretudo... eu quero<br />

agra<strong>de</strong>cer aos eleitores que votaram na frente Brasil popular ... aos eleitores que<br />

fizeram xis ['x'] no niunero treze... no nome do LuZa... aos eleitores que votaram no<br />

pdt. .. no psdb ... que votaram no pcb ... aos eleitores que votaram nos candidatos<br />

progressistas da nossa socieda<strong>de</strong> ..." (Ver anexo texto 1)<br />

Fica claro que nio e para todo e qualquer eleitor que Lula agra<strong>de</strong>ce com<br />

veemencia.<br />

Se assim 0 fizesse estaria agra<strong>de</strong>cendo aqueles que votaram no candidato do<br />

PRN. Em relayio a esses, Lula <strong>de</strong>staca apenas 0 cumprimento do exercicio da cidadania,<br />

o direito e 0 <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> votar. Desse modo foi ressaJtada inicialmente uma questio<br />

<strong>de</strong><br />

principio, para em seguida, ser <strong>de</strong>stacada uma questio i<strong>de</strong>olOgica, 0 voto dado aos<br />

candidatos i<strong>de</strong>ntificados como progressistas.<br />

Numa primeira leitw'a parece 6bvio 0 agra<strong>de</strong>cimento <strong>de</strong> Lula aos votos dados aos<br />

<strong>de</strong>mais candidatos <strong>de</strong> esquerda; afinal, 08 partidos mencionados acima integraram a<br />

Frente Brasil Popular. Dew<br />

ser ressaltado, no entanto, que esses partidos integraram a


FBP no segundo twno, e nao no primeiro. au<br />

seja, Lula na verda<strong>de</strong> estava agra<strong>de</strong>cendo<br />

os votos dados aos partidos que no primeiro twno foram seus concorrentes.<br />

Foram, mas,<br />

no segundo twno, <strong>de</strong> concorrentes passaram a condivao <strong>de</strong> aliados.<br />

Somente a compreensao <strong>de</strong>ssa transferencia <strong>de</strong> votos dos <strong>de</strong>mais candidatos da<br />

esquerda para Lula, justifica 0 seu agra<strong>de</strong>cimento<br />

antecipado a esses eleitores. Trata-se,<br />

assim, <strong>de</strong> uma estrategia <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntifica~ para com urn eleitorado potencial, que tendo<br />

votado no primeiro twno em candidatos da esquerda, provavelmente,<br />

no segundo twno<br />

votariam em Lula.<br />

Nesse caso, Ita um componente ret6rico que mesmo nio sendo a tOnica do<br />

discurso <strong>de</strong> LuJa, faz-se aqui presente. Na verda<strong>de</strong> ele diz 0 que e preciso dizer ou ainda<br />

o que os eleitores <strong>de</strong> esquerda esperavam que ele dissesse. Ao cont:rario dos discursos <strong>de</strong><br />

confronto on<strong>de</strong> lhe interessava difercnciar-se dos <strong>de</strong>mais, nesse momento, por paradoxa!<br />

que paI'eva, 0 objetivo e justamente<br />

0 oposto. Implicitamente 0 candidato da FBP quer<br />

fazer com que candidatos e eleitores <strong>de</strong> esquerda sintam-se representados<br />

na sua pessoa,<br />

que, a partir <strong>de</strong> entaD, en~va<br />

a FBP e 0 Movimento Lula Presi<strong>de</strong>nte.<br />

E curioso perceber que na poJitica (e quem sabe em diversas oU1rasinstancias) a<br />

sincerida<strong>de</strong> levada ao extrema po<strong>de</strong>(ria) parecer ingenuida<strong>de</strong>. Imagine se ao inv6s <strong>de</strong><br />

pedir voto ou agra<strong>de</strong>cer a vo~<br />

recebida, 0 candidato do PT tivesse feito urn <strong>de</strong>sabafo:<br />

"Olba, sinceramente<br />

nao M quem entenda voces. Se <strong>de</strong> todo jeito<br />

iam acabar votando em mim, porque naofizeram isso antes? Agora 't6'<br />

eu aqui pedindo voto <strong>de</strong> novo e ainda tendo que agra<strong>de</strong>cer os votos<br />

dados a outros candidatos. E dose; <strong>de</strong>ssejeito<br />

nOo dO.."<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente diante da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrar em acordo com os oU1rospartidos<br />

e ao mesmo tempo estabelecer uma sintonia com seus eleitores potenciais {principio<br />

basico para 0 exito da argwnentavao} 0 referido candidato !eVe que se mostrar<br />

compreensivo para com 0 pUblico <strong>de</strong> eleitores.


Para enfrentar a etapa que seria <strong>de</strong>cisivano processo da disputa eleitoral, Lula faz<br />

urn apelo, no sentido <strong>de</strong> arregimentar foryas em prol da Frente Brasil Popular,<br />

acentuando ainda mais 0 teor i<strong>de</strong>olOgico<strong>de</strong> seu discurso:<br />

"e agora que nOs chegamos ao segundo turno ... nossa tarela<br />

aumenla <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> ... nOs vamos ler que trabalhar<br />

um pouco<br />

mais para construir 0 Brasil dos nossos sonhos ... agora os dois lados<br />

estao mais nmdos ... agora nfio po<strong>de</strong> existir a dilvida que persistia<br />

quando tinha um monte <strong>de</strong> candidato na televisao... agora tk lUll lado<br />

voci tmt lUll CIIIIt6.dato '111erep1'l!SmtIl 0 potier ecolllJmietJ ...<br />

que representa os interesses dos latijundiQrios ...<br />

que representa os interesses dos gran<strong>de</strong>s empresarios ...<br />

que representa os interesses dos banqueiros ...<br />

que representa os interesses dos donos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />

comunicafao ...<br />

alguns donas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> supermercado ...<br />

e do olltro liMID ••• vocI tmt lUll CIIIIt6dIItD file represmtIJ 0 colljrultD till<br />

soci.altuk<br />

IJraaikirll. .. representada pew povo oprimido <strong>de</strong>sse pais ... os<br />

camponeses... os setores medios da socieda<strong>de</strong>... os inteJectuais... 0<br />

funcionaJismo pUblico ... 0 pequeno e 0 medio Javrador ... 0 pequeno e<br />

medio comerciante ... 0 <strong>de</strong>sc~ e os <strong>de</strong>sPQSsuidos <strong>de</strong>sse pais ... aqueles<br />

que peJo seu trahaJ"ho nfio conseguem conquistar 0 direito da sua<br />

cidadania. .. " (Ver anexo texto 1)<br />

Ao prosseguir, estabelece uma condiyio para as mudan~<br />

subentendidas no<br />

trecho anterior quando se referiu que seria necessario trabalhar mais "para construir 0<br />

Brasil dos nossos sonhos ... " Afinna Lula:<br />

"... nOsIi.Po<strong>de</strong>rellUJS collStnlir essa socieda<strong>de</strong> justa ... junto ~<br />

todos os sdorl!S tk I!SfJlU1'tIII <strong>de</strong>sse pais ... junto ~ todos os sdores<br />

progressisttJs que nesses 1iltimos <strong>anos</strong> lutaram incansavelmente para


conquistar 0 direito <strong>de</strong> volar no dia <strong>de</strong>zessete <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro... da gente<br />

eieger 0presi<strong>de</strong>nte da republica." (Ver anexo texto 1)<br />

Depois <strong>de</strong> ressaltar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uniio entre a esquerda como condiyio para<br />

cons~ao<br />

<strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> justa, Lula mostra-se confiante no comportamento do<br />

eleitor: "eu estou collVicto<br />

que voces nao VQOquerer morrer na praia ..." Argumenta que<br />

errar na escolha seria votar em pessoas com comportamento duvidoso. 0 implicito do<br />

enunciado e que 0 candidato do PRN 'prostituia-se'ven<strong>de</strong>ndo a consciencia:<br />

"...estou convidD<br />

<strong>de</strong> que nOs nao vamos jogar esta oportunida<strong>de</strong><br />

fora. .. votando em pessoas que nao tem compromisso com 0 pavo...<br />

votando em pessoas que tk tRsfala mal dos empres<strong>anos</strong> ... tklltJiU beija<br />

a moo dos empresizrio.., tk -fala mal dos militares e tklUJiU beija a<br />

moo dos militares... que tk _ fala mal dos donas <strong>de</strong> meio <strong>de</strong><br />

comunicQfIio... tklJOite vai pedir e beijar a moo <strong>de</strong>sse mesmo dono <strong>de</strong><br />

meio <strong>de</strong> comunicQfoo..."(Ver anexo texto 1.)<br />

o candidato da FBP encerra seu discurso reforyando a confianya que tern no<br />

eleitorado e conseqiientcmente na obtenyio da vit6ria: "eu tenho certeza... certeza<br />

absoluta que eu e voces vamos chegar ju1lto8<br />

no dia <strong>de</strong>zessete <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro e vamos<br />

ganhar essas eleiflJes... "<br />

Com rela9io a esse mesmo tema - aJianyaspoliticas e apoios - 0 candidato CoDor<br />

fez uma r8pida e generica m~, durante tun comicio, i<strong>de</strong>ntificando 0 segmento com 0<br />

qual Bedizia compronrissado; "a parcela mais sofrida da popu~oo"<br />

e contrapondo-se<br />

aqueles <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> "ospo<strong>de</strong>rosos":<br />

"nOs somos a maioria... afinal <strong>de</strong> contas nOs temos<br />

compromissos com a parcela mais sqfrida da populQfoo... os nossos<br />

compromissos voces sahem muito bem... nao slio com os po<strong>de</strong>rosos ...<br />

nao slio com aqueles queja ganharam muito com 0 sofrimento da nossa<br />

gente... " (Ver anexo texto 2)


Collor utiliza tarnbCmuma implicatura sugerida pelo enunciado, construido por<br />

urn raciocinio silogistico.A parcela mais sofrida da popula~ao e sabidamente a maioria do<br />

povo brasileiro; essa seria uma das premissas da<br />

argumentayao tomadas como<br />

pressuposto. Quando 0 candidato do PRN diz ter compromisso com a parcela mais<br />

sofrida da pOPWavao,vale-se do fato <strong>de</strong> esta se constituir na maioria, 0 que lhe possibilita<br />

a a:finna~aoseguinte que antecipa uma conclusao: "NOssomas a maioria." 0 "afinal <strong>de</strong><br />

con/as" e 0 marcador lingiiisticoque possibilita a referida conclusio a nivel discursivo,<br />

sem referencia a percentual <strong>de</strong> vota~o<br />

ou mesmo a <strong>de</strong>scri~ao <strong>de</strong> que eleitores tenham<br />

votado no candidato.<br />

adversarios:"<br />

Em outra ~o<br />

Collor generaliza da mesma fonna os seus apoiadores e os seus<br />

"minha gente... voces estao venda tudo que esta acontecendo<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0 primeiro dia <strong>de</strong>ssa 7I08safase do campanha eleitoral... e esta<br />

acontecendo exatamente 0 que eu disse a voces que ia acontecer... nOs<br />

ju.ntoB <strong>de</strong> lUll bulo ... ell e vocL.. e OB ,",DOB tulventirioB<br />

do olltro<br />

ltuItJ ... fazendo qualquer coisa... qualquer alianya... qualquer conchavo<br />

em troca <strong>de</strong> votos... e isto minha gente nao e ter honra... isto minha<br />

gente niio e ter coragem..." (Ver anexo texto 3)<br />

Tanto Collar quanto Lula tiveram uma~~~~~o


Na COntinuay<strong>30</strong> <strong>de</strong>ste pronunciamento, Collor faz uma referencia<br />

anaf6rica a Lula, mencionando 0 adversario sem.explicitar0 seu nome:,<br />

"uma coisa e dizer 'eu sou pobre' ... coisa que eleihoje ja n/io e<br />

mais ... outra coisa e dizer 'eu sou pelo pobre' ... coisa que ele n'ao tem<br />

<strong>de</strong>monstrado<br />

na prCztica ser ... e sim ... ter palavra. .. ter honra ... ter<br />

experiencia e ter capacida<strong>de</strong> para governar... ter uma hiswria e po<strong>de</strong>r<br />

dizer como eu digo aqui... olhondo nos olhas <strong>de</strong> coda um <strong>de</strong> voces ... "<br />

(Ver anexo texto 3)<br />

politicos:<br />

Em seguida 0 candidato do PRN menciona genericamente seus compromissos<br />

"eu nao tenho compromisso com nenhum grupo ... com nenhum politico ...<br />

com nenhum empresQrio ... mea coIIIJR'omisso<br />

soa SelllJ"~COlli ,rum<br />

esteve 1101IteIIltIdD ••• IIIeII colIIJ"olllisso I COlli vocL .. ninguem ... minha<br />

gente... mas ninguem mesmo... nos impedira <strong>de</strong> chegar Ia... afinal<br />

chegou a nossa vez ... " (Ver anexo texto 3)<br />

Dessa forma Conor conclui 0 seu discurso mostrando-se solidario com 0 povo e<br />

estrategicamenteantecipa a prov8vel solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste para com a sua candidatw'a. Ao<br />

dizer "ninguim ... nos impedira<br />

<strong>de</strong> chegar lti .." 0 candidato do PRN coloca-se Iado a<br />

lado com 0 pow<br />

e simultaneamente coloca 0 candidato da FBP na condiy<strong>30</strong> <strong>de</strong><br />

adversario <strong>de</strong> ambos, 0 que e possive1percebel' no apelo final do enunciado: "chegou a<br />

Em outro programa 0 candidato da FBP faz referencias tacitas as alian~<br />

politicas em torno da sua candidatw'a. A exposiyio <strong>de</strong>ssas idCiase seguida <strong>de</strong> explicay3es<br />

que po<strong>de</strong>m ser percebidas atraves das conjunyi)es com funyio <strong>de</strong> conectores


Lula, neste pronunciamento, refor~a as criticas a Collor, <strong>de</strong>staca 0 passado <strong>de</strong> luta<br />

politica dos seus apoiadores e refaz 0 chamamento para a populayao se aJiar a Frente<br />

Brasil Popular (ver na integra anexo texto 3); seguem abaixo alguns exemplos:<br />

Juta-.. quase tados eles foram cassados,~1UIIIto tados eles estavam<br />

exiIados... 0 nosso adversQrlo recebia das miJos dos militares a<br />

"-_.--_ .."----.<br />

prefeitura <strong>de</strong> Macei6 p'ra governor ... e por mo que ele se envergonha<br />

dos aliados <strong>de</strong>le e nOs nos orgulhamos dos nossos aliOflos... " (Ver anexo<br />

Conforme se disse no capitulo <strong>de</strong>dicado ao referencial te6rico (itens 2.2 e 2.3),<br />

quando se abordou a _re~ da i<strong>de</strong>ologia com 0 discurso politico e as. polit:i~ <strong>de</strong><br />

co!!1~~'<br />

<strong>de</strong>temrinados procedimentos efetuados no planejamento das campanhas<br />

interferem no tear dos discursos dos candidatos.<br />

i<strong>de</strong>ologicamente em esquerda e direita, a tent:iencia mais clara <strong>de</strong> polariz~ao<br />

do<br />

eleitorado tem sido 0 binamio 'continuida<strong>de</strong> x m~a'"<br />

(Grandi, Marins, e Falcao,<br />

Esse foi Sent diIvida 0 procedimento adotado peio candidato do PRN. 0p0s-se<br />

genericamente aos po<strong>de</strong>rosos e especificamenteao Governo Samey. Collor se apresentou<br />

como candidato da m~<br />

(da mo<strong>de</strong>mida<strong>de</strong>) sem mencionar explicitameme quais as<br />

f~ politicas que 0 apoiavam. LuIa, par sua vez, atribuia 0 continuismo a direita,


mo<strong>de</strong>ma ... " e associava a mudan~ a co~ao dos partidos <strong>de</strong> esquerda, confonne visto<br />

nos textos ja analisados.<br />

PubJicayOes que se suce<strong>de</strong>ram a campanha presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1989 indicam os<br />

procedimentos adotados. Constata Figueiredo (1994: 18):<br />

'~ primeira coisa que Co/lor fez foi posicionar-se como<br />

'antitudo' aquilo que esta ai. Ele criticava os politicos<br />

tradicionais,<br />

embora niio fosse muito diferente <strong>de</strong>les. Atacava os partidos politicos,<br />

embora sempre tivesse ftito parte <strong>de</strong> seus quadros. E se colocava<br />

fronta/mente contra aos empreslJrios. embora fosse. ele proprio, um<br />

empreslJrio."<br />

Para se orientar em que <strong>de</strong>veria basear seu discurso "...Co/lor leu as pesquisas do<br />

IBOPE [agosto <strong>de</strong> 1989], viu quais eram as tres institui9f)es menos confiaveis no Brasil<br />

[empresarios, partidos e <strong>de</strong>putados e senadores) e partiu para 0 ataque." (1994: 18).<br />

Justifica 0 referido autor ser essa a razio da credibilida<strong>de</strong> alcanyada pel0<br />

candidato do PRN, que ate ~ <strong>de</strong> 1989 era <strong>de</strong>sconhecido pela meta<strong>de</strong> do eleitorado<br />

naciona1, segundo dados do mOPE: "ele podia niio ser nada daquilo que dizia que era,<br />

mas 0 'importante' [<strong>de</strong>staque meu] e que os eJeitores acreditavam no imagem que ele<br />

passava." (1994: 18)<br />

Segundo Figueiredo (1994: 16-18) Conor teria se baseado ainda numa pesquisa<br />

intitulada projeto "Lea<strong>de</strong>r" reatizada sob a coor<strong>de</strong>nayio do especialista em marketing<br />

politico, Ney Figueiredo, com 0 objetivo <strong>de</strong> ~<br />

0 perfil <strong>de</strong> urn candidato a PresidCncia<br />

que respon<strong>de</strong>sse aos anseios da socieda<strong>de</strong>. A refenda pesquisa, tinha como fim tambCm<br />

verificar, entre os names cogitados, qual 0 que mais cotTespondia a expectativa dos<br />

eleitores.


• "0 clima geral favorece um candidato com rewrica populista, capaz <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar-se com os problemas populares;<br />

• 0candidato <strong>de</strong>ve ser sensivel as questCJesrelativas ajusti9a social;<br />

• 0 candidato mio po<strong>de</strong> ser velho, caracterizar-se como um politico tradicional<br />

nem cleve estar associado a Nova RepUblica;<br />

• 0 candidato <strong>de</strong>ve ser jovem, ter i<strong>de</strong>ias novas. Deve i<strong>de</strong>ntificar-se com 0futuro,<br />

com soJu90es inovadoras;<br />

• 0e1eitor buscara uma personalida<strong>de</strong> honesto e que <strong>de</strong>monstrar ser competente;<br />

• Estara em alta 0 comportamento etico, prevalecendo travos moralistas. "<br />

Alguns dos pontos levantados nessa pesquisa po<strong>de</strong>rio<br />

ser vistos no "Perfil do<br />

Homem l<strong>de</strong>ar cujo texto e analisado adiante. Ainda com re~o as diferen~as das<br />

estrat6gias, que embora transcedam os discursos, sio veri:ficadas na linguagem, ObseIVam<br />

Grandi e outTos (1992:145):<br />

'Para Lula interessava muito mais polarlzar a disputa entre<br />

DllJll't!661ioa x tl'lIIJlIl1IlIIlores, tendo em vista 0 <strong>de</strong>sgaste da classe<br />

empresarial [alem da postura que 0 PT mantem historicamente <strong>de</strong> critica<br />

aos segmentos dominantes da socieda<strong>de</strong>]. Collor no entanto ja havia<br />

neutralizado essa frente ao criticar duramente a FIESPE , ainda no<br />

Nesse sentido, explica Figueiredo (1994: 18-19), Conor procurou urn alvo para 0<br />

qual pu<strong>de</strong>sse


a tota/ida<strong>de</strong> da rea/ida<strong>de</strong> , 0 que <strong>de</strong>nota que , no modo <strong>de</strong> produ~iio capita/ista, a<br />

aparencia e vista como a totalida<strong>de</strong> da rea/ida<strong>de</strong>."<br />

Conforme<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> Fiorin (1990: 51); "a analise, em sintese niio se interessa<br />

pela 'verda<strong>de</strong>ira' posi~ao i<strong>de</strong>olOgicado enunciador real [no sentido <strong>de</strong> hist6rico] mas<br />

pe/as visOes<strong>de</strong> mundo dos enunciadores (um ou w:irios)inscritos no discurso". Como<br />

vem sendo percebido nos textos anterimmente analisados, Lola insiste numa 'Jeitura'<br />

i<strong>de</strong>ol6gica da disputa politica, enquanto Collor abstrai 0 seu discurso dos conflitos<br />

<strong>de</strong> c1asse.<br />

l<strong>de</strong>ntificando nominaJmente os possiveis apoiadores <strong>de</strong> Conor, 0 programa cia<br />

FBP traz 0 seguinte texto; on<strong>de</strong> apela para 0 humor <strong>de</strong> forma irOnica:<br />

"a re<strong>de</strong> povo apresenta... 0 jogo do escon<strong>de</strong>-escon<strong>de</strong>... um jogo muito<br />

infanti! [audio: eu sou rico, rico, rico, <strong>de</strong> mamS, mamS, marre] Mario<br />

Amato apoia Co/lor... mas Co/lor escon<strong>de</strong>... Roberto Cardoso Alves<br />

apoia Co/lor... mas Collor escon<strong>de</strong>... Roberto Marinho apoia Co/lor...<br />

mas Co/lor escon<strong>de</strong>... AntOnio Carlos Magalhaes sempre apoiou<br />

CoJ1or... mas Co/lor sempre escon<strong>de</strong>u... RonaJdo Caiado apoia Co/lor...<br />

mas Collor se escon<strong>de</strong>... par tl"as <strong>de</strong>le [imagem <strong>de</strong> Conor fazendo careta<br />

aparece no vi<strong>de</strong>o] estao os homens que levaram 0 Brasil a essa crise...<br />

niio adianta... por mais que ele queira... nunca vai po<strong>de</strong>r escon<strong>de</strong>r<br />

isso..." (Ver anexo texto S)


Segue abaixo a sequencia dos referidos esquetes, com personagens<br />

i<strong>de</strong>ntificadas<br />

pelas mensagens lidas em off(Ver anexo texto 6):<br />

• Pescador: "0 dona <strong>de</strong> re<strong>de</strong> que fez alian9a com Collor ... "<br />

• G~on: "leva seus <strong>de</strong>z por cento efaz alian9a com Collor ... "<br />

• Pasteleiro: "enrolau a massa efez alian9a com Collor ... "<br />

• Balconista: "0 gran<strong>de</strong> empresario quefez alia~a com Collor ... "<br />

• ldosos: "0 banco que fez aJian9a com Collor ... "<br />

Cada uma <strong>de</strong>sses esquetes foi encerrado com a seguinte mensagem: "Mais um<br />

dos vinte mi/hOes <strong>de</strong> brasi/eiros que convida voce a colorir tambem e mudar 0 pais. "<br />

o principal aspecto a ser ressaltado esta na semeJhanya <strong>de</strong>ssas mensagens com a<br />

linguagem publicitaria, que "ten<strong>de</strong> a seccionar as /rases ..." (Leech, 1986 apud<br />

Vestergaard, 1988:21) e, freqiientemente apresenta mna i<strong>de</strong>ia em fonna <strong>de</strong> slogan. Nessa<br />

estrat6gia discuniva, a mensagem nio se prop& a explicar 0 prOprio conteUdo, dai<br />

porque nio apresenta quaIquer marcador lingUistico argwnenta1ivo.<br />

De acordo com 0 que observa Carvalho (1993), urn dos pressupostos do discurso<br />

pubJicit3rio e a cria9io <strong>de</strong> jogos verbais e 0 uso <strong>de</strong> slogans e expressOes <strong>de</strong> duplo sentido.<br />

Utilizando esses recursos, 0 programa do PRN apresentou nio especificamente<br />

"0" dono<br />

<strong>de</strong> re<strong>de</strong> ao qual LuJa se referiu, nmna alus<strong>30</strong> ao empres3rio Roberto Marinho, mas "0<br />

dono <strong>de</strong> re<strong>de</strong>" popular, isto e, urn simples pescador que mesmo i<strong>de</strong>ntificado no enunciado<br />

pelo artigo <strong>de</strong>finido "0", nessa ~ <strong>de</strong> comuni~io passa a ser mais "urn" dono <strong>de</strong><br />

re<strong>de</strong>, diferente daquele citado pelo programa da Frente Brasil Popular.<br />

Essa ~<br />

no leque do significado semantico se aplica aos <strong>de</strong>mais exemplos<br />

citados anterionnente. "0 gran<strong>de</strong> empres3rio" mostrado no programa do PRN, por<br />

exemplo, e nada mais nada menos que um humil<strong>de</strong> balconista. Desse modo, 0 programa<br />

do PRN lanya mio <strong>de</strong> personagens que, por serem trabalhadores,<br />

a priori <strong>de</strong>veriam ser<br />

mencionados<br />

pelo candidato da FBP. A criativida<strong>de</strong>, a ast6cia e, por vezes, 0 humor,<br />

ainda que sob 0 risco <strong>de</strong> banaJizayio do discurso politico, sio elementos que certamente


tomam a mensagem mais atrativa, e nesse caso, truUS<br />

abrangente, reunindo na sua<br />

representa~ao,diversos segmentos sociais.<br />

A estrategia adotada pelo programa <strong>de</strong> Collor foi respon<strong>de</strong>r ironicamente as<br />

acusayi>esdo candidato Lula. Ao "brincar" mencionando slogans como, por exemplo,<br />

"leva seus <strong>de</strong>z por cento e faz aliallfa com CO/lor" ou "enrolou a massa e ftz aliallfa<br />

com Collor" a propaganda do PRN consesguiu, <strong>de</strong> uma sOvez, <strong>de</strong>sviar as criticas feitas<br />

aos apoiadores politicos <strong>de</strong> Collor e Ian~ar novos referen.tes para configurar os seus<br />

aliados. As "pedras" <strong>de</strong>sse "jogo" politico-semantico comeyam a se encaixar <strong>de</strong>ntro da<br />

6tica que coloca 0 principio do prazer acima do principio


o programa do PRN inicia mn "processo" <strong>de</strong> <strong>de</strong>nimcia (Ver anexo texto 7)<br />

atraves da propaganda eleitoral, responsabitizando 0 PT pelo tumulto ocorrido, em<br />

<strong>30</strong>/11/89, em Caxias do Sui, on<strong>de</strong> 0 candida to Fernando Color realizava comicio.<br />

Na primeira referencia ao epis6dio, no entanto, 0 programa televisivo do PRN nio<br />

chega a fazer wna <strong>de</strong>nimcia explicita e direta. A principio nio Ita wna acusayao nominal<br />

ao PT pelo oconido.<br />

A <strong>de</strong>nimcia e feita <strong>de</strong> forma dissimulada, atraves do <strong>de</strong>poimento da<br />

jomalista Belisa Ribeiro. Neste <strong>de</strong>poimento, a citada jomalista se utiliza da insin~io<br />

como forma <strong>de</strong> atribuir aos adversari.os a autoria da ~: "... eles tinham quebrada 0<br />

nosso pa/anque ... " Esse "eles" refere-se possivelmente aos miJitantes do PT. Ao utilizar 0<br />

pronome "eles", a jomalista constrOi uma referencia difusa, mas que conduz a inferencia<br />

<strong>de</strong> que 0 PRN era diferente do PT. A medida que cia diz que foram "etes",<br />

implicitamente ela esti dizendo "nio<br />

fomos n65", <strong>de</strong> on<strong>de</strong> Be po<strong>de</strong> concluir que "n65"<br />

(no caso 0 PRN) somos diferentes "<strong>de</strong>les" (os militantes do PT).<br />

A aparlyio da jomalista Belisa Ribeiro narrando - segundo a vers10 do PRN - 0<br />

que teria acontecido durante 0 comicio explora dois aspectos:<br />

• a indignayio <strong>de</strong> uma pessoa que se dizia·agredida e ao mesmo tempo capaz <strong>de</strong> se<br />

mostrar superior e relevar 0 inci<strong>de</strong>nte.<br />

Quando diz: "...0 que voce vai ver agora eo<br />

que restou. .. mas amanha a gente<br />

promete fazer um program a mais bonito..." <strong>de</strong>ixa enten<strong>de</strong>r<br />

algo como, por exemplo,<br />

'apesar <strong>de</strong> temtos sido agredidos, vamos continuar firmes e dar ainda mais <strong>de</strong> nOs por urn<br />

programa melhor'. 0 <strong>de</strong>poimento que nio se constitui numa <strong>de</strong>nimcia explicita, colocou<br />

os partidarios (profissionais ou miJitantes) <strong>de</strong> CoIlor na condiyio <strong>de</strong> vitimas resignadas.


A <strong>de</strong>nimcia so po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como tal, quando, encerrado 0 <strong>de</strong>poimento<br />

da jomalista, 0 programa mostra pessoas n<strong>30</strong> i<strong>de</strong>ntificadas gritando: "...sindicato do<br />

crime... sindicato do crime... mando provar quem e 0 cara do pt e 0 que fez na<br />

presi<strong>de</strong>ncia do sindicato do crime... n Nem 0 <strong>de</strong>poimento da jomalista, nem mesmo as<br />

imagens mostradas em seguida tern 0 valor <strong>de</strong> prova, ou seja, po<strong>de</strong>m ter sido utilizados<br />

para tentar provar a veracida<strong>de</strong> do que fora dito e do que fora mostrado, mas na realida<strong>de</strong><br />

mais sugerem do que provam, porque mostram urn cena isolada.<br />

Dutro aspecto a see consi<strong>de</strong>rado e a relayao <strong>de</strong> envolvimento. Sabe-se que a<br />

linguagem nio e neutra. Ela dificilmente <strong>de</strong>stitui-se <strong>de</strong> algum car3ter i<strong>de</strong>ol6gico (com<br />

ex~io<br />

da Iinguagemnormativa). A imparcia1ida<strong>de</strong>pretendida seja pelo jomalismo, pela<br />

ciencia ou ate mesmo pela Jus1iya,e muito mais uma intenyao <strong>de</strong> conduta (algo que se<br />

preten<strong>de</strong> ou se recomenda) que propriamente algo verificado no contexto empfrico das<br />

relayOessociais.<br />

Mesmo diante <strong>de</strong>sta constatay3o teria sido passivel buscar a compro~<br />

da<br />

<strong>de</strong>n6ncia com maiores chances <strong>de</strong> imparcia1ida<strong>de</strong>(aproximando-se assim mais do fato<br />

que <strong>de</strong> uma passivel versio) se os <strong>de</strong>poimentos partissem <strong>de</strong> pessoas que assistiam ao<br />

comicio in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer vinc~<br />

par1idariae i<strong>de</strong>ol6gica. Ainda assim,<br />

dais aspectos atentariam contra a imparcialida<strong>de</strong>:a prOpriapresen~a das pessoas no local<br />

do comicio e a ~ a qual os <strong>de</strong>poimentos do submetidos na montagem dos<br />

programas. E uma vez que urn dos <strong>de</strong>poimentos uttlindos foi 0 <strong>de</strong> uma assessora da<br />

campanha, este tinha tudo para ser <strong>de</strong> apoio,justificativa e <strong>de</strong>fesa.<br />

Caso tivcsse sido uttlizada uma enquete, apesar dos limites expostos acima,<br />

haveria 0 valor da testemunha ocular - <strong>de</strong> pessoas que pu<strong>de</strong>ssem ter visto 0 fato. A<br />

jornalista Belisa Ribeiro, no entanto, apenas viu as imagens, mas nio estava no local.


