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As Fronteiras de Shilov e de Bishop - Pós-Graduação IM - UFRJ

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

Rafael Monteiro dos Santos<br />

<strong>As</strong> <strong>Fronteiras</strong> <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2008


Rafael Monteiro dos Santos<br />

<strong>As</strong> <strong>Fronteiras</strong> <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong><br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado apresentada ao<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-graduação do Instituto <strong>de</strong><br />

Matemática , da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro , como parte dos requisitos<br />

necessários à obtenção do título <strong>de</strong> Mestre<br />

em Matemática .<br />

Orientadora: Luiza Amália <strong>de</strong> Moraes<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

2008


À minha família.<br />

À minha noiva,<br />

Giselle.<br />

ii


Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

A Deus , acima <strong>de</strong> tudo.<br />

À minha orientadora , Luiza Amália <strong>de</strong> Moraes , por ser a principal responsável pela<br />

minha formação matemática e por sua paciência , sempre aliada à boa vonta<strong>de</strong>.<br />

Ao professor Antônio Roberto da Silva , pelo aprendizado em vários aspectos , especialmente<br />

o profissional .<br />

Ao professor Nilson da Costa Bernar<strong>de</strong>s Junior , pelas contribuições <strong>de</strong>cisivas na solução<br />

<strong>de</strong> problemas relativos a esta dissertação .<br />

À minha noiva , Giselle , pela motivação nos momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sânimo , por seu amor e<br />

companherismo.<br />

À minha família , pelo apoio incondicional.<br />

Aos meus amigos , sempre dispostos a me ajudar.<br />

Aos professores do <strong>IM</strong>-<strong>UFRJ</strong> , pela atenção e pelos cursos ministrados com competência ,<br />

na graduação e na pós-graduação.<br />

Ao CNPq , pelo suporte financeiro.<br />

iii


Ficha Catalográfica<br />

Santos, Rafael Monteiro dos.<br />

<strong>As</strong> <strong>Fronteiras</strong> <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> / Rafael Monteiro<br />

dos Santos. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2008.<br />

vii, 82 p., 1cm.<br />

Dissertação (Mestrado) - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, Instituto <strong>de</strong> Matemática, 2008.<br />

Referências Bibliográficas: p. 81-82.<br />

1. O Teorema <strong>Shilov</strong>. 2. O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong>.<br />

3. <strong>Fronteiras</strong> em Espaços <strong>de</strong> Funções. I. Moraes,<br />

Luiza Amália <strong>de</strong>. II. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, Instituto <strong>de</strong> Matemática, Programa <strong>de</strong><br />

Pós-graduação do Instituto <strong>de</strong> Matemática. III. Título.<br />

iv


<strong>As</strong> <strong>Fronteiras</strong> <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>Bishop</strong><br />

Rafael Monteiro dos Santos<br />

Orientadora : Luiza Amália <strong>de</strong> Moraes<br />

Um resultado clássico <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> estabelece que se X é um espaço topológico compacto<br />

<strong>de</strong> Hausdorff e se A é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) que separa os pontos <strong>de</strong> X e que contém a<br />

unida<strong>de</strong>, então existe um conjunto minimal fechado M ⊂ X tal que max|f(x)| = max |f(m)|<br />

x∈X m∈M<br />

para toda f ∈ A . Este conjunto é conhecido como a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> A .<br />

Cinco anos após o artigo <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> , <strong>Bishop</strong> provou que se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach<br />

<strong>de</strong> funções contínuas <strong>de</strong>finidas em um espaço metrizável compacto X que separa os pontos<br />

<strong>de</strong> X, então existe um conjunto minimal M ⊂ X (não necessariamente fechado) que satisfaz<br />

a seguinte condição : Para cada f ∈ A , existe m ∈ M tal que | f(m)| = max<br />

x∈X | f(x)| .<br />

O principal objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é apresentar os Teoremas <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong>. Em<br />

conexão com estes, apresentamos um resultado <strong>de</strong>vido a H. G. Dales sobre a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pontos <strong>de</strong> pico na fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong>. Um exemplo (<strong>de</strong>vido a K. Jarosz) <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> pico<br />

sem pontos <strong>de</strong> pico conclui o trabalho .<br />

v


<strong>As</strong> <strong>Fronteiras</strong> <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>Bishop</strong><br />

Rafael Monteiro dos Santos<br />

Supervisor : Luiza Amália <strong>de</strong> Moraes<br />

A classical result of <strong>Shilov</strong> states that if X is a compact Hausdorff topological space and<br />

A is a separating subalgebra of C(X) with unit then there is a minimal closed set M ⊂ X<br />

such that max| f(x)| = max | f(m)|<br />

x∈X m∈M<br />

boundary of A .<br />

for every f ∈ A . This set is known as the <strong>Shilov</strong><br />

Five years after <strong>Shilov</strong>’s paper, <strong>Bishop</strong> proved that if A is a separating Banach algebra<br />

of continuous functions on a compact metrizable space X, then X has a minimal subset M<br />

(not necessarily closed) satisfying the following condition : For each f ∈ A , there exists<br />

m ∈ M such that | f(m)| = max<br />

x∈X | f(x)| .<br />

The main purpose of this work is to present the <strong>Shilov</strong>’s Theorem and the <strong>Bishop</strong>’s<br />

Theorem. In connection, we present a result due to H. G. Dales about the <strong>de</strong>nsity of peak<br />

points in the <strong>Shilov</strong> boundary. We finish the work with an example (due to K. Jarosz) of a<br />

peak set without peak points .<br />

vi


Sumário<br />

1 Noções <strong>de</strong> Topologia Geral , Análise Funcional e Álgebras <strong>de</strong> Banach 3<br />

1.1 Topologia Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4<br />

1.2 Análise Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16<br />

1.3 Álgebras <strong>de</strong> Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18<br />

2 O Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> 32<br />

2.1 Conjuntos Maximais e <strong>Fronteiras</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32<br />

3 O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> 46<br />

3.1 O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47<br />

3.2 Exemplo <strong>de</strong> um Conjunto <strong>de</strong> Pico sem Ponto <strong>de</strong> Pico . . . . . . . . . . . . . 65<br />

vii


Introdução<br />

Sejam X um espaço topológico compacto e H um subconjunto do espaço C(X) das<br />

funções contínuas <strong>de</strong> X em IC (ou IR ) . Um subconjunto F <strong>de</strong> X é uma fronteira para H<br />

se para toda f ∈ H existe x 0 ∈ X tal que | f(x 0 )| = max | f(x)| . Um exemplo trivial <strong>de</strong><br />

x∈X<br />

fronteira é o próprio conjunto X , mas outras fronteiras po<strong>de</strong>m estar contidas propriamente<br />

em X . Um exemplo simples e capaz <strong>de</strong> ilustrar esta situação ocorre quando H é o conjunto<br />

das funções complexas contínuas <strong>de</strong>finidas em ∆ = {z ∈ IC : |z| ≤ 1} que são analíticas no<br />

interior <strong>de</strong> ∆ .<br />

fronteira para H .<br />

Pelo Teorema do Módulo Máximo , a fronteira topológica <strong>de</strong> ∆ é uma<br />

Em 1954 , <strong>Shilov</strong> mostrou (consulte a referência [15] ) um importante teorema sobre a<br />

existência e a unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fronteira minimal fechada para álgebras <strong>de</strong> Banach comutativas .<br />

O Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> motivou um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no estudo das álgebras <strong>de</strong> Banach<br />

comutativas , sobretudo das subálgebras fechadas <strong>de</strong> C(X) com a norma do supremo que<br />

contém a unida<strong>de</strong> e separam os pontos <strong>de</strong> X .<br />

A <strong>de</strong>monstração que apresentamos para o<br />

Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> está baseada na <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>ste teorema apresentada em [13] .<br />

Devido à importância <strong>de</strong>ste teorema , convencionou-se chamar Fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> A<br />

à fronteira minimal fechada <strong>de</strong> A , quando esta existe e é única .<br />

Em 1959 , <strong>Bishop</strong> provou a existência <strong>de</strong> uma , e só uma , fronteira minimal para uma<br />

subálgebra A <strong>de</strong> C(X) munida da norma do supremo que separa os pontos <strong>de</strong> X , quando<br />

X , além <strong>de</strong> ser compacto , é metrizável (consulte a referência [1] ) . Sob estas condições ,<br />

o Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> prova que a fronteira minimal para A é o conjunto dos pontos <strong>de</strong> pico<br />

para A . Como conseqüência imediata dos Teoremas <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> e <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> , temos que se<br />

a álgebra A satisfaz as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> A é o<br />

fecho da fronteira <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> <strong>de</strong> A .


Neste trabalho , apresentamos os Teoremas <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> e diversos resultados<br />

relacionados a eles . Exemplos enriquecem e ilustram o texto, <strong>de</strong>stacando a importância <strong>de</strong><br />

algumas hipóteses <strong>de</strong> ambos os teoremas centrais .<br />

No primeiro capítulo , enunciamos sem <strong>de</strong>monstração alguns teoremas da Topologia<br />

Geral e da Análise Funcional . Em seguida , exploramos timidamente a teoria das álgebras<br />

<strong>de</strong> Banach , apresentando alguns resultados e dando exemplos <strong>de</strong> álgebras <strong>de</strong> Banach .<br />

No segundo capítulo , após <strong>de</strong>finir conjunto <strong>de</strong> pico , ponto <strong>de</strong> pico e fronteira , <strong>de</strong>monstramos<br />

o Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e alguns dos seus corolários, <strong>de</strong>ntre eles uma caracterização<br />

dos pontos da fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> . Em seguida , finalizando o capítulo , retomamos alguns<br />

dos exemplos do capítulo anterior , a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar as fronteiras <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> álgebras<br />

apresentadas e mostramos , através <strong>de</strong> um exemplo , que se A é uma subálgebra real <strong>de</strong><br />

C(X, IC) , então a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> A po<strong>de</strong> não existir .<br />

O terceiro capítulo trata da existência <strong>de</strong> fronteira minimal não necessariamente fechada .<br />

O teorema central <strong>de</strong>ste capítulo é o Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> e dois <strong>de</strong> seus corolários motivam<br />

outros resultados abordados neste capítulo . Um <strong>de</strong>les é apresentado por meio <strong>de</strong> um teorema<br />

<strong>de</strong>vido a H. G. Dales (consulte a referência [2] ) que , sob condições um pouco mais gerais<br />

que as exigidas no Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , prova que o conjunto dos pontos <strong>de</strong> pico é <strong>de</strong>nso<br />

na fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> da álgebra em questão . Posteriormente , apresentamos um exemplo,<br />

<strong>de</strong>vido a Jarosz, <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> pico sem ponto <strong>de</strong> pico (consulte a referência [6]) . A<br />

apresentação <strong>de</strong>ste exemplo foi motivada por um corolário do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> que mostra<br />

que , uma vez satisfeitas as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , todo conjunto <strong>de</strong> pico para a<br />

álgebra consi<strong>de</strong>rada possui ponto <strong>de</strong> pico .<br />

2


Capítulo 1<br />

Noções <strong>de</strong> Topologia Geral , Análise<br />

Funcional e Álgebras <strong>de</strong> Banach<br />

Apresentaremos , neste primeiro capítulo , algumas <strong>de</strong>finições e resultados básicos <strong>de</strong><br />

Topologia Geral , Análise Funcional e Álgebras <strong>de</strong> Banach , capazes <strong>de</strong> dar-nos suporte nos<br />

próximos capítulos . Durante todo o texto , IN <strong>de</strong>notará o conjunto dos números naturais ,<br />

IR o corpo dos números reais e IC o corpo dos números complexos . Além disso , assumiremos<br />

conhecidas as <strong>de</strong>finições e os resultados básicos das Análises Real e Complexa e da<br />

Álgebra Linear .<br />

O corpo <strong>de</strong> escalares dos espaços vetoriais com os quais trabalharemos será sempre IR<br />

ou IC , e na maioria dos resultados e <strong>de</strong>finições será indiferente trabalhar com um ou outro .<br />

Portanto , reservaremos o símbolo IK para representar o corpo dos reais ou dos complexos ,<br />

nas situações on<strong>de</strong> ambos po<strong>de</strong>m ser o corpo <strong>de</strong> escalares do espaço vetorial em questão .<br />

Se X é um conjunto arbitrário e Y ⊂ X , <strong>de</strong>notaremos o complementar <strong>de</strong> Y em X ,<br />

ou seja , o conjunto {x ∈ X : x /∈ Y } , por X \Y ou por Y c .<br />

Para <strong>de</strong>finições e resultados sobre espaços métricos e espaços normados , sugerimos as


eferências [10] e [16] , respectivamente .<br />

1.1 Topologia Geral<br />

Antes <strong>de</strong> introduzir as noções <strong>de</strong> topologia geral , fixaremos algumas notações que usaremos<br />

neste trabalho .<br />

Se X for um conjunto arbitrário e d for uma métrica em X , o espaço métrico (X, d)<br />

será <strong>de</strong>notado apenas por X <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que d esteja clara no contexto .<br />

Analogamente , <strong>de</strong>notaremos um espaço normado (E, ‖.‖) por E se não houver dúvida<br />

quanto à norma em questão .<br />

Dado um espaço métrico X , um ponto x ∈ X e um real positivo r , a bola aberta<br />

e a bola fechada <strong>de</strong> centro x e raio r serão <strong>de</strong>notadas , respectivamente , por B(x, r) e<br />

B(x, r) . Se E for um espaço normado , <strong>de</strong>notaremos a esfera unitária <strong>de</strong> E por S E .<br />

Dados dois espaços métricos (X 1 , d 1 ) e (X 2 , d 2 ) , uma isometria <strong>de</strong> X 1 em X 2 é uma<br />

aplicação f : X 1 −→ X 2 tal que d 1 (x, y) = d 2 (f(x), f(y)) , para todo par x, y ∈ X 1 . Se<br />

f é bijetiva , então a inversa <strong>de</strong> f também é uma isometria e , neste caso , dizemos que<br />

X 1 e X 2 são isométricos .<br />

A seguir apresentamos as noções sobre Topologia Geral que consi<strong>de</strong>ramos essenciais a um<br />

bom entendimento dos principais teoremas <strong>de</strong>ste texto .<br />

Definição 1.1. Se X é um conjunto arbitrário , uma topologia em X é uma coleção T<br />

formada por subconjuntos <strong>de</strong> X que satisfaz as seguintes condições :<br />

i) ∅ e X são elementos <strong>de</strong> T ;<br />

ii) a união <strong>de</strong> qualquer coleção <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> T está em T ;<br />

4


iii) a interseção <strong>de</strong> qualquer coleção finita <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> T pertence a T .<br />

Neste caso , o par (X , T ) é dito um espaço topológico . Quando não houver dúvidas<br />

quanto à topologia consi<strong>de</strong>rada , esta será omitida e representaremos o par (X, T ) somente<br />

pela letra X .<br />

Se (X , T ) for um espaço topológico , então chamaremos os elementos <strong>de</strong> T <strong>de</strong> conjuntos<br />

abertos e , dado x ∈ X , diremos que um conjunto V ⊂ X é uma vizinhança <strong>de</strong> x se<br />

existir A ∈ T tal que x ∈ A e A ⊂ V .<br />

Em particular , toda vizinhança <strong>de</strong> um ponto<br />

x ∈ X contém x e todo aberto contendo x é uma vizinhança <strong>de</strong>ste ponto .<br />

Exemplo 1.1. Se (X, d ) é um espaço métrico , então d gera uma topologia em X . De<br />

fato , seja T a coleção formada pelos conjuntos A ⊂ X tais que para todo ponto a ∈ A<br />

existe r a > 0 satisfazendo B(a , r a ) ⊂ A .<br />

Não há dificulda<strong>de</strong>s em provar que T satisfaz<br />

as condições <strong>de</strong> i) a iii) da <strong>de</strong>finição 1.1 , e , portanto , é uma topologia em X .<br />

Neste<br />

caso , diremos que a topologia T é proveniente da métrica d . Em particular , todo espaço<br />

normado é um espaço topológico com a topologia proveniente da métrica <strong>de</strong>finida a partir<br />

<strong>de</strong> sua norma . Por estas observações , IR e IC munidos da topologia proveniente do valor<br />

absoluto são exemplos <strong>de</strong> espaços topológicos .<br />

Definição 1.2. Dizemos que X é um espaço metrizável , se este é um espaço topológico<br />

cuja topologia é proveniente <strong>de</strong> alguma métrica <strong>de</strong>finida em X .<br />

Durante este trabalho , a menos que haja menção contrária , nossos espaços métricos e<br />

normados serão consi<strong>de</strong>rados espaços topológicos munidos da topologia proveniente <strong>de</strong> sua<br />

métrica ou norma .<br />

Definição 1.3. Sejam X um espaço topológico e F ⊂ X . Dizemos que F é um conjunto<br />

fechado se seu complementar X \F é um conjunto aberto .<br />

Seja F a coleção formada pelos conjuntos fechados <strong>de</strong> um espaço topológico X . Não<br />

é difícil ver que F satisfaz as condições abaixo :<br />

5


i) ∅ e X estão em F ;<br />

ii) a interseção <strong>de</strong> qualquer coleção <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> F está em F ;<br />

iii) a união <strong>de</strong> qualquer coleção finita <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> F pertence a F .<br />