Com rela~ao ao enca<strong>de</strong>amento discursivo, vale anaJisar as etapas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>na~io<br />

dos argumentos (Ver anexo texto 7, na integra):<br />

- A jomalista se apresenta tentando transmitir urn ar <strong>de</strong><br />

"humilda<strong>de</strong>"e informalida<strong>de</strong>:<br />

"oi... eu sou a Belisa ... meu nome e Belisa Ribeiro... eu sou<br />

jornalista... eu trabalho aqui fazendo 0 program a <strong>de</strong> tv do<br />

Collor. "<br />

"era mais ou menos<br />

meia noite ... a gente jil tava indo quase<br />

embora para casa. .. e a gente !eve que parar<br />

a ediyiio ... Collor<br />

num po<strong>de</strong>fazer<br />

0 comicio em Caxias ... no Rio Gran<strong>de</strong> do Su1..."<br />

- A partir <strong>de</strong>sse trecho, a jornalista estabelece implicitamente uma<br />

relayio causaI,justificando 0 que havia dito anterionnente, sem -<br />

no entanto - fazer usa do marcador IingOistico<strong>de</strong> argumentayao<br />

"porque":<br />

"tinham quebrada tudo... eles tinham quebrada 0 nosso<br />

palanque ... as nossas cdmaras ... a luz... 0 vt.. mdo quebrado ...<br />

ate 0('••J do nosso eletricista. .. "<br />

- Adiante a jomaJista faz urn comentano no qual confinna 0<br />

"quebra-quebra" em outras palavras:<br />

"niio dil pra acreditar nisso ... gente igual a gente gente jovem ...<br />

gente que nunca votou pra presi<strong>de</strong>nte ... quebrando batendo ... "<br />

- Mas a con:finn.ay<strong>30</strong><strong>de</strong> que 0 PT estaria envolvido no "quebraquebra"<br />

e buscada atrav6s da veiculayio <strong>de</strong> trechos da fala <strong>de</strong>


pessoas presentes no cornlcio. Homens envolvidos no tumulto<br />

gritavam:<br />

"sindicato do crime ... sindicato do crime ... mando provar quem e<br />

o cara do pt e 0 que fez na presi<strong>de</strong>ncia do sindicato do crime ... "<br />

- A jomalista encerra a sua fala com urn. apelo sentimental, ao<br />

dizer que, mesmo tendo sido agredidos, faziam uma promessa: dar<br />

o melhor <strong>de</strong> si:<br />

"0 que voce vai ver agora eo que restou. .. mas amanhii a gente<br />

promete fazer um program a mais bonito ... ta?"<br />

Em seguida, Collor 1raz 0 seu <strong>de</strong>poimento (Ver anexo texto 8), Iamentando 0<br />

epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sul e solidarizando-se com a ~<br />

do Estado do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sui. 0 candidato do PRN inicia sua fala <strong>de</strong>stacando tun valor moral: a solidarieda<strong>de</strong> e<br />

em <strong>de</strong>correncia, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser solidario. A medida que vem prestar soIidarieda<strong>de</strong> a<br />

~, <strong>de</strong>ixa enten<strong>de</strong>r que eles (os gaUchos e os moradores da regiio) nio estio 80s,<br />

pais aJguem (no caso 0 proprio CoIlor) estava com eles. Na perspectiva<br />

<strong>de</strong> Collor, os<br />

gaUchos foram agredidos par 8eUS adversarios.<br />

It interessante perceber que 0 <strong>de</strong>poimento do candidatodo PRN tenha iniciado<br />

com a senten~<br />

cujo pressuposto<br />

"eu quero lamentar 0 ocorrido ... ". Collor seguiu uma Jinha <strong>de</strong> raciocinio<br />

e 0 <strong>de</strong> que aquele que assim <strong>de</strong>clara Dada tern a ver com 0 epis6dio.<br />

Nem sempre - no entanto - com base exclusivamente nesta sentenya po<strong>de</strong>-se chegar a esta<br />

conclusio. It necessmo analisar a sentenya <strong>de</strong>ntro do texto e este, por sua vez, em urn.<br />

<strong>de</strong>temrinado contexto. Nio se po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista, por exemplo, que essa po<strong>de</strong> ser uma


estrategia para dissimuIar (colocar fora <strong>de</strong> suspeita) urn possivel envolvimento<br />

daquele<br />

que <strong>de</strong>clara.<br />

Dizer que lamenta 0 ocomdo<br />

e prestar solidarieda<strong>de</strong>, portanto, po<strong>de</strong> representar<br />

urn <strong>de</strong>slocamento do ponto central da· discussao; urn distanciamento estratCgico. AfinaJ,<br />

para urn. epis6dio <strong>de</strong> agressio em pUblico, <strong>de</strong>veria interessar aos envolvidos a av~ao<br />

A fonna pela qual Conor inicia 0 seu <strong>de</strong>poimento sugere uma estrategia<br />

simultanea <strong>de</strong> emar e adiar a discussio sobre 0 que envolve 0 fato. Sem entrar no mento<br />

da sua averiguayao, antecipa, 0 seu apoio incondicional a pop~ao.<br />

do povo gaUcho ... nem tOopouco <strong>de</strong> Caxias do SuI... " (Ver anexo texto 8). Dessa forma,<br />

tirando a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> si e da popuJavao local, da margem a subentendidos como<br />

,-<br />

por exemplo: "Isso e coisa do PT" ou simplesmente "Foram eles"<br />

o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> CoD.or nio afirma nem nega qualquer responsabilida<strong>de</strong> com 0<br />

acontecimento. E necessmo ressa1tar que ate· entia, 0 Programa da Frente Brasil Popular<br />

nio 0 tinha acusado <strong>de</strong> calimia e distoIv3o dos fatos; ou seja, ate entio nio haveria urn<br />

motivo plausivel para que ele (Conor) se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse.


As informal(OesSaDcitadas como referencia para 0 conhecimento do publico <strong>de</strong><br />

que as pessoas responsAveispelo ocorrido ~eram <strong>de</strong> outros Estados e com isso reforl(ar a<br />

i<strong>de</strong>ia que a popu1al(ao<strong>de</strong> Caxias do Sui e do proprio Rio Gran<strong>de</strong> do Sui era formada por<br />

gente or<strong>de</strong>ira. No entanto nio e revelada a fonte informante: "as in/ormayOes que nos<br />

chegam ... " Foram trazidas, mas nio<br />

se diz por quem. Da mesma forma, nao SaD<br />

i<strong>de</strong>ntificadas "as pessoas" por algum tipo <strong>de</strong> referencia, nem os Estados dos quais<br />

procediam, ja que no futuro, esses Estados po<strong>de</strong>riam ser os novos "inocentes" ou<br />

"vitimas"<strong>de</strong> inci<strong>de</strong>nte semelhante.<br />

Al6m disso, nio era no povo nem nos infonnantes que interessava ao PRN bater<br />

(confrontar-se) e sim em urn <strong>de</strong>tenninado candidato e seu respectivo partido: Lula e 0<br />

PT. E atribufda a ambos uma ~: "... proporcionaram esse trisle espetiJcuZo para 0<br />

processo <strong>de</strong>mocratico do nosso Pais" (Ver anexo texto 8). Depois <strong>de</strong> classificar 0<br />

epis6dio <strong>de</strong> 'espetacuio que atenta contra a <strong>de</strong>mocracia', sem citar os responsaveis<br />

nominalmente, conar faz no tOpicoseguinte uma suges1io sobre 0 que seria 0 Govemo<br />

do PT, sob 0 seu ponto <strong>de</strong> vista. Mais uma vez, a ac~<br />

nio e explicita e direta, e sim<br />

feita atraves <strong>de</strong> ~ e conjecturas. "Zamentavelmente esses episOdios que<br />

come~aram a... que tiveram inicio por volta das <strong>de</strong>zoito horas ... quando eu estava no<br />

meio da minha peregrinafiio no Rio Gran<strong>de</strong> ... <strong>de</strong>monstra muito hem 0 que seria 0<br />

governo do pt. ... " (Ver anexo texto 8).<br />

Se 0 acontecimento em Caxias do Sui e unlizado <strong>de</strong> amostra para que se infira "0<br />

que seria 0 governo do pt. .. ", e porque Conor atribui ao referido partido responsabilida<strong>de</strong><br />

para com 0 acontecimento. E 0 faz impJicitamente,porque talvcz para faze-lo <strong>de</strong> forma<br />

explicita <strong>de</strong>veria argumentar ou apresentar provas. !\.fag essa forma <strong>de</strong> discurso e mais<br />

contun<strong>de</strong>nte e eficaz sob 0 ponto <strong>de</strong> vista da disputa politica, pais caracteriza urn suposto<br />

"futuro govemo" como ~olento, arbittario e talvez - na con~ao do PRN -<br />

anti<strong>de</strong>mocrcitico.


Essa parece ser inclusive uma das razoes para que Collor use urn raciocinio<br />

baseado numa hip6tese para fazer amea~<br />

E assim que proce<strong>de</strong> quando diz:<br />

"0 gaverno do pt seria exatamente isso ... a chegada 00 po<strong>de</strong>r ... da<br />

bagun9a ... da intolerancia. .. da intransigencia. .. da ba<strong>de</strong>rna. .. do coos ...<br />

isso retrata com letras maiu.sculas e com letras que nos mostram<br />

com<br />

muita niti<strong>de</strong>z 0 que eles siio capazes <strong>de</strong> fazer para chegar ao po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong><br />

ao chegar ao po<strong>de</strong>r qual e a sua 09aOpolitica ... " (Ver anexo texto 8).<br />

E baseado nessas suposiy5es do que seria 0 Govemo do Partido dos<br />

TrabaJhadores que Collor responsabiliza 0 PT - <strong>de</strong>ssa vez <strong>de</strong> fmma expHcita- pelo que<br />

aconteceu em Caxias do SuI. Atraves do conectivo 'entio' e estabelecida uma re~ <strong>de</strong><br />

causalida<strong>de</strong>(Ver trecho adiante).<br />

o interessante e que uma hip6tese relacionada a urn tempo futuro ("0 que seria 0<br />

Gaverno do rr') e utilizada como premissa para a ac1J8a9iosoMe uma ~<br />

passada; ou<br />

seja, pelo que 0 PT po<strong>de</strong>ria vir a foer e acusado do que talvez tivesse feito. A rigor,<br />

trata-se <strong>de</strong> caracterizar 0 PT como uma ~<br />

Em seguida ao trecho: "... e <strong>de</strong> 00 chegar ao POtier qual e a sua 09aO politica",<br />

Collor inicia a ac~io<br />

aproveitando 0 fio da meada:<br />

"D1t1J6 eu tenho que coruknar e responsahilizar 0 pt. .. 0 seu candidato e<br />

os seus dirigentes pelas vitimas que foram<br />

(feitas) <strong>de</strong>ste episOdio... pelas<br />

Pessoas que foram feridas ... pelas Pessoas que tiveram a sua. .. ok ..<br />

ttveram a sua cidadania afendida neste episOdio... " (Ver texto 8)<br />

A partir dai, novamente Collor faz uma advertencia sobre os riscos que correm as<br />

instituiyOes<strong>de</strong>moctiticas, "caso 0 pt pelo menos ameace chegar ao po<strong>de</strong>r ... " Nesse caso,<br />

o proprio autor do discurso ji faz om. am~<br />

antes mesmo <strong>de</strong> atribuir ao PT a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amea~.<br />

Nesse mesmo trecho, diz mais uma vez que con<strong>de</strong>na a ~ao do<br />

PT: "quero repelir <strong>de</strong> umaforma<br />

total e vigorosa essas atitu<strong>de</strong>s que SaG a tOnica do pt


em lotios os locais ... em lotios as moment os... sempre a violencia do... dos seus filiados<br />

sefizeram sentir pelos nossos militantes ... " (Ver anexo texto 8)<br />

Ainda nesse trecho, Collor utiliza os chamados operadores <strong>de</strong> afirma~io plena,<br />

adotando 0 intensificador maximo da escaJa argumentativa que podia oscilar <strong>de</strong> 'alguns a<br />

v<strong>anos</strong>' ate chegar a 'tudo ou a todos'. Dessa forma generaliza a conduta do PT para<br />

qualquer situa9<strong>30</strong>, tomando como base urn epis6dio, nurn <strong>de</strong>tenninado<br />

contexto.<br />

o discurso <strong>de</strong> Collor se encerra recorrendo a mesm.a estrategi.a adotada na<br />

abertura, a <strong>de</strong> elogiar 0 povo, solidarizando-se com este, <strong>de</strong> forma mais abrangente. Pois<br />

ele comeyou se solidarizando com os gaUchos e a pop~<br />

da regiio e conclui dizendo<br />

que aquele epis6dio nio representa a alma do povo brasiJeiro. Com isso, insinua que 0<br />

PT nio merece 0 respeito do povo brasileiro, pais nio teria se comportado a sua altura.<br />

Nesse segundo pronunciamento do programa do PRN, e passivel perceber urn<br />

<strong>de</strong>sdobramento<br />

das regras da disposiyio dos argwnentos (Ver anexo texto 8, na integra):<br />

- Conforme ja dito anteriormente na analise do texto, 0 candidato<br />

Collor inicia sua tala explorando 0 sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>,<br />

preten<strong>de</strong>ndo<br />

assim estabelecer uma sintonia com 0 pUblico ouvinte:<br />

"eu quero lamentar a ocorrido ... eu quero lamentar a ocorrido<br />

no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> solidarizar a toda populaqao <strong>de</strong> Caxias do SuI e<br />

<strong>de</strong>sta regido pela cena que eles presenciaram ... afinal <strong>de</strong> contas<br />

isso niio e proprio do povo gaUcho ... nem tfio palleo <strong>de</strong> Caxias do<br />

Sui ... "<br />

"as inform~5es que nos chegam dao conta <strong>de</strong> que onibus <strong>de</strong><br />

outros estados ... <strong>de</strong>zenas e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> onibus <strong>de</strong> outros estados<br />

pra ca correram ... trazendo as pessoas que proporcionaram esse<br />

triste espetaeulo para a processo <strong>de</strong>mocratico do nosso pais ...


lamentavelmente<br />

esses epistJdios que comeyaram a ... que tiveram<br />

inicio por volta das <strong>de</strong>zoito horas ... quando eu estava no meio da<br />

minha peregrinayao no Rio Gran<strong>de</strong>... tkmonstra muito bem 0<br />

file se:rUJ 0 guverno do pt •."<br />

- ApOsproce<strong>de</strong>r a narrativa, Collor encerra 0 relato fazendo uma<br />

insinuayio <strong>de</strong> que 0 Govemo do PT seria <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iro. Essa tese<br />

sera <strong>de</strong>fendida aqui:<br />

"0 governo do pt seria exatamente isso ... a chegada ao po<strong>de</strong>r ...<br />

da bagunya ... da intolerdncia. .. da intransigencia ... da ba<strong>de</strong>rna. ..<br />

do caos ... isso retrata com letras maiu.sculas e com letras que nos<br />

mostram com muita niti<strong>de</strong>z 0 que eles sao capazes <strong>de</strong> fazer para<br />

chegar ao po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> ao chegar ao po<strong>de</strong>r qual e a sua ayao<br />

politica. .. "<br />

- Com base na insin~80 <strong>de</strong> que 0 Govemo do PT traria<br />

<strong>de</strong>sord~<br />

Collor responsabiliza 0 partido representado por Lula,<br />

pelo tumulto oconido em Caxias do Sui:<br />

"entao flU tenho que con<strong>de</strong>nar e responsabiJizar 0 pt ... 0 seu<br />

candidato e os sew dirigentes peJas vitimas que foram (feitas)<br />

<strong>de</strong>ste episOdio... pelas pessoas<br />

que [oram [eridas ... pelas pessoas<br />

que tiveram a sua. .. ah. .. tiveram a sua cidadania ofendida neste<br />

episOdio... e um momento que nOs temos que refletir 0 perigo que<br />

corre as nossas instituiyOes <strong>de</strong>mocraticas<br />

caso 0 pt pelo menos<br />

ameace chegar ao po<strong>de</strong>r ... "<br />

-0candidato Collor encerra seu pronunciamento com urn tom<br />

moralizador, repelindo as atitu<strong>de</strong>s atribuidas ao PT e buscando


novamente se solidarizar com a alma do povo brasileiro e com 0<br />

sentimento nacional.<br />

"quero repelir <strong>de</strong> uma forma total e vigorosa essas atitu<strong>de</strong>s que<br />

SaD a tonica do pt em todos os locais ... em tados os momentos ...<br />

sempre a violencia do... dos seus jiJiados se fizeram sentir pelos<br />

nossos militantes ... e ai esta 0 exemplo maior disso ... noo e<br />

essa... essa a900 niio representa a alma do povo brasileiro ...<br />

nem 0 sentimento nacional... niio e <strong>de</strong>sta maneira que nOs<br />

estaremos construindo uma socieda<strong>de</strong> mais justa, que nos<br />

estariamos preservando a nossa <strong>de</strong>mocracia. .. "<br />

No programa seguinte as ac~<br />

<strong>de</strong> Collar, a propaganda <strong>de</strong> Lula (Ver anexo<br />

texto 9) contra-mea fazendo tambCm uma <strong>de</strong>nUncia. A Re<strong>de</strong> Povo (nome dado pela<br />

prod~ao<br />

do programa <strong>de</strong> TV da FBP a sua equipe <strong>de</strong> reportagem) acusa Collar <strong>de</strong> ter<br />

atribuido 0 twnulto ao PT que, segundo 0 programa da FBP, apenas teria respondido as -<br />

agressOcs.a texto que 1raza <strong>de</strong>mlncia e lido em off pelo locutor da Frente Brasil Popular<br />

e editado com as imagens <strong>de</strong> BeJisa Ribeiro e Collar que ocupam a tela durante a<br />

~ da primeira <strong>de</strong>nUncia.Assim como ocorreu no programa eleitoral <strong>de</strong> Collor, a<br />

~io tambCmocupa posi~ <strong>de</strong> vitima. Nesse caso sOa populayao.<br />

"a re<strong>de</strong> povo <strong>de</strong>nuncia. .. segurQn9as <strong>de</strong> Collor provocam a populQ9oo e<br />

tentam humilhar a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do Sui... ft. Em segui.da Vent a<br />

~ do fato, <strong>de</strong> acordo com a versio do PT: "quinta-feira ... a equipe<br />

<strong>de</strong> Collor bloqueou 0 centro da cida<strong>de</strong> para montar um palanque ...<br />

horas antes do comicio os coloristas passaram a divulgar ofens as a<br />

Brizola e a Lula por po<strong>de</strong>rosos alto-falantes com evi<strong>de</strong>nte inten9iio <strong>de</strong><br />

provocQ9iio ... " (Ver anexo texto 9)


Para explicar por que a popula~ao se sentiu agredida, 0 programa etaFBP recorre<br />

a dados estatisticos sobre a vota9<strong>30</strong> <strong>de</strong> Brizola, Lula e Collor, com a inten~<br />

<strong>de</strong> provar<br />

atraves <strong>de</strong>sses indices: "no primeiro<br />

turno sessenta e seis por cento dos votos <strong>de</strong> Caxias<br />

do Sui foram para Brizola ... sete por cento para Lula e apenas seis virgula quatro por<br />

cento para Collor ... " (Ver anexo texto 9)<br />

A partir dai, 0 referido programa acrescenta a justificativa: "a populafiio<br />

da<br />

cida<strong>de</strong> sentiu-se aftndida com os ataques ... suas reclamafOes foramrespondidas com<br />

pancadarias por lutadores <strong>de</strong> karate e por seguranfas armados <strong>de</strong> Collor ... " (Ver<br />

anexo texto 9)<br />

Da mesma forma como antes 0 Programa etaFBP acusou os partidarios <strong>de</strong> Collor<br />

<strong>de</strong> terem provocado a populayio, acusa agora <strong>de</strong> terem partido para a agressio. Com isso<br />

justifica 0 comportamento etapopulayio. Ou seja, se a populayio por }Me e espontanea<br />

vonta<strong>de</strong> tivesse partido para a agressio, evi<strong>de</strong>ntemente eIa seria a autora eta ~io.<br />

E nio<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser, pais <strong>de</strong> toda forma, agiu. Mas, <strong>de</strong> acordo com a argwnentayio eta FBP, a<br />

medida que foi provoca.da, a populayio, na verda<strong>de</strong>, teria apenas reagido.<br />

Seguindo essa Jinha <strong>de</strong> raciocinio, se a pop~<br />

apenas reagiu a uma<br />

provoc~io,<br />

tern <strong>de</strong> certo modo sua avio justificada. E necessario ressaltar que entre os<br />

argumentos e contra os argumentos <strong>de</strong> ambos os programas eleitorais,fica dificil saber ao<br />

certo a natureza e a exata dimensio <strong>de</strong>ssas agressOes.<br />

anaJisenio po<strong>de</strong> tomar para si a tarefa <strong>de</strong> av~,<br />

Mas como 0 presente trabaJho <strong>de</strong><br />

importa sim, a forma como cada<br />

uma das representay3espoliticas abordou a questJo.<br />

Segundo a argumeIlta9io do PRN, os militantes do PT teriam quebrado<br />

equipamentos do palanque adwrsario, inviabilizando 0 comicio. Do Outro lado, 0<br />

programa eta FBP contra- argumenta acusando os partidarios <strong>de</strong> Conor <strong>de</strong> terem<br />

provocado a populayio,<br />

divuJgando ofensas por alto-falantes, 0 que obviamente<br />

pressup5e agressOesverbais. Em fim~<br />

disso a populayio teria revidado verba1mente,0<br />

que fez com que os partidarios <strong>de</strong> Conor partissem para a agressao fisica.


E interessante now que 0 PT, ate entio, nio toma para si a agressao, embora<br />

estivessesendo alvo <strong>de</strong> acusa9ao do PRN, que 0 apontava como responsavel. E <strong>de</strong>stacado<br />

o fato da agressao a POPWa9ao:"na hora do comicio atacaram pessoas<br />

que se<br />

encontravam na pra9a usando a mesma violencia que no primeiro turno praticaram<br />

contra as jorna/istas<br />

e manifestantes ... " (Ver anexo texto 9) A argwnenta~ao recorre<br />

aqui a urn raciocinio anal6gico: "... usando a IlleSIIUI violencia que praticaram<br />

no<br />

primeiro turno..." (Ver anexo texto 9). Ou seja, urn epis6dio sendo referencia para outra<br />

si~<br />

- ambos i<strong>de</strong>ntificadospela violencia.<br />

Em seguida, a FBP acusa 0 programa <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> conor <strong>de</strong> ter apresentado uma<br />

vers<strong>30</strong> falsa dos fatos: "a violencia continuou no dia seguinte ... no program a <strong>de</strong> tv <strong>de</strong><br />

Collar... on<strong>de</strong> foi apresentada uma versfio Iota/mente falsa dos fatos ... esses sfio os<br />

metados do anti-<strong>de</strong>mocrata Collar e das classes dominantes que a apoiam... " (Ver<br />

anexo texto 9)<br />

Implicitamente,0 programa da FBP i<strong>de</strong>ntifica na postura do adversario, dois tipos<br />

<strong>de</strong> violencia, a primeira <strong>de</strong> cometer agressio fisica, conforme exposto anteriormente, e a<br />

segunda <strong>de</strong> transgressi.o moral, <strong>de</strong> apresentar versOes falsas. Outro aspecto a ser<br />

observado e que a critica <strong>de</strong> postura ou metodo "anti-<strong>de</strong>mocratico" e feita<br />

especificamente a figura <strong>de</strong> Conor. Percebe-se, ainda, na estrutura discursiva do<br />

argumento que enquanto CoUor coloca 0 futuro possivel govemo do PT como<br />

anti<strong>de</strong>mocratico, 0 PT coIoca 0 CoUor atual como anti<strong>de</strong>mocritico<br />

por seus atos no<br />

presente e no passado recente.<br />

o texto finaJiza<br />

com uma segunda <strong>de</strong>niincia, <strong>de</strong>ssa vez baseada nas imagens que<br />

siD mostradas para comprovayao, isto 6, como contendo valor <strong>de</strong> prova:


que 0 aprendiz <strong>de</strong> ditador Collor faz isso e nao sera a itltima ... Co/lor e<br />

seus amigos milionarios farao qualquer coisa para nao per<strong>de</strong>rem a<br />

eleifaO ... mas nao vao conseguir enganar 0 pavo ... " (Ver anexo texto 9)<br />

o texto, ao <strong>de</strong>screver a apreensao do material, se reporta a Policia Fe<strong>de</strong>ral,<br />

<strong>de</strong>stacando a sua autorida<strong>de</strong>. Vale-se do seguinte raciocinio: 'se a referida instituiyao<br />

apreen<strong>de</strong>u 0 material e porque 0 consi<strong>de</strong>rou, se nao falso, no minimo, duvidoso'. 0<br />

programa <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> Lula faz urn alerta e com base neste epis6dio afinna que Collor e<br />

seus par1idarios fario qualquer coisa para ganhar a eleiyao.<br />

Os dois prommciamentos iniciais sobre 0 tema vieram do programa do PRN. 0<br />

terceiro foi <strong>de</strong> autoria do PT. Diante <strong>de</strong>ssas tres versOes feitas para urn Unico fato, (0<br />

epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui), que foi mencionado<br />

em pelo menos seis dos programas<br />

eleitorais, ja e possivel perceber aJguns aspectos basicos.<br />

Embora diferenciado na forma e no conteUdo dos argumentos, a linha <strong>de</strong><br />

argumen~ do PT manrem-se Jigada ao discurso provocador <strong>de</strong> CoRor, por ter sido 0<br />

guia do PRN 0 autor da <strong>de</strong>nUncia que <strong>de</strong>flagrou 0 processo. 0 ponto em comum, que<br />

transcen<strong>de</strong> as questOes i<strong>de</strong>olOgicas e ao qual ambos recorrem, constitui-se em uma das_<br />

leis basicas da propaganda poHtica: Iivrar-se da culpa, <strong>de</strong>negrindo a imagem do<br />

adversario. Com idoneida<strong>de</strong> ou nio para faze-to, 0 fato e que dificilmente urn politico<br />

foge a essa regra.<br />

No primeiro pronunciamento do programa da FBP sobre 0 epis6dio ha a<br />

recorrencia alternada as quatro etapas que orientam a organizayio argumentativa (Ver<br />

anexo texto 9, na integra).<br />

- A apresen~io do tema a ser <strong>de</strong>senvolvido vem em forma <strong>de</strong><br />

"chamada". A manchete a seguir sintetiza 0 assunto a seguir.


"a re<strong>de</strong> povo <strong>de</strong>nuncia... seguran~as <strong>de</strong> Collor provocam a<br />

popul~iio<br />

e tentam humilhar a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do SuI..."<br />

- Come~a a partir do trecho adiante 0 relato do epis6dio na versio<br />

daFBP.<br />

"quinta-feira a equipe <strong>de</strong> Co/lor bloqueou 0 centro da cida<strong>de</strong><br />

para montar um palanque ... horas antes do comicio os coloristas<br />

passaram a divulgar ofensas a Brizola e a Lula por po<strong>de</strong>rosos<br />

altcrfalantes com evi<strong>de</strong>nte inten~iio <strong>de</strong> provoca~iio ... "<br />

- Sio apresentados aqui dados percentuais <strong>de</strong> vota~ao para<br />

justificar a ~<br />

<strong>de</strong> Brizola e Lula e favorecer a argumen~ao<br />

<strong>de</strong> que a populayio sentiu-se agredida com as ofensas aos referidos<br />

politicos.<br />

"noprimeiro turno sessenta e seis por cento dos votos <strong>de</strong> Caxias<br />

do SuI foram para Brizola. .. sete por cento para Lula e apenas<br />

seis virgula quatro por cento para Co/lor a populat;iio da<br />

cida<strong>de</strong> sentiu-se ofendida com os ataques<br />

suas reclama~Oes<br />

foram<br />

respondidas com pancadarias por lutadores <strong>de</strong> karate e<br />

por seguran~as armadas <strong>de</strong> Collor... na hora do comicio<br />

atacaram pessoas<br />

que se encontravam na pr~a ... usando a<br />

mesma vioJencia que no primeiro turno praticaram contra os<br />

jornalistas e manifestantes ... "<br />

No trecho a seguir verifica-se a repeti~io da etapa <strong>de</strong>dicada a<br />

narrativa.<br />

- Para dar sequencia ao acompanhamento dos fatos, 0 prog:ramada<br />

FBP recorre, enmo, a segunda narrati:va;relatando dois momentos


distintos interealados por urn julgamento <strong>de</strong> valor sobre a conduta<br />

<strong>de</strong> Collor.<br />

"a violencia continuou no dia seguinte ... no programa da tv <strong>de</strong><br />

Co1Jor... on<strong>de</strong> foi apresentada uma verslio totalmente falsa dos<br />

fatos... esses siio os metodos do anti<strong>de</strong>mocrata Collor e das<br />

classes dominantes<br />

que 0 apoiam ... na sexta-feira. .. coloristas <strong>de</strong><br />

Curitiba foram surpreendidos quando preparavam... numa<br />

gr4fica ... panfJetos falsos como sendo do pt ... a policia fe<strong>de</strong>ral<br />

apreen<strong>de</strong>u 0 material como voce po<strong>de</strong> ver nessas imagens ... "<br />

- 0 ,programa encerra fazendo urn alerta a pop~ao sobre a<br />

conduta <strong>de</strong> Collor. Resume anaJisando 0 procedimento do<br />

adversario e conclui afirmando que Collor e seus apoiadores vao<br />

apelar.<br />

"a re<strong>de</strong> poro faz um aJerta a popuJayiio ... niio e a primeira vez<br />

que 0 aprendiz <strong>de</strong> ditador Collor faz isso e niio sera a ultima. ..<br />

Collor e seus amigos milionarios fariio qualquer coisa para niio<br />

per<strong>de</strong>rem a eJei~iio... mas niio viio conseguir enganar 0 povo ... "<br />

No programa <strong>de</strong> TV seguinte a FBP (Ver anexo texto 10) repete a acusavao <strong>de</strong><br />

que "Co1Jor tentau provocar e humilhar 0 povo do Rio Gran<strong>de</strong> do sur. Classifica os<br />

partidarios <strong>de</strong> Collor <strong>de</strong> "inimigos da liberda<strong>de</strong>", i<strong>de</strong>ntificando-os como aqueles "que<br />

estQOinteressados em tumultuar 0processo <strong>de</strong>mocratico".<br />

E feita novamente a <strong>de</strong>nUncia<strong>de</strong> que apoiadores <strong>de</strong> CoIlor imprimiram jornal<br />

falso para fazer terrorismo contra a campanha <strong>de</strong> Lula. A repeti~ao <strong>de</strong>ssas duas<br />

ac~ e feita atraves <strong>de</strong> uma analogia que permite diagnosticar a conduta do<br />

adversario: "seus me/ados slio iguais emto. parte"<br />

(Ver anexo texto 10). au seja, a<br />

FBP alega implicitamenteque da mesma forma como os partidarios <strong>de</strong> Collor agrediram


a populayao <strong>de</strong> Caxias do SuI, segundo a sua argumentayao, foram capazes <strong>de</strong> falsificar<br />

material <strong>de</strong> propaganda, <strong>de</strong>turpando propostas do PT.<br />

Mais uma vez 0 guia .da FBP recorre a imagens do material apreendido pela<br />

Policia Fe<strong>de</strong>ral para provar a finalida<strong>de</strong> da ay<strong>30</strong> do adversmo:<br />