É possível <strong>de</strong>finir uma topologia num conjunto X através <strong>de</strong> seus conjuntos fechados e ,<br />

para isto , basta que uma coleção F <strong>de</strong> subconjuntos <strong>de</strong> X satisfaça as condições listadas<br />

acima . Se isto ocorrer , a família T formada pelos complementares dos elementos <strong>de</strong> F<br />

será a topologia <strong>de</strong>sejada .<br />

Definição 1.4. Sejam X um espaço topológico , Y ⊂ X e w, x, y, z ∈ X . Dizemos que<br />

w é um ponto interior <strong>de</strong> Y se existe uma vizinhança U w <strong>de</strong>ste ponto contida em Y . O<br />

conjunto dos pontos interiores <strong>de</strong> Y é chamado <strong>de</strong> interior <strong>de</strong> Y e contém todos os abertos<br />

contidos em Y . Dizemos que x é um ponto <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> Y se para cada vizinhança<br />

U x<br />

<strong>de</strong> x , temos que Y ∩ U x ≠ ∅ e (X \Y ) ∩ U x ≠ ∅ . O conjunto dos pontos <strong>de</strong> fronteira<br />

<strong>de</strong> Y é chamado <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> Y . Dizemos que y é um ponto <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> Y<br />

se para toda vizinhança U y <strong>de</strong> y , existe t ∈ U y ∩ Y tal que t ≠ y . Finalmente , z é um<br />

ponto a<strong>de</strong>rente <strong>de</strong> Y se para toda vizinhança U z <strong>de</strong>ste ponto , temos que Y ∩ U z ≠ ∅ .<br />

O conjunto dos pontos a<strong>de</strong>rentes <strong>de</strong> Y é chamado <strong>de</strong> fecho <strong>de</strong> Y e está contido em todos<br />

os fechados que contém Y . Denotaremos o interior <strong>de</strong> Y por intY , a fronteira <strong>de</strong> Y por<br />

FrY e o fecho <strong>de</strong> Y por Y .<br />

Quando houver mais <strong>de</strong> uma topologia <strong>de</strong>finida no mesmo conjunto X , especificaremos<br />

em qual <strong>de</strong>las o fecho , o interior ou a fronteira <strong>de</strong> um subconjunto <strong>de</strong> X está sendo tomada .<br />

Se for este o caso , quando usarmos as notações introduzidas na <strong>de</strong>finição acima , da mesma<br />

forma não <strong>de</strong>ixaremos dúvidas quanto à topologia consi<strong>de</strong>rada .<br />

Definição 1.5. Sejam Y e Z dois subconjuntos <strong>de</strong> um espaço topológico X . Dizemos<br />

que Y é <strong>de</strong>nso em Z quando Y ⊃Z .<br />

6


Seja X um espaço topológico e sejam Y e Z subconjuntos <strong>de</strong> X . Não é difícil verificar<br />

que Y é fechado se , e somente se , Y = Y , assim como Z é aberto se , e somente se ,<br />

Z = int Z . Além disso , int Y ∩ Fr Y = ∅ e Y = int Y ∪ Fr Y .<br />

Definição 1.6. Um espaço topológico X é um espaço <strong>de</strong> Hausdorff se para dois pontos<br />

distintos x, y ∈ X quaisquer , existem vizinhanças V x e V y <strong>de</strong> x e y , respectivamente ,<br />

tais que V x ∩ V y = ∅ .<br />

É fácil ver que num espaço <strong>de</strong> Hausdorff todo conjunto finito é fechado e que todo espaço<br />

métrico é um espaço <strong>de</strong> Hausdorff .<br />

Definição 1.7. Sejam T 1 e T 2 duas topologias no mesmo conjunto X . A topologia T 1<br />

será dita mais fina que T 2 , ou T 2 menos fina que T 1 , se todo elemento <strong>de</strong> T 2 for<br />

também elemento <strong>de</strong> T 1 .<br />

Definição 1.8. Seja C uma família <strong>de</strong> subconjuntos <strong>de</strong> X e seja I c a coleção formada<br />

pelas interseções finitas <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> C . O conjunto formado pelas uniões arbitrárias<br />

<strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> I c é uma topologia em X <strong>de</strong>nominada topologia gerada por C . Neste<br />

caso , dizemos que C é uma subbase ou um sistema <strong>de</strong> geradores para esta topologia .<br />

A topologia gerada por C é a menos fina contendo esta família , ou , equivalentemente , é<br />

a menos fina segundo a qual os elementos <strong>de</strong> C são abertos .<br />

Definição 1.9. Se (X , T ) é um espaço topológico , então uma coleção B ⊂ T é uma base<br />

para T (ou para X , quando a topologia for omitida) se todo aberto <strong>de</strong> T é uma união<br />

<strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> B . Neste caso , os elementos <strong>de</strong> B são chamados <strong>de</strong> abertos básicos .<br />

Claramente , se B é uma base para a topologia T , então esta é a topologia gerada por<br />

B . Além disso , se S é uma subbase para T , a coleção formada pelas interseções finitas<br />

<strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> S é uma base para T . Também é fácil ver que toda topologia possui pelo<br />

menos uma base , a formada por todos os seus elementos .<br />

7


Uma conseqüência imediata <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>finição é a seguinte caracterização : B é uma base<br />

para um espaço topológico X se , e somente se , para cada aberto A ⊂ X e cada a ∈ A ,<br />

existe B ∈ B tal que a ∈ B ⊂ A . Segue <strong>de</strong>sta caracterização que em todo espaço metrizável<br />

, a coleção das bolas abertas é uma base .<br />

Definição 1.10. Consi<strong>de</strong>remos os espaços topológicos (X , T 1 ) e (Y , T 2 ) . Uma aplicação<br />

f : X −→ Y é dita contínua se para todo conjunto aberto A na topologia T 2 , a imagem<br />

inversa <strong>de</strong> A por f , ou seja , o conjunto f −1 (A) = {x ∈ X : f(x) ∈ A} , é um conjunto<br />

aberto na topologia T 1 . Se além <strong>de</strong> ser contínua , f for bijetiva e sua função inversa for<br />

contínua , então dizemos que f é um homeomorfismo .<br />

O resultado a seguir segue diretamente da <strong>de</strong>finição 1.10 .<br />

Proposição 1.1. Sejam X , Y e Z espaços topológicos . Se as aplicações f : X −→ Y e<br />

g : Y −→ Z são contínuas , então a composta g◦f : X −→ Z é contínua .<br />

A próxima proposição oferece formas alternativas para verificação da continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

função e sua <strong>de</strong>monstração será omitida por ser uma conseqüência imediata das <strong>de</strong>finições<br />

anteriores .<br />

Proposição 1.2. Sejam (X , T 1 ) e (Y , T 2 ) espaços topológicos . Se B 1 e B 2 são bases<br />

para T 1 e T 2 , respectivamente , e f é uma aplicação <strong>de</strong> X em Y , então as condições<br />

abaixo são equivalentes :<br />

i) f é contínua ;<br />

ii) f −1 (A) é aberto para todo A ∈ B 2 ;<br />

iii) para cada x ∈ X e cada A 2 ∈ B 2 com f(x) ∈ A 2 , existe A 1 ∈ B 1 contendo x tal<br />

que f(A 1 ) ⊂ A 2 .<br />

8


Definição 1.11. Sejam X um conjunto e {Y j } j∈J<br />

uma família <strong>de</strong> espaços topológicos .<br />

Para cada j ∈ J , sejam f j uma aplicação <strong>de</strong> X em Y j , O j a coleção formada pelos<br />

abertos do espaço Y j e C j a coleção das imagens inversas dos elementos <strong>de</strong> O j pela<br />

aplicação f j . Se S = ⋃ j ∈J C j , então a topologia gerada por S é a topologia fraca<br />

<strong>de</strong>finida pela família F = {f j } j∈J<br />

em X , que <strong>de</strong>notaremos por σ(X, F) . Esta topologia<br />

recebe este nome por ser a topologia menos fina em X que torna todas as aplicações da<br />

família {f j } j∈J<br />

contínuas .<br />

A seguir apresentaremos alguns exemplos importantes <strong>de</strong> topologias fracas que serão<br />

utilizados posteriormente .<br />

Exemplo 1.2. Sejam X um espaço topológico e Y ⊂ X . Se f : Y −→ X é a aplicação<br />

<strong>de</strong>finida , em cada y ∈ Y , pela equação f(y) = y , então a topologia fraca <strong>de</strong>finida em<br />

Y pela família unitária {f} é a topologia induzida em Y pela topologia <strong>de</strong> X . Neste<br />

caso , diremos que Y com a topologia induzida é um subespaço topológico <strong>de</strong> X . Os<br />

abertos na topologia induzida são as interseções dos abertos <strong>de</strong> X com Y , assim como<br />

seus fechados são as interseções dos fechados <strong>de</strong> X com Y . Equivalentemente , po<strong>de</strong>ríamos<br />

<strong>de</strong>finir a topologia induzida por X em Y diretamente por seus abertos , dizendo apenas<br />

que esta é a topologia formada pelas interseções dos abertos <strong>de</strong> X com Y .<br />

Exemplo 1.3. Sejam {X j } j∈J<br />

uma família <strong>de</strong> espaços topológicos , X = ∏ j∈J X j e ,<br />

para cada índice j em J , π j : X −→ X j<br />

a projeção <strong>de</strong> X sobre X j , isto é , a aplicação<br />

<strong>de</strong>finida em cada x = {x i } i∈J<br />

∈ X por π j (x) = x j . A topologia fraca <strong>de</strong>finida em X<br />

pela família {π j } j∈J<br />

é chamada <strong>de</strong> topologia produto . Esta é a topologia menos fina<br />

em X na qual as projeções são contínuas . A coleção formada pelos conjuntos da forma<br />

∏<br />

j∈J A j , on<strong>de</strong> cada A j é um aberto em X j e apenas para um número finito <strong>de</strong> índices i<br />

tem-se que o aberto A i<br />

não é o espaço X i , é uma base para a topologia produto . Se X é<br />

o produto cartesiano finito <strong>de</strong> espaços topológicos , digamos X 1 , . . . , X n , e B é a coleção<br />

dos subconjuntos <strong>de</strong> X da forma U 1 × . . . × U n , on<strong>de</strong> cada U i<br />

9<br />

é um aberto em X i , então


B é uma base para a topologia produto .<br />

Exemplo 1.4. Sejam X um conjunto e F uma família <strong>de</strong> funções f : X −→ IK. Consi<strong>de</strong>remos<br />

em X a topologia fraca σ (X , F) <strong>de</strong>finida por F .<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste exemplo<br />

é , além <strong>de</strong> apresentar uma topologia útil , <strong>de</strong>terminar uma base para σ (X , F) .<br />

Para<br />

isto , sejam B a coleção das imagens inversas das bolas abertas <strong>de</strong> IK pelas funções <strong>de</strong><br />

F e U o conjunto formado pelas interseções finitas <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> B .<br />

Como a coleção<br />

das bolas abertas é uma base para a topologia <strong>de</strong> IK , U é uma base para σ (X , F) .<br />

Além disso , para cada W ∈ B , existe uma bola aberta B(y, ɛ) ⊂ IK<br />

f ∈ F tais que W = f −1 (B(y, ɛ) ) .<br />

e uma função<br />

Logo , se U ∈ U , então existe um número finito<br />

<strong>de</strong> bolas abertas B(y 1 , ɛ 1 ), . . . , B(y n , ɛ n ) ⊂ IK e <strong>de</strong> funções f 1 , . . . , f n ∈ F tais que<br />

U = f −1<br />

1 (B(y 1 , ɛ 1 ) ) ∩ . . . ∩ f −1<br />

n (B(y n , ɛ n ) ) .<br />

Agora , sejam V a coleção dos conjuntos V ⊂ X para os quais existem uma família finita<br />

F V ⊂ F , x v ∈ X e ɛ > 0 tais que V = {x ∈ X : |f(x) − f(x v )| < ɛ , para toda f ∈ F V } .<br />

Verificaremos que a topologia gerada por V é a topologia σ (X , F) .<br />

Seja T a topologia gerada por V em X , que , pela <strong>de</strong>finição 1.8 , é a topologia<br />

menos fina contendo esta coleção . Por U ser uma base para σ (X , F) e V ⊂ U ,<br />

temos que os elementos <strong>de</strong> V<br />

estão em σ (X , F) , e , conseqüentemente , σ (X , F) é<br />

mais fina que T . Por outro lado , sejam f ∈ F e w ∈ X . Dado ɛ > 0 , o conjunto<br />

V f = f −1 (B(f(w) , ɛ ) ) = {x ∈ X : | f(x) − f(w)| < ɛ} satisfaz f (V f ) ⊂ B (f(w) , ɛ ) e é<br />

um aberto em T , já que V f ∈ V . Em outras palavras , f é contínua em T . Decorre da arbitrarieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> f que todas as funções <strong>de</strong> F são contínuas na topologia T , e pela <strong>de</strong>finição<br />

1.11 , isto significa que T é mais fina que σ (X , F) , provando que estas topologias , <strong>de</strong><br />

fato , coinci<strong>de</strong>m .<br />

Resumindo , <strong>de</strong>monstramos que se X é um conjunto e F é uma família <strong>de</strong> funções<br />

f : X −→ IK , então a coleção <strong>de</strong> subconjuntos <strong>de</strong> X da forma V (x 0 ; f 1 , . . . , f n ; ɛ) =<br />

{x ∈ X : | f i (x) − f i (x 0 )| < ɛ , i = 1, . . . , n} , on<strong>de</strong> x 0 ∈ X , {f i } n i=1<br />

é uma subfamília<br />

10


finita <strong>de</strong> F e ɛ > 0 , é uma base para a topologia fraca gerada por F em X .<br />

Definição 1.12. Um conjunto J é um conjunto dirigido se nele está <strong>de</strong>finida uma relação<br />

binária ≤ que satisfaz as seguintes condições :<br />

i) α ≤ α , para todo α ∈ J ;<br />

ii) se α , β , λ ∈ J são tais que α ≤ β e β ≤ λ , então α ≤ λ ;<br />

iii) para todo par α , β ∈ J , existe η ∈ J tal que α ≤ η e β ≤ η .<br />

Neste caso , um subconjunto K <strong>de</strong> J é cofinal em J , se para todo α ∈ J existe<br />

ξ ∈ K satisfazendo α ≤ ξ .<br />

Segue das <strong>de</strong>finições acima que se J é um conjunto dirigido e K ⊂ J é cofinal em J ,<br />

então , com a or<strong>de</strong>m parcial herdada <strong>de</strong> J , K é um conjunto dirigido .<br />

Definição 1.13. Dado um conjunto X , uma seqüência generalizada em X é uma<br />

aplicação f <strong>de</strong> um conjunto dirigido J em X . Para cada α ∈ J , <strong>de</strong>notaremos f(α)<br />

por x α e a seqüência generalizada f por (x α ) α∈ J<br />

. Quando não houver dúvidas quanto ao<br />

conjunto <strong>de</strong> índices J , escreveremos apenas (x α ) .<br />

Se X é um espaço topológico , dizemos que uma seqüência generalizada (x α ) α∈ J<br />

em X<br />

converge para um ponto x neste espaço , se para cada vizinhança V <strong>de</strong> x existe α ∈ J<br />

tal que x β ∈ V sempre que α ≤ β . Neste caso , x é o limite <strong>de</strong> (x α ) α∈ J<br />

.<br />

Uma seqüência generalizada (x α ) α∈ J<br />

em um espaço topológico X é dita convergente<br />

se ela converge para algum ponto <strong>de</strong> X . Quando julgarmos útil , usaremos a notação<br />

x α −→ x para indicar que (x α ) α∈ J<br />

converge para x .<br />

A partir das <strong>de</strong>finições anteriores , prova-se , sem dificulda<strong>de</strong>s , as duas proposições<br />

abaixo :<br />

11


Proposição 1.3. Se (x α ) é uma seqüência generalizada convergente em um espaço <strong>de</strong><br />

Hausdorff X , então seu limite é único .<br />

Proposição 1.4. Sejam Y um subconjunto <strong>de</strong> um espaço topológico X e (x α ) uma<br />

seqüência generalizada em Y . Se (x α ) converge para um ponto x ∈ X , então x ∈ Y .<br />

Em particular , se Y é fechado , então x ∈ Y .<br />

Definição 1.14. Seja f : I −→ X uma seqüência generalizada e , para cada α ∈ I , seja<br />

f(α) = x α . Se J é um conjunto dirigido , cuja or<strong>de</strong>m parcial será <strong>de</strong>notada pelo mesmo<br />

símbolo da <strong>de</strong> I , e g : J −→ I é uma aplicação tal que g(J) é cofinal em I e g(i) ≤ g(j)<br />

sempre que i ≤ j , então a composta f ◦g : J −→ X é uma subseqüência generalizada<br />

<strong>de</strong> (x α ) . Por J ser dirigido , f ◦g é uma seqüência generalizada . Adaptando a notação<br />

usada para seqüências generalizadas , po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>notar a subseqüência generalizada f ◦g<br />

por ( x g(j) , mas quando o <strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> g não causar problemas , em analogia<br />

)j∈ J<br />

à notação usual para subseqüências , escreveremos ( x αj<br />

)j∈ ou , apenas , ( )<br />

xαj<br />

J .<br />

Proposição 1.5. Se X é um espaço topológico e (x α ) uma seqüência generalizada neste<br />

espaço que converge para x ∈ X , então toda subseqüência generalizada <strong>de</strong> (x α ) também<br />

converge para x .<br />

Demonstração. Consulte a referência [17] , Teorema 11.5 , p.75 .<br />

Proposição 1.6. Se X e Y são espaços topológicos e f é uma aplicação <strong>de</strong> X em Y ,<br />

então f é contínua em x ∈ X se , e somente se , f(x α ) −→ f(x) para toda seqüência<br />

generalizada (x α ) em X tal que x α −→ x .<br />

Demonstração. Consulte a referência [17] , Teorema 11.8 , p.75 .<br />

A partir dos resultados e <strong>de</strong>finições anteriores , prova-se a proposição abaixo sem muitas<br />

dificulda<strong>de</strong>s .<br />

12


Proposição 1.7. Sejam Y um espaço topológico e F uma família <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> um<br />

conjunto X em Y . Se X está munido da topologia σ(X , F) e (x α ) α∈ J é uma seqüência<br />

generalizada em X , então x α −→ x se , e somente se , f(x α ) −→ f(x) para toda f ∈ F .<br />