"este e um exemplar do<br />

jornal apreendido ... seu objettvo era espalhar boatos ... assustar a populat;tio para<br />

evitar a vitoria <strong>de</strong> Lula. .. " (Ver anexo texto 10). 0 programa<br />

televisivo da FBP traz<br />

ainda entrevistas buscando dar as <strong>de</strong>nUncias wn valor testemUlh~a1.<br />

E atraves <strong>de</strong>ssa estrat6gia que 0 programa <strong>de</strong> Lu1a faz a acusay<strong>30</strong> nominal. ApOs a<br />

entrevista com 0 advogado EdCsio Passos, que a:fuma: "agora conseguimos um<br />

flagrante ... no sentido da responsabilizaylio direta <strong>de</strong> Collor <strong>de</strong> Mello ... do seu<br />

partido ... e das pessoas que 0 apoiam ... ", 0 locutor do programa da FBP acusa<br />

nominalmente 0 responsAvel: "quem mandou fazer os jornais falsos foi Luiz Reinaldo<br />

Zanon ... rico industrial ... vice-presi<strong>de</strong>nte dafe<strong>de</strong>rat;tio das indUstrias do Parana" (Ver<br />

anexo texto 10).<br />

Na contin~<br />

do seu texto, 0 locutor sima no tempo e no espayo 0 acusado e<br />

aponta as suas inteny6es: "Zanon e seus amigos milionizrlos do centro da livre iniciattvado<br />

Parana slio apoiadores <strong>de</strong> Collor ... eles querem que fique tudo como esta ... pense<br />

nisso ... " (Ver anexo texto 10)<br />

E interessante perceber que, no <strong>de</strong>poimento dado a FBP, 0 advogado nio acusa 0<br />

industrial Zanon nominaJmente, mas diz que a responsabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Collor e das pessoas<br />

que 0 apoiavam. Aproveitando essa "<strong>de</strong>ixa", 0 programa da FBP utiIiza 0 <strong>de</strong>poimento do<br />

advogado para justificar a acusayio contra 0 industrial feita pelo locutor da FBP.<br />

Resumindo: 0 fata situado no tempo e no es~ e importante, mas a forma<br />

atraves da qual carla mna das partes reporta-se ou nio a ele, parece ser ainda mais valiosa<br />

e reveladora<br />

Aparece aqui nesse exemplo a diferenya entre dizer e mostrar.


o programa da FBP fez uma acusa9ao a principio gen6rica. Diz que os<br />

apoiadores <strong>de</strong> Collor sao os autores da falsific~ao <strong>de</strong> jomais. Para retratar 0 fato, <strong>de</strong> uma<br />

forma mais objetiva, constr6i urn texto no estilo reportagem, 0 que implicitamentethe eta<br />

o "status" <strong>de</strong> querer mostrar a verda<strong>de</strong>. Ainda com essa mesma inten9ao, refere-se ao<br />

TRE e a Policia Fe<strong>de</strong>ral como insti.tui95esidoneas e autorizadas para suspen<strong>de</strong>r a<br />

circula9ao<strong>de</strong> urn material <strong>de</strong> conteUdosuspeito.<br />

Em seguida, 0 programa da FBP traz 0 <strong>de</strong>poimento do advogado E<strong>de</strong>sio Passos,<br />

como mais uma forma <strong>de</strong> comprovar a acus~ao feita <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a abertura do programa que<br />

se reportou ao fato. S6 entio, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> reunir todos esses elementos, a propaganda<br />

eleitoral<strong>de</strong> Lula chega ao nome do acusado, 0 industrialZanon.<br />

E possivel perceber que 0 fato sozinho nao conclui tudo e nem traz em si as<br />

justificativas da ac~ao.<br />

As imagens tern urn <strong>de</strong>terminado peso e po<strong>de</strong>m ate vir a se<br />

constituircomo prova da culpabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> uma ~ fraudadora Mas, no curto es~ <strong>de</strong><br />

tempo <strong>de</strong> uma reportagem, fica dificil assegurar quem do os responsaveis, a menos que<br />

esses fossem vistos no local. Em todo 0 caso, nao interessa aqui verificar se a FBP<br />

conseguiu ou nio apresentar provas para sua acusayio. 0 objetivo da analise e mostrar<br />

que essa forma <strong>de</strong> argumentar caractenza.-se pela busca <strong>de</strong> elementos que possam<br />

provar.<br />

Na abordagem da pragmatica lingWstica,que investiga os fimdamentos 16gicofil0s6ficos,<br />

nio interessa saber exatamente 0 que as pessoas fazem, mas como fazem, ou<br />

seja, 0 fimdamentalnao e verificar on<strong>de</strong> cada urn <strong>de</strong>les quer chegar, e sim que caminho<br />

constroem nas suas trajet6rias discursivas. PortaDto,retomando a discusdo em tomo da<br />

recon-enciaaos fatos como valor <strong>de</strong> prova, e v3lido 0 esclarecimento<strong>de</strong> alguns aspectos.<br />

Conforme observa Bellenger (1989: 17) "0 discurso sobre a reaJida<strong>de</strong> e parcial<br />

em si. Aqueles que vQo discorrer slio sempre suspeilos <strong>de</strong> ler lido i<strong>de</strong>ias<br />

preconcebidas". Isso nos leva crer que 0 fato po<strong>de</strong> ser Unico, mas as versOes a seu<br />

respeito nem sempre serio as mesmas. A prOpriaunicida<strong>de</strong> dos fatos po<strong>de</strong> ser relativizada


quando se lembra 0 que dizia Nietzsche:<br />

'niio ha Jatos, so interpretayOes'; apud Grandi<br />

et alii (1992: 93). A ten<strong>de</strong>ncia inclusive e que estas vers5es sejarn diversificadas. Tentar<br />

saber quem foi "fieI" 80S fatos, irnplicaria a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discutir 0 proprio conceito <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>, por <strong>de</strong>rnais cornplexo para<br />

urn estudo <strong>de</strong> natureza ernpirica, que nio se propOe<br />

a faze-lo.<br />

Ocorre, na pnitica, que cada urn das representay5es politicas apresentou, nos seus<br />

respectivos prograrnas eleitorais, as suas versOes e pontos <strong>de</strong> vista para cada fato ou terna<br />

abordado. 0 que ja e possivel observar, e que no <strong>de</strong>correr da analise ficanl rnais evi<strong>de</strong>nte,<br />

e que essa fundarnen~<br />

se da <strong>de</strong> rnaneira diferente.<br />

o assunto veio a tona no programa do PRN que trouxe apenas <strong>de</strong>poirnentos<br />

pessoais sobre 0 epis6dio e irnagens do tumulto em Caxias do Sui on<strong>de</strong> aparecern homens<br />

gritando: "eu mando provar quem e 0 cara do pt e 0 que fez na presi<strong>de</strong>ncia<br />

do sindicato<br />

do crime ... sindicato do crime ... silo eles ... " (Ver anexo texto 7). A cena evi<strong>de</strong>ntemente<br />

mostra que houve tumulto, mas nio i<strong>de</strong>ntifica nitidarnente os envolvidos, embora possarn<br />

ser vistas pessoas corn carnisas e ban<strong>de</strong>iras da FBP.<br />

Nos programas seguintes a FBP recorre ao percentual <strong>de</strong> votayao <strong>de</strong> Lula e<br />

Brizola e mostra as imagens <strong>de</strong> apreensio <strong>de</strong> material <strong>de</strong> propaganda pela Policia<br />

FedcraI, acusando os partidarios <strong>de</strong> Conor <strong>de</strong> violencia fisica e moral.<br />

A partir <strong>de</strong>sse trecho ambos os prognmas<br />

recorrem ao futebol estabelecendo uma<br />

analogia corn 0 cen3rio politico, tentando assim exernplificar as respectivas<br />

argumentay5es.<br />

o programa televisivo da FBP <strong>de</strong>talha nesse texto a <strong>de</strong>nUncia, ja feita<br />

anteriormente, <strong>de</strong> fa1sifi~ <strong>de</strong> material <strong>de</strong> propaganda por parte <strong>de</strong> Conor. Sera<br />

observada aqui a presen~ repetida dos elementos que or<strong>de</strong>narn a disposiy<strong>30</strong> dos<br />

argumentos (Ver anexo texto 10, na integra):


- 0 locutor do programa "abre" 0 texto fazendo uma sintese do<br />

que sera <strong>de</strong>senvolvido adiante. Convoca os eleitores atraves <strong>de</strong> uma<br />

esp6cie <strong>de</strong> chamada jomalistica.<br />

"veja no re<strong>de</strong> pavo ... Collor tentau pravocar e humilhar 0 pavo<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do SuI... "<br />

"em sua passagem por oito cida<strong>de</strong>s gaUchos na quinta-feira .<br />

Collor pravocau conflitos em cinco... Lajeado... Osorio .<br />

Vacaria. .. Passo Fundo e Caxias do SuI... sabendo que e<br />

repudiado pela gran<strong>de</strong> maioria do pavo do Rio Gran<strong>de</strong> do SuI,<br />

Collor e sua comitiva fizeram<br />

provOC(29Oesem tados os Iugares<br />

por on<strong>de</strong> passaram ... "<br />

- Ap6s a n.arrativa anterior, 0 programa da FBP faz wn comentArio<br />

que endossa (confuma a Divei textual) 0 que havia relatado.<br />

"assim agem os inimigos do Iiberda<strong>de</strong>... os que estao<br />

interessados em tumultuar 0 processo <strong>de</strong>mocratico ... "<br />

Na verda<strong>de</strong> esse fechamento nio conclui apenas sobre 0 relato da<br />

primeira narra1iva. Cumpre tambCm a funyio <strong>de</strong> eio, concatenando<br />

o fechamento<br />

da disposiyio anterior dos argumentos e 0 inicio da<br />

nova seqUencia argumentativa que se segue:<br />

"veja so ... apoiadores <strong>de</strong> Coli or imprimemjornalfaJso<br />

parafazer<br />

te"orismo contra a campanha <strong>de</strong> Lula. .."


"0 tre do Parana mandou apreen<strong>de</strong>r... numa gr4fica <strong>de</strong><br />

Curitiba ... duzentos mil exemplares <strong>de</strong> um jornal que <strong>de</strong>turpa a<br />

proposta <strong>de</strong> governo ... veja as imagens... a policia fe<strong>de</strong>ral entra<br />

na gr4fica do jornal e ( ) apreen<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

jornais falsos ... este e um exemplar do jornal apreendido ... seu<br />

objetivo era espalhar boatos ... assustar a popula9QO para evitar a<br />

vitiJria <strong>de</strong> Lula ... "<br />

-Ja no :finalda narrativa2 e possivel perceber, a partir do trecho<br />

"seu objetivo era ... " que se inicia a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> wna tese, <strong>de</strong> que<br />

houve falsifi~<br />

essa expli~<br />

<strong>de</strong> material com mas intenyi>es(faz-se necessaria<br />

redundante) a ser confumada a seguir na entrevista<br />

com urn advogado.<br />

."0 senhor acredita que existe envolvimento do candidato Collor<br />

<strong>de</strong> Mello na elaborQ9iio <strong>de</strong>sses panf1etos?"<br />

Advogado E<strong>de</strong>sio Passos respon<strong>de</strong>:<br />

"evi<strong>de</strong>nte que isso e uma pratica nacional <strong>de</strong> Co/lor <strong>de</strong> Mello e<br />

evi<strong>de</strong>ntemente que ele tem conhecimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> situa900<br />

porque<br />

e a prQtica <strong>de</strong>le... que ele vem adotando e essa em todo<br />

territbrio nacional ... ja nos programas <strong>de</strong> televisao ... isto esta<br />

claro e tl6DrIl se CtJlJfirllUl <strong>de</strong> uma forma escrita... portanto<br />

agora conseguimos um flagrante... no sentido da<br />

responsabiliza900 direta <strong>de</strong> Collor <strong>de</strong> Mello ... do seu partido e<br />

das pessoas que 0 apoiam ... "


- Na sintese <strong>de</strong> tOOos esses textos e apontado 0 nome do<br />

responsavel pela fabric~<br />

do material falsificado. A conclusao<br />

<strong>de</strong>ste pensamento e do significado <strong>de</strong>ssa al(<strong>30</strong> e dito<br />

especificamente na Ultima senten~ on<strong>de</strong> e feito 0 apelo <strong>de</strong><br />

encerramento.<br />

"quem mandoufazer os jornais falsos foi Luiz Reinaldo Zanon ...<br />

rico industrial, vice-presi<strong>de</strong>nte da fe<strong>de</strong>ra~Qo das indUstrias do<br />

Parana ... Zanon e seus amigos milionarios do centro da livre<br />

iniciativa do Parana sQo apoiadores<br />

do Collor ... eJes lJllerem lJlle<br />

Mile tlldo como eatlt .. pe1JSe llisso ... "<br />

a programa da FBP (Ver anexo texto 11) utiliza 0 futebol como exemplo para<br />

ilustrar a sua mensagem sobre 0 que estava acontecendo no cen3rio da disputa eleitoral<br />

naquele momento da campanha. Como observa Maingueneau (1976: 169), a<br />

argum~<br />

via exemplo, para ser acreditada como verda<strong>de</strong>, procura trazer para<br />

protagonista urn personagem reconhccido peJa comunida<strong>de</strong>. Com esse objetivo, 0<br />

jomalista Juarez Soares aparece no vi<strong>de</strong>o e se dirige ao telespectador com 0 seguinte<br />

texto:<br />

"a gran<strong>de</strong> torcida brasileira nao e boba. .. sabe perfeitamente<br />

quando alguem quer ganhaT 0 jogo no tapetao ... voce se lembra do<br />

ultimo jogo da sele~Qo brasileira no Maracana ... Brasil e Chile ...<br />

quando 0 goleiro Rojas armou aquela tremenda confusoo ... [entra 0<br />

audio local-ambiente: "ele tafazendo<br />

um teatro danado la..."] 0 restoda<br />

est6ria 0 povo brasileiro ja sabe ... 0 Chile per<strong>de</strong>u<br />

os pontos ... Rojas foi<br />

impedido <strong>de</strong> jogar partidas internacionais e 0 Brasil se classificou para<br />

a copa do mundo ... agora 0 candidato Fernando Collor <strong>de</strong> Mello ...


aprendiz <strong>de</strong> Rojas ... e seu time armaram uma gran<strong>de</strong> encena9iio numa<br />

briga em Caxias do SuI... uma farsa vergonhosa ... na qual 0 povo<br />

brasileiro niio vai acreditar ... voce vai ver agora como 'Fernando Rojas<br />

<strong>de</strong> Mello' e seu time armaram esta gran<strong>de</strong> confusiio ...•• (Ver anexo texto<br />

1).<br />

A estrat6gia do programa <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> Lula foi estabelecer uma analogia entre 0<br />

comportamento <strong>de</strong> Collor e a postW"ado goleiro chileno Rojas. A i<strong>de</strong>ntificayao entre os<br />

dois baseia-se no fato <strong>de</strong> que ambos teriam recorrido a metodos ilicitos. 0 guia da FBP<br />

chama Collor <strong>de</strong> aprendiz <strong>de</strong> Rojas e diz que Collor e seu time arm.aramuma gran<strong>de</strong><br />

encena~o.<br />

De forma impJicita 0 programa da FBP coloca 0 adversario <strong>de</strong> Lula como<br />

adversario do Brasil E uma vez que 0 i<strong>de</strong>nti:ficacom 0 goleiro Rojas, tenta mostrar que<br />

Collor, assim como 0 jogador chileno, estava armando uma encenayio (isso e dito<br />

explicitamente)e portanto, jogando contra 0 Brasil, 0 que e possivel subenten<strong>de</strong>r a nivel<br />

do impJicito.0 uso <strong>de</strong>ssa estrat6giasuscita algumas o~<br />

que por sua vez levam a<br />

<strong>de</strong>tenninadas conclusOes.<br />

A escolha do futebol como forma <strong>de</strong> ilustrar a argumentayio nio tern. mera<br />

fun~ <strong>de</strong>corativa no discurso. Essa estrategia cumpre uma fun~ didatica <strong>de</strong> facilitar a<br />

compreensio, fazendo apelo ao conhecimento popular. E uma forma <strong>de</strong> traduzir a<br />

poJitica para 0 senso comum, <strong>de</strong> modo que esta viesse a ser <strong>de</strong> compreensio tao facit<br />

quanto 0 futebol 0 e para a maior parte das pessoas.


a texto encerra remetendo para 0 bloco seguinte que traz uma reportagem com<br />

moradores <strong>de</strong> Caxias do Sul. SiD entrevistadas seis pessoas que estariam no local do<br />

cornicio, trabalhavam ou moravam petto e, portanto, po<strong>de</strong>riam ter assistidoao tumulto.<br />

Seguindo as quatro etapas que compreen<strong>de</strong>m a disposi~iD dos argumentoS,<br />

percebe-se mais nitidamente as estrategias <strong>de</strong>stacadas abaixo (Ver anexo texto 11, na<br />

integra):<br />

- 0 inicio <strong>de</strong>sse texto nio traz nenhum cumprimento ao pUblicoou<br />

apelo sentimental. Apenas resume<br />

a i<strong>de</strong>ia central, que sera<br />

<strong>de</strong>senvolvidaadiante, atraWs <strong>de</strong> um discreto elogio. Ao estabelecer<br />

uma analogia entre 0 futebol e a pontica invoca 0 i.magin3rio<br />

popular que, no Brasil, e fortemente marcado pelo espirito <strong>de</strong><br />

torcida <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance nacionaL<br />

"a gran<strong>de</strong> torcida brasileira 1100 e boba ... sabe perfeitamente<br />

quando aJguem quer ganhar 0jogo no tapetilo ... "<br />

-a relato recorre a memOriado publico e narra 0 epis6dio que se<br />

passou dmante uma partida <strong>de</strong> futebol entre 0 Brasil eo Chile:<br />

"voce se lembra do Ultimo jogo da selefilo brasileira no<br />

Maracana ... Brasil e Chile ... quando 0 goleiro 'Rojas' armou<br />

aquela tremenda confusilo? (entra aqui 0 audio ambiente da<br />

~io do jogo pelo locutor em campo: 'ele tafazendo um teatro<br />

danado lti ..) ...0 resto da uttSriIl 0 povo brasileiro ja sabe ... 0<br />

Chile per<strong>de</strong>u os pontos ... Rojas foi impedido <strong>de</strong> jogar partidas<br />

internacionais e 0 Brasil se classificou para a copa do mundo. "<br />

-a programa televisivoda FBP <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese <strong>de</strong> que 0 candidato<br />

Conor queria enganar 0 povo. Para isso, estabelece uma analogia<br />

entre 0 futebol e a pontica, <strong>de</strong>stacando em ambos os contextos, 0<br />

uso <strong>de</strong> metodos ilicitos.


"agora 0 candidato Fernando Collor <strong>de</strong> Mello ... aprendiz <strong>de</strong><br />

Rojas ... e seu time armaram<br />

uma gran<strong>de</strong> encena9ao numa briga<br />

em Caxias do Sui... uma farsa vergonhosa ... na qual 0 povo<br />

brasileiro nao vai acreditar ... "<br />

- Nesse texto acontece algo interessante que evi<strong>de</strong>ncia nitidamente<br />

o enca<strong>de</strong>amento discursivo. 0 encerramento que <strong>de</strong>veria concluir<br />

sobre algo ou fazer aJgum tipo <strong>de</strong> apelo, na verda<strong>de</strong>, rernete 0<br />

assunto para 0 texto seguinte no mesmo programa.<br />

"voce vai ver agora como 'Fernando Rojas <strong>de</strong> Mello'<br />

e seu time<br />

armaram esta gran<strong>de</strong> confusao ... "<br />

Funciona como tUn elemento <strong>de</strong> ligayao entre 0 que ja foi dito e 0<br />

que ainda vai ser afinnado (isso faz, <strong>de</strong> certa forma, com que 0<br />

item anterior - connnna~o<br />

- tenha cumprido a funyao <strong>de</strong> lanyar<br />

uma tese e ao mesmo tempo concluir 0 assunto).<br />

Conforme enunciado no programa anterior, a FBP traz novamente (Ver anexo<br />

texto 12) a <strong>de</strong>nUncia que CoUor estaria armando uma encenayao. Fazendo<br />

uso <strong>de</strong> uma.<br />

represen~ coletiva, a Re<strong>de</strong> Povo (nome atribuido pela produyio do referido programa<br />

a TV responsavel pelas reportagens dw-ante a campanha) vai as ruas procmando abordar<br />

o fato no estilo jomalistico.<br />

Seguindo 0 esquema pergunta x resposta a Re<strong>de</strong> Povo entrevista seis pessoas,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> babitantes <strong>de</strong> Caxias do Sui, gente que morava ou trabalhava proximo ao local do<br />

comicio, ate transeuntes, pessoas que aparentemente passavam pelo local.<br />

Todos os <strong>de</strong>poimentos afinnavam que Conor havia trazido gente <strong>de</strong> fora. Jose<br />

Eucli<strong>de</strong>s, apresentado como oper3rio, cuja foto havia aparecido na 'gran<strong>de</strong> imprensa',<br />

afinna ter visto varios onibus, tUn <strong>de</strong>les somente com seguranyas que vestiam a camiseta<br />

<strong>de</strong> Collor. Uma mulher apresentada como Mara RUbia justifica que assistiu a preparayao<br />

do cOmlcio porque morava nos arredores. Conta a entrevistada: "...era carro <strong>de</strong> Sao


Paulo... era caminhao <strong>de</strong> sao Paulo... aquela... aquela infra-estrutura ... era urn<br />

comicio belieo e uma eoisa que foi realmente revoltando a popula~ao ... " (Ver anexo<br />

texto 12).<br />

Entre os entrevistados estava tambem Francisco Castilho, i<strong>de</strong>ntificado como<br />

porteiro do edi:ficio Minghelli situado na praya on<strong>de</strong> fora realizado 0 comlcio. Ele afirma<br />

que os seguranyas <strong>de</strong> CoRor comeyaram tudo: ''foi 0 proprio seguran~a <strong>de</strong> Collor ... eu<br />

vi... eu lava ali na porta olhanda ... e por ai foi que eorne~ou <strong>de</strong>pois as eonfusOes... "<br />

(Ver anexo texto 12)<br />

Levando em coma as quatro etapas consi<strong>de</strong>radas basicas na organizayao<br />

discursiva nota-se que, no texto a seguir, nio houve urn fechamento que possa<br />

fonnalmente<br />

ser classificado como conclusio ou epilogo (Ver anexo texto 12, na integra).<br />

- A abertura do texto, na sua macro estrutura traz as inforrnayOes<br />

gerais que adiante serio narradas passo a passo.<br />

"a re<strong>de</strong> povo foi a Caxias do SuI para fazer 0 trabalho<br />

jornalistico que a imprensa brasileira nao fez ... foi ouvir 0 povo<br />

da cida<strong>de</strong> sobre as cenas <strong>de</strong> violencia na eida<strong>de</strong> na semana<br />

passada pelas ruas e pra~as da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna e progressista ...<br />

a reportagem encontrou um so sentimento ... 0 <strong>de</strong> revolta pela<br />

farsa montada pe/o candidato Collor <strong>de</strong> Mello ... "<br />

- E interessante perceber nesse caso como todas as histOrias<br />

contadas pelos personagens (pessoas que do i<strong>de</strong>ntificadas nos seus<br />

respectivos contextos <strong>de</strong> trabalho ou moradia) constroem narrativas<br />

que cwnprem wna funyao tipicamente argumentativa.<br />

Po<strong>de</strong> ate ser que, em principio, cada wna das pessoas intencionasse<br />

unicamente contar 0 que viu, ou melhor, 0 que afirma ter visto.


o mais importante, no entanto, e perceber que a utiliza9ao <strong>de</strong>sses<br />

<strong>de</strong>poimentos por wn programa politico tern. wn fun eminentern.ente<br />

argwnentativo,<br />

extremamente estrategico, <strong>de</strong> transferir a terceiros a<br />

responsabilida<strong>de</strong> do que fora afumado nos <strong>de</strong>poimentos. Assim<br />

sendo, po<strong>de</strong>-se subenten<strong>de</strong>r, algo do ti.po: "ILio somos nos (pT,<br />

FBP ou Lula) quem esta dizendo.<br />

Sao outras pessoas que estao<br />

afirmando. "<br />

A fala do locutor e do repOrter da FBP pennanece ern. off, 0<br />

operario Jose Eucli<strong>de</strong>s tern. a sua imagern. <strong>de</strong>stacada no vi<strong>de</strong>o.<br />

Enfatiza-se aqui 0 fato <strong>de</strong> este ser wn trabalhador daquela<br />

imediayOes e por isso testemunha do oconido:<br />

-e0 operCuio Jose Euc/i<strong>de</strong>s... e 0 mesmo que aparece nessas<br />

fotas ... publicadas pelos jornais agarrado pelo pesc~o por um<br />

seguranfa <strong>de</strong> Co/lor enquanto outro seguraTlfa ameafava as<br />

pessoas com revolver veja 0 que e1e diz...<br />

JE) "e1esacou essa armapra agredir uma senhora ... so para agredir<br />

uma senhora. .. dai eu tentei agarrar 0 brafo <strong>de</strong>le... ne... foi a<br />

hora que 0 seguranfa me agarrou. .. "<br />

JE) "oIha... quem comefOU partiu da seguraTlfa... partiu da<br />

seguranfa porque eu tava bem nafrente ali... do palco ... ali <strong>de</strong>les<br />

ali... partiu <strong>de</strong>les ... "<br />

L) Jose viu os segurQTlfas <strong>de</strong> Collor se preparando para a<br />

agressJo ...


o <strong>de</strong>poimento com as respostas <strong>de</strong> Mara RUbia.A apresen~<br />

da<br />

entrevistada foi feita exclusivamente pelo locutor em off. Nesse<br />

caso, ressalta-se 0 valor testemunhal <strong>de</strong> uma moradora.


N esse trecho, 0 locutor faz em off a apresenta~ao do entrevistado<br />

Francisco Castilho, que em seguida respon<strong>de</strong> as perguntas do<br />

repOrter da FBP. Novamente<br />

e mostrado urn trabalhador que teria<br />

presenciado 0 fato.<br />

FC)<br />

"eu vi... eu tava ali na porta a/hondo... e par aifoi que comeyou<br />

<strong>de</strong>pois as confusOes... "<br />

Seguindo 0 mesmo esquema, 0 locutor faz a ~ao do<br />

entrevistado - nesse caso nao i<strong>de</strong>n:tificado - e 0 repOrter prossegue<br />

com as perguntas. Destaca-se aqui a representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> urn<br />

cidadio comum, apresentado como morador do local proximo ao<br />

comicio, com urn papel relevante, 0 <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r testemunhar.


E) "quem tirou 0 cacete ... quem <strong>de</strong>u primeiro ne foi 0 Fernando<br />

Collor... que eu vi... "<br />

54. Entrevista: Depoimento do Radiatista Jamo Me<strong>de</strong>iros, apresentado pelo<br />

locutor em off. J3 nesse caso, 0 entrevistado se <strong>de</strong>staca dos <strong>de</strong>mais,<br />

porque mesmo nio tendo assistido ao oconido, <strong>de</strong>sfiutando da<br />

condiyio <strong>de</strong> repOrter, testemunhou 0 comportamento dos<br />

integrantes do PRN, na ocasiio em que estes foram informados<br />

sobre 0 twnulto:<br />

L) 0 radialista Jdnio Me<strong>de</strong>iros que estava atras <strong>de</strong> Collor na<br />

entrevista do aeroporto ... conta que os assess ores <strong>de</strong> Collor<br />

ficaram satisftitos quando souberam do conflito ...<br />

JM) "alguns assessores do pm nJ10escon<strong>de</strong>ram uma certa satisfa~iio<br />

com as maniftsta~Oes que estavam ocorrendo no comicio ... "<br />

6 4 • Entrevista: Novamente 0 entrevistado e apresentado pelo locutor em off. Aqui<br />

e explorada a respeitabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> algu6m que tern 0<br />

peso <strong>de</strong> ser ex-representante <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcance nacional -<br />

aOAB:<br />

L) para 0 advogado WaJmor Vitechi... ex-presi<strong>de</strong>nte da or<strong>de</strong>m dos<br />

advogados <strong>de</strong> Caxias do Sui... foi tudo premeditado ...