Definição 1.15. Se X é um conjunto e Y ⊂ X , então uma cobertura para Y é uma<br />

família {Y α } α∈ J<br />

<strong>de</strong> subconjuntos <strong>de</strong> X tal que Y ⊂ ⋃ α∈ J Y α . Neste caso , uma subcoleção<br />

<strong>de</strong> {Y α } α∈ J é dita subcobertura para Y se é também uma cobertura para este<br />

conjunto . Caso X seja um espaço topológico e todos os elementos <strong>de</strong> {Y α } α∈ J<br />

sejam<br />

abertos , dizemos que esta é uma cobertura aberta para Y .<br />

Definição 1.16. Um subconjunto K <strong>de</strong> um espaço topológico X é compacto se toda<br />

cobertura aberta para K admite subcobertura finita para o mesmo .<br />

Proposição 1.8. Todo espaço compacto e metrizável possui base enumerável .<br />

Demonstração. Consulte a referência [17] , Teorema 16.11 , p . 112 .<br />

<strong>As</strong> <strong>de</strong>monstrações das próximas quatro proposições não são complicadas e po<strong>de</strong>m ser<br />

vistas na referência [12] , seções 3-5 e 3-6 .<br />

Proposição 1.9. Todo subconjunto fechado <strong>de</strong> um espaço compacto é compacto .<br />

Proposição 1.10. Todo subconjunto compacto <strong>de</strong> um espaço Hausdorff é fechado .<br />

Proposição 1.11. Sejam X e Y<br />

espaços topológicos . Se f : X −→ Y é uma aplicação<br />

contínua , então a imagem <strong>de</strong> um compacto por f é compacta .<br />

Proposição 1.12. Se X é um espaço compacto e f : X −→ IR é contínua , então existem<br />

pontos a e b em X tais que f(a) ≤ f(x) ≤ f(b) , para todo x ∈ X . Em outras palavras ,<br />

f atinge máximo e mínimo em X .<br />

13


Definição 1.17. Sendo X um conjunto qualquer , uma coleção E <strong>de</strong> subconjuntos <strong>de</strong> X<br />

possui a proprieda<strong>de</strong> da interseção finita , resumidamente P.I.F. , se toda subcoleção<br />

finita <strong>de</strong> E possuir interseção não-vazia .<br />

Teorema 1.1. Se X é um espaço topológico , então são equivalentes :<br />

i) X é compacto ;<br />

ii) todo família E <strong>de</strong> subconjuntos fechados <strong>de</strong> X com a P.I.F. possui interseção não-vazia ;<br />

iii) toda seqüência generalizada em X possui subseqüência generalizada convergente .<br />

Demonstração. Consulte a referência [17] , Teorema 17.4 , p.118 .<br />

Definição 1.18. Sejam A e B conjuntos quaisquer e F uma família <strong>de</strong> aplicações <strong>de</strong><br />

A em B . Se para todo par <strong>de</strong> pontos distintos a, b ∈ A existe f ∈ F satisfazendo<br />

f(a) ≠ f(b) , dizemos que F separa os pontos <strong>de</strong> A .<br />

Lema 1.1. Sejam X um espaço compacto , Y um espaço <strong>de</strong> Hausdorff e F uma coleção<br />

<strong>de</strong> aplicações contínuas <strong>de</strong> X em Y . Se F separa os pontos <strong>de</strong> X , então a topologia<br />

σ(X, F) coinci<strong>de</strong> com a topologia original <strong>de</strong> X .<br />

Demonstração. Seja T<br />

(x α ) α∈ J em X .<br />

a topologia original <strong>de</strong> X e fixemos uma seqüência generalizada<br />

Se (x α ) α∈ J converge para x ∈ X na topologia T , então , como toda aplicação f ∈ F<br />

é contínua , (f(x α )) α∈ J converge para f(x) , para toda f ∈ F . Pela Proposição 1.7 , isto<br />

significa que (x α ) α∈ J converge para x na topologia σ(X, F) .<br />

Reciprocamente , suponhamos que (x α ) α∈ J convirja para x ∈ X na topologia σ(X, F) .<br />

Neste caso , se (x α ) α∈ J não converge para x na topologia T , existe uma vizinhança aberta<br />

V <strong>de</strong> x na topologia T tal que para cada α ∈ J temos um índice β ∈ J satisfazendo<br />

14


β ≥ α , tal que x β /∈ V . Logo , existe uma subseqüência generalizada (y β ) β∈ I <strong>de</strong> (x α ) α∈ J<br />

contida em X \V . Pela compacida<strong>de</strong> X \V na topologia T , (y β ) β∈ I possui uma subseqüência<br />

generalizada convergente nesta topologia. Sejam (w λ ) λ∈ Λ esta subseqüência e w ∈<br />

X \V o seu limite . Por F separar os pontos <strong>de</strong> X , existe g ∈ F tal que g(x) ≠ g(w) .<br />

Como g é contínua na topologia T , por um lado temos que (g(w λ )) λ∈ Λ converge para g(w)<br />

e por outro , lembrando que (x α ) α∈ J converge para x na topologia σ(X, F) , temos que<br />

g((x α )) α∈ J converge para g(x) . Conseqüentemente , (g(w λ )) λ∈ Λ converge para g(x) ,<br />

uma vez que (w λ ) λ∈ Λ é também subseqüência generalizada <strong>de</strong> (x α ) α∈ J . Finalmente ,<br />

temos que (g(w λ )) λ∈ Λ possui dois limites distintos , o que contradiz o fato <strong>de</strong> Y ser <strong>de</strong><br />

Hausdorff .<br />

Observação 1.1. Se F é uma família <strong>de</strong> aplicações contínuas <strong>de</strong> um espaço topológico X<br />

em um espaço topológico <strong>de</strong> Hausdorff Y , que separa os pontos <strong>de</strong> X , então X é um<br />

espaço <strong>de</strong> Hausdorff . Para verificar este fato , fixemos t 1 , t 2 ∈ X tais que t 1 ≠ t 2 . Como<br />

F separa os pontos <strong>de</strong> X , existe f ∈ F tal que f(t 1 ) ≠ f(t 2 ) . Por Y ser <strong>de</strong> Hausdorff ,<br />

existem vizinhanças V 1 e V 2 <strong>de</strong> f(t 1 ) e f(t 2 ) , respectivamente , tais que V 1 ∩ V 2 = ∅ .<br />

Logo , pela continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> f , os conjuntos f −1 (V 1 ) e f −1 (V 2 ) são vizinhanças <strong>de</strong> t 1 e<br />

t 2 , respectivamente , cuja interseção é vazia .<br />

Teorema 1.2. (Tychonoff) Um produto arbitrário <strong>de</strong> espaços compactos é compacto na<br />

topologia produto .<br />

Demonstração. Consulte a referência [12] , Teorema 1.1 , p.232 .<br />

O próximo exemplo será usado após um dos principais resultados <strong>de</strong>ste trabalho , o<br />

Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar a importância <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas hipóteses .<br />

Exemplo 1.5. Seja Λ um conjunto não-enumerável e , para cada λ neste conjunto , seja<br />

I λ<br />

o espaço topológico formado pelo intervalo real fechado [ 0 , 1 ] munido da topologia<br />

15


induzida pela topologia usual <strong>de</strong> IR . Como todo I λ é compacto , sendo X = ∏ λ∈Λ I λ , o<br />

Teorema <strong>de</strong> Tychonoff nos diz que X com a topologia produto é compacto . Baseados na<br />

referência [12] , exemplo 2 , p.131 , temos que X não é metrizável .<br />

Definição 1.19. Se X é um espaço topológico on<strong>de</strong> os conjuntos unitários são fechados ,<br />

dizemos que X é normal se para cada par A , B <strong>de</strong> subconjuntos fechados e disjuntos <strong>de</strong><br />

X , existem abertos disjuntos U , V ⊂ X tais que A ⊂ U e B ⊂ V .<br />

Proposição 1.13. Todo espaço compacto <strong>de</strong> Hausdorff é normal .<br />

Demonstração. Consulte a referência [12] , Teorema 2.4 , p.198 .<br />

Teorema 1.3. (Lema <strong>de</strong> Urysohn) Sejam A e B subconjuntos fechados e disjuntos <strong>de</strong> um<br />

espaço normal X . Se [a, b] é um intervalo real fechado , então existe uma função contínua<br />

f : X −→ [ a , b ] tal que f(x) = a para todo x ∈ A e f(x) = b para todo x ∈ B .<br />

Demonstração. Consulte a referência [12] , Teorema 3.1 , p.207 .<br />

1.2 Análise Funcional<br />

Nesta seção, enunciaremos alguns resultados bem conhecidos que usaremos posteriormente<br />

. Para não carregar a notação , ao trabalharmos com mais <strong>de</strong> um espaço normado ,<br />

usaremos a notação ‖.‖ para todas as normas envolvidas , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que isto não comprometa<br />

a clareza das informações .<br />

Antes da próxima proposição lembraremos duas <strong>de</strong>finições .<br />

Definição 1.20. Uma seqüência (x n ) em um espaço normado E é uma seqüência <strong>de</strong><br />

Cauchy se para cada ɛ > 0 existe k ∈ IN tal que ‖x n − x m ‖ < ɛ sempre que n ≥ k e<br />

m ≥ k .<br />

16


Um espaço <strong>de</strong> Banach é um espaço normado E tal que toda seqüência <strong>de</strong> Cauchy em<br />

E converge para um ponto <strong>de</strong> E .<br />

Seja f uma aplicação <strong>de</strong> um espaço topológico X em um espaço normado E . Se existe<br />

M > 0 tal que ‖f(x)‖ ≤ M para todo x ∈ X , então dizemos que f é limitada .<br />

Proposição 1.14. Se E e F são espaços normados e f é uma aplicação linear <strong>de</strong> E em<br />

F , então as condições abaixo são equivalentes :<br />

i) f é contínua na origem ;<br />

ii) f é contínua ;<br />

iii) existe um número positivo M tal que ‖f(x)‖ ≤ M ‖ x‖ , para todo x ∈ E .<br />

Demonstração. Consulte a referência [5] , Proposições 1 e 2 , p.36 .<br />

Se E é um espaço normado sobre IK e f : E −→ IK é linear , então dizemos que f é<br />

um funcional linear .<br />

Definição 1.21. Seja f um funcional linear contínuo <strong>de</strong>finido em E . Definimos a norma<br />

<strong>de</strong> f , que <strong>de</strong>notaremos por ‖f‖ , pela igualda<strong>de</strong><br />

‖f‖ = inf {M > 0 : |f(x)| ≤ M ‖ x‖ , para todo x ∈ E} .<br />

A Proposição 1.14 garante a existência <strong>de</strong>ste ínfimo . A seguir , <strong>de</strong>finiremos um espaço<br />

vetorial on<strong>de</strong> , <strong>de</strong> fato , esta é uma norma , justificando a nomenclatura .<br />

Definição 1.22. Seja E um espaço normado sobre IK e E ′ o conjunto dos funcionais<br />

lineares contínuos <strong>de</strong>finidos em E. Consi<strong>de</strong>re em E ′ a soma e o produto por escalar <strong>de</strong>finidos<br />

ponto a ponto , isto é , para cada par f, g ∈ E ′ e cada λ ∈ IK , (f + g)(x) = f(x) + g(x)<br />

e (λf)(x) = λf(x) , para todo x ∈ E . Com as operações assim <strong>de</strong>finidas e a norma da<br />

<strong>de</strong>finição anterior , afirmamos que E ′ é um espaço <strong>de</strong> Banach , que chamaremos <strong>de</strong> dual<br />

17


<strong>de</strong> E . A prova <strong>de</strong>sta afirmação po<strong>de</strong> ser vista na referência [5] , capítulo 1 , p. 52 . É fácil<br />

verificar que ‖f‖ também é igual ao supremo do conjunto { |f(x)| : x ∈ S E } .<br />

Quando consi<strong>de</strong>rarmos um espaço normado E com a topologia σ(E, E ′ ) , diremos apenas<br />

que E está munido da topologia fraca , omitindo a família <strong>de</strong> funcionais que gera esta<br />

topologia .<br />

Definição 1.23. Seja (x n ) uma seqüência num espaço <strong>de</strong> Banach E . Dizemos que a série<br />

∞∑<br />

∞∑<br />

é absolutamente convergente , se a série <strong>de</strong> números reais ‖ x n ‖ converge .<br />

x n<br />

n=1<br />

n=1<br />

O teorema a seguir caracteriza os espaços <strong>de</strong> Banach através das séries absolutamente<br />

convergentes .<br />

Teorema 1.4. Se E é um espaço normado , então E é um espaço <strong>de</strong> Banach se , e somente<br />

se , toda série absolutamente convergente em E converge .<br />

Demonstração. Consulte a referência [16] , Teorema 4.3 , p. 67 .<br />

Definição 1.24. Seja E um espaço normado sobre IK<br />

e , para cada x em E , seja<br />

δ x : E ′ −→ IK <strong>de</strong>finida por δ x (f) = f(x) . A topologia fraca <strong>de</strong>finida pela família {δ x } x∈E<br />

em E ′ é chamada <strong>de</strong> topologia fraca estrela e é <strong>de</strong>notada por σ(E ′ , E) .<br />

1.3 Álgebras <strong>de</strong> Banach<br />

Definição 1.25. Um espaço vetorial A sobre IK é uma álgebra se nele estiver <strong>de</strong>finida<br />

uma operação <strong>de</strong> A × A em A , chamada multiplicação e <strong>de</strong>notada por justaposição , tal<br />

que :<br />

i) x (yz) = (xy) z ;<br />

18


ii) x (y + z) = xy + xz e (y + z) x = yx + zx ;<br />

iii) λ (xy) = (λx) y = x (λy) , para x, y, z ∈ A e λ ∈ IK .<br />

Um subespaço vetorial B da álgebra A é uma subálgebra <strong>de</strong> A se xy ∈ B , para todo<br />

x, y ∈ B . Dizemos que A é uma álgebra comutativa se xy = yx , para todo x, y ∈ A ,<br />

e que A é uma álgebra com unida<strong>de</strong> se existir um elemento 1 ∈ A tal que 1x = x1 = x ,<br />

para cada x ∈ A . Em geral , <strong>de</strong>notaremos a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma álgebra , quando ela existir ,<br />

por 1 .<br />

Definição 1.26. Sejam H um subconjunto <strong>de</strong> uma álgebra A e H 0 o conjunto formado<br />

pelos pontos x ∈ A para os quais existe um número finito <strong>de</strong> elementos h 1 , . . . , h n ∈ H<br />

satisfazendo x = h 1 h 2 . . . h n . Não há dificulda<strong>de</strong>s em provar que o conjunto H ⊂ A das<br />

combinações lineares finitas dos elementos <strong>de</strong> H 0 é uma subálgebra <strong>de</strong> A que contém H<br />

e que está contida em qualquer álgebra contendo este conjunto . Neste caso , dizemos que<br />

H é a álgebra gerada por H .<br />

Definição 1.27. Um espaço normado (A , ‖ . ‖ ) sobre IK é uma álgebra normada se<br />

A for uma álgebra sobre o mesmo corpo <strong>de</strong> escalares IK e ‖xy‖ ≤ ‖ x‖ ‖y‖ , para todo<br />

x, y ∈ A . Se , além disso , (A , ‖ . ‖ ) for um espaço <strong>de</strong> Banach , diremos que A é uma<br />

álgebra <strong>de</strong> Banach . <strong>As</strong>sim como na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> espaço topológico , omitiremos a norma<br />

na notação <strong>de</strong> álgebra normada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que isto não gere dúvidas quanto à norma consi<strong>de</strong>rada .<br />

Definição 1.28. Sejam A 1 e A 2 álgebras sobre o mesmo corpo IK . Dizemos que uma<br />

aplicação ϕ : A 1 −→ A 2 é um homomorfismo , se esta preserva a estrutura algébrica <strong>de</strong><br />

A 1 , ou seja , se ϕ é linear e multiplicativa ( ϕ(xy) = ϕ(x)ϕ(y) , para todo x, y ∈ A 1 ) .<br />

Um isomorfismo é um homomorfismo bijetivo . Se existe um isomorfismo ϕ <strong>de</strong> uma<br />

álgebra A 1 em outra A 2 , então a inversa ϕ −1 <strong>de</strong> A 2 em A 1 é também um isomorfismo ,<br />

e , neste caso , dizemos que A 1 e A 2 são isomorfas .<br />

19


Retornando à <strong>de</strong>finição 1.25 , é fácil ver que a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma álgebra normada A é<br />

única . Além disso , se A ̸= {0} e 1 é sua unida<strong>de</strong> , então , como ‖ 1‖ ≤ ‖ 1‖ ‖ 1‖ =<br />

‖ 1‖ 2 , temos que ‖1‖ ≥ 1 . Na referência [8] , seção 1.3 , como conseqüência do Teorema<br />

1.3.1 , temos que é possível <strong>de</strong>finir uma norma ‖ . ‖ u<br />

em A equivalente a original e<br />

tal que ‖ 1‖ u<br />

= 1 . Portanto , em nossas álgebras normadas com unida<strong>de</strong> , quando não<br />

especificarmos com qual norma trabalharemos , a norma da unida<strong>de</strong> será sempre igual a 1 .<br />

Resultados obtidos em álgebras normadas com unida<strong>de</strong> , nem sempre pemanecem válidos<br />

nas álgebras sem unida<strong>de</strong> , e mesmo quando isto ocorre , normalmente as <strong>de</strong>monstrações<br />

tornam-se mais complicadas . Vejamos como imergir isometricamente uma álgebra normada<br />

qualquer em outra com unida<strong>de</strong> : seja A uma álgebra normada sobre IK e consi<strong>de</strong>re no<br />

produto cartesiano A [ e ] = A × IK as operações soma , produto por escalar e produto<br />

<strong>de</strong>finidas , respectivamente , da seguinte forma :<br />

i) (x, a) + (y, b) = (x + y, a + b) ;<br />

ii) b(x, a) = (bx, ba) ;<br />

iii) (x, a)(y, b) = (xy + ay + bx, ab) , quaisquer que sejam x, y ∈ A e a, b ∈ IK .<br />

<strong>As</strong> verificações que A[e] com estas operações é uma álgebra sobre IK e que o elemento<br />

e = (0, 1) ∈ A [e] é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta álgebra , são imediatas . É claro que com a norma<br />

‖(x, a)‖ = ‖ x‖ + | a| , A[e] torna-se uma álgebra normada e <strong>de</strong>finindo ϕ : A −→ A [e]<br />

em cada x ∈ A por ϕ(x) = (x, 0) , é fácil verificar que ϕ é um isomorfismo isométrico<br />

entre A e a subálgebra ϕ(A) <strong>de</strong> A[e] . Além disso , se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach ,<br />

então A[e] também o é .<br />

Deste momento em diante , nossas álgebras serão sempre comutativas e com unida<strong>de</strong> .<br />

Vejamos alguns exemplos <strong>de</strong> álgebras :<br />

Exemplo 1.6. O corpo dos números complexos IC com as operações usuais e munido do<br />

20


valor absoluto é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC comutativa e com unida<strong>de</strong> , assim como o<br />

corpo dos reais é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IR comutativa e com unida<strong>de</strong> .<br />

Exemplo 1.7. Sejam X um conjunto e E uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK . Se<br />

B(X, E) é o conjunto <strong>de</strong> todas as aplicações limitadas <strong>de</strong> X em E , então é fácil verificar<br />

que com as operações soma , produto por escalar e produto <strong>de</strong>finidas ponto a ponto ,<br />

B(X, E) é uma álgebra sobre IK .<br />

A álgebra B(X, E) é comutativa uma vez que E é<br />

comutativa e se 1 é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> E , a aplicação f 1 ≡ 1 será a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> B(X, E) .<br />

fácil verificar que a aplicação<br />

‖ .‖ ∞<br />

: B(X, E) −→ IR<br />

f ↦−→ ‖f‖ ∞<br />

= sup ‖f(x)‖<br />

x∈ X<br />

é uma norma em B(X, E) , a norma do supremo , e que com ela , B(X, E) é uma álgebra<br />

normada . Provemos que B(X, E) é completo . Seja (f n ) uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy em<br />

B(X, E) . Neste caso , dado ɛ > 0 , existe n 0 ∈ IN tal que para todo n, m ≥ n o<br />

‖f n (x) − f m (x)‖ ≤ ‖f n − f m ‖ ∞<br />

< ɛ , para todo x ∈ X .<br />

temos<br />

É<br />

Logo , para cada x ∈ X , a seqüência (f n (x)) é uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy em E , que<br />

é um espaço <strong>de</strong> Banach . Portanto , (f n (x)) é convergente para cada x ∈ X e , assim ,<br />

está bem <strong>de</strong>finida a aplicação<br />

f : X −→ E<br />

x ↦−→ limf n (x) .<br />

n<br />

Por (f n ) ser uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy , existe k ∈ IN tal que para todo n, m ≥ k temos<br />

que ‖f n (x) − f m (x)‖ < 1 , para todo x ∈ X . Fazendo m ten<strong>de</strong>r a infinito , temos que<br />

‖f k (x) − f(x)‖ ≤ 1 , para todo x ∈ X . Com isto , ‖f(x)‖ ≤ ‖f k (x)‖ + 1 ≤ ‖f k ‖ ∞<br />

+ 1 <<br />

+∞ , para todo x ∈ X , o que implica f ∈ B(X, E) .<br />

21


Agora , verifiquemos que {f n } converge para f na norma do supremo . Dado ɛ > 0 ,<br />

existe p ∈ IN<br />

tal que para todo n, m ≥ p , ‖f n (x) − f m (x)‖ < ɛ/2 , para todo x ∈<br />

X . Mais uma vez , fazendo m ten<strong>de</strong>r a infinito , obtemos , para cada n ≥ p fixado ,<br />

‖f n (x) − f(x)‖ ≤ ɛ/2 , para todo x ∈ X .<br />

‖f n − f‖ ∞<br />

≤ ɛ/2 < ɛ , para todo n ≥ p .<br />

Conseqüentemente , sup ‖f n (x) − f(x)‖ =<br />

x∈X<br />

Em outras palavras , (f n ) converge para f na norma do supremo . Portanto , B(X, E)<br />

com a norma do supremo é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK .<br />

Exemplo 1.8. Seja X um espaço topológico . Se E e B(X, E) são como no exemplo<br />

anterior , então o subconjunto <strong>de</strong> B(X, E) formado pelas aplicações contínuas , que <strong>de</strong>notaremos<br />

por B c (X, E) , é uma subálgebra fechada <strong>de</strong> B(X, E) . A partir disto , <strong>de</strong>correrá<br />

imediatamente do fato <strong>de</strong> B(X, E) ser um espaço completo , que B c (X, E) com a topologia<br />

induzida pela topologia <strong>de</strong> B(X, E) é uma álgebra <strong>de</strong> Banach . Além disso , <strong>de</strong> forma<br />

análoga ao exemplo anterior , B c (X, E) é comutativa e possui unida<strong>de</strong> .<br />

Provaremos apenas que B c (X, E) é um subconjunto fechado <strong>de</strong> B(X, E) , uma vez que<br />

a verificação das outras afirmações acima é simples .<br />

Seja (f n ) uma seqüência em B c (X, E) que converge para uma aplicação f em<br />

B(X, E) . Dados w ∈ X e ɛ > 0 , existe k ∈ IN tal que ‖f n − f‖ ∞<br />

< ɛ/3 , para<br />

todo n ≥ k . Além disso , como f k é contínua , existe vizinhança W <strong>de</strong> w tal que<br />

f k (W ) ⊂ B(f k (w) , ɛ/3) . Logo , para todo x ∈ W ,<br />

‖f(x) − f(w)‖ ≤ ‖f(x) − f k (x)‖ + ‖f k (x) − f k (w)‖ + ‖f k (w) − f(w)‖<br />

≤ ‖f − f k ‖ ∞<br />

+ ‖f k (x) − f k (w)‖ + ‖f k − f‖ ∞<br />

< ɛ/3 + ɛ/3 + ɛ/3 = ɛ .<br />

Com isto , f ∈ B c (X, E) , don<strong>de</strong> segue que B c (X, E) é fechado .<br />

22


Exemplo 1.9. Sejam X um espaço topológico e C o conjunto das funções constantes <strong>de</strong><br />

X em IK . É fácil verificar que C com as operações <strong>de</strong>finidas ponto a ponto e com a norma<br />

do supremo é uma subálgebra fechada <strong>de</strong> B c (X, IK) que contém a unida<strong>de</strong> . <strong>As</strong>sim , C<br />

com a norma do supremo é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK , comutativa e com unida<strong>de</strong> .<br />

Exemplo 1.10. Se X é um espaço compacto e E é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK ,<br />

então o conjunto C (X, E) das aplicações contínuas <strong>de</strong> X em E , com as operações<br />

<strong>de</strong>finidas ponto a ponto e com a norma do supremo , é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK ,<br />

comutativa e com unida<strong>de</strong> .<br />

De fato , pela Proposição 1.12 , toda f ∈ C (X, E) é limitada e , com isto , estamos<br />

num caso particular do exemplo 1.8 on<strong>de</strong> B c (X, E) = C (X, E) .<br />

A partir <strong>de</strong>ste ponto , se X e Y são espaços topológicos , <strong>de</strong>notaremos por C(X, Y )<br />

o conjunto <strong>de</strong> todas as aplicações contínuas <strong>de</strong> X em Y . Pelo exemplo 1.10 , quando<br />

X é compacto e Y é uma álgebra <strong>de</strong> Banach , C(X, Y ) = B c (X, Y ) . Neste caso , a<br />

menos que seja dito o contrário , consi<strong>de</strong>raremos C(X, Y ) munido da norma do supremo ,<br />

e se Y = IK , escreveremos apenas C(X) . Entretanto , nas situações válidas somente<br />

para Y = IR , ou somente para Y = IC , nossas notações serão C(X, IR) e C(X, IC) ,<br />

respectivamente .<br />

Segundo esta notação , se X é compacto , a álgebra <strong>de</strong> Banach C do exemplo 1.9 é<br />

uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) .<br />

Exemplo 1.11. Seja U o subconjunto <strong>de</strong> C( [0 , 1] , IC ) formado pelas funções f tais que<br />

f(x) = f(1 − x) , para todo x ∈ [0 , 1] . É fácil ver que U com as operações <strong>de</strong>finidas<br />

ponto a ponto e munido da norma do supremo , é uma subálgebra real <strong>de</strong> C( [0 , 1] , IC )<br />

que contém a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta álgebra , a função constante e igual a 1 . Verifiquemos que com<br />

a norma do supremo , U é completa : seja {f n } uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy em U . Pelo<br />

23


exemplo 1.10 , C ( [0 , 1] , IC ) é completo e , conseqüentemente , {f n } converge para uma<br />

função f ∈ C ( [0 , 1] , IC ) . Basta provar que f ∈ U para concluir o que queremos .<br />

Se x ∈ [0, 1] , então<br />

f(x) = lim<br />

n→∞<br />

f n (x) = lim<br />

n→∞<br />

f n (1 − x) = lim<br />

n→∞<br />

f n (1 − x) = f(1 − x) ,<br />

já que a função que associa cada número complexo ao seu conjugado é contínua . Logo ,<br />

f ∈ U e a partir disto , U com as operações ponto a ponto e com a norma do supremo é<br />

uma álgebra <strong>de</strong> Banach comutativa e com unida<strong>de</strong> sobre IR .<br />

Exemplo 1.12. Sejam ∆ = {z ∈ IC : |z| < 1} munido da topologia herdada <strong>de</strong> IC e A (∆)<br />

o subconjunto <strong>de</strong> C( ∆ , IC ) formado pelas funções que são analíticas em ∆ . Como ∆ é<br />

um espaço compacto , pelo exemplo 1.10 , C( ∆ , IC ) com as operações <strong>de</strong>finidas ponto<br />

a ponto e munido da norma do supremo , é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC , comutativa e<br />

com unida<strong>de</strong> .<br />

Vejamos que com as operações e a norma herdadas <strong>de</strong> C( ∆ , IC ) , A (∆) é também<br />

uma álgebra <strong>de</strong> Banach comutativa e com unida<strong>de</strong> sobre IC .<br />

Pelo fato da soma , do produto por escalar e do produto <strong>de</strong> funções analíticas serem<br />

funções analíticas , temos que A (∆) é , <strong>de</strong> fato , uma álgebra normada e comutativa sobre<br />

IC . Além disso , como a função constante e igual a 1 está em A (∆) , esta álgebra possui<br />

unida<strong>de</strong> . Para concluir que A (∆) é um conjunto completo , basta verificar , como no<br />

exemplo 1.8 , que A (∆) é uma subálgebra fechada <strong>de</strong> C( ∆ , IC ) , uma vez que esta última<br />

é completa . Mas isto não nos exigirá trabalho algum , pois sabemos que toda função<br />

complexa <strong>de</strong>finida num subconjunto aberto <strong>de</strong> IC que é limite uniforme <strong>de</strong> uma seqüência<br />

<strong>de</strong> funções analíticas <strong>de</strong>finidas no mesmo aberto , é analítica . Isto conclui o exemplo .<br />

24


Exemplo 1.13. Sejam A (∆) como no exemplo 1.12 , F r∆ munido da topologia herdada<br />

<strong>de</strong> IC e H o subconjunto <strong>de</strong> C(F r∆, IC) formado pelas funções f para as quais existe<br />

˜f ∈ A (∆) tal que ˜f (0) = ˜f (1) e ˜f (z) = f(z) , para todo z ∈ F r∆ .<br />

Não há dificulda<strong>de</strong>s em verificar que H com a norma do supremo é uma álgebra normada<br />

sobre IC , comutativa e com unida<strong>de</strong> .<br />

Para provar que H é uma álgebra <strong>de</strong> Banach , seja (f n ) uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy nesta<br />

álgebra e , para cada n ∈ IN , seja ˜f n<br />

uma função em A(∆) cuja restrição a F r∆ coinci<strong>de</strong><br />

com f n e tal que ˜f n (0) = ˜f n (1) . Como para todo par n, m ∈ IN , a restrição <strong>de</strong> ˜f n − ˜f m a<br />

F r∆ coinci<strong>de</strong> com f n −f m , pelo Teorema do Módulo Máximo , ‖ ˜fn −˜f m ‖ ∞<br />

= ‖f n − f m ‖ ∞<br />

.<br />

Logo , (˜f n ) é uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy em A(∆) , que pelo exemplo 1.12 , é uma álgebra<br />

<strong>de</strong> Banach . Conseqüentemente , (˜f n ) converge para uma função ˜f ∈ A(∆) na norma do<br />

supremo . Em particular , dado ɛ > 0 , existe k ∈ IN tal que ∣ ˜f n (z) − ˜f (z) ∣ < ɛ , para<br />

todo z ∈ F r∆ , sempre que n ≥ k .<br />

Além disso , do fato <strong>de</strong> ˜f n (0) = ˜f n (1) para cada<br />

natural n , segue que ˜f (0) = lim (0) = lim (1) = ˜f (1) . Com isto , temos que a<br />

n→∞˜fn<br />

n→∞˜fn<br />

restrição <strong>de</strong> ˜f a F r∆ pertence a H e é o limite da seqüência (˜f n ) na norma do supremo ,<br />

provando que H é uma álgebra <strong>de</strong> Banach .<br />

No próximo exemplo e sempre que julgarmos conveniente , faremos uma i<strong>de</strong>ntificação<br />

entre cada número complexo z = x + yi com o par (x, y) ∈ IR 2 . Quando esta i<strong>de</strong>ntificação<br />

for feita , consi<strong>de</strong>raremos IR 2 munido da norma eucli<strong>de</strong>ana . A partir <strong>de</strong>ste ponto , para<br />

simplificar a notação , dados A ⊂ IR 2 , k ∈ IN e uma função f : A −→ IR 2 , <strong>de</strong>notaremos<br />

por f x e f y , respectivamente , as <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> f com relação à primeira e à<br />

segunda variáveis . Além disso , usaremos a notação da norma do supremo para aplicações<br />

<strong>de</strong>finidas em conjuntos distintos . Em todos os casos , esta notação <strong>de</strong>notará o supremo do<br />

conjunto formado pelos módulos (ou pelas normas) dos valores assumidos pela aplicação em<br />

questão , ao percorrermos o domínio da mesma . Para o próximo exemplo , precisaremos do<br />

seguinte teorema :<br />

25


Teorema 1.5. Seja (h n ) uma seqüência <strong>de</strong> funções diferenciáveis <strong>de</strong>finidas num intervalo<br />

fechado [a , b ] ⊂ IR e tomando valores em IR . Se existe x 0 ∈ [a , b ] tal que (h n (x 0 ))<br />

converge e se (h ′ n) converge uniformemente em [a, b] , então (h n ) converge uniformemente<br />

em [ a , b ] para uma função diferenciável h : [ a , b ] −→ IR e<br />

todo t ∈ [a, b] .<br />

Demonstração. Consulte a referência [14] , Teor. 7.17 , p. 140 .<br />

lim<br />

n→ ∞ h′ n(t) = h ′ (t) , para<br />

Exemplo 1.14. Sejam ∆ como no exemplo 1.12 e C 1 (∆) o conjunto das funções <strong>de</strong><br />

{<br />

C( ∆ , IC ) que quando vistas como funções <strong>de</strong> (x, y) ∈ IR 2 : √ }<br />

x 2 + y 2 ≤ 1 em IR 2 ,<br />

possuem <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m contínuas e limitadas no interior <strong>de</strong> seu<br />

domínio . Provaremos que com as operações <strong>de</strong>finidas ponto a ponto e munido da norma<br />

‖f‖ = ‖f x ‖ ∞<br />

+ ‖f y ‖ ∞<br />

+ ‖f‖ ∞<br />

, C 1 (∆) é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC , comutativa<br />

e com unida<strong>de</strong> . Pela observação feita antes <strong>de</strong>ste exemplo , os supremos ‖f x ‖ ∞<br />

e<br />

‖f y ‖ ∞<br />

são tomados nos conjuntos on<strong>de</strong> as funções f x e f y estão <strong>de</strong>finidas , ou seja , em<br />