WV) "0 que ocorreu aqui ... que 0 pavo do Brasi/ todo saiba ... foi<br />

rea/mente uma pravoca9Qo ... come9OU com Co/lor <strong>de</strong> Mello e<br />

da pergunta do repOrter, segue 0 <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> urn popular nao<br />

i<strong>de</strong>ntificado. RessaIta-se aqui 0 que uma pessoa do povo po<strong>de</strong>ria<br />

pensar sobre todo aquele epis6dio.<br />

Quanto a conclusio, a repetiyio do Ultimo <strong>de</strong>poimento parece<br />

cumprir a fimyio <strong>de</strong> fechamento do discurso, par apresentar uma<br />

"moral da bist6ria", do que todos os textos haviam dito<br />

"e1es faJaram que querem fazer <strong>de</strong>mocracia. .. mas eu nao sei<br />

qual e a <strong>de</strong>mocracia que eles querem fazer ahaixo <strong>de</strong> porrete no<br />

E interessante observar que nesse programa, on<strong>de</strong> a estrategia<br />

discursiva utilizada foi a integrayio <strong>de</strong> diversos textos {narrativos<br />

1 0 ref~ e urna das fun~Oesi<strong>de</strong>ntificadas nos estudos do funcionamento da repeti~iio. Para Marcuschi<br />

(1992: 111-112), a repe~ como forma <strong>de</strong> reforyo visa a intensifi~; a enfase do que ja foi dito.<br />

Segundo 0 referido autO!, na tipologia <strong>de</strong> Hilgert (1989) essa i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> refo~, po<strong>de</strong> ser vista como wna<br />

estrategia <strong>de</strong> "ratificar uma afirma~iio anterior"~ A repetiyao da senten9a no citado programa <strong>de</strong> TV<br />

aconteceu nao na pr~ao original da fala do entrevistado, mas na sua reproduyao, gJ:a9asa urn recurso<br />

damidia.


com fim~ao argumentativa), Ilio ha urn lugar especifico para a<br />

conrIrllla~io e a conclusio.<br />

Na composi~<br />

<strong>de</strong>ssa espicie <strong>de</strong> painel formado por diversos<br />

relatos (i<strong>de</strong>ntificados no telejomalismo como "povo fala"), cada<br />

<strong>de</strong>poimento traz uma hist6ria diferente, mas que juntas carninham<br />

na mesma direyio. Todos testernunham que os partidarios <strong>de</strong><br />

Collor iniciaram 0 tumulto durante 0 comicio do PRN ern Caxias<br />

do SuI. Confinnam a violencia <strong>de</strong>nunciada na introd~ao.<br />

A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procedimentos e <strong>de</strong> testernunhas adotados na argwnenta~<br />

aqui<br />

<strong>de</strong>senvolvida revela 0 quanta e relativo 0 mo<strong>de</strong>lo que divi<strong>de</strong> a organiuvao textual ern<br />

quatro partes como se estas fossem necessariamente distintas.<br />

E bem verda<strong>de</strong> que <strong>de</strong> modo geral a estrutura b3sica:intr~,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento<br />

(narrativa e confinnavio) e conclusio e utiJizada ate os Was <strong>de</strong> hoje. Mas, como e<br />

possivel perceber na analise do material empirico, nern sempre essa disposi~<br />

ocorre<br />

linearmente. au seja, essa seqUenciae passivel <strong>de</strong> softer reor<strong>de</strong>namentos e ate invers5es.<br />

Em textos, por exemplo, on<strong>de</strong> 0 fun e 0 com~ ou com~ e 0 fim, nio se tern <strong>de</strong> forma<br />

estanque um com~ e um fim, e tem-se <strong>de</strong> a1gummodo com~ e fim.<br />

Nesses casas, acontece que, sOno fun conclui-se que se esta no com~.<br />

0 que<br />

nio ocorre no entanto quando ainda se estava no com~,<br />

sem se saber que 0 mesmo<br />

seri.a0 fim. Quantos filmes (1ivros;reportagens; ou <strong>de</strong>poimentos pessoais) nio sio assim?<br />

No programa seguinte, a propaganda <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> Conor (Ver anexo texto 13) diz<br />

que foi 0 PT que montou uma farsa, colocando no ar as cenas pela meta<strong>de</strong>, com<br />

<strong>de</strong>poimentos apenas <strong>de</strong> pessoas i<strong>de</strong>ologicamente afinadas com 0 Partido dos<br />

Trabalhadores.


o texto e iniciado com urn pronunciamento<br />

<strong>de</strong> Brizola, seguido <strong>de</strong> urn comentirio<br />

do programa <strong>de</strong> Collor sobre a postura do Ji<strong>de</strong>r do PDT, aparentemente<br />

<strong>de</strong>svinculado do<br />

tema central em quesuo.<br />

If oZ... 01...01...vamos fazer a reforma agraria nas terras do BisoZ? nos<br />

niio temos condi90es <strong>de</strong> nos apresentar num paianque com aZguem que<br />

como candi ... como senador da repUblica... ora. .. foi za no banco do<br />

Brasil tirar dinheiro para fazer emprestimo<br />

numa ttmca que rea/mente e<br />

um prenUncio <strong>de</strong> que niio se corrige nada nesse pais ... " (Ver anexo texto<br />

"Brizola <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> subir no paianque com Lula ... Brizola foi mais forte que<br />

Lula e disse niio ao fazen<strong>de</strong>iro Biso/... If (ver anexo texto 13).<br />

o que estava em questaD era 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui e nio<br />

a poJitica <strong>de</strong><br />

aJian~ da Frente Brasil Popular. A estrategia do PRN foi recorrer a uma analogia e<br />

mostrar uma situayio on<strong>de</strong> 0 candidato do PT es1ivesse em <strong>de</strong>svantagem.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista do raciocinio 10gico, levando-se em conta apenas 0 conteudo<br />

semantico do trecho citado acima, nada tern a ver 0 fata <strong>de</strong> Brizola, em certo momento,<br />

ter <strong>de</strong>sistido <strong>de</strong> subir no palanque<br />

do PT, com a <strong>de</strong>nUncia <strong>de</strong> que este partido estaria<br />

mentindo sobre 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui. Iv1as, do ponto <strong>de</strong> vista pragmatico,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se<br />

0 contexto da campanha eleitoral como cenMio <strong>de</strong> disputa acirrada pela<br />

conquista <strong>de</strong> wn espayo politico, a referencia a restriyio <strong>de</strong> Brizola a Lu1a passa a fazer<br />

sentido por dois motivos que se correlacionam:<br />

• Primeiro, 0 prograrna do PRN, ao citar as <strong>de</strong>saven~ <strong>de</strong> Brizola com 0<br />

/'paZanque <strong>de</strong> Lula'~ aproveita para <strong>de</strong>stacar wn ~o<br />

do perfil do entaD


ProgI'flmn <strong>de</strong> Pas-Grad. -lit<br />

co UI1(,lltO 118<br />

fm LetrflS e Lingulstica<br />

• Ao mostrar as <strong>de</strong>saven~as <strong>de</strong> Brizola com 0 "palanque" <strong>de</strong> Lula, 0<br />

programa do PRN insinua que 0 PT nao tern por que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r Brizola,<br />

lUnavez que 0 li<strong>de</strong>r do PDT tern restri~5es ao palanque <strong>de</strong> Lula. Assim,<br />

procura atingir a premissa <strong>de</strong> lUna das argumenta~5es do programa<br />

anterior <strong>de</strong> TV da FBP, no qual a reportagern da Re<strong>de</strong> Povo alegava que<br />

Brizola teve vo~ao<br />

expressiva ern Caxias do Sui, e que portanto a<br />

pop~ao se sentiu ofendida com as agressOes verbais feitas pelos<br />

partidarios <strong>de</strong> Conor.<br />

Seguindo essa linha <strong>de</strong> raciocinio po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r por que e mencionada lUna<br />

critica <strong>de</strong> Brizola a Biso~ como forma <strong>de</strong> atingir Lula. Nesse caso a mensagem principal<br />

esta nao naquilo que foi dito, mas no que foi velado a Diveldo conteUdo implicito. Ou<br />

seja, "se Brizola nao escon<strong>de</strong> suas criticas ao entao candidato a vice na chapa do PT,<br />

senador Jose Paulo Bisol, por que entao uma critica, <strong>de</strong> quem quer que seja, contra 0<br />

li<strong>de</strong>r do PDT seria capaz <strong>de</strong> m.erecer a aten~<br />

da FBP?" E lUna das perguntas que<br />

qualquer urn po<strong>de</strong> se fazer diante do que foi insinuado pelo programa <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> Conor.<br />

• 0 PT mostrou Brizola como seu aHadoe a vo~ <strong>de</strong>ste ern Caxias do SuJ.como<br />

justificativa para que a pop~<br />

saisse ern sua <strong>de</strong>fesa. Fez isso explicitamente.<br />

• Nas entreJinhas, ou melhor, em forma <strong>de</strong> conteUdo implicito, 0 PRN contraargumentou,<br />

"Brizola nao esta com voces, por que entao a FBP se vale da<br />

vo~ao<br />

do Brizola para justificar 0 seu ponto <strong>de</strong> vista?"<br />

E interessante perceber como a repr~<br />

da fala <strong>de</strong> Brizola e a explor~ao da


urn mesmo fato po<strong>de</strong> ser explorado por segmentos contrarios na disputa <strong>de</strong> urn mesmo<br />

fim: a Presi<strong>de</strong>ncia da RepUblica.<br />

o fato, portanto, n.io se encerra no acontecimento, nem mesmo na discussao<br />

sobre a sua veracida<strong>de</strong>. Nesse contexto, 0 fato e visto como fenomeno discursivo e sua<br />

importancia passa a se regular peio que ele possa valer como mercadoria simbOlica.<br />

Em seguida, 0 texto prossegue com a acusa~o explicita do PRN,<br />

responsabilizando0 PT par ter montado uma fana sobre 0 epis6di.o<strong>de</strong> Caxias do Sui<br />

"a estrela do pt esta manchada <strong>de</strong> vergonha numa <strong>de</strong>scarada<br />

<strong>de</strong>monstrayao <strong>de</strong> lalta <strong>de</strong> respeito para com a verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo<br />

pela serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas elei~s ... opt montou a mais vergonhosalarsa <strong>de</strong><br />

que se tem noticia na historia da <strong>de</strong>mocracia do BrasiL.. <strong>de</strong>sceu ao mais<br />

baixo nivel da indignida<strong>de</strong> ... da mesquinharia. .. da in<strong>de</strong>cencia<br />

<strong>de</strong>smentir a imprensa e ficou ao /ado da frau<strong>de</strong> ... da baixeza<br />

tentou<br />

da lalta<br />

total <strong>de</strong> compostura politica. .." (Ver anexo texto 13)<br />

Ate este trecho e perceptivel que 0 programa <strong>de</strong> TV do candidato Fernando<br />

Collor mencionou wna sene <strong>de</strong> juizos <strong>de</strong> valor, sem recorrer a provas, dados ou<br />

<strong>de</strong>mons~.<br />

Na contin~<br />

do texto, porem, 0 locutor reiembra que 0 referido programa ja<br />

bavia mostrado a ~oiencia do PT. Embora n.io afinne textualmente, recorre as imagens<br />

como valor <strong>de</strong> prova. 0 tenia, no entanto, nio e <strong>de</strong>senvolvido. Nesse caso, 0 valor


campanha ... n6s <strong>de</strong>smentinws mais esse ato lamentavel do pt...<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a dignida<strong>de</strong> dos profissionais<br />

da imprensa que <strong>de</strong>ixaram<br />

clara a' responsabilida<strong>de</strong> do pt pelos inci<strong>de</strong>ntes e 0 direito do povo<br />

brasileiro <strong>de</strong> ter a iriformayiio correta dos fatos ... agora vamos mestrllT<br />

<strong>de</strong> uma vez por todas que 0 pt mente... 0 pt colocou no ar no seu<br />

programa <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoas que teriam assistido a tudo na<br />

principal praya <strong>de</strong> Caxias do SuI... vamos mostrar uma a uma quem SaD<br />

essas pessoas ..." (Ver anexo texto 13).<br />

Ao reprisar os <strong>de</strong>poimentos originalmente divulgados pelo PT, 0 programa do<br />

PRN incorre no que havia acusado ser a pratica do PT: manipulou as imagens. au<br />

seja, afirmou que 0 PT sO mostrou 0 <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> pessoas i<strong>de</strong>ologicamente ligadas ou<br />

afinadas ao Partido e, na verda<strong>de</strong>, fez isso quando selecionou quatro das seis entrevistas<br />

divlllgadas pelo PT. Apreen<strong>de</strong>u uma parte pelo todo, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> fora justamente as<br />

entrevistas <strong>de</strong> transeuntes; moradores e porteiros que estavam pr6ximos ao locat.<br />

Aproveitou somente os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoas vinculadas i<strong>de</strong>ologicamente ao Partido<br />

dos Trabalhadores, ou aos partidos coligados (0 ex-presi<strong>de</strong>nte da OAB-PR e outros excandidatos<br />

a cargos legislativos), <strong>de</strong>sprezando os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> dais rapazes nio<br />

i<strong>de</strong>ntificados. A principio, po<strong>de</strong>-se pensar que 0 nJo aproveitamento<br />

<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>poimentos<br />

pelo programa do PRN, <strong>de</strong>ve-se a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaJiar 0 comportamento <strong>de</strong> pessoas<br />

<strong>de</strong>sconhecidas, mas, na verda<strong>de</strong>, 0 que acontece e que para a propaganda<br />

<strong>de</strong> Conor nJo<br />

era interessante mostrar pessoas do povo confinnando<br />

a versio da FBP. R.azio pela qual<br />

foram selecionados os quatro <strong>de</strong>poimentos ja mencionados.<br />

o programa do PRN i<strong>de</strong>ntifica-se com 0 julgamento feito do epis6dio pela gran<strong>de</strong><br />

imprensa e recorre a opiniao veiculada pela midia como valor <strong>de</strong> prova<br />

Cria assim um<br />

vinculo entre a propaganda eleitoral televisiva <strong>de</strong> Collor e a gran<strong>de</strong>-imprensa,<br />

colocando<br />

o PT na posi~ao advcrsa e <strong>de</strong> minoria. Mais que isso, 0 referido programa se solidariza<br />

com a gran<strong>de</strong> imprensa, atribuindo a esta a ~<br />

<strong>de</strong> ser 0 PT 0 autor do tumulto.<br />

De on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> inferlr: 'nio somos nOs que dizemos isso, e a imprensa quem afirma'.


A estrategia e coerente com a prOpria forma como 0 tema foi tratado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0<br />

inicio. A principio 0 epis6dio foi abordado por aIguem da imprensa: Belisa Ribeiro que<br />

saiu em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Collor e colocou a imprensa como vitima.<br />

Desse modo, no :final, 0 cicIo fecha-se com 0 Programa do PRN colocando a<br />

gran<strong>de</strong> imprensa como importante aliada daquele que faz oposiitio ao PT.<br />

'0 pt so entrevi.stou gente do pt..'<br />

'no pt sOfala quem e do pt ..'<br />

Ja na veicula'tio da imagem dos dais primeiros personagens, ao apresentar Mara<br />

RUbia, ex-candidata a vereadora, a propaganda do PRN afumou: "fazia provoca~ao e<br />

distribuia propaganda da jbp trabalhando para 0 pt. .. ". Do mesmo modo, agiu em<br />

rela'tio a apariitio <strong>de</strong> Jose EucJi<strong>de</strong>s Ribeiro:<br />

If com 0 maior <strong>de</strong>scaramento eJe disse que foi agarrado porque queria<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r uma senhora na pr~a. .. agora voce vai ver 0 que e1e estava<br />

realmente fazendo ... <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo ele estava distribuindo propaganda<br />

do<br />

pt. .. queimando ban<strong>de</strong>iras ... fazendo ba<strong>de</strong>rna. .. insultando 0 pava .. "<br />

(Ver anexo texto 13).<br />

A principio as imagens <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>poimentos foram mostradas congeladas, ou<br />

seja, os personagens apareceram esWicos, sem movimento. As mudanyas ocasionadas<br />

pelo procedimento<br />

<strong>de</strong> ediySo, tambem interferiram no audio, omitindo a fala original das<br />

pessoas que haviam sido entrevistadas no programa da FBP. No final do programa e<br />

mostrada uma cena <strong>de</strong> tumulto, ban<strong>de</strong>iras sendo queimadas on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria estar 0<br />

entrevistado Jose EucJi<strong>de</strong>s, mas sio trechos <strong>de</strong> imagens, sio recortes <strong>de</strong> uma reaJida<strong>de</strong>,<br />

submetidas a urn processo <strong>de</strong> edi'tio ao qual po<strong>de</strong> recorrer qualquer candidato na<br />

elabora'tio<br />

do seu programa.


Fica dificil, portanto,<br />

para efeito <strong>de</strong> prova, saber on<strong>de</strong> comeyarn e acabarn as<br />

cenas e qual 0 espayO dado a encenayao. Assim sendo, pensando na 6tica <strong>de</strong> quem<br />

analisa ou simplesmente <strong>de</strong> quem ve as imagens sem ter i<strong>de</strong>ia do material bruto, tais cenas<br />

parecem ter mais 0 efeito <strong>de</strong> sugerir que <strong>de</strong> obter - <strong>de</strong> fata - algwna prova.<br />

Isso mostra que 0 fato discmsivo tem maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do que os fatos hist6ricos,<br />

sobretudo quando se trata <strong>de</strong> argumentar, <strong>de</strong> forma persuasiva, sem provas concretas<br />

baseadas numa reaJida<strong>de</strong> exterior, fazendo 0 usa predominante<br />

<strong>de</strong> opiniOes ou versOes <strong>de</strong><br />

urnfato.<br />

Ao contrano do que ocorreu no texto anterior (Texto 12), on<strong>de</strong> narrativa e<br />

confirmayao sio praticamente indissociaveis, na analise que se segue sera possivel<br />

perceber que os personagens aparecem mas 11<strong>30</strong> contam uma hist6ria. A imagem <strong>de</strong> cada<br />

urn <strong>de</strong>les e utrlizada como valor <strong>de</strong> prova a tese <strong>de</strong>fendida na narrativa construida quando<br />

o locutor do prograrna do PRN acusa 0 PT <strong>de</strong> ter montado uma fana com os<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong>sses personagens (Ver anexo texto 13, na integra):<br />

- Conforme ja comentado na analise, 0 texto se inicia com uma<br />

atirmativa aparentem.ente <strong>de</strong>svmculada do tema, mencionando a -----<br />

postura <strong>de</strong> Brizola. Em seguida traz uma sintese do que sera<br />

posteriormente<br />

<strong>de</strong>senvoMdo.<br />

"01... ol... ol...vamosfazer a reforma agraria nas te"as do Bisol?<br />

nOs niio temos condifOes <strong>de</strong> nos apresentar num palanque com<br />

alguem que como candi ... como senador da repUblica... ora ... foi<br />

za no banco do Brasil tirar dinheiro para fazer emprestimo numa<br />

tatica que realmente e um premincio<br />

<strong>de</strong> que niio se corrige nada<br />

nesse pais ... "


''BrizoJa <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> subir no paJanque com LuJa<br />

BrizoJa foi<br />

mais forte que Lula e disse niio aofazen<strong>de</strong>iro Bisol "<br />

"a estrela do pt esta manchada <strong>de</strong> vergonha numa <strong>de</strong>scarada<br />

<strong>de</strong>monstra9iio <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> respeito para com a verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sprezo peJa serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas elei90es... "<br />

Inicia-se aqui a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma tese: a <strong>de</strong> que 0 PT teria montado<br />

uma fana na veiculayio dos <strong>de</strong>poimentos no seu programa.<br />

"0 pt montau a mais vergonhosa farsa <strong>de</strong> que se tem noticia na<br />

histbria da <strong>de</strong>mocracia do Brasil ... <strong>de</strong>sceu ao mais baixo nivel da<br />

indignida<strong>de</strong>... da mesquinharia... da in<strong>de</strong>cencia... tentau<br />

<strong>de</strong>smentir a imprensa eficau ao lado dafrau<strong>de</strong> ... da baixeza... da<br />

falta total <strong>de</strong> compostura politica. .. nOs mostramos aqui no<br />

programa <strong>de</strong> Co/lor a vioJencia realizada pelo pt agredindo 0<br />

pavo e impedindo 0 comicio para ganhar a elei9ao... 0 pt<br />

frlllUloll II verdiule cDloctDulo IUI III' CeIUISpela mdIIIk e<br />

<strong>de</strong>poimentos tentando mascarar uma das maiores vergonhas<br />

<strong>de</strong>ssa campanha. .. nOs <strong>de</strong>smentimos mais esse ato Jamentavel do<br />

pt... <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a dignida<strong>de</strong> dos profissionais<br />

do imprensa que<br />

<strong>de</strong>ixaram clara a responsabilida<strong>de</strong> do pt pelos inci<strong>de</strong>ntes e 0<br />

direito do pavo brasi/eiro <strong>de</strong> fer a infoTmQ9iio correta dos<br />

fatos ..."<br />

- Em <strong>de</strong>terminado trecho 0 locutor do programa do PRN menciona<br />

o fato <strong>de</strong> ja ter mostrado cenas on<strong>de</strong> teria aparecido a violencia <strong>de</strong><br />

miJjt1ntes do PT. E necess8rlo distinguir, no ent1nto, que se trata<br />

<strong>de</strong> wna referencia feita, durante 0 relato, a uma possivel<br />

comprovayio;<br />

e nio a uma comprovay<strong>30</strong> propriamente dita.


- 0 mesmo acontece quando afinna po<strong>de</strong>r mostrar que 0 PT<br />

mente, <strong>de</strong>ixando a tentativa <strong>de</strong> comprovar para a etapa posterior (a<br />

comprovayao ).<br />

- E ainda nesse esp~ da narrativa que 0 programa do PRN<br />

levanta implicitamente a tese <strong>de</strong> que talvez os entrevistados do PT<br />

Ilio tivessem assistido ao epis6dio. Isso e possivel perceber no<br />

trecho a seguir, on<strong>de</strong> 0 locutor apOs dizer "pessoas<br />

que teriam<br />

assistido" e nao simplesmente "assistiram", prop3e-se a mostra-las:<br />

"agora vamos mostrar <strong>de</strong> uma vez por todas que 0<br />

pI mente... 0 pt coloco. 110 1Ir... no seu programa,<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoflS tIlle teritmt IISSistU/Q a tudo na<br />

principal pra9a <strong>de</strong> Caxias do SuI... vamos mostrar uma a<br />

uma quem sao essas pessoas ... "<br />

Recapitu1ando a analise <strong>de</strong>senvolvida ate entia, durante a sua argumentayao 0<br />

programa do PRN <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> tres <strong>teses</strong> <strong>de</strong> acusayio.<br />

Primeiro, diz explidtamente que "0pt fraudou a verda<strong>de</strong> colocando no ar cenas<br />

pela meta<strong>de</strong> ... "<br />

Terceiro, impUdtamente levanta a suspeita <strong>de</strong> que as pessoas que 0 PT colocou<br />

no ar talvez nio tivessem assistido ao comicio em Caxias do Sui.<br />

Na verda<strong>de</strong>, 0 que e dito implicitamente, mais do que uma terceira tese, constituise<br />

na premissa da argumentayio<br />

da segun.da tese. Pais na mesma sequencia 0 locutor<br />

afirma que 0 PT mente, que 0 PT colocou no ar pessoas que teriam assistido a tudo na<br />

praya <strong>de</strong> Caxias do SuI e se propOe a mostrar uma a ums, porque certamente <strong>de</strong>sconfia<br />

que Ilio fosse verda<strong>de</strong>. Dessa maneira, apesar da segunda e terceira <strong>teses</strong> serem<br />

proposiyOes distintas, do ponto <strong>de</strong> vista semintico,<br />

estariam vinculadas do ponto <strong>de</strong> vista


cia pragrnatica, Ulna vez que foi estabelecicla Ulna implicatW'a, a <strong>de</strong> que talvez as pessoas<br />

nao estivessem no local ou <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ram <strong>de</strong>poimento favoravel ao PT por outras razDes.<br />

Dai a acusayao <strong>de</strong> mentira. E 0 que tenta ser comprovado adiante.<br />

No trecho a seguir 0 programa do PRN coloca no ar a imagern <strong>de</strong><br />

quatro dos seis entrevistados ciaFBP.<br />

este e Walmor Vitechi... ex-presi<strong>de</strong>nte da oab... sabe a que<br />

partido<br />

ele pertence? Ao pc do b... que e aliado do pt ... pelo pc<br />

do b ele concorreu a vereador e per<strong>de</strong>u ... concorreu tamoom a<br />

<strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral pelo pt e per<strong>de</strong>u <strong>de</strong> novo ... 0 <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>le<br />

prova 0 que nOs jiz dissemos aqui ... 0 pt so mtrevista genie do<br />

2. este e Jdnio Me<strong>de</strong>iros ... 0 radialista que tambem prestou<br />

<strong>de</strong>poimento para 0 pt ... e quem e Jdnio Me<strong>de</strong>iros? militante da<br />

frente Brasil popular<br />

que faz campanha para Lula em Caxias do<br />

Sul. .. 110pt aoflllil fllDII i do pt ..<br />

3. e esta e Mara RUbia... sera que foi escolhida por acaso? nQo...<br />

. Mara RUbia foi candidata a vereadora e per<strong>de</strong>u com menos <strong>de</strong><br />

cem votos e 0 que fazia Mara RUbia antes <strong>de</strong> come9ar 0 tumulto?<br />

fazia provocQ9Qo e distribuia propaganda da frente Brasil<br />

popular ... tnlballtllVll PIII'II 0 pt ..<br />

4. esse e Jose Eucli<strong>de</strong>s Ribeiro ... com 0 maior <strong>de</strong>scaramento ele<br />

disse que foi agarrado porque queria <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r uma senhora na<br />

prQ9a. .. agora voce vai ver 0 que ele estava realmente fazendo .<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo ele estava distribuindo propaganda do pt .<br />

queimando ban<strong>de</strong>iras fazendo ba<strong>de</strong>rna. .. insultando 0 povo e<br />

assim que age 0 pt mentindo ... espalhando <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m a<br />

ba<strong>de</strong>rna ... a violencia. ..


- Com re~ao a primeira tese, na qual acusa 0 PT <strong>de</strong> ter fraudado<br />

a verda<strong>de</strong>, 0 programa do PRN chega.a mostI'ar cenas on<strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>ssas pessoas aparece no local, nio simplesmente assistindo, mas<br />

sim participando, conforme foi ressaltado. As imagens no entanto<br />

nio elucidaram a natureza da participa~.<br />

Afinal, se <strong>de</strong> uma cena<br />

<strong>de</strong> tumulto cada programa mostI'ar uma <strong>de</strong>tenninada tomada,<br />

nunca ficara claro para 0 telespectador quem comeyou. E<br />

evi<strong>de</strong>ntemente cada programa fani urn recorte favoravel a sua<br />

versio dos fatos.<br />

- De imediato, 0 PRN nio chegou a apresentar urn argumento<br />

prOprio que funcionasse como contra-argumento a FBP. A<br />

principio tentou <strong>de</strong>stituir 0 argumento do adversario, com a<br />

promessa <strong>de</strong> <strong>de</strong>mascara-Io,ao di.zer:"agora voce vai ver 0 que e/e<br />

estava rea/mente fazendo... <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cello estava distribuindo<br />

propaganda do pt.. e assim que age 0 pt... mentindo...<br />

espalhando <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m... "<br />

• Por tris, no entanto, <strong>de</strong>ssa estrategia <strong>de</strong> argumentar<br />

<strong>de</strong>smascarando a outra parte, escondiam-se v3.rias<strong>teses</strong> proferidas<br />

em tom <strong>de</strong> acusay<strong>30</strong>:<br />

• Conforme dito na an3liseanterior dos textos (sem a <strong>de</strong>scriyao das<br />

etapas argumentativas), 0 programa do PRN incorreu no que<br />

afirmou ser a pratica do PT, colocando no ar cenas pela meta<strong>de</strong> -


ou seja, das seis entrevistas reaJizadas peb FBP, selecionou quatro<br />

para serem reproduzidas.<br />

- Essa repr~ao se <strong>de</strong>u da seguinte forma: 0 programa do PRN<br />

colocou no ar apenas a "imagern congelada lf<br />

<strong>de</strong>ssas pessoas que<br />

assim apareceram sem movimento como ocorre na fotografia.<br />

- Assim, proce<strong>de</strong>ndo a uma reedi~ao do que foi veiculado no<br />

programa da FBP, 0 programa do PRN substituiu 0 <strong>de</strong>poimento<br />

dos entrevistados, colocando em seu lugar urn novo texto.<br />

- Ao omitir, al6m das falas, os dados contextuais que situavam os<br />

personagens,<br />

0 programa do PRN ressalta exclusivamente 0 perfil<br />

politico e i<strong>de</strong>olOgico <strong>de</strong> cada urn <strong>de</strong>les.<br />

- Com essa estrategia confirma a tese <strong>de</strong>fendida implicitamente <strong>de</strong><br />

que aquelas pessoas teriam outros motivos para testemunhar<br />

em<br />

favor do PT.<br />

-Sona etapa <strong>de</strong>dicada a confinnayio das <strong>teses</strong> e argumentos isso e -<br />

dito explicitamente ao final dos comentarios sobre cada pessoa:<br />

1. "0pt so entrevista genie do pt. .. "<br />

2. "no pt so fala quem e do pt ... "<br />

3. "trabalhava para 0 pt. .. "<br />

4. "... esta'Va... distribuindo propaganda do pt .. "<br />

- 0 referido programa do PRN encerra seu discurso com urn tom.<br />

moralizador. Afinal pOe 0 candidato ao lado da or<strong>de</strong>m,<br />

i<strong>de</strong>ntificando os apoiadores. do adversano como <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros. Para<br />

isso, afirma que "em Caxias do SuI caiu a mascara do pt e<br />

apareceu a sua verda<strong>de</strong>iraface<br />

... If


Por :fun, como estratCgia <strong>de</strong> persuasao e envolvUnento com os<br />

eleitores, Collor tenta prever 0 comportamento da populayao,<br />

antecipando que esta "...vai <strong>de</strong>rrotar nas ruas ... " 0 advers3rio.<br />

"essas praticas nazistas ja foram con<strong>de</strong>nadas M muito tempo<br />

pela socieda<strong>de</strong> brasileira. .. uma socieda<strong>de</strong><br />

que quer a or<strong>de</strong>m ... e<br />

nao a baguTlfa... 0 retrocesso ... a agressiio ... nossa socieda<strong>de</strong><br />

quer a paz ... ajusti9a. .. 0 entendimento ... em Caxias do Sui caiu<br />

a mascara do pt e apareceu a sua verda<strong>de</strong>iraface ... umaface que<br />

a socieda<strong>de</strong> brasileira repudia e vai <strong>de</strong>rrotar nas ruas ... "<br />

o epilogo traz como moral da hist6ria, implicitamente, 0 seguinte:<br />

"conto com voces para <strong>de</strong>rrotar meu adversario".<br />

o programa do PRN (Ver anexo texto 14) tamb6m u:tili.ul 0 exemplo como forma<br />

<strong>de</strong> ilustrar a argwn~ao.<br />

Essa analogiapreten<strong>de</strong> estabelecer wn paralelo entre 0 futebol<br />

e a politica, assim como havia feito a FBP. Aqui, 0 programa <strong>de</strong> TV do PRN associa<br />

duas situayOes.Tenta mostrar uma relayao entre 0 que 0 PT teria feito ao narrar 0<br />

epis6dio <strong>de</strong> Caxias do SuI e ao que po<strong>de</strong>ria fazer se tivesse que narrar wn jogo entre 0<br />

Brasil e a Alemanha.<br />

Sem utilizar uma personalida<strong>de</strong> conhecida no mundo do futebol ou da imprensa,<br />

o programa do PRN mostra wn campo <strong>de</strong> futebol <strong>de</strong>senhado por comp~<br />

cuja imagem e acompanhada pelo seguinte texto, que acusa 0 PT <strong>de</strong> ~<br />

gratica,<br />

dos<br />

fatos:<br />

"imagine que a sele9Qo brasileira ganhe da Alemanha<br />

Oriental por oito<br />

a um ... 0 pt que ja torce pela Alemanha Oriental so colocaria no seu<br />

programa 0 gol da Alemanha Oriental ... sem mostrar os oito gol's do<br />

Brasil... e diria que a Alemanha Oriental ganhou do Brasil por um a<br />

zero ... " (Ver anexo texto 14).


ApOsrecorrer ao exemplo do futebo~ 0 programa do PRN reporta-se novamente<br />

ao epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui, alegando que naquela ocasiao 0 PT agiu da mesma<br />

maneira: "... a equipe do pt so entrevistou gente do pt ... quando <strong>de</strong>nunciamos<br />

a violencia<br />

petista ... mostramos as manchetes <strong>de</strong> jornais <strong>de</strong> todo pais e as reportagens <strong>de</strong> tv...<br />

todas garantiam que a violencia partiu do pt ... " (Ver anexo tenD 14)<br />

o programa do PRN cita especificamente 0 editorial do Jomal Correio<br />

Brasiliense que teria a:firmado:"niio proce<strong>de</strong>m<br />

as afirmflqi5es <strong>de</strong> que 0 conflito envolveu<br />

todos os candidato ... bqsta a certeza atestada por todas as testemunhas ... que as<br />

provocflqi5es foram <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo pt e 0 pdt" (Ver anexo texto 14). Menciona<br />

tambCm, uma reportagem da Folba <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

sem, no entanto, reproduzir, na<br />

propaganda eleitoraltelevisiva,a imagem do jomal.<br />

Ap6s recorrer as fantes jornaJisticas para comprovayio dos seus argumentos, 0<br />

programa <strong>de</strong> Conor volta a falar do comportamento da FBP: "e agora tenta convencer 0<br />

pais <strong>de</strong> que toda a imprensa brasileira mentiu e so quem fa/ou a verda<strong>de</strong> foi 0 pt. .. "<br />

(Ver anexo texto 14).<br />

"imagine que alguem vai estudar 0 massacre dos ju<strong>de</strong>us na segunda<br />

guerra mundial e age assim ... joga fora<br />

todos os livros <strong>de</strong> histOria e vai<br />

entrevistar os carrascos nazistas ... claro que eles viio dizer que niio<br />

mataram ninguem ... e assim que funciona a verda<strong>de</strong> do pt... 0 pt chega<br />

ao ciunulo da falta <strong>de</strong> vergonha manipulando<br />

imagens <strong>de</strong> tv para ajudar<br />

na suafarsa. .. " (Ver anexo texto 14).<br />

ressaltando:<br />

Na sequencia, recorre novamente a unagens do epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui<br />

"veja so ... essa cenafoi ao ar no programa do Collor ... os militantes do<br />

pt partem para cima do nosso palanque<br />

armados <strong>de</strong> pedayo <strong>de</strong> pau ... so<br />

entiio esse homem [imagem mostrada na tela] se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> do ataque ...


advinha 0 que 0 pt pOe no ar? s6 a cena do homem que se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>...<br />

como se ele estivesse atacando sozinho todo esse grupo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros<br />

do pt ... isso se chamafarsa<br />

e a atitu<strong>de</strong> do pt se chama nazismo ... /I (Ver<br />

anexo texto 14).<br />

Para justificar a caracteriza9io <strong>de</strong> pratica nazista, 0 prograrna <strong>de</strong> TV do PRN<br />

vale-se mais uma vez <strong>de</strong> reportagens da gran<strong>de</strong>-imprensa, colocando na propaganda<br />

eleitoral gratuita 0 comentario do editor e apresentador<br />

do telejornal do SBT, jornalista<br />

Boris Casoy:<br />

"esses ba<strong>de</strong>rneiros impediram a realizayQo <strong>de</strong> um comicio... simbolo<br />

eleitoral... um simbolo da <strong>de</strong>mocracia. .. esse tipo <strong>de</strong> ayao lembra muito<br />

bem 0 periodo nazista na Alemanha... e uma a~ao nazista... e<br />

inacreditlrvel que Lula e Brizola possam concordar com atos <strong>de</strong><br />

vandalismo como esse... " (Ver anexo texto 14).<br />

Assim 0 programa do PRN encerra 0 texto fazendo novamente urna sene <strong>de</strong><br />

acusayOes ao PT. 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui, conforme observado anteriormente,<br />

apareceu em - pelo menos - seis programas do guia eleitoral. Do ponto <strong>de</strong> vista<br />

quantitativo houve uma simetria bastante justificavel<br />

entre 0 nUmero <strong>de</strong> apariyOes nas<br />

propagandas eleitorais se se pensar que para cada acusayio e provavel 0 surgimento <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>fesa ou con.tra-ataque.<br />

Com relayio ao W1imoprograma do PRN, sobre 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do Sui, sera<br />

analisada a fCCorrencia a argumentay<strong>30</strong> via exemplo, na comparay! entre 0 futebol e a<br />

politica<br />

m na verda<strong>de</strong> urn enca<strong>de</strong>amento<br />

<strong>de</strong> textos que constituem mais urn discurso <strong>de</strong><br />

acusayio contra 0 PT e <strong>de</strong> apelo ao povo para que repudie a farsa.<br />

Nessa seqiiencia e relativa a distinyao das etapas <strong>de</strong> organizayao discursiva 0<br />

proprio argumento via exemplo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado introduyao do discurso, uma vez


que abre 0 texto , mas ao mesmo tempo narra uma si~io<br />

com valor argumentativo,<br />

como se tratasse <strong>de</strong> uma narrativa. Sendo assim, situa-se portanto a parte.<br />

"imagine que a sele~iio brasileira ganhe cia Alemanha Oriental por oito<br />

a um... 0 pt que ja torce pela Alemanha Oriental so colocaria no seu<br />

programa<br />

0 gol cia Alemanha Oriental... sem mostrar os oito gol's do<br />

Brasil e diria que a Alemanha<br />

Oriental ganhou do Brasil por um a<br />

zero... " (Ver anexo texto 14).<br />

Em seguida, 0 mesmo programa, na sua continuida<strong>de</strong>, estabelece uma re~ao<br />

entre 0 tr~ho anterior (0 exemplo do futebol) e 0 texto a seguir (Ver anexo texto 14, na<br />

integra).<br />

"quando 0 pt foi<br />

explicar a agressiio dos seus militantes em<br />

Caxias do SuI agiu da mesma maneira. .. a equipe do pt so<br />

entrevistou gente do pt ... quando <strong>de</strong>nunciamos a vioIencia petista<br />

mostramos as manchetes <strong>de</strong> jornais <strong>de</strong> todo 0 pais e as<br />

reportagens <strong>de</strong> televisao... todos garantiam que a vioIencia partiu<br />

do pt. .. "<br />

Segue-se a recorrencia a fontes jomaJisticas como valor <strong>de</strong> prova<br />

para a argumentayiio:<br />

"0 Correio Brasiliense disse no seu editorial... 'niio proce<strong>de</strong>m as<br />

afirm~Oes <strong>de</strong> que 0 coriflito envolveu todos os candidatos ... basta<br />

a certeza atestada por todas as testemunhas... que as<br />

provoca~Oes foram <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo pt e pdt ... ' a Folha <strong>de</strong><br />

Siio Paulo relatou 0fato minuto a minuto... ai 0 pt vai ate Caxias<br />

e entrevista quem? 0 prOprio pt. .. e agora tenta convencer 0 pais<br />

<strong>de</strong> que toda a imprensa brasileira mentiu e so quem falou<br />

a<br />

verda<strong>de</strong> fot 0pt ... "


"imagine alguem que vai estudar 0 massacre dos ju<strong>de</strong>us na<br />

segunda guerra mundial e age assim: joga fora todos os livros <strong>de</strong><br />

historia e vai entrevistar os carrascos nazistas ... claro que eles<br />

vlio dizer que niio mataram ninguem ... e assim que funciona<br />

a<br />

verda<strong>de</strong> do pt... 0 pt chega 0 cUmulo da falta <strong>de</strong> vergonha<br />

mampulando imagens <strong>de</strong> tv para ajudar na suafarsa. .. "<br />

"veja so... essa cena foi ao ar no programa do Collor... os<br />

militantes do pt partem para cima do 1208S0 palanque armadas <strong>de</strong><br />

ped~o<br />

<strong>de</strong> pau ... so entao esse homem se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> do ataque...<br />

adivinha 0 que 0 PT pOe no ar? so a cena do homem que se<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> como se ele estivesse atacando sozinho todo esse grupo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros do pt. .. isso se chama farsa 6 a atitu<strong>de</strong> do pt S6<br />

chama nazismo ... "<br />

Para confirmar essa acusayio e reproduzido 0 comentario<br />

do<br />

incora do SBT, jomalista BOris Casoy.<br />

"esses ba<strong>de</strong>rneiros impediram a realizaflio <strong>de</strong> um comicio...<br />

simbolo eleitoraL.. um simbolo da <strong>de</strong>mocracia. .. esse tipo <strong>de</strong><br />

~ilo<br />

lembra muito hem 0 pertodo nazista na Alemanha. .. e uma<br />

~iio nazista... e inacreditl.rvel que Lula e Brizola possam<br />

concordar com atas <strong>de</strong> vandalismo como esse... "<br />

"0 pt quer enganar 0 povo brasileiro usando <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>s 6<br />

trap~as<br />

8em 0 menor respeito pela verda<strong>de</strong> ... porque para 0 pt<br />

niio interessa a verda<strong>de</strong>... interessa a verda<strong>de</strong> do pt que niio


passa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sZavada mentira ... niio interessa 0 <strong>de</strong>bate<br />

faZar sozinho ... para 0 pt niio interessa a <strong>de</strong>mocracia<br />

interessa<br />

interessa<br />

impor a forga...<br />

as i<strong>de</strong>ias do pt... mas ao contrario do que 0 pt<br />

pensa ... niio e faciZ enganar 0 pavo ... e 0 pavo brasileiro sabe<br />

como respon<strong>de</strong>r a essafarsa vergonhosa ... "<br />

Depois <strong>de</strong> ser citado durante oito programas da propaganda eleitoral gratuita, 0<br />

epis6dio <strong>de</strong> Caxias-doSui voltou a ser mencionado indiretamente, no comicio da FBP, na<br />

mesma cida<strong>de</strong>, quando Lula referiu-se ao tema pela primeira vez: "porque alguem que<br />

quer gavernar 0 Brasil nao po<strong>de</strong> trazer bate pau ciapolicia <strong>de</strong> Siio Paulo au niio sei cia<br />

on<strong>de</strong> ... botar onibus <strong>de</strong> provocador p'ra vim aqui provocar 0 povo pacifico do estado<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. .. " (Ver anexo texto 14).<br />

Em funyio do processo <strong>de</strong> ediyio, ao qual os discursos sio submetidos para sua<br />

posterior veic~<br />

na propaganda eleitoral gratuita, tem-se assim, possivelmente, wn<br />

fragmento do pronunciamento do candidato da FBP em wna das quatro etapas da<br />

disposiyio dos argumentos. a referido programa, na verda<strong>de</strong>, comeyou com wn animcio<br />

da chegada <strong>de</strong> Lula e Brizola jtmtos em Novo Hamburgo e em Caxias do Sui. Em<br />

seguida e reproduzido um trecho do discurso <strong>de</strong> Brizola que enfatiza 0 apoio do PDT a<br />

Frente e elogia a pop~ <strong>de</strong>stacando que wna das caracteristicas do povo gaUcho e<br />

confiar no ser humano:<br />

"0pdt vai fechar <strong>de</strong> uma maneira unissona. .. vai lutar com lea/da<strong>de</strong> ...<br />

com oonra e com <strong>de</strong>dic~iio... vai corifiando porque uma das<br />

caracteristicas do povo gaiu:ho e corifiar no ser humano ... dar sua<br />

confian9a... e isto Lula. ..por mim e P07 este pais... impiJe as suas<br />

i<strong>de</strong>ias ... seja autentico sempre ... conte conosco... conte com 0 povo<br />

gaUcho e sobretudo conte com a ~iio brasileira para ser 0 presi<strong>de</strong>nte<br />

cia repUblica..." (Ver anexo texto 14).


Mesmo nao fazendo referencia direta ao comicio do PRN em Caxias do Sui, 0<br />

programa da FBP quis ressaltar dais aspectos <strong>de</strong> uma s6 vez. Em primeiro lugar, 0 apoio<br />

do candidato do PDT ao candidato do PT que representava<br />

a Frente Brasil Popular no<br />

segundo tumo eleitoral. Em segundo, a boa receptivida<strong>de</strong> da popular;<strong>30</strong> gailcha em<br />

rela~3o a ambos, Brizola e Lula. Mais uma vez a estrategia significava uma resposta<br />

indireta ao PRN que tentava explorar as divergencias (aquela altura ja superadas) entre 0<br />

PDT e 0 PT, e ao mesrno tempo, responsabilizar as militancias dos referidos partidos pelo<br />

inci<strong>de</strong>nte no comicio do PRN, em Caxias, no Rio Gran<strong>de</strong> do SuI.<br />

Conforme ressalta Maingueneau (1976: 163): "Uma perspectiva reducionista<br />

consiste em p6nsar que 0 nUcleo, a essencia profunda da linguagem constitui-se em<br />

/bgica simples. "<br />

A O~<strong>30</strong><br />

parece pertinente, pais chama a atenyao para que Dio se consi<strong>de</strong>re<br />

erro, <strong>de</strong>svio ou inconsistencia todo raciocinio que nio seja predominantemente 10gico.<br />

Mas ressalta 0 prOprio Maingueneau,<br />

que isso nio cleve - entretanto - levar ao extremo<br />

oposto, <strong>de</strong>sconhecendo-se a dimensio 10gica da Jinguagem (1976:164). "Diz-se pois,<br />

seguindo a fOrmula <strong>de</strong> Ducrot que a funyao fundamental<br />

or<strong>de</strong>m l6gica, mas que a lingua tem, todavia, umafunyao<br />

da lingua nao e certamente a<br />

lbgica".<br />

"se g jato que ninguem po<strong>de</strong>ria dizer seriamente qual e 'a' funyao fundamental da<br />

lingua, parece-nos - entretanto - certo que essa fun9ao fundamental (supondo que ela<br />

exista, do que muito duvidamos)<br />

nao e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m lbgica. 0 que nao implica <strong>de</strong> nenhum<br />

modo, por sinal, que a lingua nao tenha fuma' fu1Jfao lbgica."


exclusao, junyao, disjunyao "atraves <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>terminaveis, localizaveis,<br />

responsaveis pelas conclusOes lbgicas: 'todos', 'e', 'alguns', 'ou', 'nenhum', 'e', 'nlio' e<br />

'se ... entlio'. "<br />

Retirando exemplos <strong>de</strong> Austin (1956) argwnenta Ducrot (1981:11) no entanto:<br />

"a mo<strong>de</strong>rnafilosofia inglesa, notadamente, reuniu gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

observa90es que mostram que essas palavras possuem suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s<br />

16gicas apenas em certos nilmeros <strong>de</strong> seus empregos e que<br />

noutros contextas apresentam caracteristicas<br />

nitidamente diferentes".<br />

o referido autor (1981:14), mostra que quando se <strong>de</strong>fine a conjunyio<br />

'se' apenas<br />

pew<br />

proprieda<strong>de</strong>s lOgicas, <strong>de</strong>spreza-se 0 valor pragmAtico do enWlciado.<br />

Da sentenya: "Ha cerveja no gela<strong>de</strong>ira,<br />

se voce esta com se<strong>de</strong>"., n.3o se po<strong>de</strong><br />

inferir: "se 12110 ha cerveja no gela<strong>de</strong>ira,<br />

e porque voce nao tem se<strong>de</strong>". Caso 0 exernplo<br />

fosse: "se houver cerveja no freezer voce po<strong>de</strong> Pegar", selia passivel a inferencia: "se<br />

niio houver cerveja no freezer, voce niio po<strong>de</strong> pegar'~ porque a referida sentenya<br />

apresenta wna relayio eminenternente 10gica, estabelecendo wna condi~ao para a<br />

valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu enunciado.<br />

Enten<strong>de</strong>-se melhor assim a constatayio <strong>de</strong> Maingueneau (1976:164), quando diz:<br />

"nOs simplificamos ultrajadamente (essa discussao) falando <strong>de</strong> 'a'lbgica (como se fosse<br />

unica) pois no realida<strong>de</strong> existe uma multitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas l6gicos. "<br />

A discussio po<strong>de</strong> parecer exaustiva, mas vale para enfatizar que tanto<br />

Maingueneau<br />

quanto Ducrat contestam 0 atrelamento da linguagem comwn (dinamica e<br />

flexivel) aos limites rigidos dos sistemas fonnais.<br />

"Recusamos que se f09a das disciplinas<br />

formais 0 arbitro dos fa/OS lingUisticos, "sintetiza Ducrot (1981 :36).<br />

Essa reflexio 80bre 10gica e linguagem tern como pano <strong>de</strong> fundo 0 mesmo<br />

questionamento que se faz sobre 0 conceito <strong>de</strong> razio e <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> pretendidos no nivel<br />

discursivo. Da mesma fonna como nio se po<strong>de</strong> falar em 'a' 16gica, nio se <strong>de</strong>ve falar em<br />

'a' razAo ou 'a' verda<strong>de</strong>. Somente assim e passivel conceber as diversida<strong>de</strong>s dos


po<strong>de</strong> associar simplificadamente <strong>de</strong>monstr~ao a verda<strong>de</strong>. Afinal os <strong>de</strong>poimentos<br />

baseados em opini3es pessoais tambem preten<strong>de</strong>m ser verda<strong>de</strong>s ou pelo menos tidos<br />

WE certo que po<strong>de</strong>m aduzir, ja tem sido aduzido, po<strong>de</strong>rosos argumentos para<br />

Nesse sentido, percebe-se que 0 tip<strong>de</strong> argumentayio que busca comprovar suas<br />

proposiy3es mos1rando fatos, intenciona, <strong>de</strong>sta maneira, chegar 'a verda<strong>de</strong>', via<br />

<strong>de</strong>mons~ao (estrategia predominantemente adotada pelo programa da FBP). J8 a que<br />

se baseia mais em opini5es e julgamentos pessoais, embora assim tambem pleiteie fazer<br />

crer que diz a verda<strong>de</strong>, possivehnente nio recorre a reaJida<strong>de</strong> exterior por nio ter<br />

condiy3es <strong>de</strong> comprovar 0 que diz ou pensa. Essa e a forma <strong>de</strong> abordagem predominante<br />

no programa do PRN sobre 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do SuI 1 aqui analisado, em relayao ao<br />

qual prevaleceram os <strong>de</strong>poimentos pessoais e nio a apieensao do fata no contexto da<br />

Para enten<strong>de</strong>r melhor essas estrategias que buscam, as suas maneiras, a a<strong>de</strong>sio do<br />

pUblico,<strong>de</strong>ve-se levar em conta 0 que diz Hessen (1980: 167) quando analisa a filosofia<br />

dos valores: '~ verda<strong>de</strong> au a valida<strong>de</strong> (objetiva) dum tal juizo nao e coisa que se prove<br />

por A + B, mas po<strong>de</strong> apenas ser mostrada. E uma tal mostraqiio consiste simplesmente<br />

1 Aproximadarnente urn ano ap6s esse epis6dio, a gran<strong>de</strong> irnprensa <strong>de</strong>scobriu ou reconheceu que 0<br />

tumulto possivelmente havia sido forjado pelo PRN, e que os homens i<strong>de</strong>ntificados como partidarios cia<br />

FBP apenas vestiam camiseta <strong>de</strong>ssa sigla com a qual nao tinham qualquer outro tipo <strong>de</strong> vinculo.


Segundo Hessen, Arist6teles ja havia chamado a atenyao para 0 fato <strong>de</strong> que "no<br />

proprio dominio lbgico, com certos juizos e proposi~Oes que, por serem pressuposlo e 0<br />

fundamento <strong>de</strong> todas as nossas <strong>de</strong>monstra~Oes, carecem, eles proprios <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstra~ao possivel. " au seja, "trata-se <strong>de</strong> juizos e proposi~Oes que noo so nao SaD<br />

evi<strong>de</strong>ntes em si mesmos, como nao po<strong>de</strong> sequer tirar <strong>de</strong> outros a evi<strong>de</strong>ncia que lhes<br />

falta" (1980:168).<br />

o que acontece, confonne analisa Hessen, e que "uma antiga e muito<br />

generalizada maneira <strong>de</strong> pensar enten<strong>de</strong> esta aspirayoo pela verda<strong>de</strong> como<br />

susceptibilida<strong>de</strong> duma <strong>de</strong>monstrayoo racionol. Trata-se <strong>de</strong> uma ten<strong>de</strong>ncia que surge a<br />

cada passo, inclusive no vida pratica: consi<strong>de</strong>rar verda<strong>de</strong> so aquilo que se acha<br />

<strong>de</strong>monstrado ou po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar-se" (1980:166-167).<br />

Cada candidato trouxe tres programas com prommciamentos<br />

sabre 0 epis6dio <strong>de</strong><br />

Caxias do Sul, sendo que em urn <strong>de</strong>sses, havia dois textos relacionados a este tema. No<br />

total, portanto,<br />

contabiJizou-se quatro inseryOes reJativas a Caxias do SuI em ambas as<br />

propagandas. Esse, no entanto, nao e 0 aspecto principal a ser observado, e sim 0 fato <strong>de</strong><br />

o asslUlto ter sido iniciado e encerrado pelo programa do PRN. au seja, analisando a<br />

estratCgia <strong>de</strong> argumentavio, observa-se que a propaganda do PRN <strong>de</strong>teve 0 po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

o~ <strong>de</strong> toda a trajetOria perconida no <strong>de</strong>bate acerca <strong>de</strong>ste epis6dio.<br />

Ao se colocar na posiyio<br />

<strong>de</strong> agredido, Collor antecipou a <strong>de</strong>nlincia, trazendo a<br />

tona 0 assunto. Da mesma forma foi responsavel pelo "encerrou-se a discussio",<br />

uma vez<br />

que foi 0 Ultimo a se reportar ao epis6dio <strong>de</strong> Caxias do SuI.<br />

Para efeito <strong>de</strong> melhor compreensio das estrategias discUIBivas <strong>de</strong> cada.uma das<br />

propagandas<br />

eleitorais, 0 quadro a seguir traz os aspectos ja analisados, aqui <strong>de</strong>stacados<br />

novamente.


.. "<br />

SEQUENCIA<br />

SIGLA<br />

IMAGENS<br />

TEXTOS<br />

Texto 7 PRN Belisa Ribeiro Depoimento pessoal da prOpria<br />

assessora<br />

Texto 8 PRN Fernando Collor Depoimento pessoal do proprio<br />

candidato do PRN. Acusayao<br />

nominal ao PT.<br />

Texto 9 PT Gtifico com Texto em offlido pelo locutor da<br />

indices e imagens FBP, cobrindo a imagem dos indices<br />

daPF da vo~ da FBP e a <strong>de</strong>nimcia <strong>de</strong><br />

apreensio pela PF.<br />

Texto 10 PT EdCsio Passos Locutor em off aprcsenta reportagem<br />

Imagens da com a <strong>de</strong>nimcia <strong>de</strong> falsificayio <strong>de</strong><br />

apreensio pcla material <strong>de</strong> propaganda apreendido<br />

PF<br />

pcla PF com autoriz.ayio do TRE.<br />

Texto 11 PT Juarez Soares no Argum~ via ilustrayio<br />

Maracani<br />

relacionando a politica ao futeboL<br />

Jogo oconido entre 0 Brasil e Chile.<br />

Texto 12 PT Imagens <strong>de</strong> sete Reportagem no estilo "Povo Fala",<br />

personagens segundo 0 jargio jomalistico, com os<br />

(populates, <strong>de</strong>poimentos sobre Caxias do Sui..<br />

politicos,<br />

. os)<br />

Texto 13 PRN Repeti~da Texto em off, cobrindo a imagem<br />

imagem <strong>de</strong> quatro dos personagens, acusa a propaganda<br />

dos personagens da FBP <strong>de</strong> entrevistar apenas pessoas<br />

daFBP<br />

.. . aoPT -<br />

Texto 14 PRN ~do Texto em off com a explicayio do<br />

futebol em locutor sobre 0 jogo hipotetico entre<br />

quadro e BOris Brasil e Alemanha. R~io do<br />

Casoy<br />

comentario do jomaJista BOris Casoy


• 0 programa da FBP <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dizer que "Collor e sua comitiva fizeram<br />

provoca90es<br />

em totlos os lugares por on<strong>de</strong> passaram" generaIiza adiante<br />

DOmesmo texto quando afirma "seus metod os sao iguais por toda parte",<br />

Chama-se aqui a atenyio para 0 fato <strong>de</strong> que em diversos outros comicios<br />

nao houve tumulto algum impJicando qualquer wna das partes<br />

• 0 programa do PRN baseia-se em apenas quatro dos seis entrevistados da<br />

FBP sobre 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do SuI e diz que 0 PT s6 entrevista gmte<br />

do PT. Nesse caso, se a propria propaganda do candidato Conor seleciona<br />

wna parte dos entrevistados, nao <strong>de</strong>veria consi<strong>de</strong>rar esta como" sendo 0<br />

DUmerototal <strong>de</strong> pessoas entrevistadas.<br />

3.8.2 VeicuJavio <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> terceiros para justificar as respectivas vers5es dos<br />

fatos.<br />

3.8.3 A argumen~o via exemplo caracteriu 0 uso <strong>de</strong> uma parte por outra parte;<br />

wna situavJo serve <strong>de</strong> alusio<br />

a outra situavJo. No epis6dio <strong>de</strong> Caxias do SuI<br />

houve a recorrencia ao universo <strong>de</strong> conhecimento popular - 0 Futebol - como<br />

fonna <strong>de</strong> facilitar a compreensio, ilustrando a argwnentayio. Perelman e<br />

Olbrechts-Tyteca<br />

(1988: 471) caracterizam 0 uso do exemplo como "liga9Oes que<br />

fundam a estrutura do rear, no entanto, ha wna sigoificativa diferenya entre a<br />

referencia a realida<strong>de</strong> do futebol feita por cada urn dos candidatos. a jogo Brasil<br />

x Chile, mencionado<br />

pcla FBP, refere-se a uma realida<strong>de</strong> instituida e passiva <strong>de</strong><br />

constatavlo. Do outro lado, 0 jogo hipotetico: Brasil x Alemanha ao qual 0<br />

programa do PRN se refere, cria wna realida<strong>de</strong>, vislumbrando<br />

uma situayao que<br />

po<strong>de</strong>ria vir a acontecer,


3.8.4 Recorrencia a imagens do twnuIto oconido no comicio em Caxias do SuI sem a<br />

i<strong>de</strong>ntificayio precisa dos envolvidos.<br />

• Reconincia a percentuais <strong>de</strong> vo~io para comprovar a<br />

preferencia <strong>de</strong> Brizola e Lula por parte do eleitorado gaUcho e 0<br />

porque da populayio ter se ofendido com as agressOesverbais<br />

que teriam sido feitas a FBP pelo PRN.<br />

• Recorrencia as imagens como valor <strong>de</strong> prova. E mostrada por<br />

duas vezes a atuayio da PoJiciaFe<strong>de</strong>ral na apreensio do material<br />

falsificado e 0 twnulto em Caxias do SuI on<strong>de</strong> aparecem as cenas<br />

<strong>de</strong> agressio. 0 uso da imagem tern por objetivo comprovar a<br />

violencia da qual os gaUchosteriam sido vitimas.<br />

• Os <strong>de</strong>poimentos sio pessoais, mas nio <strong>de</strong> todo subjetivo, pois os<br />

entrevistados atestam ter testemunbado urn fato (comicio em<br />

.Caxias do SuI) ou urn flagrante (apreensio<br />

do material <strong>de</strong><br />

propaganda em Curitiba). Comci<strong>de</strong>ntemente ou nio as ~<br />

sio externas. Mostram pessoas nos seus locais <strong>de</strong> trabalho ou nas<br />

suas moradias, a exemplo do Sr. Francisco CastiJho,i<strong>de</strong>ntificado<br />

como porteiro do edificioMingheDi.<br />

• 0 Futebol - A argwnen~io pela ilus1ravio que estabelece urn<br />

paralelo entre 0 comportamento do goleiro chileno e 0 candidato<br />

do PRN, Conor <strong>de</strong> Meno. Essa menyio refere-se a wn jogo que<br />

ocorreu no contexto real. A partida entre 0 Brasil e 0 Chile nio<br />

foi wn exemplo criado para a propaganda eleitoral. 0 jogo <strong>de</strong><br />

fato aconteceu na realida<strong>de</strong> extra-TV, tendo sido apenas citado na


campanha. Tanto e assim que na sua abertura, 0 texto dirige-se ao<br />

telespectador dizendo "Voci se Iembrll do ultimo jogo da<br />

seler;iio brasileira?".<br />

0 apelo a memOriado eleitorpressupOeque<br />

o jogo <strong>de</strong> futebol tenha ocorrido e que essa ocorrencia seja do<br />

conhecimento <strong>de</strong> todos.<br />

• Os <strong>de</strong>poimentos sao pessoais. Baseiam-se nas prOprias vers5es<br />

dos integrantes da campanha do PRN; Conor ou a assessora<br />

Belisa Ribeiro. Coinci<strong>de</strong>ntemente, ou nio, urn <strong>de</strong>sses<br />

<strong>de</strong>poimentos - 0 da jornaJista Bclisa Ribeiro - foi gravado em<br />

estUdio, ou scja, em urn cenario intemo c nio no local dos<br />

acontecimentos. Somente 0 <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> CoUor foi gravayio<br />

extema, ainda assim num ambicnte nio<br />

i<strong>de</strong>ntificado. Outros<br />

<strong>de</strong>poimentos foram bascados tambem na versio<br />

da gran<strong>de</strong><br />

imprensa, a exemplo da ~<br />

do comentario do jomalista<br />

BOrisCasoy, veiculado no telejomal do SBT .<br />

• Da mesma fonna, a azgumentayio pcIa via do exemplo do futerol<br />

nio<br />

recorre a wn fato ou reaJida<strong>de</strong> exterior a propaganda<br />

eleitora1.0 jogo hipotCticoentre 0 Brasil e a Alemanha Oriental e<br />

mostrado atraves da tecmca <strong>de</strong> computayio gnifica criada para 0<br />

programa..<br />

Nelc 0 locutor do PRN remete 0 telespectador para<br />

uma reaJida<strong>de</strong>virtual. Ja na abertw'a, 0 texto sugere essa si~<br />

hipotetica que remete a urn futuro: "11lUlgille file<br />

a seJer;iio<br />

brasikira ganhe da Akmanha Oriental por oito a um... " (Vcr<br />

anexo texto 14).<br />

• Reutilizayio <strong>de</strong> imagens que apareceram no programa da FBP <strong>de</strong><br />

pessoas <strong>de</strong>pondo sobre 0 epis6dio <strong>de</strong> Caxias do<br />

SuI. Os


<strong>de</strong>poimentos, no entanto, foram substituidos por textos<br />

elaborados pelo proprio programa do PRN. Apenas as imagens<br />

"congeladas" foram mos1radas segundo urn. outro criterio <strong>de</strong><br />

ediyao.


Progr:lIll::t <strong>de</strong> Pas -0 I'BG Ull,9ao<br />

em Letl'Cts e LinguLtiea<br />

FT"pS<br />

4. ANALISE DOS UNIVERSOS REFERENCIAIS DOS FATOS E DOS<br />

SUJEITOS ENUNCIADORES<br />

Certamente, parece obvio dizer que aos eleitores interessa saber quem sao os<br />

candidatos. Menos obvio, talvez, seja lembrar que para a analise do discurso interessa<br />

Distanciando-se, assim, da trama dos ataques e contra-ataques em tomo dos fatos<br />

e dos argumentos x contra-argumentos sobre as i<strong>de</strong>ias, interessa aqui veri:ficar como<br />

cada urn dos programas <strong>de</strong> TV construiu a imagem do prOpriocandidato para cre<strong>de</strong>ncia-<br />

10 ao cargo <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>nte da RepUblica.<br />

No trecho que se segue serio analisados discursos on<strong>de</strong> a principal preoc~ao<br />

<strong>de</strong> cada urn dos programas televisivosja aponta as diferenyas nio so dos candidatos, mas<br />

estabelecendo contrapontos com inforntay5es a respeito <strong>de</strong> Collor, nurn discW'SO<br />

intitulado: "On<strong>de</strong> Estava Voce, urn programa que ajuda 0 eleitor a escolher" (Ver anexo<br />

texto 16).