{<br />

(x, y) ∈ IR 2 : √ }<br />

x 2 + y 2 < 1 ( ou , equivalentemente , em ∆ ) .<br />

Inicialmente , precisaríamos verificar que a soma , o produto por escalar e o produto <strong>de</strong><br />

elementos <strong>de</strong> C 1 (∆) pertencem a C 1 (∆) , mas a soma e o produto por escalar claramente<br />

satisfazem esta proprieda<strong>de</strong> e , portanto , verificaremos apenas o produto .<br />

Sejam f, g ∈ C 1 (∆) , tais que f(x, y) = (f 1 (x, y), f 2 (x, y)) e g(x, y) = (g 1 (x, y), g 2 (x, y)) ,<br />

{<br />

on<strong>de</strong> (x, y) ∈ (x, y) ∈ IR 2 : √ }<br />

x 2 + y 2 ≤ 1 . Como fg = (f 1 g 1 − f 2 g 2 , f 1 g 2 + f 2 g 1 ) e<br />

cada uma das funções coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> f e g possui <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m<br />

{<br />

contínuas e limitadas em (x, y) ∈ IR 2 : √ }<br />

x 2 + y 2 < 1 , fg também terá . Aliando isto<br />

ao fato <strong>de</strong> , pelo exemplo 1.10 , fg ∈ C(∆ , IC) , concluímos que C 1 (∆) é fechado para o<br />

produto . Conseqüentemente , C 1 (∆) é uma álgebra sobre IC . Além disso , pela <strong>de</strong>finição<br />

do produto , C 1 (∆) é comutativa e possui unida<strong>de</strong> , a função constante e igual a 1 .<br />

Em analogia ao exemplo 1.7 , é fácil verificar que a norma acima <strong>de</strong>finida é <strong>de</strong> fato uma<br />

26


norma em C 1 (∆) .<br />

Agora , veremos que com esta norma , C 1 (∆) é uma álgebra <strong>de</strong> Banach . Seja (f n )<br />

uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy em C 1 (∆) . Se <strong>de</strong>notarmos por ˜f n a restrição <strong>de</strong> cada f n ao<br />

conjunto ∆ , teremos que ‖ ˜fn ≤ ‖f n ‖ ∞<br />

, (˜f n ) x = (f n ) x e que (˜f n ) y = (f n ) y para todo<br />

‖ ∞<br />

n ∈ IN , já que as <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong>stas funções estão <strong>de</strong>finidas apenas em ∆ . Como<br />

(f n ) é uma seqüência <strong>de</strong> Cauchy , para cada ɛ > 0 , existe n 0 ∈ IN tal que<br />

‖(f n ) x<br />

− (f m ) x<br />

‖ ∞<br />

+ ‖(f n ) y − (f m ) y ‖ ∞<br />

+ ‖f n − f m ‖ ∞<br />

= ‖f n − f m ‖ < ɛ ,<br />

para n, m ≥ n 0 . Logo , ‖f n − f m ‖ ∞<br />

< ɛ , ‖ ˜fn − ˜f m<br />

‖ ∞ < ɛ , ‖(˜f n ) x − (˜f m ) x ‖ ∞ < ɛ<br />

e ‖(˜f n ) y − (˜f m ) y < ɛ , sempre que n, m ≥ n 0 . Pelo exemplo 1.8 , existem funções<br />

‖ ∞<br />

f ∈ C(∆, IC) e ˜f , α , β ∈ B c (∆, IC) tais que as seqüências (f n ) , (˜f n ) , ((˜f n ) x ) e ((˜f n ) y )<br />

convergem na norma do supremo , respectivamente , para f , ˜f , α e β . É fácil ver que a<br />

restrição <strong>de</strong> f a ∆ é a função ˜f , uma vez que fixando x ∈ ∆ , ˜fn (x) = f n (x) para todo<br />

n ∈ IN , e portanto , as seqüências (˜f n (x)) e (f n (x)) convergem para o mesmo limite , o<br />

que implica ˜f (x) = f(x) .<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> provar que f possui <strong>de</strong>rivadas parciais em ∆ , que f x = α e que<br />

f y = β , fixemos z 0 = (x 0 , y 0 ) ∈ ∆ .<br />

Decorre do fato <strong>de</strong> ∆ ser aberto , a existência <strong>de</strong><br />

r > 0 tal que B(z 0 , r) ⊂ ∆ . Com isto , se I x0 é o intervalo real fechado [x 0 −r/2, x 0 +r/2] ,<br />

então I x0 × {y 0 } ⊂ ∆ .<br />

Para cada n ∈ IN , sejam ϕ n , ψ n : I x0 −→ IR tais que ˜f n (t, y 0 ) = (ϕ n (t), ψ n (t)) , para<br />

t ∈ I x0 . Como (˜f n ) x existe em todos os pontos <strong>de</strong> I x0 × {y 0 } , temos que ϕ n e ψ n são<br />

diferenciáveis em I x0 e que (˜f n ) x (t, y 0 ) = (ϕ n ′ (t) , ψ n ′ (t) ) . Lembrando que (˜f n ) x converge<br />

para α na norma do supremo , fixado ɛ > 0 , existe m 0 ∈ IN tal que<br />

sup | (˜f n ) x (t, y 0 ) − α(t, y 0 ) | ≤ ‖ (˜f n ) x − α ‖ ∞ < ɛ ,<br />

t∈ I x0<br />

sempre que n ≥ m 0 . Neste caso , se α = (α 1 , α 2 ) , então<br />

27


e<br />

sup | ϕ ′ n (t) − α 1 (t, y 0 )| ≤ sup | (˜f n ) x (t, y 0 ) − α(t, y 0 ) | < ɛ<br />

t∈ I x0 t∈ I x0<br />

sup | ψ ′ n (t) − α 2 (t, y 0 )| ≤ sup | (˜f n ) x (t, y 0 ) − α(t, y 0 ) | < ɛ ,<br />

t∈ I x0 t∈ I x0<br />

para todo n ≥ m 0 .<br />

Conseqüentemente , (ϕ n ′ ) e (ψ n ′ ) convergem uniformemente para as<br />

restrições <strong>de</strong> α 1 e α 2 ao conjunto I x0 × {y 0 } , que <strong>de</strong>notaremos por ˜α 1 e ˜α 2 . Por y 0<br />

estar fixado , po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar ˜α 1 e ˜α 2 <strong>de</strong>finidas em I x0 . Pelo Teorema 1.5 , (ϕ n )<br />

e (ψ n ) convergem uniformemente em I x0 , respectivamente , para funções diferenciáveis<br />

ϕ , ψ : I x0 −→ IR . Além disso ,<br />

Como para cada t ∈ I x0<br />

lim ϕ n ′ (t) = ϕ ′ (t) e<br />

n→ ∞<br />

lim ψ n ′ (t) = ψ ′ (t) , para todo t ∈ I x0 .<br />

n→ ∞<br />

˜f (t, y 0 ) = lim ˜f n (t, y 0 ) = lim (ϕ n(t) , ψ n (t) ) = (ϕ(t) , ψ(t)) ,<br />

n→ ∞<br />

n→ ∞<br />

˜f possui <strong>de</strong>rivada parcial com relação à primeira variável em todos os pontos t do interior<br />

<strong>de</strong> I x0 e nestes pontos ,<br />

f x (t, y 0 ) = (˜f ) x (t, y 0 ) = (ϕ ′ (t) , ψ ′ (t)) = (˜α 1 (t), ˜α 2 (t)) = (α 1 (t, y 0 ), α 2 (t, y 0 )) = α(t, y 0 ) .<br />

Em particular , a <strong>de</strong>rivada parcial <strong>de</strong> f com relação à primeira variável existe no ponto z 0<br />

e f x (z 0 ) = f x (x 0 , y 0 ) = α(x 0 , y 0 ) = α(z 0 ) . A <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>rivada parcial <strong>de</strong> f<br />

com relação à segunda variável existe no ponto z 0 e que f y (z 0 ) = f y (x 0 , y 0 ) = β(x 0 , y 0 ) =<br />

β(z 0 ) é completamente análoga .<br />

A arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> z 0<br />

nos permite concluir que f possui <strong>de</strong>rivadas parciais em todos<br />

os pontos <strong>de</strong> ∆ e que f x ≡ α , assim como f y ≡ β . Lembrando que α e β são funções<br />

contínuas e limitadas em ∆ , temos que f ∈ C 1 (∆) . Finalmente , vejamos que (f n )<br />

converge para f , na norma <strong>de</strong>finida em C 1 (∆) : dado η > 0 , existem n 1 , n 2 , n 3 ∈ IN tais<br />

que ‖f n − f‖ ∞<br />

< η /3 , ‖(˜f m ) x − α ‖ ∞<br />

< η /3 e ‖(˜f k ) y − β ‖ ∞<br />

< η /3 , sempre que ,<br />

28


n ≥ n 1 , m ≥ n 2 e k ≥ n 3 . Portanto ,<br />

‖f n − f‖ = ‖(f n ) x − f x ‖ ∞<br />

+ ‖(f n ) y − f y ‖ ∞<br />

+ ‖f n − f‖ ∞<br />

= ‖ (˜f n ) x − α ‖ ∞<br />

+ ‖(˜f n ) y − β ‖ ∞<br />

+ ‖f n − f‖ ∞<br />

< η /3 + η /3 + η /3 = η ,<br />

para n ≥ max {n 1 , n 2 , n 3 } , provando o que queríamos . Com isto concluímos que C 1 (∆)<br />

munido da norma <strong>de</strong>finida no início <strong>de</strong>ste exemplo , é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC ,<br />

comutativa e com unida<strong>de</strong> .<br />

Definição 1.29. Se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach , então um elemento a ∈ A é invertível<br />

se existe b ∈ A tal que ab = ba = 1 . Neste caso , dizemos que b é o inverso <strong>de</strong> a .<br />

Definição 1.30. Se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK , <strong>de</strong>notaremos por M (A) o<br />

conjunto dos homomorfismos não-nulos contínuos <strong>de</strong> A em IK .<br />

Toda álgebra <strong>de</strong> Banach A é , em particular , um espaço normado . Logo , po<strong>de</strong>mos<br />

consi<strong>de</strong>rar o dual A ′ <strong>de</strong>sta álgebra vista como um espaço normado . Sendo A uma álgebra<br />

<strong>de</strong> Banach sobre IK , a próxima proposição nos diz que o conjunto dos homomorfismos nãonulos<br />

<strong>de</strong> A em IK está na esfera <strong>de</strong> A ′ , ou , usando nossa notação , M (A) ⊂ S A ′ . Como<br />

conseqüência disto , temos que , numa álgebra <strong>de</strong> Banach A sobre IK , todo homomorfismo<br />

não-nulo <strong>de</strong> A em IK é contínuo .<br />

Proposição 1.15. Se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK , então para todo homomorfismo<br />

não-nulo ϕ <strong>de</strong> A em IK , temos que ‖ϕ‖ = 1 .<br />

Demonstração. Consulte a referência [8] , Teorema 3.1.2 , p. 68 .<br />

29


Definição 1.31. Seja A uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC . A topologia fraca estrela <strong>de</strong><br />

A ′ induz em M (A) uma topologia , que é <strong>de</strong>nominada topologia <strong>de</strong> Gelfand . <strong>As</strong>sim ,<br />

uma seqüência generalizada (ϕ α ) em M (A) converge para ϕ ∈ M (A) se , e somente se ,<br />

(ϕ α (f)) converge para ϕ(f) para toda f ∈ A .<br />

Teorema 1.6. Se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK , então M (A) munido da topologia<br />

<strong>de</strong> Gelfand é um espaço compacto <strong>de</strong> Hausdorff .<br />

Demonstração. Consulte a referência [8] , Teorema 3.2.2 , p. 71 .<br />

Definição 1.32. Seja A uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IK .<br />

Para cada f ∈ A , consi<strong>de</strong>remos<br />

a função<br />

̂f : M (A) −→ IK<br />

ϕ ↦−→ ϕ(f) .<br />

Dizemos que ̂f é a transformada <strong>de</strong> Gelfand <strong>de</strong> f . O conjunto<br />

}<br />

{̂f  = : f ∈ A<br />

é chamado representação <strong>de</strong> Gelfand <strong>de</strong> A e a aplicação<br />

é a transformação <strong>de</strong> Gelfand .<br />

̂T : A −→ Â<br />

f ↦−→ ̂f<br />

Teorema 1.7. (Teorema da Representação <strong>de</strong> Gelfand) Se A é uma álgebra <strong>de</strong><br />

Banach sobre IK , então a transformação <strong>de</strong> Gelfand é um homomorfismo <strong>de</strong> A sobre a<br />

subálgebra<br />

funções constantes .<br />

 <strong>de</strong> C(M (A)) . Além disso ,  separa os pontos <strong>de</strong> M (A) e contém as<br />

Também temos que a transformada <strong>de</strong> Gelfand <strong>de</strong> um elemento<br />

arbitrário f ∈ A satisfaz ‖ ̂f ‖<br />

M(A) ≤ ‖f‖ , on<strong>de</strong><br />

30


‖ ̂f ‖ M(A) = sup |f(ϕ)| .<br />

ϕ∈ M(A)<br />

Demonstração. Consulte a referência [8] , Teorema 3.3.1 , p. 74 .<br />

31


Capítulo 2<br />

O Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong><br />

Neste capítulo , após <strong>de</strong>finir conjunto maximal , conjunto <strong>de</strong> pico , ponto <strong>de</strong> pico e<br />

fronteira , apresentaremos o Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> que garante a existência e unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fronteira minimal fechada para uma classe <strong>de</strong> álgebras . Exemplos <strong>de</strong> fronteiras <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong><br />

concluirão o capítulo .<br />

2.1 Conjuntos Maximais e <strong>Fronteiras</strong><br />

Para as duas <strong>de</strong>finições abaixo , consi<strong>de</strong>remos H um subconjunto <strong>de</strong> C(X) , on<strong>de</strong> X<br />

é um espaço compacto .<br />

Definição 2.1. Para cada f ∈ H , o conjunto não-vazio {x ∈ X : |f(x)| = ‖f‖ ∞<br />

} é<br />

chamado conjunto maximal <strong>de</strong> f e <strong>de</strong>notado por S(f) . Um conjunto F ⊂ X é uma<br />

fronteira para H se S(f) ∩ F ≠ ∅ , para toda f ∈ H . Se uma fronteira (fechada) F<br />

para H não contém propriamente nenhuma fronteira (fechada) para esta família , dizemos<br />

que F é uma fronteira minimal (fechada) para H .<br />

Em outras palavras , um conjunto F ⊂ X é uma fronteira para H se para cada f ∈ H


existe w ∈ F tal que |f(w)| = ‖f‖ ∞<br />

.<br />

Por <strong>de</strong>finição , S(f) é um subconjunto fechado <strong>de</strong> X , para toda f ∈ H , e da <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> fronteira juntamente com a Proposição 1.12 , segue que X é sempre fronteira para H .<br />

Definição 2.2. Um subconjunto P <strong>de</strong> X é um conjunto <strong>de</strong> pico para H se existe uma<br />

função não-nula f ∈ H tal que f(x) = ‖f‖ ∞<br />

para todo x ∈ P e |f(y)| < ‖f‖ ∞<br />

para<br />

todo y ∈ X\P . Dizemos que p ∈ X é um ponto <strong>de</strong> pico para H se o conjunto unitário<br />

{p } é um conjunto <strong>de</strong> pico para H .<br />

Segundo as <strong>de</strong>finições acima , todo conjunto <strong>de</strong> pico é o conjunto maximal <strong>de</strong> alguma<br />

função em H . Além disso , não é difícil observar que se H é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) ,<br />

então P é um conjunto <strong>de</strong> pico para H se , e somente , se existe uma função f ∈ H tal<br />

que f ≡ 1 em P e o valor absoluto <strong>de</strong> f é estritamente menor que 1 em X \P . Em uma<br />

das direções a conclusão é imediata . Na outra , supondo P um conjunto <strong>de</strong> pico , basta<br />

tomar uma função g ∈H satisfazendo a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> pico e f =<br />

g será a<br />

‖ g‖ ∞<br />

função <strong>de</strong>sejada . Em particular, esta observação se aplica aos pontos <strong>de</strong> pico .<br />

Quando for possível e julgarmos útil , usaremos as <strong>de</strong>finições equivalentes <strong>de</strong> conjunto<br />

<strong>de</strong> pico e <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> pico obtidas no parágrafo anterior .<br />

Proposição 2.1. Sejam X um espaço compacto e A uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) que<br />

contém a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C(X) , ou seja , a função constante igual a 1 <strong>de</strong>finida em X . Se<br />

f ∈ A é não-nula , então o conjunto maximal <strong>de</strong> f contém um conjunto <strong>de</strong> pico para A .<br />

Demonstração. Seja x 0 ∈ X tal que |f(x 0 )| = ‖f‖ ∞<br />

. Como f é não-nula , ‖f‖ ∞<br />

> 0 e ,<br />

conseqüentemente , f(x 0 ) ≠ 0 . Isto nos permite <strong>de</strong>finir a função g = 2 −1 ( f/f(x 0 ) + 1) ,<br />

que pertence a A , pois a função constante e igual 1 está nesta álgebra .<br />

Para concluir que ‖g‖ ∞<br />

= 1 basta observar que g(x 0 ) = 1 e que | g(x)| ≤<br />

2 −1 (| f(x)/f(x 0 )| + 1) ≤ 1 para todo x ∈ X , uma vez que |f(x 0 )| = ‖f‖ ∞<br />

. A fim <strong>de</strong><br />

33


verificar que S(g) ⊂ S(f) e que g ≡ 1 em S(g) , tomemos um elemento w em S(g) .<br />

Neste caso ,<br />

| f(w)/f(x 0 ) + 1| = 2 | g(w)| = 2 . (1)<br />

Além disso , por x 0 ∈ S(f) , | f(w)/f(x 0 ) + 1| ≤ | f(w)/f(x 0 )| + 1 ≤ 2 . Aliado a (1) ,<br />

isso significa que | f(w)/f(x 0 )| = 1 . Se θ é o argumento principal <strong>de</strong> f(w)/f(x 0 ) , por<br />

(1) , ( (cos θ + 1) 2 + (senθ) 2 ) 1/2 = 2 , ou seja , (2 −1 (1 + cos θ) ) 1/2 = 1 . Equivalentemente ,<br />

| cos(θ/2)| = 1 , don<strong>de</strong> segue que θ = 0 . Com isto , f(w)/f(x 0 ) = 1 , e lembrando que<br />

| f(x 0 )| = ‖f‖ ∞<br />

, temos que w ∈ S(f) . Da arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> w , obtemos que S(g) ⊂<br />

S(f) .<br />

Por outro lado , como f(w)/f(x 0 ) = 1 para todo w ∈ S(g) , a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> g implica<br />

g(w) = 2 −1 (f(w)/f(x 0 ) + 1) = 1 , para todo w ∈ S(g) . Em outras palavras , S(g) é um<br />

conjunto <strong>de</strong> pico para A que está contido em S(f) .<br />

Teorema 2.1. Se X é um espaço compacto e F ⊂ C(X) , então existe fronteira fechada<br />

minimal para F .<br />

Demonstração. Seja E a coleção <strong>de</strong> todas as fronteiras fechadas para F . Como X ∈ E,<br />

E ̸= ∅ . Consi<strong>de</strong>remos em E a or<strong>de</strong>m parcial ≤ <strong>de</strong>finida por<br />

E 1 ≤ E 2 se , e somente se , E 2 ⊂ E 1 , para E 1 , E 2 ∈ E.<br />

Objetivando garantir a existência <strong>de</strong> elemento maximal em E, tomemos uma família<br />

totalmente or<strong>de</strong>nada {E λ } λ∈ Λ<br />

⊂ E. Fixando f ∈ F , se { } n<br />

E λj é uma subfamília finita<br />

j =1<br />

n⋂<br />

<strong>de</strong> {E λ } λ∈ Λ<br />

, então existe q ∈ {1, 2, . . . , n} tal que E λj = E λq e daí ,<br />

j =1<br />

n⋂<br />

n⋂<br />

(S(f) ∩ E λj ) = S(f) ∩ ( E λj ) = S(f) ∩ E λq .<br />

j =1<br />

j =1<br />

34


Como E λq é fronteira para F , S(f)∩E λq ≠ ∅ . Logo , a família {S(f) ∩ E λ } λ∈ Λ<br />

possui<br />

a proprieda<strong>de</strong> da interseção finita e é formada por subconjuntos fechados <strong>de</strong> X , uma vez<br />

que E λ é fechado para todo λ ∈ Λ . Lembrando que X é compacto , segue do Teorema 1.1<br />

que<br />

⋂<br />

(S(f) ∩ E λ ) ≠ ∅ ,<br />

λ∈ Λ<br />

ou seja ,<br />

S(f) ∩ ( ⋂<br />

E λ ) ≠ ∅ .<br />

λ∈ Λ<br />

A arbitrarieda<strong>de</strong> da escolha <strong>de</strong> f nos permite concluir que<br />

⋂<br />

λ∈ Λ<br />

E λ<br />

é uma fronteira<br />

para F . Além disso , este conjunto é fechado por ser interseção <strong>de</strong> conjuntos fechados .<br />

⋂<br />

Logo , E λ pertence a E e é uma cota superior para {E λ } λ∈ Λ<br />

. Sob estas condições ,<br />

λ∈ Λ<br />

Lema <strong>de</strong> Zorn nos diz que E possui elemento maximal Γ . Decorre da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finida em<br />

E , da maximalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Γ e da própria <strong>de</strong>finção <strong>de</strong> E , que Γ é uma fronteira fechada<br />

minimal para F .<br />

Teorema 2.2. (Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong>) Se X é um espaço compacto e A é uma subálgebra<br />

<strong>de</strong> C(X) que separa os pontos <strong>de</strong> X , então existe uma única fronteira fechada minimal<br />

para A .<br />

Demonstração. Pelo Teorema 2.1 , existe fronteira fechada minimal Γ para A . Provaremos<br />

que Γ está contida em todas as fronteiras fechadas para A , o que terá como conseqüência<br />

imediata a unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Γ .<br />

Como na <strong>de</strong>monstração acima , seja E a coleção <strong>de</strong> todas as fronteiras fechadas para<br />

A , seja F ∈ E e suponhamos , por absurdo , que exista w 0 ∈ Γ\F . Lembrando que F<br />

é um conjunto fechado , temos que existe uma vizinhança <strong>de</strong> w 0 que não intercepta F .<br />

Pelo Lema 1.1 , existe uma vizinhança aberta V <strong>de</strong> w 0 na topologia σ(X, A) com esta<br />

proprieda<strong>de</strong> , isto é , existem f 1 , f 2 , . . . , f n ∈ A e um real positivo r tais que<br />

35


V = {x ∈ X : | f i (x) − f i (w 0 )| < r , i = 1, . . . n} e V ∩ F = ∅ .<br />

Neste caso , observemos que existe j ∈ {1, 2, . . . , n} tal que f j ≠ 0 , pois se f i = 0<br />

para i = 1, 2, . . . , n , então V = X , e teríamos que V ∩ F = F ≠ ∅ .<br />

É fácil ver que<br />

po<strong>de</strong>mos assumir , sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> , que f j ≠ 0 , para todo j ∈ {1, . . . , n} .<br />

Além disso , por Γ ser uma fronteira fechada minimal e por Γ\V<br />

ser um subconjunto<br />

próprio fechado <strong>de</strong> Γ , temos que Γ\V não é fronteira para A . Neste caso , se Γ\V ≠ ∅ ,<br />

então existe g ∈ A tal que<br />

‖g‖ ∞<br />

> max | g(w)| ≥ 0 .<br />

w∈ Γ\V<br />

Não é difícil ver que este máximo existe , já que Γ \ V é compacto . Portanto , se<br />

M<br />

M = max |g(w)| , então < 1 . Tomando k ∈ IN suficientemente gran<strong>de</strong> , a fim<br />

w∈ Γ\V<br />

‖g‖ ∞<br />

<strong>de</strong> que<br />

( ) (<br />

) k −1<br />

M<br />

n∑<br />

< r 1 + max<br />

‖g‖ | f i(w) − f i (w 0 )| ,<br />

w∈ X ∞<br />

i=1<br />

e <strong>de</strong>finindo h = g k , temos , para t ∈ Γ \ V , que<br />

|h(t)| = ∣ g k (t) ∣ ∣ ∣ = ∣(g(t)) k = |g(t)| k ≤ M k < η‖g‖ k ∞<br />

, on<strong>de</strong><br />

(<br />

) −1 n∑<br />

η = r 1 + max | f i(w) − f i (w 0 )| .<br />

w∈ X<br />

i=1<br />

Como existe t g ∈ X tal que | g(t g )| = ‖g‖ ∞<br />

e como | h(t g )| = | g(t g )| k , pelas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<br />

acima ,<br />

|h(t)| < η|h(t g )| , para todo t ∈ Γ\V .<br />

Conseqüentemente ,<br />

36


|h(t)| < η‖h‖ ∞<br />

, para todo t ∈ Γ\V .<br />

Po<strong>de</strong>mos reescrever esta <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> através da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> η , para concluir que<br />

|h(t)|<br />

(<br />

1 +<br />

n∑<br />

i=1<br />

max | f i(w) − f i (w 0 )|<br />

w∈ X<br />

)<br />

< r‖h‖ ∞<br />

,<br />

para cada t ∈ Γ\V . Em particular ,<br />

| f i (t)h(t) − f i (w 0 )h(t)| < r‖ h‖ ∞<br />

, para todo t ∈ Γ\V e i = 1, 2, . . . , n . (1)<br />

Por outro lado , para t ∈ V , se |h(t)| = 0 , então<br />

| f i (t)h(t) − f i (w 0 )h(t)| ≤ r| h(t)| < r‖h‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n .<br />

Se | h(t)| ≠ 0 ,<br />

| f i (t)h(t) − f i (w 0 )h(t)| < r| h(t)| ≤ r‖h‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n .<br />

Logo , para todo t ∈ V ,<br />

|f i (t)h(t) − f i (w 0 )h(t)| < r‖h‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n . (2)<br />

Decorre <strong>de</strong> (1) e (2) , que<br />

|f i (t)h(t) − f i (w 0 )h(t)| < r‖h‖ ∞<br />

, para todo t ∈ Γ e para i = 1, 2, . . . , n . (3)<br />

O fato <strong>de</strong> Γ ser fronteira para<br />

A aliado ao fato <strong>de</strong> f i h − f i (w 0 )h pertencer a A<br />

para i = 1, 2, . . . , n , garantem a existência <strong>de</strong> w 1 , w 2 , . . . , w n ∈ Γ tais que<br />

|f i (w i )h(w i ) − f i (w 0 )h(w i )| = ‖f i h − f i (w 0 )h‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n .<br />

37


<strong>As</strong>sim , por (3) ,<br />

‖f i h − f i (w 0 )h‖ ∞<br />

< r‖h‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n . (4)<br />

Lembrando que F é fronteira para A , temos que existe t h ∈ F tal que | h(t h )| = ‖ h‖ ∞<br />

.<br />

Desta forma , (4) implica<br />

|f i (t h )h(t h ) − f i (w 0 )h(t h )| < r| h(t h )| , para i = 1, 2, . . . , n ,<br />

ou , equivalentemente ,<br />

|f i (t h ) − f i (w 0 )| < r , para i = 1, 2, . . . , n .<br />

Em outras palavras , t h ∈ V ∩F , o que é uma contradição , uma vez que V ∩F = ∅ .<br />

A fim <strong>de</strong> concluir a <strong>de</strong>monstração , suponhamos Γ \ V = ∅ , ou seja , Γ ⊂ V . Como<br />

f i ≠ 0 para i = 1, . . . , n , fixando j em {1, . . . , n} arbitrariamente , para cada w ∈ Γ ,<br />

temos que<br />

|f i (w)f j (w) − f i (w 0 )f j (w)| < r‖f j ‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n .<br />

Com isto ,<br />

‖f i f j − f i (w 0 )f j ‖ ∞<br />

< r‖f j ‖ ∞<br />

, para i = 1, 2, . . . , n .<br />

Tomando t j ∈ F tal que |f j (t j )| = ‖f j ‖ ∞<br />

, temos que<br />

|f i (t j )f j (t j ) − f i (w 0 )f j (t j )| < r| f j (t j )| , para i = 1, 2, . . . , n ,<br />

ou seja ,<br />

|f i (t j ) − f i (w 0 )| < r , para i = 1, 2, . . . , n .<br />

38


Conseqüentemente , t j ∈ V ∩ F , o que contradiz o fato <strong>de</strong> V ∩ F = ∅ . Isto conclui a<br />

<strong>de</strong>monstração .<br />

Observe que nas hipóteses do teorema não foi exigido que a álgebra A tivesse unida<strong>de</strong><br />

ou que estivesse munida <strong>de</strong> uma norma .<br />

Vale a pena acrescentar que na <strong>de</strong>monstração do Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> , mostramos que a<br />

fronteira fechada minimal está contida em todas as fronteiras fechadas para A . Além disso ,<br />

por ser uma fronteira fechada para A , a fronteira fechada minimal contém a interseção<br />

<strong>de</strong> todas as fronteiras fechadas para esta álgebra .<br />

Logo , uma conseqüência imediata do<br />

Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> é que a fronteira fechada minimal <strong>de</strong> uma subálgebra A <strong>de</strong> C(X) que<br />

separa os pontos do espaço compacto X , é a interseção <strong>de</strong> todas as fronteiras fechadas para<br />

A .<br />

O corolário abaixo nos proporciona uma conclusão interessante relativa a uma família <strong>de</strong><br />

funções F ⊂C(X) , on<strong>de</strong> X é um espaço compacto , sem exigir que F satisfaça todas as<br />

hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> .<br />

Corolário 2.1. Sejam X um espaço compacto e F ⊂ C(X) .<br />

Se F possui uma única<br />

fronteira fechada minimal Γ , então Γ é a interseção <strong>de</strong> todas as fronteiras fechadas para<br />

F .<br />

Demonstração. Seja Γ como no enunciado e suponhamos a existência <strong>de</strong> uma fronteira<br />

fechada E para F tal que Γ\E ≠ ∅ . Como X é compacto , E é compacto , e assim ,<br />

sendo F ′ ⊂ C(E) a família das restrições das funções <strong>de</strong> F a E , o Teorema 2.1 nos diz<br />

que F ′ possui fronteira fechada minimal Γ ′ ⊂ E .<br />

Por outro lado , se f ∈ F , por E ser fronteira para F , existe t ∈ E tal que |f(t)| =<br />

‖f‖ ∞<br />

. Conseqüentemente , a restrição f E <strong>de</strong> f ao conjunto E , satisfaz max |f E(x)| =<br />

x∈ E<br />

‖f‖ ∞<br />

. A partir disto e do fato <strong>de</strong> Γ ′ ser fronteira para F ′ , obtemos t ′ ∈ Γ ′ tal que<br />

|f(t ′ )| = |f E (t ′ )| = max<br />

x∈ E |f E(x)| = ‖f‖ ∞<br />

. Portanto , Γ ′<br />

39<br />

é fronteira fechada para F , além


<strong>de</strong> não conter propriamente nenhuma outra , uma vez que é fronteira fechada minimal para<br />

F ′ . Lembrando que Γ\E ≠ ∅ , temos que Γ ′ é uma fronteira fechada minimal para F<br />

distinta <strong>de</strong> Γ , contradizendo a unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta fronteira .<br />

Definição 2.3. Sejam X um espaço compacto e H um subconjunto <strong>de</strong> C(X) . Se H<br />

possuir uma única fronteira minimal fechada , então chamaremos esta fronteira minimal<br />

fechada <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> H e a <strong>de</strong>notaremos por ∂H .<br />

Observação 2.1. Pelo Corolário 2.1 , a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> H , quando existe , é a<br />

interseção <strong>de</strong> todas as fronteiras fechadas para H .<br />

O próximo resultado , estabelece uma caracterização dos pontos da fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> .<br />

Corolário 2.2. Sejam X um espaço compacto e H um subconjunto <strong>de</strong> C(X) que possui<br />

fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> . Então t ∈ ∂H se , e somente se , para toda vizinhança V <strong>de</strong> t ,<br />

existe f ∈ H tal que | f(x)| < ‖f‖ ∞<br />

, para todo x ∈ X\V . Em particular , se H é uma<br />

subálgebra <strong>de</strong> C(X) que contém a função constante igual a 1 <strong>de</strong>finida em X , então toda<br />

vizinhança <strong>de</strong> um ponto qualquer <strong>de</strong> ∂H contém um conjunto <strong>de</strong> pico para H .<br />

Demonstração. Seja t ∈ X e suponhamos que exista vizinhança V <strong>de</strong> t tal que para toda<br />

f ∈ H , existe x f ∈ X \V satisfazendo |f(x f )| ≥ ‖f‖ ∞<br />

, ou seja , tal que |f(x f )| = ‖f‖ ∞<br />

.<br />

Isto significaria que X\V é uma fronteira para H e , conseqüentemente , que X \V é uma<br />

fronteira fechada para H . Logo , pela Observação 2.1 , teríamos que ∂H ⊂ X \V . Por<br />

outro lado , como V é vizinhança <strong>de</strong> t , t /∈ X \V , o que implicaria t /∈ ∂H . Provamos<br />

assim , por contraposição , que se t ∈ ∂H , então para toda vizinhança V <strong>de</strong> t existe<br />

f ∈ H tal que | f(x)| < ‖ f‖ ∞<br />

, para todo x ∈ X \V .<br />

Reciprocamente , seja t ∈ X tal que para toda vizinhança U <strong>de</strong> t exista f ∈ H<br />

satisfazendo |f(x)| < ‖ f‖ ∞<br />

, para todo x ∈ X \U . Fixando uma fronteira fechada F<br />

40


para H , se V é uma vizinhança <strong>de</strong> t , então existe f ∈ H tal que | f(x)| < ‖ f‖ ∞<br />

, para<br />

todo x ∈ X \V . Logo , f não atinge seu módulo máximo fora <strong>de</strong> V , don<strong>de</strong> F ∩ V ≠ ∅ ,<br />

pois F é fronteira para H . <strong>As</strong>sim , t ∈ F = F . Decorre da arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> F que t<br />

pertence a todas as fronteiras fechadas para H . Da Observação 2.1 , obtemos que t ∈ ∂H .<br />

Agora suponhamos que H seja uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) que contém a função constante<br />

igual a 1 . Neste caso , se t ∈ ∂H e V é uma vizinhança <strong>de</strong> t contida propriamente em<br />

X , então existe f ∈ H cujo módulo não atinge o valor ‖f‖ ∞<br />

fora <strong>de</strong> V , ou seja , f ≠ 0<br />

e S(f) ⊂ V . Pela Proposição 2.1 , isto significa que V contém um conjunto <strong>de</strong> pico para<br />