Os programas apresentam caracteristicas nitidamente distintas. A fundamental<br />

constiui-se na utiliza~ao, por parte da propaganda <strong>de</strong> Lula, <strong>de</strong> referencias contextualjzadas<br />

historicamente e, na nio utiliza~ao, na propaganda <strong>de</strong> CoHor, <strong>de</strong> tais referencias.<br />

Ji na prOpria ~,<br />

0 PRN se propOe a falar sobre 0 'Perfil do Homem<br />

I<strong>de</strong>al' (Ver anexo texto 15, na integra). Inicialmente nio diz <strong>de</strong> quem se trata, nem 0 situa<br />

no ambito das re~<br />

sociais. 0 programa sugere 0 que este homem 'i<strong>de</strong>al' <strong>de</strong>veria ser e<br />

fazer. Rei urn predomfnio do tempo verbal conjugado no subjuntivo que sugere a¢es<br />

futuras: "que tenha uma priorida<strong>de</strong> ... que cui<strong>de</strong> da saii<strong>de</strong>... da educayao... dos<br />

transportes ... "<br />

Nem sempre as ~<br />

se referem ao futuro, mas <strong>de</strong> qualquer forma estao ligadas<br />

ao que sugere 0 tempo subjuntivo: algo que se preten<strong>de</strong>, algo que se <strong>de</strong>seja; 0 que traduz<br />

o prOprio conceito <strong>de</strong> 'i<strong>de</strong>al'.<br />

No seu encerramento, 0 texto do Programa do PRN faz referencia ao titulo da<br />

chamada, repetindo, 'Perfil do Homem I<strong>de</strong>al': "e 0 <strong>de</strong> um homem que tenha coragem<br />

para enfrentar os problemas<br />

brasileiros <strong>de</strong> /rente ... " Nesse trecho, grayas a uma edi~<br />

hem sincronizada, simultaneamente<br />

texto e imagem sio cons1IUidos em conjunto durante<br />

a e~<br />

do perfil do candidato do PRN. A fisionomia do candidato, que aparecia <strong>de</strong><br />

perfil <strong>de</strong>senhada em preto e branco, ganha cor e movimento quando Color, agora<br />

i<strong>de</strong>ntificado, olha em ~ a camera e aos eleitoresltelespectadores que estao em frente<br />

a TV. 0 texto se encerra con:firmando 0 nome "Co/lor Presi<strong>de</strong>nte ... niunero vinte ... "<br />

E interessante perceber a sincronia da edi~, ji <strong>de</strong>scrita acima. Um recurso,<br />

porem, merece maior aten~ao. Do ponto <strong>de</strong> vista esretico, no cenario <strong>de</strong> gr~,<br />

ha<br />

uma mudan~ <strong>de</strong> estado fisico projetada atraves do vi<strong>de</strong>o, on<strong>de</strong> quem estava <strong>de</strong> perfil<br />

(nio<br />

totalmente i<strong>de</strong>ntificado) vira-se e fica <strong>de</strong> frente para os eleitores (i<strong>de</strong>ntificando-se


agora totalmente). 0 CwlOSO<br />

e que mesmo a imagem tendo sido revelada (do <strong>de</strong>senho<br />

para a pessoa), a i<strong>de</strong>ntifica~io do 'homem i<strong>de</strong>al' com Collor, no que diz respeito ao texto,<br />

pennanece<br />

implicita.<br />

Nao foi dito, por exemplo, 'Collor e 0 homem i<strong>de</strong>al' e sim que "0 Brasil preeisa<br />

<strong>de</strong> um presi<strong>de</strong>nte que seja tiio novo quanto 0 pais que preten<strong>de</strong> eonstruir... um<br />

presi<strong>de</strong>nte eom i<strong>de</strong>ias mo<strong>de</strong>rnas... eapaz <strong>de</strong> eolocar 0 Brasil entre as na90es mais<br />

<strong>de</strong>senvo/vidas do mundo... "<br />

Essa i<strong>de</strong>ntific~<br />

ocorre somente quando - sintonjzada ao texto que se refere a<br />

"um homem que tenha eoragem para etifrentar os problemas brasileiros tk frDfU..." -<br />

aparece a imagem do candidato Collar. Da-se, assim, pela expressio<br />

"<strong>de</strong> !rente" a re~io<br />

entre os niveis textual e visual.<br />

Nio selia exagero afirmar que <strong>de</strong> forma muito sutil, talvez nio perceptivel <strong>de</strong><br />

imediato, a mudan~<br />

no estado do perfil do candidato preten<strong>de</strong> estabelecer uma re~ao<br />

<strong>de</strong> mudan~ no perfil do Estado ao qual se candidatava presi<strong>de</strong>nte.<br />

A seguir a 1inha <strong>de</strong> raciocinio sugerida pelo texto po<strong>de</strong>-se concluir que: se 0 Brasil<br />

precisava <strong>de</strong> urn homem i<strong>de</strong>al, que para mudar tudo aquilo que foi citado <strong>de</strong>veria ter<br />

coragem <strong>de</strong> en:frentar os problemas <strong>de</strong> frente (e a imagem. <strong>de</strong> Collor aparece <strong>de</strong> frente),<br />

entio, Collor era 0 homem i<strong>de</strong>al (raciocinio silogisti.co).<br />

H8, no trecho a seguir, uma Unica referencia a uma ~ passivel <strong>de</strong> ~<br />

no contexto real, que sugere a experiencia <strong>de</strong> conar na Prefeitura <strong>de</strong> Maceio e no<br />

Govemo <strong>de</strong> Alagoas: "... que ja tenha pravado a sua eapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbancar as<br />

mordomias ... os marajas e a cor7UPflio... " Conclui-se que 0 programa do PRN nio se<br />

propOe exatamente a divulgar a imagem do candidato Collor, e sim, a <strong>de</strong>linear 0 perfil do<br />

homem i<strong>de</strong>al, a partir da c~io<br />

<strong>de</strong> wna nova imagem <strong>de</strong> Collor.


Curiosamente no programa da FBP a estrat6gia e praticamente oposta. 0 mesmo<br />

nao se propOe a trayar wn perfil do candidato (com enrase em qualida<strong>de</strong>s pessoais),<br />

embora ao narrar a sua trajetoria politica, indiretamente mencione ayOesque ajudam a<br />

<strong>de</strong>screver a sua pessoa.<br />

Nesse caso, 0 passado <strong>de</strong> luta e a condiyao <strong>de</strong> ex-li<strong>de</strong>r sindical SaDos aspectos<br />

ressaltados em Luta como cre<strong>de</strong>nciais ao cargo postulado.<br />

Ao contririo do que ocorreu no programa do PRN, on<strong>de</strong> as atribuiyOes do<br />

'homem i<strong>de</strong>al' faziam referencia a virtuais qualida<strong>de</strong>s pessoais e administrativas do<br />

candidato, no programa da FBP, as ayOes <strong>de</strong>stacadas do candidato Luta procuram<br />

comprovar a sua representativida<strong>de</strong> politica perante wn segmento da socieda<strong>de</strong>. Tanto e<br />

assim que, ao :finaldo programa, indaga: "qual <strong>de</strong>sses dois <strong>de</strong>ftn<strong>de</strong> sinceramente os<br />

trabalhadores?"<br />

o fato reporta-se a wna hist6ria, situa os sujeitos nele envolvidos, <strong>de</strong>stacando<br />

aIgumarefetincia locaJi.z8velno tempo e no ~,<br />

seja a natW'ezado evento, local, data<br />

ou a propria circunstancia.<br />

"mil navecentos e setenta e nave... Lula dirlge assembleia <strong>de</strong><br />

mais <strong>de</strong> cem mil trabalhadores e rompe 0 arrocho salaria/... e Collor<br />

<strong>de</strong> Mello? como sempre sem fazer forfa inicia sua carreira politico...<br />

ganha do general Geisel e dos usineiros <strong>de</strong> Alagoas ... a prefeitura<br />

bi6nica <strong>de</strong> M aceio."<br />

m ainda, conforme po<strong>de</strong> ser percebido na continuayao do texto, lUna<br />

i<strong>de</strong>ntificayio dos interesses <strong>de</strong> classe. Para cada ayio <strong>de</strong> Luta<br />

em prol do segmento<br />

popular e feito urn contraponto, i<strong>de</strong>ntificando0 seu advers3riopolitico com as elites.<br />

"em mil novecentos e oitenta... reconhecido como li<strong>de</strong>r dos<br />

trabalhadores... LIl1a tirige llIfUl grlllltk greve por melJIores


sal4rios... vai preso ... cassado e processado<br />

na lei <strong>de</strong> seguran9a<br />

imagens. A recorrencia, no programa da FBP, ao fato narrativo, que se reporta ao<br />

contexto real, acontece tambem no plano das imagens, que buscam essa mesma<br />

referencia. Os atos pUblicos aos quais a propaganda <strong>de</strong> Lula se refere, no texto, sao<br />

mos1radosna tela atravCs<strong>de</strong> fotos-jomalismo 1 . Assim como, no programa do PRN, a<br />

inci<strong>de</strong>ncia do fato discursivo, que cria no texto uma reaJida<strong>de</strong>, coinci<strong>de</strong>, a Divelvisual,<br />

com 0 predominio <strong>de</strong> uma Jinguagemartistica, cuja Cnfaseesti voltada mais para 0 valor<br />

estetico (e criativo)que para 0 teor infonnativo (e <strong>de</strong>scritivo)do que sera divuIgado.<br />

A ~<br />

<strong>de</strong> wn referencial te6rico especifico para a Jinguagcm visual po<strong>de</strong><br />

elucidar esta questio. Aumont (1993:79-80)<br />

<strong>de</strong>staca tres funyOes basicas da imagem, ao<br />

estudar sua re~ com 0 real, baseando-se nos trabalhos Amheim (1969). A primeira<br />

<strong>de</strong>las c a <strong>de</strong> ser simbOnca.<br />

Nela se agrupam as imagens que setVem<strong>de</strong> simbolos, sejam<br />

ele&religiosos ou politicos. "Na verda<strong>de</strong> slio initmeros os exempJosem que a iconografia<br />

religiosa figurativa<br />

au n/io. e vasta e ainda atual: certas imagens representam<br />

divinda<strong>de</strong>s (Zeus. Buda ou Cristo) e outras (em um valor quase puramente simbOlico (a<br />

cruz cristO e a suastica hindu)." Nease caso as imagens sio simbolos. Po<strong>de</strong>r-se-ia se<br />

1 De acordo com a classifi~ que recebem na 1inguagem <strong>de</strong> imprensa, esse tipo <strong>de</strong> fotografias retrata<br />

pessoas, situa~ e fatos verificaveis no cotidiano e n.as <strong>de</strong>mais situa96es apropriadas a urn cobertura<br />

jornalisti.ca.


As irnagens aqui analisadas coinci<strong>de</strong>m respectivamente<br />

com a segunda e a terceira<br />

funyao: epistemica e estetica. A epistemica (como a que i<strong>de</strong>ntifica 0 candidato da FBP)<br />

traz informayoes (visuais) sobre 0 mundo, que po<strong>de</strong> assim ser conhecido inclusive em<br />

alguns <strong>de</strong> seus aspectos Ilio visuais. Segundo 0 referido autor (1993:79-80): "Essa<br />

funr;iio foi consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>de</strong>senvolvida e ampliada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0 inicio da era mo<strong>de</strong>rna,<br />

com 0 aparecimento <strong>de</strong> generos 'documentClrio' como a paisagem e 0 retrato." A fun'tao<br />

estetica preencheria um outro requisito (1993: 79-80): "A imagem e <strong>de</strong>stinada a agradar<br />

seu espectador, a oferecer-lhe sensar;5es especificas." (a exemplo da silhueta <strong>de</strong> Collor<br />

mostrada como 0 Perfil do Homem I<strong>de</strong>al).<br />

Para Aumont explica-se assim 0 fato inclusive <strong>de</strong> uma imagem que visa obter um<br />

efeito estetico po<strong>de</strong>r se fazer passar por imagem artlstica. a que ocorre com frequencia<br />

nas tipologias publicitarias. Ao analisar os universos da pr~o ou ~ao <strong>de</strong> uma<br />

realida<strong>de</strong>, em parte transmitida atravCs <strong>de</strong> imagens, po<strong>de</strong>-se perceber como observa<br />

Aumont (1993:167) que "... a imprecisoo da si/hueta indica um registro numa durar;iio<br />

mais longa que permite ver essa durar;ilo tal como nunca po<strong>de</strong>ra ser vista na<br />

reaJida<strong>de</strong>. "<br />

Argumenta ocitado autor (1993:201) "Po<strong>de</strong>-se julgar a imagem fotografica<br />

como crivel em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>o/ogia do arte que atribui a esta a funr;fio <strong>de</strong><br />

representar<br />

0 rea~ e nada a/em disso." Deve-se levar em conta que esse real po<strong>de</strong> ser<br />

criado ou simplesmente apreendido.<br />

Dessa fonna sio mostradas cenas <strong>de</strong> Lula em meio aos trabalhadores durante<br />

assembleia, assim como, no momento da sua cassayio, quando foi processado peIa Lei <strong>de</strong><br />

Segt.Jra.tWaNacional. 0 mesmo ocorre quando 0 nome <strong>de</strong> Collor e mencionado no<br />

programa da FBP que 0 localiza tamb6m no tempo e no ~o <strong>de</strong> acordo com as<br />

situa'tOes mencionadas no texto.<br />

o repert6rio das imagens parece, <strong>de</strong> fato, ser selecionado conforme a ten<strong>de</strong>ncia<br />

i<strong>de</strong>ol6gica do candidato. Essa e a opiniio <strong>de</strong> Tapaj6s (1994:78) que observa: "... Se mais


politica nacional, a direita tem se apropriado das imagens e dos signos<br />

tradicionais da esquerda e ja nao e surpresa encontrar miseria,<br />

Apesar da apro~ <strong>de</strong> ambos os universos, tanto pela propaganda politica <strong>de</strong><br />

partidos <strong>de</strong> esquerda quanto <strong>de</strong> direita, ainda existem algumas diferen~as que distinguem<br />

a linguagem predominante em cada uma <strong>de</strong>ssas represen~. Enquanto que na<br />

propaganda eleitoral <strong>de</strong> Conor, 0 candidato aparecia ora jWlto do Frei Damiio, ora<br />

discursando ao lado <strong>de</strong> uma cruz, ou ate mesmo ombro a ombro com 0 Papa, em visita<br />

trabalhadores, profissionais liberais ou reJigiosos, que apareciam no vi<strong>de</strong>o por serem<br />

segmentos politizados e em razAo do seu engajamento a campanha da FBP, e nao por wn<br />

1 Essas diferen98Stambem s8.o percebidas em outros ce:rumosentre segmentos da direita e da esquerda.<br />

Na campanha para 0 govemo do estado <strong>de</strong> Sio Paulo <strong>de</strong> 1990, observou Figueiredo (1992:194-195)que<br />

enquanto "COllas portava-se como candidato a Reitor da USP, com uma mensagem muito elahorada<br />

para uma massa <strong>de</strong> eleitores, MaJuf adotava como simbolo <strong>de</strong> sua campanha, a imagem humana e<br />

simpatica do cor~iio". Nessa mesma linha, na regiio NE, AntOnio Carlos Magalhies nao hesita em<br />

explorar os simbolos sagrados da baianida<strong>de</strong>: fitas, figas e santos do candoble. a contraste persiste em<br />

outros exemplos, como no GaSOda disputa pela Prefeitura do Recife entre loaquim Francisco (PFL) e<br />

lamas Vasconcelos (PMOB). Joaquim usou no clip da campanha a mUsica <strong>de</strong> autona do compositor<br />

Dominguinhos: "Estou <strong>de</strong> lIDltapro meu aconchego, trazmdo no mala bastante sauda<strong>de</strong> ..." a quaI. na<br />

epoea a <strong>de</strong>putada, <strong>de</strong> esquerda, Cristina Tavares, revidou com indignayao: "Prefeitura noD e Jugar <strong>de</strong><br />

aconchego". Ainda com ~ a Joaquim Francisco, em junho <strong>de</strong> 1994, 0 Govemo do Estado lan~ou<br />

propaganda sobre as diversas gesroes e mostrava na area <strong>de</strong> ~ as ecolas em pleno funcionamento,<br />

exaltando 0 slogan: "E Pernambuco, aim senhorr Do outro lado, 0 Sindicato dos Trabalhadores em<br />

Educa~ao situava as escolas no tempo e no espayo, entrevistando os atores sociais <strong>de</strong>sse universo que<br />

<strong>de</strong>nunciavam a si1:uayao<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo do setoI. A campanha, tambem veiculada pela TV, encerrava com 0<br />

slogan irOnico: "Sim, senhorr


No ambito geral, a analise dos Wliversos referenciais pennite concluir que<br />

enquanto no programa <strong>de</strong> Collor 0 fato discursivo cria wna realida<strong>de</strong>, realida<strong>de</strong> essa<br />

i<strong>de</strong>alizada, no programa <strong>de</strong> Lula 0 fato narrativo se ap6ia na realida<strong>de</strong> historicamente<br />

instituicia.<br />

Com relayio aos dois wtimos textos anaJisados, as diferen~ b3sicas<br />

predominantes po<strong>de</strong>riam ser resumidas no seguinte esquema, elaborado com base em<br />

A expectativa <strong>de</strong> ay5es futuras<br />

mensurando 0 candidato no presente<br />

para exercer a PresidCncia da<br />

RepUblica(teno)<br />

Uso <strong>de</strong> tecnica grifica na ~ do<br />

perfil. Apariyio do candidato em<br />

estUdio .<br />

AlusOesa ayOesdo passado situando 0<br />

candidato no presente para exercer a<br />

PresidCnciaciaRepUblica(texto)<br />

Recorrencia a fotos-jomalismo para<br />

i<strong>de</strong>ntifiC89io dos fatos e apariyio do<br />

candidato em cenas <strong>de</strong> rua .<br />

o mesmo contraste percebido a nivel textual, que e'\i<strong>de</strong>ncia a diferen~a entre 0<br />

discurso que cria wna realida<strong>de</strong>, daquele que se baseia nwna realida<strong>de</strong> ja instituida, po<strong>de</strong>


tambem see encontrado nas vinhetas, on<strong>de</strong> a Jinguagemvisual nao serve apenas <strong>de</strong> apoio,<br />

mas constitui-seno principal elemento da mensagem.<br />

Na referencia ao perfil <strong>de</strong> Conor ou a trajet6ria politica <strong>de</strong> Lula, a imagem<br />

'ancorava' 0 texto. No exemplo que se segue, 0 texto 'ancora' a imagem. a programa <strong>de</strong><br />

Collor apresentou durante toda a campanha, entre outros recursos utilizados nesse<br />

periodo com 0 mesmo fun, uma vinheta que tinha por objetivo fixar a imagem da<br />

"marca" Conor (Ver anexo IT,figuras 1 e 2).<br />

A referida vinheta, editada com fundo musical que imprimia ritmo acelerado a<br />

imagem, foi apresentada da seguinte forma: dois retingulos, urn ver<strong>de</strong> e outro amarelo,<br />

corriam em alta velocida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> triJhospar urn percurso marcado <strong>de</strong> outdoor's<br />

com<br />

os nomes: emprego, sau<strong>de</strong>, casa, escola e transportes,<br />

ate 0 final da trajetoria, on<strong>de</strong><br />

essas figuras geometricas adquiriam fonna <strong>de</strong> letras, compondo graficamente 0 nome<br />

CoDor.<br />

No programa seguinte (Ver anexo IT,figura 3), a propaganda do candidato Lula<br />

transfonnou "0 supersOnico"<strong>de</strong> Conor em urns "Maria Fuznaya", numa alusio implicita<br />

<strong>de</strong> que 0 tom <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sugerido pelo candidato do PRN era, na verda<strong>de</strong>, urn risco<br />

<strong>de</strong> volta ao passado, urn retrocesso. Sugestivamente, fazendo 0 percurso inverso, na<br />

propaganda da FBP, 0 trem em forma <strong>de</strong> Maria F~<br />

agora sobre os trilhos, vinha em<br />

velocida<strong>de</strong> media, parando em cada urn dos temas inscritos nos outdoor's,<br />

diante dos<br />

quais apresentava inf~Oes<br />

<strong>de</strong>sfavoniveisao candidato Conor.<br />

"olha 0 trem do atraso ... olha ai 0 trem do marajo das alagoas ... 0 trem<br />

do DllJ'reguismo ... coIlor contratou tres mil... oitocentos e vinte e seis<br />

juncionorios<br />

sem concurso ... no meio ... diversos parentes ... 0 trem da<br />

mom ...Alagoas tem uma das taxas <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> in/antil mais alta do<br />

pais ... 0 trem dafllVela. .. trinta por cento da popula9Qo <strong>de</strong> maceio ... cem<br />

mil pessoas ... moram em favelas ... 0 trem do ana/fabdismo ... a taxa <strong>de</strong><br />

analfabetismo em Alagoas e uma das mais altas do BrasiL.. 0 trem dos


lUineiros ... Co1lor fez cento e sete qui16metros <strong>de</strong> estrada ... setenta e<br />

nove qui16metros para beneficiar terras dos usineiros ... eta trem ruiml"<br />

Dessa forma, observa-se que enquanto 0 programa do PRN tenta mostrar<br />

sirnbolicamente 0 que seu candidato faria (<strong>de</strong> bom) no Govemo Fe<strong>de</strong>ral, ao "passar" por<br />

todos os citados pontos (emprego, saU<strong>de</strong>, casa, escola e transporte)<br />

situados como etapas<br />

que Ievariam a afinnayio<br />

do nome e imagem Collor; a propaganda <strong>de</strong> Lula aproveita para<br />

mostrar 0 que 0 candidato Collor teria feito (<strong>de</strong> ruim) em Alagoas, em cada uma das<br />

areas mencionadas.<br />

Para proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sse modo, 0 programa <strong>de</strong> Collar optou por fazer mais sugestOes<br />

e insinuay3es, que promessas. Em contrapartida, a propaganda <strong>de</strong> Lula faz ~Oes e<br />

traz <strong>de</strong>nimcias. Assim sendo, tem-se respectivamente,<br />

<strong>de</strong> um lado, Cnfase na mensagem<br />

visual e menor importancia a info~ textuais, do outro, 0 predominio <strong>de</strong><br />

infOl'lllayOesveiculadas basicamente atrav6s do texto. 0 objeto veiculado e 0 mesmo: "um<br />

trem" ou meJhor dizendo, urn projeto <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> representado<br />

par um 1rem. A fonna<br />

<strong>de</strong> percepyio e ~ da imagem <strong>de</strong>sse trem, porCm, e que encerra a diferenya,<br />

sobretudo quando observamos em cada uma das propagandas politicas que 1rem era esse.<br />

Mais uma vez 0 programa <strong>de</strong> Conor se afirma pelo genCrico. Observa-se<br />

imprecisio na sua Iinguagem. Ja a propaganda <strong>de</strong> Lula repete a es1rat6gia da <strong>de</strong>nimcia<br />

com a precisio <strong>de</strong> inf~ que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu conteUdo,<br />

sic> passiveis<br />

<strong>de</strong> ~'<br />

Segujndo essa linha <strong>de</strong> raciocinio, e compreensivel que a mensagem <strong>de</strong> Conor<br />

tenha sido mais abrangente, e a <strong>de</strong> Lula, mais restritiva. Dei4 no primeiro caso, a<br />

probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sio incondicional <strong>de</strong> urn maior n6mero <strong>de</strong> pessoas e no segundo, do<br />

apoio condicional <strong>de</strong> um n6mero inferior ao do adversario. As vezes, a propaganda<br />

que<br />

se refere <strong>de</strong>mais ao adversario po<strong>de</strong> soar como contra-propaganda.<br />

Nesse caso especifico<br />

da vinheta do trem, havia 0 risco <strong>de</strong> 0 telespectador<br />

Iembrar apenas que 0 programa <strong>de</strong><br />

Collor trouxe urn supersOnico, enquanto 0 <strong>de</strong> Lula, exibia um.a Maria Fumaya. Ainda que


a Maria Fwna9a se referisse a Collor, do ponto <strong>de</strong> \'ista


.____---.,.--."' ••..• , .••••.•... ' .... ---- "0 ' , _ .• _"._" _",,, _.• _.~., __ " ,-<br />

Diante da anAliseda propaganda eleitoral gratuita do segundo twno das elei~Oes<br />

presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 1989 foi passivel perceber diferen~as nas estrategias argumentativas <strong>de</strong><br />

conor e <strong>de</strong> Lula quando abordavam wn fato ou uma id6ia. Um aspecto irnportante a ser<br />

ressaltado e que nem sempre fica clara a con~<br />

dos candidatos sobre cada wn <strong>de</strong>sses<br />

temas, porque na maioria das vezes 0 assWltOvinha a tona em funyio <strong>de</strong> uma critica ao<br />

ponto <strong>de</strong> vista do adversano. Desse modo, a troca <strong>de</strong> acusay3es no estilo "ping-pong" ou<br />

"bateu-levou" dispersava 0 <strong>de</strong>senvolvimentoconceitual das propostas.<br />

No que tange as diferenyas das priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> govemo, enquanto Conar <strong>de</strong>stacou<br />

especial aten~aopara a mo<strong>de</strong>rnizayao, moralida<strong>de</strong> e mais especificamente 0 tema crian~a,<br />

<strong>de</strong>finindo-o como prioritario; Lula ressaltou como ponto principal em relayio a todas as<br />

<strong>de</strong>mais questOes,0 eixo: refonna agr3ria, refonna urbana e distribui~ao<strong>de</strong> renda. Alem<br />

<strong>de</strong> uma especialatenyio dada ainda a politica salariale as aJian~aspoIiticas.<br />

Essa observayio nos leva a perceber que nem sempre 0 discurso traduz ou revela<br />

as significativasdiferen~asi<strong>de</strong>olOgicasverificadas na fundamen~<br />

te6rica dos partidos<br />

ou na pr3tica politica dos candidatos. Tal ~io<br />

confirma a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a Analise<br />

do Discurso <strong>de</strong>ve investigar, prioritariamente, a fonna <strong>de</strong> e~<br />

do discurso, e nio<br />

apenas 0 conteUdodo que e dito.<br />

Confonne exposto no capitulo do Referencia1Te6rico e verificado na Analise do<br />

Corpus, as diferenctaSpercebidas na argum~<br />

entre 0 ato <strong>de</strong> convencer e 0 ato <strong>de</strong><br />

persuadir in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do pUblicoalvo ao qual 0 orador se dirig~~ll1o~\l~urso' 0


Em linhas gerais a proPOIgalldaeleitoral <strong>de</strong> Collor utilizou uma estr~gUl.<br />

discursiva mais retorica, os discursos fundamentaram-se predoIllimntementemais<br />

nos<br />

conceitos do provavel e do possive~ que do verda<strong>de</strong>in:>.Os argumentos quase sempre se<br />

basearam numa realida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>alizada, ou seja, criada no proprio enunciado e abstraida do<br />

contexto social ja instituido. Enquanto que nos discursos produzidos na propOIgallda<br />

eleitoral <strong>de</strong> Lula houve uma predominancia <strong>de</strong> uma argumen~o<br />

1000caque buscou<br />

convencer 0 eleitor fazendo apelo a sua consciencia cognitiva (in


o programa <strong>de</strong> Lula, por sua vez, mostrou clips com imagens postais do Brasil e<br />

clips com as trilhas musicais e jingles gravados por artistas que apoiaram a campanha da<br />

FBP. au seja, da mesma forma como a propaganda <strong>de</strong> Collor fez inseryOes<br />

contextllaljzadas, recorrendo em alguns momentos aos fatos, a propaganda <strong>de</strong> Lula<br />

tambem tew momentos <strong>de</strong> se abstrair da reaJida<strong>de</strong>historica, e recorrer a formas textuais<br />

da fi~io (on<strong>de</strong> a ~ e lMe da <strong>de</strong>scriyio fiel dos fatos) tais como quadros <strong>de</strong> humor<br />

e vinhetas.<br />

Foi possivel perceber, assim, que tais estrat6gias po<strong>de</strong>m acontecer em qualquer<br />

campanha poHtica in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das suas cono~<br />

i<strong>de</strong>olOgicas.Ressalta-se, no<br />

entanto, algumas diferenyas baseas<br />

na fOIlIlaV<strong>30</strong>textual e na fundamentayao dos<br />

argwnentos. Essas diferenyas tanto po<strong>de</strong>m ser atribuidas as distiny6es conceituais nas<br />

filosofias poHticas e as divergencias metodol6gicas das ayOes poHticas, como po<strong>de</strong>m<br />

relacionar-se as estrategias das poHticas <strong>de</strong> comunicayio e dos planejamentos das<br />

campanhas como um todo.<br />

Conclui-se que a opyio par urn discurso cujas diferenyas estejam enraizadas<br />

predominantemente no contexto social, levando-se em conta 0 quadro atual da socieda<strong>de</strong><br />

brasileira, <strong>de</strong>ixa a mensagem mais <strong>de</strong>nsa. Por outro lado, os discursos que se abs1raem<br />

<strong>de</strong>ssa reaJida<strong>de</strong>e apresentam 0 i<strong>de</strong>al como urn patamar atingive~ten<strong>de</strong>m a obter urn tom<br />

otimista, grayas a estratCgia<br />

<strong>de</strong> sublimar as contradiy6es e os conflitos verificados no<br />

presente ou no passado, men.cionandoprioritariamente0 futuro.


De tun lado, a calma, ainda que sob 0 risco <strong>de</strong> ser sOaparente, do outro, a wivel<br />

disposi~aopara 0 confronto politico na tentativa <strong>de</strong> elucidar os fatos. Necessariamente,<br />

"calma" e "confronto" nao tern aqui, respectivamente, 0 carater <strong>de</strong> "louvavel" e <strong>de</strong><br />

"reprovavel".Atraves da analise comparativa dos principais procedimentos observados na<br />

argumenta~ao dos candidatos, fica claro que as estrategias adotadas por Collor tinham<br />

tuna chance maior <strong>de</strong> aceita~ao. Seus discursos nio traziam marcas i<strong>de</strong>olOgicas que<br />

fossern nitidamente i<strong>de</strong>ntificadas a nivel textual. De modo geral tinham como referencia<br />

caracteristicas pessoais do candidato e, por tal, subjetivas. Quando esse fenomeno nao<br />

ocoma, as referencias cram ainda mais difusas e genencas, a exemplo, da promessa <strong>de</strong><br />

persegui~io aos "marajas" que lhe ren<strong>de</strong>u 0 "titulo" <strong>de</strong> "0 ~<br />

dos marajas".<br />

Ii os discursos <strong>de</strong> Lula, traziam uma <strong>de</strong>fini~ i<strong>de</strong>ol6gica que 0 tornava<br />

comprometido com <strong>de</strong>tenninados segmentos da socieda<strong>de</strong> e combativo a setores<br />

especificos, cujos representantes tinham nome, origem social ou qualquer outra referencia<br />

i<strong>de</strong>ntificada pelo candidato da FBP. Quando se referia a urn dos donos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

comuni~io<br />

do pais, Lula <strong>de</strong>stacava 0 nome <strong>de</strong> Roberto Marinho; quanta referia-se a<br />

aJgumdos ricos industriais brasileiros i<strong>de</strong>ntificava urn sujeito especifico: Mario Amato; e<br />

assim por diante.<br />

Tanto e assim, que 0 programa da Frente Brasil Popular acusava Collor <strong>de</strong> fazer<br />

"0 jogo do escon<strong>de</strong>--escon<strong>de</strong>".Desse modo, 0 que diferenciou os procedimentos <strong>de</strong> Lula<br />

dos procedimentos <strong>de</strong> Conor nio foram apenas discordincias em questaes conceituais ou<br />

nas estrategiaspoliticas, mas sobretudo diferenyaspercebidas nas estrategicas discursivas.<br />

Conor nio revelou seus apoios politicos e Lula ressaltou <strong>de</strong> fonna evi<strong>de</strong>nte as alianyas<br />

que realizou no segwldo twno.<br />

Alem <strong>de</strong>sta, observa-se ainda tuna diferen~a mais<br />

significativa,que consiste no fato <strong>de</strong> Collor nio ter falado claramente sabre 0 tema e Lula<br />

ter <strong>de</strong>stacado que Collor nio estava revelando as pr6prias alianyas.