H . Se V = X , o conjunto X , por ser o conjunto maximal da função constante igual a<br />

um , é um conjunto <strong>de</strong> pico para H contido em V .<br />

Corolário 2.3. Sejam X um espaço compacto e H um subconjunto <strong>de</strong> C(X) que separa<br />

os pontos X . Se H = C(X) , então ∂H = X .<br />

Demonstração. Seja t ∈ X e seja V uma vizinhança aberta <strong>de</strong> t . Como H separa os<br />

pontos <strong>de</strong> X e IK é <strong>de</strong> Hausdorff , pela Observação 1.1 , temos que X é um espaço <strong>de</strong><br />

Hausdorff . Pela Proposição 1.13 , segue disso e da hipótese <strong>de</strong> X ser compacto que X é<br />

normal , e assim , através do Lema <strong>de</strong> Urysohn , po<strong>de</strong>mos tomar uma função g ∈ H tal<br />

que g(t) = 1 e g(s) = 0 , para todo s ∈ X \V . Por outro lado , o fato <strong>de</strong> H = C(X)<br />

garante a existência <strong>de</strong> uma função f ∈ H tal que ‖f − g‖ ∞<br />

< 1/2 . Logo , para todo<br />

s ∈ X \V , | f(s)| = | f(s) − g(s)| ≤ ‖f − g‖ ∞<br />

< 1/2 , ao passo que | f(t)| > 1/2 , uma<br />

vez que | f(t) − g(t)| ≤ ‖f − g‖ ∞<br />

< 1/2 implica − | f(t)| < − | g(t)| + 1/2 = −1/2 .<br />

Portanto , ‖ f‖ ∞<br />

≥ 1/2 . Em outras palavras , para uma vizinhança V <strong>de</strong> t arbitrária ,<br />

encontramos uma função f ∈ H tal que |f(s)| < ‖f‖ ∞<br />

, para todo s ∈ X \ V . Pelo<br />

Corolário 2.2 , isto significa que t ∈ ∂H .<br />

A seguir , aplicaremos estes conceitos e resultados a alguns dos exemplos da seção 1.3 ,<br />

<strong>de</strong>terminando , quando possível , as fronteiras <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong>stes exemplos .<br />

41


Exemplo 2.1. Dado um espaço compacto <strong>de</strong> Hausdorff X , vejamos que a fronteira <strong>de</strong><br />

<strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> C(X) é X . De fato , pela Proposição 1.13 , X é normal e , conseqüentemente ,<br />

dados dois pontos distintos x, y ∈ X , através do Lema <strong>de</strong> Urysohn encontramos uma função<br />

f ∈ C(X) tal que f(x) = 0 ≠ 1 = f(y) . Logo , ∂C(X) = X , pelo Corolário 2.3 .<br />

Exemplo 2.2. Seja A (∆) a álgebra <strong>de</strong> Banach <strong>de</strong>finida no exemplo 1.12 . Como a função<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> está em A (∆) , é fácil ver que esta álgebra separa os pontos <strong>de</strong> ∆ e<br />

se enquadra nas hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> . Com isto , A (∆) possui uma única<br />

fronteira fechada minimal . Para provar que Fr ∆ = ∂A (∆) , fixemos p = exp(iϕ) , com<br />

ϕ ∈ [0 , 2π) , e seja f : ∆ −→ IC <strong>de</strong>finida por f(z) = (p + z)2 −1 . Claramente f está em<br />

A (∆) e , para z = exp(iθ) tal que θ ∈ [0, 2π) \ {ϕ} , temos que |f(z)| < 1 , pois esta<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> equivale à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> ( 4 −1 (cos ϕ + cos θ) 2 + 4 −1 ( sen ϕ + sen θ) 2 ) 1/2 < 1 ,<br />

que ocorre se , e somente se , |cos ((ϕ − θ)/2)| < 1 .<br />

Além disso , |f(p)| = 1 e , por f não ser constante , o Teorema do Módulo Máximo nos<br />

diz que f não atinge módulo máximo em ∆ . Logo , p é ponto <strong>de</strong> pico para A (∆) . Da<br />

arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> p , obtemos que todos os pontos da fronteira do disco unitário são pontos<br />

<strong>de</strong> pico , e , conseqüentemente , que este conjunto está contido em qualquer fronteira para<br />

A (∆) . Em particular , Fr ∆ ⊂ ∂A .<br />

Finalmente , ∂A ⊂ Fr ∆ uma vez que , pelo Teorema do Módulo Máximo , F r∆ é uma<br />

fronteira para A , além <strong>de</strong> ser fechada .<br />

Exemplo 2.3. Seja H a álgebra <strong>de</strong> Banach <strong>de</strong>finida no exemplo 1.13 . A fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> H , iniciaremos garantindo sua existência , ou seja , mostrando que<br />

H possui uma única fronteira fechada minimal . Para isto , verifiquemos que H separa os<br />

pontos <strong>de</strong> F r∆ .<br />

Seja ˜f ∈ A (∆) <strong>de</strong>finida por ˜f (z) = z(z − 1) . Se f é a restrição <strong>de</strong> ˜f a F r∆ , é<br />

claro que f ∈ H . Consi<strong>de</strong>remos um par <strong>de</strong> complexos distintos z 1 , z 2 ∈ F r∆ . Supondo<br />

42


z 2 ≠ 1 e f(z 1 ) = f(z 2 ) , temos que f(z 2 ) ≠ 0 , uma vez que f se anula apenas no ponto<br />

z = 1 . Definindo g : F r∆ −→ IC por g(z) = f(z)(z − z 1 ) , é fácil ver que g ∈ H , além <strong>de</strong><br />

satisfazer g(z 1 ) = 0 ≠ f(z 2 )(z 2 − z 1 ) = g(z 2 ) , provando que H separa os pontos <strong>de</strong> F r∆ .<br />

Sob estas condições , o Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> diz que H possui uma única fronteira fechada<br />

minimal .<br />

Afirmamos que ∂H = F r∆ .<br />

De fato , seja f como <strong>de</strong>finida anteriormente e fixemos<br />

z 0 = exp(iθ 0 ) ∈ F r∆ , com θ 0 ∈ (0, 2π) \{π} . Se h : F r∆ −→ IC é a restrição da função<br />

inteira <strong>de</strong>finida pela equação ˜h(z) = (z + z 0 )2 −1 , então para cada θ ∈ [0, 2π] \{θ 0 } , temos<br />

que<br />

( )∣ |h(exp(iθ))| = [4 −1 (2+2 cos θ cos θ 0 +2senθ senθ 0 )] 1/2 =<br />

θ −<br />

∣ cos θ0 ∣∣∣<br />

< 1 , (1)<br />

2<br />

( )∣ pois<br />

θ −<br />

∣ cos θ0 ∣∣∣<br />

= 1 se , e somente se , (θ − θ 0 )2 −1 = kπ para algum inteiro k , o que<br />

2<br />

não ocorre já que θ ∈ [0, 2π] \{θ 0 } e θ 0 ∈ (0, 2π) .<br />

Por outro lado , se V é uma vizinhança <strong>de</strong> z 0 em F r∆ , então existe r > 0 tal que<br />

(θ 0 − r, θ 0 + r) ⊂ (0, 2π) e exp(iθ) ∈ V , para todo θ ∈ (θ 0 − r, θ 0 + r) . Pela compacida<strong>de</strong><br />

do conjunto Θ 0 = [0 , 2π] \ (θ 0 − r, θ 0 + r) , existe α ∈ Θ 0 tal que |h(exp(iα))| =<br />

max<br />

θ∈Θ 0<br />

|h(exp(iθ))| . Juntamente com (1) e com o fato <strong>de</strong> |f(z 0 )| = |z 0 − 1| > 0 , isto garante<br />

a existência <strong>de</strong> n ∈ IN tal que<br />

max |h n (exp(iθ))| = |h n (exp(iα))| < |f(z 0 )/2| . (2)<br />

θ ∈ Θ 0<br />

Não é difícil ver que o produto h n f/2 ∈ H e observando que |f(z)/2| ≤ 1 para todo<br />

z ∈ F r∆ , da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> em (2) obtemos que<br />

|(h n f/2)(exp(iθ))| = | h n (exp(iθ))| |f(exp(iθ))/2| < |f(z 0 )/2| = |h n (z 0 )f(z 0 )/2| ,<br />

para todo θ ∈ Θ 0 . Portanto , h n f/2 não atinge módulo máximo nos pontos z ∈ F r∆ cujos<br />

argumentos principais estão fora do intervalo (θ 0 − r, θ 0 + r) . Lembrando que exp(iθ) ∈ V<br />

43


sempre que θ ∈ (θ 0 − r, θ 0 + r) , concluímos que h n f/2 é uma função <strong>de</strong> H que não atinge<br />

módulo máximo fora <strong>de</strong> V . Pelo Corolário 2.2 , isso significa que z 0 ∈ ∂H e como ∂H é<br />

um conjunto fechado , segue da arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> z 0 ∈ (F r∆)\{−1, 1} que ∂H = F r∆ .<br />

No próximo exemplo veremos uma álgebra <strong>de</strong> Banach que não possui fronteira fechada<br />

minimal única . Além disso , este exemplo prova que não po<strong>de</strong>mos alterar as hipóteses do<br />

Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> substituindo a hipótese <strong>de</strong> A ser uma subálgebra complexa <strong>de</strong> C(X, IC)<br />

pela hipótese <strong>de</strong> A ser álgebra real contida em C(X, IC) .<br />

Exemplo 2.4. Sejam U a álgebra <strong>de</strong> Banach <strong>de</strong>finida no exemplo 1.11 e f : [0 , 1] −→ IC<br />

a função <strong>de</strong>finida por f(t) = i(1/2 − t) . Como para todo t ∈ [0 , 1] ,<br />

f(1 − t) = i(t − 1/2) = i(1/2 − t) = f(t) ,<br />

temos que f ∈ U , além <strong>de</strong> ser uma função injetiva . <strong>As</strong>sim , U separa os pontos <strong>de</strong> [0, 1] ,<br />

mas U não é uma subálgebra <strong>de</strong> C([0, 1] , IC) , uma vez que seu corpo <strong>de</strong> escalares é IR .<br />

Portanto , apenas uma das hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> não é satisfeita . Apesar disto ,<br />

o Teorema 2.1 garante a existência <strong>de</strong> fronteira fechada minimal para U .<br />

A fim <strong>de</strong> verificar que U possui mais <strong>de</strong> uma fronteira fechada minimal , fixemos g ∈ U<br />

arbitrariamente .<br />

Pela Proposição 1.12 , existe s ∈ [0 , 1] tal que | g(s)| = ‖g‖ ∞<br />

, e<br />

lembrando a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> U , temos que<br />

∣ g(1 − s) ∣ = | g(s)| = ‖g‖ ∞<br />

.<br />

Supondo s ≠ 1/2 , se s ∈ [0 , 1/2 ) , então 1 − s ∈ (1/2, 1] e , analogamente , se<br />

s ∈ ( 1/2 , 1] , então 1 − s ∈ [ 0 , 1/2 ) . De qualquer forma , toda função g ∈ U atinge<br />

máximo em módulo nos intervalos fechados [0, 1/2] e [1/2,1] , <strong>de</strong> on<strong>de</strong> segue estes intervalos<br />

são fronteiras fechadas para U . Portanto , pelo Corolário 2.1 , se U possuisse fronteira<br />

fechada minimal única Γ u , ela estaria na interseção <strong>de</strong>stes intervalos , ou seja , Γ u seria o<br />

44


conjunto unitário {1/2} . Mas {1/2} nem ao menos é fronteira para U , já que a função<br />

f <strong>de</strong>finida no início <strong>de</strong>ste exemplo atinge máximo apenas nos pontos 0 e 1 .<br />

Nosso último exemplo mostra que se X é um espaço compacto <strong>de</strong> Hausdorff e A é uma<br />

subálgebra <strong>de</strong> C(X) que não separa os pontos <strong>de</strong> X , então é possível que A possua mais<br />

<strong>de</strong> uma fronteira fechada minimal .<br />

Exemplo 2.5. Sejam X um espaço compacto <strong>de</strong> Hausdorff e C o conjunto das funções<br />

constantes <strong>de</strong> X em IK . Pelo exemplo 1.9 , C é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) . É imediato<br />

que C não separa os pontos <strong>de</strong> X e que todos os seus subconjuntos são fronteiras para<br />

C . Em particular , qualquer subconjunto unitário <strong>de</strong> X é uma fronteira fechada minimal .<br />

Portanto , basta que X possua pelo menos dois pontos para que C tenha mais <strong>de</strong> uma<br />

fronteira fechada minimal .<br />

Antes <strong>de</strong> terminar este capítulo , faremos algumas consi<strong>de</strong>rações .<br />

Se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach , pelo Teorema 1.6 , M(A) munido da topologia <strong>de</strong><br />

Gelfand é um espaço compacto <strong>de</strong> Hausdorff .<br />

Por outro lado , o Teorema da Representação <strong>de</strong> Gelfand nos diz que a representação <strong>de</strong><br />

Gelfand<br />

 <strong>de</strong> A é uma subálgebra <strong>de</strong> C (M(A)) que separa os pontos <strong>de</strong> M(A) , além<br />

<strong>de</strong> conter as constantes .<br />

No trabalho original <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong>, uma fronteira para uma álgebra <strong>de</strong> Banach A é , por<br />

<strong>de</strong>finição , um subconjunto F <strong>de</strong> M (A) que é uma fronteira para<br />

 ⊂ C (M (A)) no<br />

sentido da <strong>de</strong>finição 2.1 . Neste contexto temos que se X é compacto e A é uma álgebra<br />

<strong>de</strong> Banach que é uma subálgebra (algébrica e topológica) <strong>de</strong> C(X) que contém a unida<strong>de</strong> e<br />

separa os pontos <strong>de</strong> X, temos que a transformação <strong>de</strong> Gelfand é uma isometria e, neste caso,<br />

E é uma fronteira para A se , e só se , o conjunto {δ x : x ∈ E} ⊂ M(A) é uma fronteira<br />

para  . Para <strong>de</strong>talhes , consulte [3] . 45


Capítulo 3<br />

O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong><br />

Através do Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> estudamos condições suficientes para a existência e unicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fronteira fechada minimal para uma classe <strong>de</strong> álgebras normadas . Baseados nisto ,<br />

é natural perguntar se , observadas certas condições , é possível garantir existência e unicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> fronteira minimal , não necessariamente fechada . O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> respon<strong>de</strong><br />

esta pergunta positivamente , provando que se X é um espaço compacto metrizável e A<br />

é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) que separa os pontos <strong>de</strong> X e que , com a norma do supremo<br />

é completa , então o conjunto dos pontos <strong>de</strong> pico para A é a única fronteira minimal para<br />

esta álgebra . Neste caso , como conseqüência dos Teoremas <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> e <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , teremos<br />

que a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> é o fecho do conjunto dos pontos <strong>de</strong> pico para A .<br />

Motivados por este resultado , apresentaremos um teorema <strong>de</strong>vido a H. G. Dales (consulte<br />

a referência [2] ) que , sob condições um pouco mais gerais que as exigidas no Teorema <strong>de</strong><br />

<strong>Bishop</strong> , prova que o conjunto dos pontos <strong>de</strong> pico ainda é <strong>de</strong>nso na fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> da<br />

álgebra em questão . A <strong>de</strong>monstração que daremos <strong>de</strong>ste teorema é <strong>de</strong>vida a T. G. Honary<br />

(consulte a referência [4] ) .<br />

Ainda sobre o Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , <strong>de</strong>stacamos um <strong>de</strong> seus corolários que estabelece que


todo conjunto <strong>de</strong> pico para a álgebra que satisfaz as hipóteses do referido teorema possui<br />

ponto <strong>de</strong> pico . Apresentamos também um exemplo, <strong>de</strong>vido a Jarosz, <strong>de</strong> álgebra que possui<br />

conjunto <strong>de</strong> pico sem ponto <strong>de</strong> pico (consulte a referência [6] ) .<br />

3.1 O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong><br />

Teorema 3.1. (Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong>) Seja A uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) , on<strong>de</strong> X é um<br />

espaço compacto . Se X é metrizável e se A com a norma do supremo é uma álgebra<br />

<strong>de</strong> Banach que separa os pontos <strong>de</strong> X , então o conjunto P dos pontos <strong>de</strong> pico para esta<br />

álgebra é uma fronteira minimal para A . Em particular , esta fronteira minimal é única .<br />

Demonstração. Se X for um conjunto unitário , então , trivialmente , P será o conjunto<br />

X e a fronteira minimal única para A que buscávamos .<br />

Supondo a existência <strong>de</strong> pelo menos dois pontos distintos em X e baseados na hipótese<br />

<strong>de</strong> A separar os pontos <strong>de</strong>sse conjunto , po<strong>de</strong>mos fixar uma função f 0 ∈ A que não<br />

seja constante . Como X é compacto e f 0 é contínua , po<strong>de</strong>mos tomar x 1 , x 2 ∈ X tais<br />

que |f 0 (x 1 )| = ‖f 0 ‖ ∞<br />

e f 0 (x 1 ) ≠ f 0 (x 2 ) . <strong>As</strong>sim , f 0 (x 1 ) ≠ 0 e com isto , dividindo f 0 por<br />

f 0 (x 1 ) se necessário , po<strong>de</strong>mos supor f 0 (x 1 ) = 1 e f 0 (x 2 ) ≠ 1 . Desta forma , <strong>de</strong>finindo<br />

f = f 0 + f0 2 , temos que f(x 1 ) = |f(x 1 )| = 2 > |f(x 2 )| , ou seja , f ∈ A e |f| não é<br />

constante . Além disso , observando que<br />

|f(x)| ≤ |f 0 (x)| + |f 0 (x)| 2 ≤ ‖f 0 ‖ ∞<br />

+ ‖f 0 ‖ 2 ∞ = 2 = f(x 1) , para todo x ∈ X ,<br />

é fácil ver que S(f) ⊂ S(f 0 ) , uma vez que se y ∈ X \S(f 0 ) , então |f 0 (y)| < 1 o que<br />

implica |f(y)| ≤ |f 0 (y)| + |f 0 (y)| 2 < 2 = ‖f‖ ∞<br />

, ou seja , y ∈ X \S(f) .<br />

Seja U a família formada pelas coleções Γ <strong>de</strong> subconjuntos <strong>de</strong> X possuidoras das<br />

seguintes proprieda<strong>de</strong>s : seus elementos são conjuntos maximais <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> A , S(f) ∈ Γ<br />