Na verda<strong>de</strong>, a estrategia adotada pelo PRN, com re~io<br />

a este episOdio e outros,<br />

ultrapassa a seara da analise do discurso, na abordagem lingiiistica, po<strong>de</strong>ndo ser analjsada<br />

por areas afins que se <strong>de</strong>diquem a investigayio dos principios eticos e morais da<br />

propaganda politica.<br />

E necessano dizer que Collor em v3rias situay3es usou a insinl1a9io e 0<br />

subterfUgio como estrat6gias <strong>de</strong> conduta e, em alguns momentos, disseminou 0<br />

"terrorismo" mostrando 0 candidato da FBP como \Una am~a as institui~<br />

<strong>de</strong>mocraticas. Lanyou mio aincla, do chamado argwnento "ad homine", que atinge a<br />

dimensio pessoal e nio a dimensio politica do sujeito, 1razendo .MIrian Cor<strong>de</strong>iro, mae <strong>de</strong><br />

Lurian (filha do candidato da FBP), para <strong>de</strong>por contra Lula. Sem dUvicla, 0 abrangente<br />

campo da comuni~ poJitica po<strong>de</strong> ser abordado <strong>de</strong> diversas fon.nas, a.<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />

area na qual se inscrevam as pesquisas a serem <strong>de</strong>senvolvidas.<br />

Na analise do discurso nio existem gran<strong>de</strong>s novida<strong>de</strong>s quanto a metodologia<br />

da<br />

investigayio. De modo geraL os estudiosos que enveredam nessa linha <strong>de</strong> pesquisa<br />

trabalham com teorias da Jingiiistica e quase sempre outras teorias <strong>de</strong> carater auxiliar,<br />

provindas <strong>de</strong> areas afins ao tema anaJjsado. A abordagem ten<strong>de</strong>, na maioria das vezes, ao<br />

estudo comparativo que invcstiga os pontos semelhantes, assim como os diferentes, entre<br />

a ~<br />

oral ou escrita que constitui a amos1ra.<br />

Na verda<strong>de</strong>, essas areas ate entio mencionadas,"~~" e "Analise


produ'rao discursiva oral e escrita dos seus autores. Uma perspectiva tio<br />

ou mais<br />

interessante seria a inves~ao sobre em que baseia a interpre~ao daqueles para os<br />

quais os referidos discursos se dirigiram. Para isso seria necessario que 0 "corpus" da<br />

pesquisa fosse integrado por uma amostra estratificada e representativa do niunero total<br />

da pop~ votante, levando-se em conta as varaveis: sexo, ida<strong>de</strong>, grau <strong>de</strong> ins~ao e<br />

Durante a elabo~ao da dis~o <strong>de</strong> mestTado cheguei a indagar a1gumas<br />

pessoas sobre as elei~<br />

<strong>de</strong> 89 - Iipida e informalmente - com 0 objetivo claro <strong>de</strong> sondar<br />

a pertinencia do tema abordado. Nwna rua estreita da popular feira Jiwe do bairro <strong>de</strong><br />

Casa Amarela ouvi <strong>de</strong> umajovem "ah... sei Ja. .. acho que eu me amarrava nojeitinho<br />

<strong>de</strong>lefalar ...", referindo-se a Collor. Enquanto isso urn senhor apressado que passava pelo<br />

Mesmo sem nenhurn criterio rigido que se exige para composi~<br />

<strong>de</strong> wna<br />

amostra, <strong>de</strong> certa forma, essas breves consi~Oes<br />

<strong>de</strong> dais eleitoresja indicam a1gumas<br />

das motiva~<br />

que levaram os eleitores a escolha <strong>de</strong> cada urn dos dois candidatos em<br />

disputa no segundo tumo pcla PresidCnciada RepUblicaem 1989. Uma das opiniOesrecai<br />

sobre a forma do discurso, a outra <strong>de</strong>staca uma questio conceitual, ou seja, urn dos<br />

pontos que revelam 0 conteUdodo discurso.<br />

E sa1>ido-~ em toda ~io<br />

on<strong>de</strong> se tem em jogo wna tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisio, terse-a<br />

~UJl?~~~xtenso<br />

campo <strong>de</strong> investigavio. Mora 0 contexto. politico, a seara<br />

juridica, por exemplo, constitui-se numa excelente area <strong>de</strong> estudos, que vem <strong>de</strong>spertando<br />

o interesse e motivando trabalhos tanto <strong>de</strong> juristas quanto <strong>de</strong> lingiiistas.<br />

o Direito, nas suas varias espec~<br />

<strong>de</strong>fronta-se com 0 conflito <strong>de</strong> interesses<br />

das partes envoMdas nwna <strong>de</strong>temrinada questio. Assim, lida com a controversia, a


diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concepyoes diante <strong>de</strong> urn tema conceitual, ainda que nesse caso os pontos<br />

<strong>de</strong> vista possam convergir para urn mesmo ponto.<br />

Sobretudo 0 Direito Penal, por envolver 0 julgamento <strong>de</strong> uma causa e po<strong>de</strong>r<br />

contar com a participayao <strong>de</strong> representantes do conjunto da socieda<strong>de</strong>; oferece urn<br />

terreno vasto para veri:ficayao n<strong>30</strong> sO <strong>de</strong> quais os fundamentos<br />

da argumentayao da <strong>de</strong>fesa<br />

e da acusayao, como tambem para a analise do que, nos referidos discursos, leva ao<br />

convencimento ou a persuasio, 0 jUri responsavel pela forrrtayio <strong>de</strong> urn julgamento:<br />

culpado(a) ou inocente.<br />

Nessa perspectiva a ci8ncia da linguagem apresenta 0 privil6gio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estudar a<br />

prOpria lingua e ainda possibilitar a analise dos fundamentos das <strong>de</strong>mais areas do<br />

conhecimento,<br />

principalmente quando estas se inter-relacionam.


A <strong>de</strong>cupagem da propaganda eleitoral gratuita seguiu as nonnas <strong>de</strong> transcriyao<br />

adotadas <strong>de</strong> forma padronizada pelo NURC - Projeto <strong>de</strong> Estudos da Nonna LingOistica<br />

Culta - com 0 objetivo <strong>de</strong> transcrever os discursos veiculados pela 1V para a linguagem<br />

escrita na qual se proce<strong>de</strong>u a analise do corpusl.<br />

Segue adiante urn quadro com a apresentayio das nonnas utiljzadas e a <strong>de</strong>vida<br />

explicayao das alteravQes procedidas a hem da melhor compreensio<br />

do referido trabalho.<br />

Observa~6es:<br />

a. Foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas algumas das nonnas <strong>de</strong> transcri~ relacionadas as<br />

indicay5es <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m supra-segmental, por nao serem estas <strong>de</strong> interesse para a<br />

presente pesquisa;<br />

b. Nesse sentido tambem nio foram <strong>de</strong>stacados: tomadas <strong>de</strong> tumo, superposi~ao <strong>de</strong><br />

falas ou tnmcamentos;<br />

c. Em respeito as referidas nonnas nao foram utilizados os sinais da lingua escrita<br />

que indicam algum tip<strong>de</strong> pontuayao: virgula, ponto e virgula, ponto e dois<br />

pontos;<br />

d. Foi preservada a marcacao das expressOes faticas e das in~ por serem<br />

consi<strong>de</strong>radas relevantes para compreensio dos emmciados, mesmo que estas nao<br />

se constituam no objeto especifico ou prioritario da investigayio;<br />

e. Foi adotado 0 registro das exclamayi)es, embora 0 mesmo nao seja recomendado<br />

nas nonnas <strong>de</strong> transc~.<br />

1 E necessiu:io esclarecer que possivehnente alguns dos discursos foram originalmente produzidos ern<br />

1ingua escrita. Porern, uma vez transmitidos pela TV assumern 0 registro <strong>de</strong> grava98.0 ern audio, que reitne<br />

tanto as "falas" propriamente ditas, quanto as interven90es previamente escritas e lidas com auxilio do<br />

teleprompter


OCORRENCIAS SINAIS EXEMPLIFICA


Textos referentes ao terna das alian~<br />

politicas - IDEIA<br />

Texto 1 - Lula - Prograrna da FBP 162<br />

Texto 2 - Collor - Prograrna do PRN" 164<br />

Texto 3 - Collor - Prograrna do PRN" 165<br />

Texto 4 - Lula - Prograrna da FBP 166<br />

Texto 5 - Lula - Prograrna da FBP 167<br />

Texto 6 - Collor - Prograrna do PRN" 168<br />

Textos referentes ao tema <strong>de</strong> Canas do Sul- FATO<br />

Texto 7 - Belisa Ribeiro - Prograrna do PRN" 170<br />

Texto 8 - Collor - Prograrna do PRN" 171<br />

Texto 9 - Locutor - Prograrna da FBP 172<br />

Texto 10 - Locutor - Prograrna da FBP 174<br />

Texto 11 - Juarez Soares - Prograrna da FBP 176<br />

Texto 12 - Locutor - Prograrna da FBP 177<br />

Texto 13 - Locutor - Prograrna do PRN" 181<br />

Texto 14 - Locutor - Prograrna PRN" 184<br />

Tertos e imagens referentes ao terna "Universos Referenciais ...••<br />

Texto 15 - Collor - Prograrna do PRN" 186<br />

Texto 16 - Lula - Prograllla da FBP 187<br />

Figura 1 - Collor - Prograrna do PRN" 188<br />

Figura 2 - Collor - Prograrna do PRN" 188<br />

Figura 3 - Lula - Prograrna da FBP 188


Imagem<br />

Lulaem<br />

estlidio<br />

Audio<br />

eu quero <strong>de</strong>dicar esse que e 0 prlmeiro program a do segundo<br />

turno aos eleitores brasileiros ... aos mais <strong>de</strong> setenta milhOes <strong>de</strong><br />

brasileiros que foram as ruas para garantir a <strong>de</strong>mocracia nesse<br />

pais ... mas ... sobretudo ... eu queria agraclecer aos eleitores que<br />

votaram no /rente Brasil popular ... aos eleitores que jizeram xis<br />

["x"] no numero treze ... no nome do Lula. .. aos eleitores que<br />

votaram no pdt ... no psdb ... que votaram no pcb ... aos eleitores<br />

que votaram nos candidatos progressistas da nossa socieda<strong>de</strong> ... e<br />

agora que nOs chegamos ao segundo turno ... nossa tarefa<br />

aumenta <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> ... nOs vamos ter que trabalhar um<br />

pouco mais para construir o Brasil dos nossos sonhos ... nOs<br />

vamos ter que trabalhar um POUComais para evitar que a direita<br />

conservadora se mantenha no pa<strong>de</strong>r travestida <strong>de</strong> candidatura<br />

mo<strong>de</strong>rna. .. agora os dois /ados estiJo mais nitidos ... agora niJo<br />

po<strong>de</strong> existir a dUvida que persistia quando tinha um monte <strong>de</strong><br />

candidato na televis/io ... agora. .. <strong>de</strong> um /ado voce tem um<br />

candidato que representa 0 Po<strong>de</strong>r econOmico ... que representa os<br />

interesses dos latifundiilrios ... que representa os interesses dos<br />

gran<strong>de</strong>s empresarios ... que representa os interesses dos<br />

banqueiros ... que representa os interesses dos donas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

cacleias <strong>de</strong> sUPermercado ... e do outro /ado ... voce tem 0<br />

candidato que representa 0 conjunto da socieda<strong>de</strong> brasileira. ..<br />

representadapelo povo oprimido <strong>de</strong>sse pais ... os camponeses ... os<br />

setores medios da socieda<strong>de</strong> ... os intelectuais ... ofimcionalismo<br />

pUblico... 0 pequeno e medio lavrador ... 0 Pequeno e medio<br />

empresilrio ... 0 pequeno e medio comerciante ... 0 <strong>de</strong>scalyo ... os<br />

<strong>de</strong>spossuidos <strong>de</strong>sse pais ... aqueles que Pelo seu trabalho niJo<br />

conseguem conquistar 0 direito da sua cidadania. .. e nOs so<br />

Po<strong>de</strong>remos construir essa socieda<strong>de</strong>justa. .. junto com todos os<br />

setores <strong>de</strong> esquerda <strong>de</strong>sse pais ... junto com totios os setores<br />

progressistas que nesses Ultimos <strong>anos</strong> lutaram ... incansavelmente<br />

para conquistar 0 direito <strong>de</strong> votar no dia <strong>de</strong>zessete <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro ...<br />

a gente eleger 0 presi<strong>de</strong>nte da repUblica... e eu estou convicto que<br />

voces niJo viio querer mo"er no praia ... e eu estou convicto <strong>de</strong><br />

que nOs niio vamos jogar essa oportunida<strong>de</strong> fora ... votanda em<br />

Dessoas Que nao tem comlJromisso com 0 TJOVO••• votanda em


Imagem<br />

Audio<br />

pessoas que <strong>de</strong> diafala mal dos empresarios ... <strong>de</strong> noite beija a mao<br />

dos empresarios ... que <strong>de</strong> diafala mal dos militares ... e <strong>de</strong> noite<br />

beija a mao dos militares ... que <strong>de</strong> diafala mal <strong>de</strong> alguns donos <strong>de</strong><br />

meio <strong>de</strong> comunicCl9Iio... <strong>de</strong> noite vai pedir e beijar a moo <strong>de</strong>sse<br />

mesmo dono <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> comunicCl9aO... eu tenho certeza ... certeza<br />

absoluta que eu e voces vamos chegar juntos no dia <strong>de</strong>zessete <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro e vamos ganhar essas elei~5es


Imagem Audio<br />

Extema - nOs somos a maioria ... afina/ <strong>de</strong> contas nOs temos compromisso<br />

Collor<br />

com a parcela mais sofrida da popula9ao ... os nossos<br />

discursando no compromissos voces sahem muito bem ... niio SaD com os<br />

comicio em po<strong>de</strong>rosos ... nao sao com aqueles queja ganharam muito com 0<br />

Palmeira dos sofrimento da nossa gente<br />

Indios-AL


Imagem<br />

Audio<br />

Collorem minha gente ..~voces estiio vendo tudo que esta acontecendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0<br />

esmdio primeiro dia <strong>de</strong>ssa nossa segundafase da campanha eleitoral... e<br />

esta acontecendo exatamente 0 que eu disse a voces que ia<br />

acontecer ... nos juntos <strong>de</strong> um lado ... voce e eu... e os nossos<br />

adversarios do outro lado ... fazendo qualquer coisa ... qualquer<br />

alianya. .. qualquer conchavo ... em troca <strong>de</strong> votos ... e isto minha<br />

gente ... nQo e ter honra ... isto minha gente ... nQo e ter coragem ...<br />

uma coisa e dizer 'eu soupobre' ... coisa que hoje e/eja nQOe<br />

mais ... outra coisa e dizer 'eu sou pe/o pobre' ... coisa que ele nQO<br />

tem <strong>de</strong>monstrado na pratica ser .... e sim ... ter palavra ... ter<br />

honra. .. ter coragem ... ter experiencia e ter capacida<strong>de</strong> p'ra<br />

governar .... ter uma hist6ria e pa<strong>de</strong>r dizer como eu digo aqui ...<br />

olhanda nos o/hos <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> voces ... eu nao tenho<br />

compromisso com nenhum grupo ... com nenhumpolitico ... com<br />

nenhum empresario ... meu compromisso sera sempre com quem<br />

esteve ao meu lado ... meu compromisso e com voce ... ninguem ...<br />

minha gente ... mas ninguem mesmo nos impedira <strong>de</strong> chegar la...<br />

afinal... chegou a nossa vez!


IImagem<br />

Lula em<br />

Audio<br />

[...] ao contrario do meu adversario que mete 0 pau nos<br />

estfulio empresario <strong>de</strong> dia e vai tomar a ben~a pros empresario <strong>de</strong> noite ...<br />

que mete 0 pau nos militares <strong>de</strong> manha e vai pedir <strong>de</strong>sculpa <strong>de</strong><br />

noite ... nOs nao ... as nossas alian9as sQo publicas e nos estamos<br />

dizendo porque queremosfazer alian9as ... queremosfazer alian9a<br />

em torno <strong>de</strong> um program a que possa ajudar a tirar 0 Brasil e a<br />

classe trabalhadora do sufoco em que ela se encontra ... queremos<br />

uma alian9a com pessoas que tenham um passado politico ... que<br />

tenham historia. .. porque as pessoas com quem nos estamos nos<br />

aliando tiveram um passado <strong>de</strong> luta... embora possamos ter<br />

divergencias <strong>de</strong>les ... mas tiveram um passado <strong>de</strong> luta<br />

extraordinilrio nesse pais ... quase todos elesforam cassados ... e<br />

enquanto todos eles estavam exiladas ... 0 nosso adversano recebia<br />

das maos dos militares ... a prefeitura <strong>de</strong> Maceio p'ra governar ... e<br />

por isso que ele se envergonha dos aliados <strong>de</strong>les e nOs nos<br />

orgulhamos dos nossos aliados ... e nOs queremos mais gente ... nos<br />

queremos mais gente com competencia porque nOs queremos juntar<br />

em loma da nossa candidatura tadas as pessoas <strong>de</strong> bem <strong>de</strong>sse<br />

pais ... todas as pessoas que querem construir uma nova patria ...<br />

uma patria on<strong>de</strong> os interesses do Brasil prevale~am sabre os<br />

interesses dos oulros ... uma patria em que no Brasil todos possam<br />

viver <strong>de</strong>centemente e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse leque <strong>de</strong> alian9as que nOs<br />

estamos fazendo ... nOs queriamos chamar voce p'ra vim se aliar a<br />

frente Brasil popular


Imagem<br />

Audio<br />

Fotos PxB <strong>de</strong> a re<strong>de</strong> povo apresenta ... ojogo do escon<strong>de</strong> ... escon<strong>de</strong> ... umjogo<br />

Collor e muito in/anti!...<br />

apoiadores<br />

altemam-se na<br />

tela<br />

(BG - eu sou rico, rico, rico, <strong>de</strong> marre, marre, marre))<br />

Amato/Collor Mario Amato apoia Collor ... mas Coli or escon<strong>de</strong> ...<br />

AlvesiConor Roberto CardosoAJves apoia Collor ... mas Coli or escon<strong>de</strong> ...<br />

Marinhol " RobertoMarinho apoia Co/lor ... mas Co/lor escon<strong>de</strong> ...<br />

ACM/Collor AntOnio Carlos Magalhaes sempre apoiou Co/lor ... mas Collor<br />

sempre escon<strong>de</strong>u. ..<br />

Caiado/Collor Ronalda Caiado apoia Collor ... mas Collor se escon<strong>de</strong> ...<br />

Close - Collor por triJs <strong>de</strong>le estao os homens que levaram 0 Brasil a essa crise ...<br />

Close - Collor nao adianta. .. por mais que ele queira. .. nunca vai pa<strong>de</strong>r escon<strong>de</strong>r<br />

isso


Audio<br />

Pescador<br />

Orestes<br />

Generoso em<br />

Locutor em off<br />

o dono <strong>de</strong> re<strong>de</strong> que fez alianya com Collor ...<br />

mais um dos vinte milhOes <strong>de</strong> brasileiros que convida voce a<br />

colorir tamoom e mudar 0 pais ...<br />

Garyom<br />

Claudionor<br />

Frondoloso em<br />

PxB<br />

Locutor em off<br />

leva seus <strong>de</strong>z por cento efaz alianya com Collor ...<br />

Garyoma<br />

cores<br />

mais um dos vinte milh5es <strong>de</strong> brasileiros que convida voce a<br />

colorir tamoom e mudar 0pais ...<br />

Pasteleiro Joio<br />

Bosco<br />

Ximenes em<br />

PxB<br />

Locutor em off<br />

enroJou a massa eftz alianya com Collor ...<br />

mais um dos vinte milhOes <strong>de</strong> brasileiros que convida voce a<br />

colorir tamoom e mudar 0pais ...<br />

Balconista<br />

Walter Tavares<br />

Pinto emPxB<br />

Locutor em off<br />

o gran<strong>de</strong> empresiJrio quefez<br />

alianya com ColJor...


Texto 6 (coot)<br />

Imagem Audio<br />

Balconista a mais um dos vinte milhi5es <strong>de</strong> brasileiros que convida voce a<br />

cores colorir tambem e mudar 0 pais ...<br />

Locutor em off<br />

ldosos em PxB a banco que fez aliarlfa com Collar ...<br />

sentados nwn<br />

banco<br />

Idosos a cores<br />

mais um dos vinte milhOes d£ brasileiros que convida voce a<br />

colorir tambem e mudar 0 pais ...


Imagem<br />

Belisa Ribeiro<br />

oi... eu sou a Belisa ... meu nome e Belisa Ribeiro ... eu sou<br />

jornalista ... eu trabalho aqui fazendo 0program a <strong>de</strong> tv do<br />

Collor ... era mais ou menos meia noite ... a gente ja tava indo<br />

quase embora pra casa ... e a gente teve que parar a ediryiio... 0<br />

Collor nump6<strong>de</strong>fazer a comicio <strong>de</strong>le em Caxias ... no Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul. .. tinham quebrado tudo eks tinham quebrado 0 nosso<br />

palanque ... as nossas camaras a luz... 0 vt... tudo quebrado ...<br />

ate 0( )do nosso eletricista. .. niio da pra acreditar nisso ...<br />

gente igual a gente ... gente jovem gente que nunca votou pra<br />

presi<strong>de</strong>nte quebrando ... batendo 0 que voce vai ver agora e 0<br />

que restau. .. mas amanhii a gente prometefazer um program a<br />

mais bonito ... ta?<br />

Extemas do<br />

comicio em<br />

Caxias<br />

eu mando provar quem e a cara do pt e 0 que fez na presi<strong>de</strong>ncia<br />

do sindicato do crime ... sindicato do crime ... SaD eles


Imagem<br />

Audio<br />

Extema - eu quero lamentar 0 ocorrido ... eu quero lamentar 0 ocorrido no<br />

Collor em <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> solidarizar a toda POpu1a9ao <strong>de</strong> Caxias do SuI e <strong>de</strong>sta<br />

entrevista regilio pela cena que eles presenciaram ... afinal <strong>de</strong> contas isso<br />

coletiva nao e proprio do povo gaUcho ... nem tao pouco <strong>de</strong> Caxias do<br />

SuI... as informa90es que nos chegam dao conta <strong>de</strong> que 6nibus <strong>de</strong><br />

outros estados ... <strong>de</strong>zenas e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> 6nibus <strong>de</strong> outros estados<br />

pra ca correram ... trazendo as pessoas que proporcionaram esse<br />

triste espetlzculo para 0 processo <strong>de</strong>mocratico do nosso pais ...<br />

lamentavelmente esses episOdios que come9aram a ... que tiveram<br />

inicio por volta das <strong>de</strong>zoito horas ... quando eu estava no meio da<br />

minha peregrina91io no Rio Gran<strong>de</strong> ... <strong>de</strong>monstra muito bem 0 flU<br />

soUl 0 gwenUJ. pt .. 0 governo do pt seria exatamente isso ... a<br />

chegada ao po<strong>de</strong>r ... da bagun9a. .. da intolerdncia. .. da<br />

intransigencia. .. da ba<strong>de</strong>rna. .. do coos ... isso retrata com letras<br />

maiilsculas e com letras que nos mostram com muita niti<strong>de</strong>z 0 que<br />

eles slio capazes <strong>de</strong> fazer para chegar ao po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> ao chegar ao<br />

Fa<strong>de</strong>r qual e a sua a91iopolitica ... entao eu tenho que con<strong>de</strong>nar e<br />

responsabilizar 0 pt ... 0 seu candidato e os seus dirigentes pelas<br />

vitimas que foram (feitas) <strong>de</strong>ste episOdio... pelas Pessoas que<br />

foramftridas ... pelas pessoas que tiveram a sua. .. ah tiveram a<br />

sua cidadania qfendida neste episOdio... e um momenta que nOs<br />

temos que rejletir 0perigo que corre as nossas institui90es<br />

<strong>de</strong>mocraticas caso 0 pt pelo menos ameace chegar ao po<strong>de</strong>r ...<br />

quero repelir <strong>de</strong> uma forma total e vigorosa essas atitu<strong>de</strong>s que SaD<br />

a tonica do pt em todos os locais ... em todos os momentos ...<br />

sempre a vioJencia do... dos seusfiliados sefizeram sentir pelos<br />

nossos militantes ... e ai esta 0 exemplo maior disso ... nao e essa. ..<br />

essa 0900 nao representa a alma do povo brasileiro ... nem 0<br />

sentimento naciona/. .. nao e <strong>de</strong>sta maneira que nOs estaremos<br />

construindo uma socieda<strong>de</strong> maisjusta. .. que nOs estarlamOS<br />

preservando a nossa <strong>de</strong>mocracia


Progrnma <strong>de</strong> P6s-Gr:JlduaQrlo<br />

em <strong>Letras</strong> e LinguIstics.<br />

UFPE<br />

Imagem<br />

Audio<br />

Homem a re<strong>de</strong> povo <strong>de</strong>nuncia ... segurant;as <strong>de</strong> Collor provocam a<br />

agredido -<br />

Foto PxB<br />

popu/at;Qo e tentam humi/har a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do SuI...<br />

Extemas em quinta-ftira a equipe <strong>de</strong> Co/lor bloqueou 0 centro da cida<strong>de</strong> para<br />

Caxias do SuI montar um palanque ... horas antes do comicio os coloristas<br />

passaram a divulgar oftnsas a Brizola e a Lula por po<strong>de</strong>rosos<br />

alto fa/antes com evkiente intent;Qo <strong>de</strong> pravocat;Qo ...<br />

Letreiro com no primeiro turno sessenta e seis por cento dos votos <strong>de</strong> Caxias do<br />

% superposto Su/foram para Brizola ... sete por cento para Lula e apenas seis<br />

a extemas virgula quatro por cento para Co/lor ...<br />

Fotos do a populat;QO da cida<strong>de</strong> sentiu-se ofendida com os ataques ... suas<br />

comicio em reclamat;Oes foram respondidas com pancadarias por /utadores<br />

PxB <strong>de</strong> karate e par segurant;as armadas <strong>de</strong> Co/lor ...<br />

Homem na hora do comicio atacaram pessoas que se encontravam na<br />

agredido e prat;a. .. usando a mesma vio/encia que no primeiro turno<br />

cenas <strong>de</strong> praticaram contra os jorna/istas e manifestantes ...<br />

confronto<br />

hnagem a vioIencia continuou no dia seguinte ... no programa da teve <strong>de</strong><br />

congelada <strong>de</strong> Collor ... onclefoi apresentada uma verSQOtotalmente falsa dos<br />

Belisa Ribeiro fatos ...<br />

Imagem esses silo os metodos do anti-<strong>de</strong>mocrata Collor e das classes<br />

congelada <strong>de</strong> dominantes que 0 apoiam ...<br />

Collor<br />

Intemas- na sexta-ftira. .. coloristas <strong>de</strong> Curitibaforam surpreendidos<br />

grupo <strong>de</strong> quando preparavam ... numa gr4fica ... panfletos falsos como sendo<br />

homenslclose dapt ..<br />

em panfleto<br />

Extema - a policia ft<strong>de</strong>ral apreen<strong>de</strong>u 0 material como vOCepo<strong>de</strong> ver nessas<br />

carro leva imagens ...<br />

material<br />

apreendido<br />

FotoPxB <strong>de</strong> a re<strong>de</strong> povo faz um alerta apopulat;Qo...<br />

Collor<br />

fazendo<br />

careta


Imagem Audio<br />

Repeti((<strong>30</strong> nao e a primeira vez que 0 aprendiz <strong>de</strong> ditador CoJ/orfaz isso e<br />

foto PxB nao sera a Ultima...<br />

homem<br />

agredido<br />

Foto PxB<br />

Collor e seus amigos milionarios farao quaIquer coisa para nao<br />

Collor per<strong>de</strong>rem a elei~ao ... mas niio vao conseguir enganar 0 POVO


Audio<br />

Foto PxB do<br />

comicio em<br />

Caxias do<br />

Sulihomem<br />

agredido/<br />

seguranya<br />

annado<br />

Tomadados<br />

jomaislsuper<br />

close das<br />

reportagens<br />

Foto PxB <strong>de</strong><br />

policiais<br />

annados/<br />

extemas <strong>de</strong><br />

manifestantes<br />

Extemas <strong>de</strong><br />

homemno<br />

tumulto<br />

Destaque<br />

circular em<br />

annanamio<br />

Tomad<strong>anos</strong><br />

Jotna1S<br />

Interna -<br />

imprensa<br />

cobrindo 0<br />

fato<br />

Externacarro<br />

leva<br />

material<br />

apreendido<br />

Close em<br />

jomal<br />

Locutor da FBP<br />

veja na re<strong>de</strong> pavo Col/or tentou pravocar e humi/har 0pavo do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sui .<br />

em sua passagem por oito cida<strong>de</strong>s gailchas na quinta-feira ...<br />

Co/lor pravocou conflitos em cinco ... Lajeado ... Osorio ...<br />

Vacarla. .. Passo Fundo e Caxias do Sui ...<br />

sabendo que e repudiado peJa gran<strong>de</strong> maiorla do pavo do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do SuI... Co/lor e sua comitivafizeram pravoca90es em<br />

todos os Iugares por on<strong>de</strong> passaram ...<br />

assim agem os inimigos da /iberda<strong>de</strong> os que estao interessados<br />

em tumultuar 0processo <strong>de</strong>mocratico .<br />

apoiadores <strong>de</strong> Collor imprlmem jornal falso para fazer terrorismo<br />

contra a campanha <strong>de</strong> Lu/a. ..<br />

o tre do Parana mandou apreen<strong>de</strong>r numa grOfica <strong>de</strong> Curitiba ...<br />

duzent& mil exemplares <strong>de</strong> um jornal que <strong>de</strong>turpa a proposta <strong>de</strong><br />

governo dafrente Brasil popular ...<br />

veja as imagens ... a policia fe<strong>de</strong>ral entra na grOfica do jornal e<br />

( ) apreen<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>jornaisfalsos ...<br />

este e um exemplar do jomal apreendido ... seu objetivo era<br />

espalhar boatos... assustar a popula91io para evitar a vitoria <strong>de</strong><br />

LuJa...


Imagem Audio<br />

RepOrter da FBP<br />

E<strong>de</strong>sio Passos o senhor acredita que existe envolvimento do candidato Collor <strong>de</strong><br />

advogado Mello na elabora9Qo <strong>de</strong>sses parifletos ...<br />

E<strong>de</strong>sio Passos evi<strong>de</strong>nte que isso e uma pratica nacional <strong>de</strong> Collor <strong>de</strong> Mello e<br />

evi<strong>de</strong>ntemente que ele tem conhecimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> situa9iio<br />

porque e apratica <strong>de</strong>le... que ele vem adotando e essa em todo<br />

territbrio nacional...<br />

Tomadados ja nos programas <strong>de</strong> televisiio ... isto esta claro e agora se<br />

JomatS confirma <strong>de</strong> uma forma escrita ... portanto agora conseguimos um<br />

flagrante ... no sentido da responsabiliza9iio direta <strong>de</strong> Collor <strong>de</strong><br />

Mello ... do seu partido e das pessoas que 0 apoiam ...<br />

Locutor da FBP<br />

Super close quem mandou fazer os jornais falsos foi Luiz Reina1do Zanon ...<br />

textos <strong>de</strong> rico industrial ... vice-presi<strong>de</strong>nte daft<strong>de</strong>raylio das indUstrias do<br />

reportagem Parana. ..<br />

Extema - Zanon e seus amigos milionQrlos do centro da livre iniciativa do<br />

apreensao do Parana silo apoiadores <strong>de</strong> Co/lor ...<br />

material<br />

FotoPxB <strong>de</strong> eles querem que fique tudo como esta. .. pense nisso<br />

Collor


Imagem<br />

Audio<br />

Externa - a gran<strong>de</strong> torcida brasiJeira niio e boba ... sabe peifeitamente<br />

jomalista quando aJguem quer ganhar 0jogo no tapetao ... voce se Jembra<br />

Juarez Soares do uJtimojogo da seleyaQ brasiJeira no maracana ... Brasil e<br />

em campo <strong>de</strong> Chile ... quando 0 goleiroRojas armou aquela tremenda<br />

futebol conifusao...<br />

- "<br />

« entra aqui 0 audio ambiente da natT~ do jogo pelo locutor em<br />

campo»<br />

Externa - ih... niio gostei disso ... nao ... apesar <strong>de</strong> niio ter atingido 0<br />

campo Juarez arqueiroRojas ... ele tafazendo um leatro donado Li .. 0 resto da<br />

em primeiro histIJria 0 povo brasileiroja sabe ... 0 Chile per<strong>de</strong>u os pontos ...<br />

plano Rojas foi impedido <strong>de</strong> jogar partidas internacionais e 0 Brasil se<br />

classificou para a copa do mundo ... agora 0 candidato Fernando<br />

Co/lor <strong>de</strong> Mello .. aprendiz <strong>de</strong> Rojas ... e seu time armaram uma<br />

gran<strong>de</strong> ence~ao numa briga em Caxias do SuI... umafarsa<br />

vergonhosa ... na qual 0 povo brasileiro nlio vai acreditar ... voce<br />

vai ver agora como Fernando Rojas <strong>de</strong> Mello e seu time armaram<br />

esta gran<strong>de</strong> confusao


Imagem Audio<br />

Cenas <strong>de</strong> rua a re<strong>de</strong> pavo foi a Caxias do Sui...<br />

<strong>de</strong> Caxias do<br />

Sul<br />

Igreja e Pra9a para fazer 0 trabalho jornalistico que a imprensa brasileira nao<br />

fez ...<br />

Pan das ruas foi ouvir 0 pavo da cida<strong>de</strong> sobre as cenas <strong>de</strong> violencia na cida<strong>de</strong><br />

na semana passada<br />

Transito pelas ruas e pra~as da cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna e progressista<br />

Gente na a reportagem encontrou um so sentimento ... 0 <strong>de</strong> revolta pela<br />

pra~e farsa montada pelo candidato Collor <strong>de</strong> Melo ...<br />

vefculos na<br />

rua<br />

Locutor em off<br />

Jose Eucli<strong>de</strong>s sabe quem e este homem sentado na porta <strong>de</strong> sua casa humil<strong>de</strong>? e<br />

na porta <strong>de</strong> o operarioJose Eucli<strong>de</strong>s ...<br />

casa<br />

Take em e 0 mesmo que aparece nessas fOlos ...<br />

jomal<br />

Cena<strong>de</strong> publicada pelos jornais agarrado pelo pescOfO por um seguran~a<br />

agressio <strong>de</strong> Collor ...<br />

Destaque enquanto outro segur~a ame~ava as pessoas com revolver ...<br />

circular em veja 0 que ele diz...<br />

anna<br />

Jose Eucli<strong>de</strong>s ele sacou essa arma pra agredir uma senhora. .. so pra agredir<br />

empnmeJro uma senhora. .. dai eu tenlei agarrar 0 bra~o <strong>de</strong>le ... ne... foi a hora<br />

plano que 0 seguran~a me agarrou ...<br />

RepOrter da FBP em off<br />

e 0 senhor acha que quem come~ou as agressOes?<br />

Jose Eucli<strong>de</strong>s olha. .. quem comefou partiu da seguranfa. .. partiu da seguranfa<br />

porque eu tava hem nafrente ali...do palco ... all <strong>de</strong>les ali... partiu<br />

<strong>de</strong>les ...<br />

Locutor em off<br />

Close em Jose Jose viu os seguran~as <strong>de</strong> Collor se preparando para a<br />

Eucli<strong>de</strong>s agressiio ...<br />

Jose Eucli<strong>de</strong>s tinha dois onibus <strong>de</strong> saD Paulo ...


Extema •<br />

<strong>de</strong>staque para<br />

letreiro Collor<br />

em camiseta<br />

<strong>de</strong>um<br />

homem<br />

Audio<br />

RepOrter da FBP em off<br />

tinha muita gente?<br />

tinha bastante gente ... os onibus gran<strong>de</strong> ... ne... lotado ne...<br />

inclusive tinha um... que era so seguran9a ... que antes que eles<br />

estavam organizado<br />

a gente via ... eu principalmente vi tudo ... eles se vestindo ... ne...<br />

botando as camiseta do Collor ... e colete por baixo ...<br />

RepOrter<br />

as ( ) e os coletes?<br />

nlio os colete ... nlio... vermelho e branco ...<br />

meia manga so?<br />

meia mango. .. so ...<br />

RepOrter<br />

[pergunta in<strong>de</strong>cifravel]<br />

exatamente ...<br />

Locutor<br />

Imagemem<br />

primeiro<br />

plano<br />

congelada <strong>de</strong><br />

MaraRUbia<br />

Extema<strong>de</strong><br />

MaraRubia<br />

essa testemunha diz que os coloristas come9aram a provoca9lio<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 0 dia anterior ...<br />

no vespera do comicio ... mais ou menos nessa horo' .. sete e<br />

pouco ... eu vim dar uma passada por aqui ... porque eu moro aqui<br />

ao redor ... entlio tinha que chegar la em cimo' .. um esquema<br />

tremendamente montado ne... era carro <strong>de</strong> Slio Paulo ... era<br />

caminhlio <strong>de</strong> Slio Paulo ... aquelo' .. aquela irifra-estrutura ... era<br />

um comicio belico e uma coisa que foi realmente revoltando a<br />

popula9lio ... e eu como moradora daqui ... ne... e como cidadli ... ja<br />

tava reagindo ... nlio aguentava na vespera isso ai...


Imagem<br />

Audio<br />

Locutor<br />

Fachada com o porteiro do edificio Minghelli que fica na pra9a do comicio viu<br />

nome do tudo ...<br />

edificio<br />

Francisco foi 0 proprio seguran9a do Collor ...<br />

Castilho na<br />

portaria do<br />

predio<br />

RepOrter da FBP<br />

quem come9oufoi 0proprio seguran9a do Collor?<br />

Francisco ...seguran9a do Collor que saiu armado ali... com um pe~o <strong>de</strong><br />

Castilho porrete que eu vi...<br />

RepOrter da FBP<br />

Francisco<br />

Castilho<br />

o senhor viu?<br />

eu vi... eu lava ali na porta olhando ... e por ai foi que come9OU<br />

<strong>de</strong>pois as co1flUsiJes...<br />

Locutor<br />

Rapaznao esse rapaz que mora num predio da prQ9a assistiu a farsa <strong>de</strong> seu<br />

i<strong>de</strong>ntificado apartamento ...<br />

Rapaznao quem tirou 0 cacete ... quem <strong>de</strong>u primeiro ne foi 0 Fernando<br />

i<strong>de</strong>ntificado Collor ... que eu vi...<br />

<strong>de</strong> camisano<br />

ombro<br />

RepOrter<br />

voce mora aqui perto?<br />

Fachada do ai em cima. ..<br />

prCdio<br />

RepOrter<br />

da pra ver tudo?<br />

Zoom no ah?<br />

apto.<br />

RepOrter<br />

da pra ver tudo?<br />

ne... dava pra ver ... ne...


Imagem Audio<br />

Locutor cia FBP<br />

Foto PxB o radialista Jdnio Me<strong>de</strong>iros que estava atras <strong>de</strong> Collor na<br />

com <strong>de</strong>staque entrevista do aeroporto ... conta que os assessores <strong>de</strong> Collor<br />

circular no ficaram satisfeitos quando souberam do coriflito... alguns<br />

radialista assess ores do pm niio escon<strong>de</strong>ram uma certa satisfaqiio ... com as<br />

Jamo maniftsta~Oes que estavam ocorrendo no comicio ...<br />

Me<strong>de</strong>irosao<br />

lado <strong>de</strong> Conor<br />

Foto PxB <strong>de</strong> Locutor<br />

Wahnor para 0 advogado Walmor Vitechi... ex-presi<strong>de</strong>nte da or<strong>de</strong>m dos<br />

Vitechi advogados <strong>de</strong> Caxias do Sui ... foi tudo premeditado ...<br />

Extema<strong>de</strong><br />

WaJmor o que ocorreu aqui ... que 0povo do Brasil todo saiba. .. foi<br />

Vitechi na rua realmente uma provocaqiio ... come~ com Collor <strong>de</strong> Mello e seus<br />

assessores com 0 intuito exatamente esse <strong>de</strong> criar tumulto na<br />

Popularnao principal pra~a <strong>de</strong> Caxias do SuI ...<br />

i<strong>de</strong>ntificado eles faJaram que querem fazer <strong>de</strong>mocracia mas eu niio sei qual e a<br />

FotosPxB <strong>de</strong>mocracia que e1es queremfazer abaixo do porrete no pava ... ne/<br />

comcenas <strong>de</strong><br />

agressio<br />

((his - 0 conteUdo <strong>de</strong>sta entrevista e repetido»


Im82em<br />

1&.Tomada-<br />

Brizola <strong>de</strong><br />

perfil<br />

2&.Tomada-<br />

Brizola em<br />

est6dio<br />

Audio<br />

01... oJ...01...vamos fazer a reforma agraria nas terras do Bisol?<br />

nos nao temos condi90es <strong>de</strong> nos apresentar num palanque com<br />

alguem que como candi ... como senador da repUblica... ora ... foi<br />

Ja no banco do Brasil tirar dinheiro para fazer emprestimo numa<br />

tatica que realmente e um prenuncio <strong>de</strong> que niio se corrige nada<br />

nesse pazs . ... "<br />

Locutor em off.<br />

Brizola <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> subir no palanque com Lula. .. Brizolafoi mais<br />

forte que Lula e disse nlio aofazen<strong>de</strong>iroBisol ..<br />

EstTela do PT<br />

em quadro<br />

Fusao <strong>de</strong><br />

imagem: a<br />

estrela e<br />

Caxias do SuI<br />

Cenas <strong>de</strong><br />

tumulto<br />

Destaque<br />

circular em<br />

homemcom<br />

cassetete<br />

Imagem<br />

congelada <strong>de</strong><br />

J.Eucli<strong>de</strong>s,<br />

M.Rubia,<br />

J.Me<strong>de</strong>iros e<br />

W.Vitechi<br />

a estrela do pt esta manchada <strong>de</strong> vergonha numa <strong>de</strong>scarada<br />

<strong>de</strong>monstra9iio <strong>de</strong> fa/ta <strong>de</strong> resPeito<br />

para com a verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo pela serieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas<br />

e1ei95es... opt montou a mais vergonhosafarsa <strong>de</strong> que se tem<br />

noticia na histiJria da <strong>de</strong>mocracia do Brasil... <strong>de</strong>sceu ao mais<br />

baixo nivel da indignida<strong>de</strong> ... da mesquinharia. .. da in<strong>de</strong>cencia. ..<br />

tentou <strong>de</strong>smentir a imprensa eficou ao /ado dafrau<strong>de</strong> ... da<br />

baixeza ... dafa/ta total <strong>de</strong> compostura politica ...<br />

nOs mostramos aqui no programa <strong>de</strong> Co/lor a violencia cometida<br />

pelo pt em Caxias do Sui agredindo 0 povo<br />

e imPedindo a rea/iz~iio do comicio sem 0 menor escrnpulo ... 0<br />

pt fraudou a verda<strong>de</strong> colocando no ar cenas Pela meta<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>poimentos tentando mascarar uma lias maiores vergonhas<br />

<strong>de</strong>ssa campanha ...


Imagem<br />

Audio<br />

Cenas nos <strong>de</strong>smentimos mais esse ato lamentavel do pt ... <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo a<br />

extemas dignida<strong>de</strong> dos profissionais da imprensa que <strong>de</strong>ixaram clara a<br />

creditadas ao responsabilida<strong>de</strong> do pt pelos inci<strong>de</strong>ntes e 0 direito do povo<br />

telejomal do brasileiro <strong>de</strong> ter a informayao correta dos fatos ...<br />

SBT<br />

Take nos<br />

jomais<br />

Cartela: 0 PT agora vamos mostrar <strong>de</strong> uma vez por todas que 0 pt mente ...<br />

engana 0<br />

povo<br />

brasileiro<br />

Cenas opt colocou no ar... no seu programa. .. <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoas<br />

extemas <strong>de</strong><br />

que teriam assistido a tudo na principal praya <strong>de</strong> Caxias do SuI...<br />

Caxias do Sui vamos mostrar uma a uma quem SaD essas pessoas ...<br />

Imagem este e Wa/mor Vitechi... ex-presi<strong>de</strong>nte da oab... sabe a que partido<br />

congelada <strong>de</strong> eJepertence? ao pc do b... que e aliado do pt ... pelo pc do b eJe<br />

WaJmor<br />

concorreu a vereador e Per<strong>de</strong>u. .. concorreu tambem a <strong>de</strong>putado<br />

Vitechi ft<strong>de</strong>ral Pelo pt e per<strong>de</strong>u <strong>de</strong> novo ... 0 <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>le prova 0 que<br />

nOsja dissemos aqui ... 0 pt so entrevista gente do pt ...<br />

Imagem este e Jdnio Me<strong>de</strong>iros ... 0 radia/ista que tambem prestou<br />

congelada <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento para 0 pt ... e quem e Jdnio Me<strong>de</strong>iros? militante da<br />

Jinio<br />

frente Brasil popular que faz campanha para Lula em Caxias do<br />

Me<strong>de</strong>iros Su/... no pt so fala quem e do pt. ..<br />

Imagem e esta e Mara RUhia... sera que foi escolhida por acaso? nao ...<br />

congelada <strong>de</strong> Mara Rubiafoi candidata a vereadora e per<strong>de</strong>u com menos <strong>de</strong><br />

MaraRubia cem votos e 0 quefaziaMaraRubia antes <strong>de</strong> comefar 0 tumulto?<br />

fazia prOVOCafaOe distribuia propaganda<br />

popular ... trabalhava para 0 pt...<br />

da frente Brasil


Imagem<br />

Irnagern<br />

congelada <strong>de</strong><br />

Jose Eucli<strong>de</strong>s<br />

Ribeiro<br />

esse e Jose EucJi<strong>de</strong>s Ribeiro ... com 0 maior <strong>de</strong>scaramento ele<br />

disse que foi agarrado porque queria <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r uma senhora na<br />

pra9a ... agora voce vai ver 0 que ele estava realmente fazendo ...<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo ele estava distribuindo propaganda do pt ... queimando<br />

ban<strong>de</strong>iras ... fazendo ba<strong>de</strong>rna ... insultando 0 pavo ... e assim que<br />

age 0 pt. .. mentindo ... espalhando <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m ... a ba<strong>de</strong>rna ... a<br />

violencia. .. essas praticas nazistasjaforam con<strong>de</strong>nadas ha muito<br />

tempo pela socieda<strong>de</strong> brasileira. .. uma socieda<strong>de</strong> que quer a<br />

or<strong>de</strong>m ... e nao a bagun9a ... 0 retrocesso ... a agressao ... nossa<br />

socieda<strong>de</strong> quer a paz ... ajusti9a. .. 0 entendimento ... em Caxias do<br />

Sui caiu a mascara do pt e apareceu a sua verda<strong>de</strong>ira face ... uma<br />

face que a socieda<strong>de</strong> brasi/eira repudia a vai <strong>de</strong>rrotar nas ruas


Audio<br />

Anirna~ao:<br />

campo <strong>de</strong><br />

futebol<br />

<strong>de</strong>senhado<br />

Cenas <strong>de</strong> rua<br />

<strong>de</strong> C. do SuI<br />

J. Eucli<strong>de</strong>s<br />

Cenas do<br />

mmulto<br />

creditadas ao<br />

SBT<br />

Tomad<strong>anos</strong><br />

jomais '0<br />

Correio' e<br />

'Folha'<br />

Imagem<br />

congelada <strong>de</strong><br />

1\1ara Rubia<br />

Imagem<br />

congelada <strong>de</strong><br />

Jamo<br />

Me<strong>de</strong>iros<br />

DesenhoPxB<br />

da suistica<br />

Sai suastica e<br />

entra es1rela<br />

com siglaPT<br />

Cenas <strong>de</strong><br />

Caxias do Sul<br />

Cenas do<br />

conflito em<br />

Caxias do Sul<br />

Locutor<br />

imagine que a seleyfio brasileira ganhe da Alemanha Oriental par<br />

oito a um... a pt que jei torce pela Alemanha Oriental so colocaria<br />

no seu program a a gal da Alemanha Oriental... sem mostrar as<br />

oito gal's do Brasil e diria que a Alemanha Oriental ganhou do<br />

Brasil par um a zero .<br />

quando a ptfoi explicar a agressQo dos seus mi/itantes em Caxias<br />

do Sui agiu da mesma maneira ...<br />

a equipe do pt so entrevistau gente do pt ...<br />

quando <strong>de</strong>nunciamos a violencia petista mostramos as manchetes<br />

<strong>de</strong> jornais <strong>de</strong> todo a pais e as reportagens <strong>de</strong> teJevisfio... tados<br />

garantiam que a violencia partiu do pt ...<br />

o correia brasiliense disse no seu editorial ... "nlio proce<strong>de</strong>m as<br />

qfirmay{jes <strong>de</strong> que a conflito envolveu todos os candidatos ... basta<br />

a certeza atestada par todas as testemunhas ... que as provocayOes<br />

foram <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pe/o pt e a pdt" ... a Folha <strong>de</strong> sao Paulo<br />

relatau ofato minuto a minuto ...<br />

ai opt vai ate Caxias e entrevista quem? a proprio pt ...<br />

e agora tema convencer a pais <strong>de</strong> que toda a imprensa brasileira<br />

mentiu e so quem fa/au a verda<strong>de</strong> foi a pt ...<br />

imagine alguem que vai estudar a massacre dos ju<strong>de</strong>us na<br />

segunda guerra mundiaJ e age assim ...<br />

joga fora tados os livros <strong>de</strong> historia e vai entrevistar os carrascos<br />

nazistas ... claro que eles vao dizer que nfio mataram ninguem ...<br />

e assim que funciona a verda<strong>de</strong> do pt ... 0 pt chega ao cUmulo da<br />

falta <strong>de</strong> vergonha manipulando imagens <strong>de</strong> teve para ajudar na<br />

suafarsa ...<br />

veja so... essa cena foi ao ar no program a do Collar... os<br />

militantes do pt partem para cima do nosso palanque armadas <strong>de</strong><br />

lJedayo <strong>de</strong> lJau... so entfio esse homem se <strong>de</strong>fine do ataaue ...


Imagem<br />

Audio<br />

Cena do adivinha 0 que 0pt pOe no ar? so a cena do homem que se<br />

homem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ... como se ele estivesse atacando sozinho todo esse grupo<br />

agredindo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros do pt ... isso se chama farsa e a atitu<strong>de</strong> do pt se<br />

chama nazismo ...<br />

B6ris Casoy - esses ba<strong>de</strong>rneiros impediram a realiza9aO <strong>de</strong> um comicio ...<br />

credito para simbolo eleitoral... um simbolo da <strong>de</strong>mocracia ... esse tipo <strong>de</strong> a9aO<br />

telejomal do lembra muito bem 0 periodo nozista no Alemanha. .. e uma a9iio<br />

SBTem nazista ... e inacreditilve/ que Lu/a e Brizo/a possam concordar<br />

01.12.89 com atos <strong>de</strong> vandalismo como esse ...<br />

Locutor<br />

Homem opt quer enganar 0povo brasileiro usando <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>s e<br />

gesticula trapa9as sem 0 menor respeito pela verda<strong>de</strong> ...<br />

(banana)<br />

Cena extema porque para 0 pt niio interessa a verda<strong>de</strong> ... interessa a verda<strong>de</strong> do<br />

do tumulto pt que nao passa <strong>de</strong> <strong>de</strong>slavada mentira ... niio interessa 0 <strong>de</strong>bate ...<br />

Cenas <strong>de</strong> interessafaJar sozinho ... para 0 pt nao interessa a <strong>de</strong>mocracia ...<br />

ban<strong>de</strong>iras interessa impor afor9a as i<strong>de</strong>ias do pt ... mas ao contrario do que<br />

queimadas opt pensa. .. noo efQciI enganar 0 pavo ... e 0 povo brasileiro sabe<br />

como respon<strong>de</strong>r a essa farsa vergonhosa. ..


Collor - perfil<br />

<strong>de</strong>senhado em<br />

PxB<br />

Cenas extemas<br />

Ilio<br />

i<strong>de</strong>ntificadas<br />

preenchemo<br />

espayo vazado<br />

do perfil<br />

Audio<br />

Locutor em off<br />

perfil do homem i<strong>de</strong>al ...<br />

o Brasil precisa <strong>de</strong> um presi<strong>de</strong>nte que seja too novo quanta 0 pais<br />

que ele preten<strong>de</strong> construir ... um presi<strong>de</strong>nte com i<strong>de</strong>ias mo<strong>de</strong>rnas ...<br />

capaz <strong>de</strong> co/ocar 0 Brasil entre as nayOes mais <strong>de</strong>senvo/vidas do<br />

mundo ... um presi<strong>de</strong>nte que tenha uma priorida<strong>de</strong>: dar fim na<br />

pobreza e na miseria. .. um presi<strong>de</strong>nte que cui<strong>de</strong> da sail.<strong>de</strong> da<br />

educaylio ... dos transportes e da habitayao para tados um<br />

presi<strong>de</strong>nte que jo tenha provado a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbancar as<br />

mordomias ... os marajas e a corrupyoo ...<br />

Collar<br />

i<strong>de</strong>ntifica-se <strong>de</strong><br />

frente - close<br />

colorido<br />

Cartela com<br />

nome e<br />

niunero<br />

o perfil do presi<strong>de</strong>nte i<strong>de</strong>al ... eo <strong>de</strong> um homem que tenha coragem<br />

para enfrentar os problemas brasileiros ... <strong>de</strong>frente ...


Texto 16 - Lula - Programa da FBP<br />

Imagem<br />

Audio<br />

Locutor em off<br />

Foto PxB-<br />

Collor<br />

gesticulando<br />

(banana)<br />

Cenas extemas<br />

Luia emato<br />

publico<br />

Fotos PxB:<br />

Collor fazendo<br />

careta<br />

Geisel<br />

usinas<br />

PrefeitW'a <strong>de</strong><br />

:Maceio<br />

Pando ato<br />

publico<br />

Luia e Mariza<br />

conduzidos por<br />

policiais<br />

FotoPxB<br />

Collor<br />

PrCdio da TV<br />

Gazeta<br />

FotoPxB<br />

militares<br />

Meio ameio<br />

Collor e LuIa<br />

divi<strong>de</strong>m a tela<br />

Foto <strong>de</strong> Lula<br />

ocupa 0 vi<strong>de</strong>o<br />

no ar... on<strong>de</strong> estava voce? um program a que ajuda 0 eleitor a<br />

escolher ...<br />

milnovecentos e setenta e nove ... Lula dirige assembIeias <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> cem mil trabalhadores e rompe 0 arrocho salarial...<br />

eo Coli or <strong>de</strong> Mello? como sempre ... semfazer for~a inicia sua<br />

carreira politica ...<br />

ganha do general Geisel<br />

e dos usineiros <strong>de</strong> Alagoas<br />

a prefeitura bionica <strong>de</strong> Maceio ...<br />

mil novecentos e oitenta ... reconhecido como li<strong>de</strong>r dos<br />

trahalhadores ... Lula dirige uma gran<strong>de</strong> greve por me/hores<br />

salarios .<br />

va; preso cassado e processado na lei <strong>de</strong> seguraTlfa nacional. ..<br />

pense bem e responda. .. qual <strong>de</strong>sses dois <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> sinceramente os<br />

trabalhadores?<br />

«sam ambiente <strong>de</strong> comicio: "Ole, ole, ole, ola, Lula, Lula-Ia"»


Figura 1 - Collor - Programa do PRN<br />

Vinheta do trem <strong>de</strong> Collor sohrevoa pelos trilhos<br />

I Figura 2-Collor - Programa do PRN<br />

Cores da vinheta do PRN formam nome Collor<br />

Figura 3-Lula - Programa da FBP<br />

Em contra ponto a propaganda adversaria,<br />

a Maria Fumar;a do programa <strong>de</strong> Lula corre sohre os trilhos.


6.3 CONSULTAS As ASSESSORIAS DOS CANDIDATOS - Anexo III<br />

Para conhecer melhor os procedimentos no planejamento e preparayao das<br />

propagandas poJiticas e po<strong>de</strong>r comparar essas estrategias com as conclusoes obtidas<br />

atraves da analise dos discursos, foi encaminhado 0 seguinte questionano a cada uma das<br />

assessoriasdos dois candidatos:<br />

1. Como foi composta a equipe responsavel pela p.t"O(iuyao do Programa Eleitoral?<br />

a. ( ) Produtoras <strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o (se possivel citar os nomes <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s)<br />

b. ( ) Equipe fonnada com profissionaisIigadosao Partido<br />

c. ( X) Gutta forma.<br />

A equipe responsavel pela prot.lu.qao da propaganda politica do<br />

candidato Collor para TV foi composta por uma produtora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

(Sa1esiano) <strong>de</strong> Belo Horizonte-MG, um comiti <strong>de</strong> comunica~Oes e um grupo <strong>de</strong><br />

assessores tecnicos e politicos. A Agencia Setembro coube a produ~iio e<br />

distribui~ao dos <strong>de</strong>mais materiais <strong>de</strong> propaganda: panjletos, cartazes e<br />

outdoors.<br />

2. A poJitica <strong>de</strong> comunicayio adotada na campanha se caracterizou como wn<br />

trabalho<br />

<strong>de</strong> m.arlceting politico?<br />

Porque?<br />

A assessoria avaliou a politica <strong>de</strong> comunica~iio como sendo um trabalho<br />

<strong>de</strong> marketing politico, porque<br />

"objetivou e conseguiu transformar 0 candidato<br />

na expressao concentrada do anti status quo vigente na ocasiiio".


3. Foi realizada pesquisa <strong>de</strong> opiniao (qualitativa) para levantamento tem.itico <strong>de</strong><br />

pontos utilizados como subsidio a elaborayio do Programa <strong>de</strong> Governo<br />

apresentado durante a cam.panha?<br />

Acrescente infonnayOes se consi<strong>de</strong>ni-las necessarias.<br />

A cargo do Instituto<br />

Vat" Populi (MO).<br />

4. Foi realizada pesquisa <strong>de</strong> opiniao sabre a unagem do candidato durante a<br />

cam.panha?<br />

mlSIM<br />

DNAO<br />

A cargo do Instituto<br />

Vat" Populi (MO).<br />

5. (Se houve pesquisa) Essas inf~ eram encaminhadas a equipe responsavel<br />

pela elaboray<strong>30</strong> do programa?<br />

IE] SIM:<br />

0 NAO<br />

6. As intetveny5es feitas pelo candidato a Presi<strong>de</strong>ncia (para 0 programa eleitoral)<br />

gravadas em estUdio eram:<br />

a. ( ) Exclusivamente elaboradas pelo candidato<br />

b. ( ) Exclusivamente elaboradas pela assessoria<br />

c. ( ) Elaboradas pelo candidato com orientayio da Assessoria Tecnica eIou<br />

Politica<br />

d. (X) Elaboradas pela Assessoria Tecnica e Politica com base nos pontos<br />

<strong>de</strong>terminados pelo candidato<br />

Acrescente infOlllUlyOes,se necessario.<br />

Conforme os acontecimentos usou-se cada uma das alternativas (a,b,c),<br />

porem a mais utilizadafoi<br />

a (d).


Obs.:<br />

improviso<br />

Segundo a assessoria, 0 entAo candidato F. Collor preferia falar <strong>de</strong><br />

8. Que equipes participavam das reuniOes<strong>de</strong> pauta para 0 Programa Eleitoral?<br />

Equipes tecnicas <strong>de</strong> Comunica~ao, Economica e Social, Politica e Juridica e<br />

amigos <strong>de</strong> campanha.<br />

1. Como foi composta a equipe responsavel pelaprduviodo Programa Eleitoral?<br />

a. ( ) Produtoras <strong>de</strong> Vi<strong>de</strong>o (se passivel citar os nomes <strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s)<br />

b. (X) Equipe fannada com profissionaisJigadosao Partido<br />

c. ( ) Dutra forma.<br />

2. A politica <strong>de</strong> comunicayio adotada na campanha se caracterizou como urn<br />

trabaJho<strong>de</strong> marketing politico!<br />

3. Foi reatizada pesqujsa <strong>de</strong> opiniio (qualitativa) para levantamento tematico <strong>de</strong><br />

pontos unlindos como subsidio a elabor~io do Programa <strong>de</strong> Govemo<br />

apresentado durante a campanha?<br />

D SIM: IElNAO<br />

Acrescente infonnayOesse consi<strong>de</strong>ra-lasnecessarias.<br />

4. Foi reatizada pesquisa <strong>de</strong> opiniao sobre a imagem do candidato durante a<br />

campanha?


5. (Se houve pesquisa) Essas info~es eram encaminhadas a equipe respon.savel<br />

pela elabora~aodo programa?<br />

Chegaram a ser formados dois grupos, mas esse trabalho nao fo;<br />

conduzido sistematicamente a ponto <strong>de</strong> caracterizar-se como uma politica <strong>de</strong><br />

marketing.<br />

6. As intervenyOesfeitas pelo candidato a Presi<strong>de</strong>ncia (para 0 programa eleitoral)<br />

gravadas em estUdioeram:<br />

a. ( ) Exclusivamenteelaboradas pelo candidato<br />

b. ( ) Exclusivamenteelaboradas pcla assessoria<br />

c. (X) Elaboradas pelo candidato com ori~ao da Assessoria Tecnica e/ou<br />

PoJitica<br />

d( ) Elaboradas pela Assessoria Tecmca e PoJitica com base nos pontos<br />

<strong>de</strong>tenninados pelo candidato.<br />

Acrescente infonnay3es, se necessario.


AuditOrio PUblicoouvinte, publico alvo. No contexto <strong>de</strong>ste traballio 0 audit6rio e 0<br />

telespectador - eleitor integrante do coeficientetotal <strong>de</strong> votantes do pais.<br />

Clip<br />

SeqilCncia<strong>de</strong> imagens cuja temauca e editada <strong>de</strong> acordo com 0 conteUdo<br />

do texto do "jingle"<strong>de</strong> campanha ou letra da musica escolhida.<br />

Decupagem<br />

Detalhe<br />

Essa expressio tem origem no idioma :trances (<strong>de</strong>coupage) e significa<br />

'recorte'. Na tinguagem tCcnica<strong>de</strong> vi<strong>de</strong>o e cinema refere-sc a marcayao <strong>de</strong><br />

audio e da imagem numa folha <strong>de</strong> transcriyao.<br />

Plano <strong>de</strong> camara que scleciona algum elemento, <strong>de</strong>stacando-o do cerumo<br />

geral.<br />

Esquetes Quadros <strong>de</strong> humor ou animavio que tern a dupla fimyao <strong>de</strong><br />

entretenimento c auxilio ao processo <strong>de</strong> ediyao.<br />

Off<br />

Panorimica<br />

0 significadoliteral no idioma ingles e "fechado". Na Jinguagemtecnica <strong>de</strong><br />

vi<strong>de</strong>o refere-se aos textos lidos pelo locutor cuja voz "cobre" as imagens,<br />

scm que este apareya na tela. 0 audio, portanto, transcorre em cirucito<br />

fechado acompanhando a tematica das cenas mostradas no vi<strong>de</strong>o.<br />

Movimento <strong>de</strong> cimara que percorre um ambiente, situando 0 local da ayao<br />

c/ou conduzindo 0 espectad.orpara algum objeto especffico.<br />

Na tinguagem tecnica <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>o, refere-se a tomadas (~Oes)<br />

personagens ou <strong>de</strong>talhes ou <strong>de</strong>talhes do ambiente.<br />

<strong>de</strong> cenas,


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