47


e Γ goza da P.I.F. . É claro que U ≠ ∅ , pois {S(f)} ∈ U .<br />

Consi<strong>de</strong>remos em U a or<strong>de</strong>m parcial ≤ <strong>de</strong>finida pela inclusão , ou seja , dados Γ 1 , Γ 2 ∈<br />

U , Γ 1 ≤ Γ 2 se Γ 1 ⊂ Γ 2 . Objetivando a aplicação do Lema <strong>de</strong> Zorn , seja { Γ α } um<br />

subconjunto totalmente or<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> U . Como ⋃ Γ α possui S(f) e a P.I.F. , temos<br />

⋃<br />

α<br />

que Γ α ∈ U e é cota superior para { Γ α } . Sob estas condições , o Lema <strong>de</strong><br />

α<br />

Zorn nos diz que U possui um elemento maximal Γ 0 . Tendo em vista que para<br />

cada γ ∈ Γ 0 existe f γ tal que γ = S(f γ ) , todo elemento <strong>de</strong> Γ 0 é fechado . Unindo<br />

este aos fatos <strong>de</strong> X ser compacto e Γ 0 possuir a P.I.F. , pelo Teorema 1.1 , temos<br />

que<br />

⋂<br />

γ ≠ ∅ . ( 1)<br />

γ∈ Γ 0<br />

Por outro lado , a Proposição 1.8 garante a existência <strong>de</strong> uma base enumerável {E n }<br />

para a topologia <strong>de</strong> X . <strong>As</strong>sim , para cada γ ∈ Γ 0 , existe uma subcoleção enumerável<br />

∞⋃<br />

{E γi } <strong>de</strong>sta base tal que γ c = E γi . Logo ,<br />

i =1<br />

( ⋂<br />

γ ) c = ⋃<br />

γ c = ⋃<br />

γ∈ Γ 0 γ∈ Γ 0<br />

γ∈ Γ 0<br />

∞<br />

⋃<br />

i =1<br />

E γi .<br />

Como {E γi : γ ∈ Γ 0<br />

e i ∈ IN} é uma coleção enumerável , po<strong>de</strong>mos renomear seus<br />

elementos , digamos por E nj , para obter a igualda<strong>de</strong> abaixo<br />

⋃<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ c =<br />

∞⋃<br />

E nj .<br />

j =1<br />

Neste caso , para cada j ∈ IN , existem γ ∈ Γ 0<br />

e i ∈ IN tais que<br />

E nj<br />

= E γi ⊂<br />

∞⋃<br />

E γi = γ c .<br />

i =1<br />

48


que<br />

Em outras palavras , para cada j ∈ IN , existe γ j ∈ Γ 0 tal que E nj ⊂ γ c<br />

j . Decorre daí<br />

⋃<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ c =<br />

∞⋃<br />

j =1<br />

E nj<br />

⊂<br />

∞⋃<br />

j=1<br />

γ c<br />

j<br />

⊂ ⋃<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ c .<br />

Logo ,<br />

ou equivalentemente ,<br />

⋃<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ c =<br />

∞⋃<br />

j =1<br />

γ c<br />

j ,<br />

⋂<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ =<br />

∞⋂<br />

γ j , on<strong>de</strong> γ j ∈ Γ 0 , para todo j ∈ IN . (2)<br />

j =1<br />

Por (1) , isto significa que<br />

e , para cada j ∈ IN , seja f γj<br />

∞⋂<br />

j =1<br />

γ j<br />

é não-vazio . Fixemos um elemento x 0 nesta interseção<br />

uma função em A tal que S(f γj ) = γ j , através da qual<br />

<strong>de</strong>finiremos f j = f γ j<br />

. Afirmamos que po<strong>de</strong>mos supor , sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> ,<br />

f γj (x 0 )<br />

que f γj (x 0 ) ≠ 0 para todo j ∈ IN . Com efeito , se existe m natural tal que f γm (x 0 ) = 0 ,<br />

como x 0 ∈ γ m = S(f m ) , temos que f γm = 0 , e portanto , que γ m = X . Sendo assim ,<br />

∞⋂ ∞⋂<br />

γ j = γ j .<br />

j =1<br />

j =1<br />

j ≠m<br />

Desta forma , po<strong>de</strong>mos excluir γ m da coleção {γ j } ∞ j=1<br />

sem alterar a conclusão obtida<br />

em (2). Além disso , existe k natural para o qual f γk (x 0 ) ≠ 0 , uma vez que se f γj (x 0 ) = 0<br />

para todo j , então , pelos mesmos argumentos usados logo acima , γ j = X para todo j .<br />

Conseqüentemente ,<br />

⋂<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ =<br />

∞⋂<br />

γ j = X ,<br />

j =1<br />

49


o que implica S(f) = X , já que S(f) ∈ Γ 0 . Porém isto contradiz o fato <strong>de</strong> |f| não ser<br />

constante .<br />

A partir <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>finição ,<br />

f j (x 0 ) = 1 e | f j (x)| =<br />

∣<br />

∣f γj (x) ∣ ∣<br />

∣ fγj (x 0 ) ∣ ∣<br />

=<br />

∣<br />

∣f γj (x) ∣ ∣<br />

∥ fγj<br />

∥<br />

∥∞<br />

≤ 1 ,<br />

para todo x ∈ X , qualquer que seja o natural j . Isto é , ‖f j ‖ ∞<br />

= f j (x 0 ) = 1 , para todo<br />

j ∈ IN . Aliando este ao fato <strong>de</strong> A , munida da norma do supremo , ser um espaço <strong>de</strong><br />

∞∑ f i<br />

Banach , pelo Teorema 1.4 , temos que a série converge para uma função g ∈ A<br />

2 i i =1<br />

que , por <strong>de</strong>finição , satisfaz<br />

g(x 0 ) = 1 e | g(x)| ≤<br />

∞∑<br />

i =1<br />

| f i (x)|<br />

2 i ≤<br />

∞∑<br />

i =1<br />

1<br />

2 i = 1 ,<br />

j =1<br />

γ j<br />

para todo x ∈ X , ou seja , ‖ g‖ ∞<br />

= g(x 0 ) = 1 . Em particular , x 0 ∈ S(g) . Também temos<br />

que se w /∈ , então existe m ∈ IN tal que w /∈ γ m = S(f γm ) , ou<br />

∞⋂<br />

equivalentemente<br />

, |f γm (w)| < ‖f γm ‖ ∞<br />

= |f γm (x 0 )| . <strong>As</strong>sim ,<br />

|f m (w)| = |f γ m<br />

(w)|<br />

|f γm (x 0 )|<br />

< 1 = f m (x 0 ) ,<br />

e com isto ,<br />

| g(w)| ≤<br />

<<br />

m−1<br />

∑<br />

i =1<br />

m−1<br />

∑<br />

i =1<br />

|f i (w)|<br />

2 i + |f m(w)|<br />

2 m +<br />

f i (x 0 )<br />

2 i + f m(x 0 )<br />

2 m +<br />

∞∑<br />

i = m+1<br />

∞∑<br />

i = m+1<br />

|f i (w)|<br />

2 i<br />

f i (x 0 )<br />

2 i = 1 = ‖ g‖ ∞<br />

.<br />

50


Em outras palavras , w /∈ S(g) , <strong>de</strong>mostrando que S(g) ⊂<br />

∞⋂<br />

γ j . Segundo (2) , po<strong>de</strong>mos<br />

reescrever esta inclusão da seguinte forma : S(g) ⊂ ⋂<br />

j =1<br />

γ∈ Γ 0<br />

γ . (3)<br />

A fim <strong>de</strong> provar que S(g) é um conjunto unitário , suponhamos a existência <strong>de</strong> pelo<br />

menos dois elementos distintos em S(g) .<br />

Por hipótese , isto implica a existência <strong>de</strong> uma<br />

função h 0 ∈ A que em S(g) não é constante . Lembrando que este é um conjunto<br />

compacto e que h 0 é contínua , sejam a, b ∈ S(g) tais que | h 0 (a)| = max | h 0 (x)| e<br />

x∈ S(g)<br />

h 0 (a) ≠ h 0 (b) . Neste caso , h 0 (a) ≠ 0 , o que nos permite supor , dividindo h 0 por h 0 (a)<br />

se necessário , que h 0 (a) = 1 e h 0 (b) ≠ 1 . Logo , <strong>de</strong>finindo h = h 0 + h 2 0 , a função | h|<br />

não é constante em S(g) , pois h(a) = 2 e | h(b)| < 2 . Portanto , o conjunto não-vazio<br />

{<br />

}<br />

E = x ∈ S(g) : | h(x)| = max | h(y)|<br />

y∈ S(g)<br />

é um subconjunto próprio <strong>de</strong> S(g) . (4)<br />

Sejam x 1 ∈ E , g 1 = g<br />

g(x 1 )<br />

e h 1 = h<br />

h(x 1 ) . Por x 1<br />

estar em S(g) e | h| não ser<br />

constante neste conjunto , g 1 e h 1 estão bem <strong>de</strong>finidas , além <strong>de</strong> g 1 (x 1 ) = ‖ g 1 ‖ ∞<br />

= 1<br />

e S(g 1 ) = S(g) , já que | g(x 1 )| = ‖ g‖ ∞<br />

= 1 . Somando-se a estes , temos os fatos <strong>de</strong><br />

| h 1 (x)| ≤ 1 para x ∈ S(g) e | h 1 (x)| < 1 sempre que x ∈ S(g)\E , vindos estes últimos<br />

das <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> E , x 1 e h 1 . Além disso , h 1 (x 1 ) = 1 implica ‖ h 1 ‖ ∞<br />

≥ 1 . Neste<br />

momento , dividiremos a <strong>de</strong>monstração em dois casos : ‖ h 1 ‖ ∞<br />

> 1 e ‖ h 1 ‖ ∞<br />

= 1 .<br />

Supondo ‖ h 1 ‖ ∞<br />

> 1 , para cada n ∈ IN , seja<br />

V n =<br />

{<br />

x ∈ X : 1 + ‖ h 1‖ ∞<br />

− 1<br />

≤ | h<br />

2 n 1 (x)| ≤ 1 + ‖ h }<br />

1‖ ∞<br />

− 1<br />

.<br />

2 n−1<br />

Analisando sua <strong>de</strong>finição , vemos que V n é a interseção entre as imagens inversas dos<br />

intervalos (−∞ , 1 + (‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1)2 1−n ] e [1 + (‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1)2 −n , +∞) pela função contínua<br />

| h 1 | . Conseqüentemente , todo V n é fechado . Mais que isto , por X ser compacto , V n<br />

é compacto , para todo n ∈ IN . Verifiquemos , agora , que<br />

51


∞⋃<br />

V n = {x ∈ X : | h 1 (x)| > 1} . (5)<br />

n=1<br />

Se w ∈ X é tal que | h 1 (w)| > 1 , então 0 < | h 1 (w)| − 1 ≤ ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1 e existe<br />

n ∈ IN tal que 2 −n < ( | h 1 (w)| − 1) ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1) −1 < 1 . Seja n w o menor natural<br />

positivo que satisfaz esta condição . Se n w = 1 , então w ∈ V 1 . Caso n w > 1 , teremos<br />

2 1−nw ≥ ( | h 1 (w)| − 1) ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1) −1 , ou seja , w ∈ V nw .<br />

Reciprocamente , tomando w ∈ V k , temos que | h 1 (w)| ≥ 1 + ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1) 2 −k > 1 ,<br />

pois estamos supondo ‖ h 1 ‖ ∞<br />

> 1 . A arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> k ∈ IN conclui a verificação <strong>de</strong> (5) .<br />

Pela igualda<strong>de</strong> em (5) , S(g) ∩ V n = ∅ para todo n ∈ IN , uma vez que |h 1 (x)| ≤ 1<br />

sempre que x ∈ S(g) e , como S(g 1 ) = S(g) , temos que S(g 1 ) ∩ V n = ∅ para todo<br />

∞⋃<br />

n ∈ IN . Lembrando que ‖ g 1 ‖ ∞<br />

= 1 , <strong>de</strong>corre daí que |g 1 (x)| < 1 para todo x ∈ V n .<br />

Logo , se para cada n ∈ IN, x n é um elemento <strong>de</strong> V n tal que | g 1 (x n )| = max<br />

y ∈ V n<br />

| g 1 (y)| ,<br />

cuja existência está assegurada pela compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> V n , então | g 1 (x n )| < 1 para todo<br />

n ∈ IN . Para cada n ∈ IN , seja q n um inteiro positivo tal que | g 1 (x n )| qn ≤ 2 −1 .<br />

Fixando k ∈ IN arbitrariamente , como todo x ∈ V k<br />

n =1<br />

satisfaz | g 1 (x)| ≤ | g 1 (x k )| , temos<br />

que | g 1 (x)| q k<br />

≤ 2 −1 , para todo x ∈ V k . (6)<br />

Por outro lado , os fatos <strong>de</strong> ‖ g 1<br />

q n<br />

‖ ∞<br />

≤ ‖ g 1 ‖ qn ∞<br />

completo na norma do supremo implicam a convergência da série<br />

= 1 para todo n ∈ IN e <strong>de</strong> A ser<br />

h 1 + 4 (‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1)<br />

∞∑<br />

n =1<br />

g qn<br />

1<br />

2 n<br />

para uma função v ∈ A , nesta norma . Pelas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> h 1 e g 1 ,<br />

v(x 1 ) = 1 + 4 (‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1)<br />

∞∑<br />

n =1<br />

1<br />

2 n = 1 + 4 (‖ h 1‖ ∞<br />

− 1) ,<br />

e , se x ∈ V k , on<strong>de</strong> k ∈ IN está arbitrariamente fixado , então a conclusão obtida em (6)<br />

52


aliada à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> V k<br />

nos dizem que<br />

|v(x)| ≤ 1 + ‖ h 1‖ ∞<br />

− 1<br />

2 k−1 + 4 ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1)<br />

∞∑<br />

n =1<br />

n ≠k<br />

= 1 + 4 ( ‖ h 1‖ ∞<br />

− 1)<br />

2 k + 4 ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1)<br />

= 1 + 4 ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1) .<br />

1<br />

+ 4 ( ‖ h 1‖ ∞<br />

− 1)<br />

2 n 2 k+1<br />

∞∑<br />

n =1<br />

n ≠k<br />

1<br />

2 n<br />

Se x ∈ X \ ⋃ V n , por (5) , | v(x)| ≤ 1 + 4 ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1) . Logo , x 1 ∈ S(v) e<br />

‖v‖ ∞<br />

= 1 + 4 ( ‖ h 1 ‖ ∞<br />

− 1) . Além disso , por | h 1 (x)| < 1 sempre que x ∈ S(g) \ E ,<br />

|v(x)| < ‖v‖ ∞<br />

para todo x neste conjunto , <strong>de</strong>correndo disto que<br />

(S(g)\E) ∩ S(v) = ∅ . (7)<br />

Os fatos <strong>de</strong> x 1 ∈ E ⊂ S(g) e x 1 ∈ S(v) , juntamente com a inclusão em (3) implicam<br />

x 1 ∈ S(v) ∩ γ , para todo conjunto γ ∈ Γ 0 .<br />

possui a P.I.F. e contém o elemento S(f) , já que Γ 0<br />

Conseqüentemente , a coleção Γ 0 ∪ {S(v)}<br />

goza <strong>de</strong>stas proprieda<strong>de</strong>s . Portanto<br />

, Γ 0 ∪{S(v)} é um elemento <strong>de</strong> U que contém Γ 0 . Por sua maximalida<strong>de</strong> com relação<br />

à or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finida em U , Γ 0 é igual a Γ 0 ∪ {S(v)} , ou seja , S(v) ∈ Γ 0 . Lembrando ,<br />

mais uma vez , o obtido em (3) , isso significa que S(g) ⊂ ⋂<br />

γ ⊂ S(v) . Baseados<br />

γ∈ Γ 0<br />

nisto e em (7) , S(g)\E = (S(g)\E) ∩ S(v) = ∅ . Porém , por E ⊂ S(g) , isso implicaria<br />

E = S(g) , contradizendo (4) . Com isto , mostramos que se a função h 1 , <strong>de</strong>finida a partir<br />

da suposição <strong>de</strong> S(g) não ser unitário , satisfaz ‖h 1 ‖ ∞<br />

> 1 , temos um absurdo .<br />

Aproximando-nos da conclusão <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>monstração , suponhamos ‖ h 1 ‖ ∞<br />

= 1 .<br />

Neste<br />

caso , S(h 1 ) ∩ S(g) = E , uma vez que x ∈ S(h 1 ) ∩ S(g) se , e somente se , x ∈ S(g) e<br />

| h(x)| | h(x 1 )| −1 = | h 1 (x)| = ‖ h 1 ‖ ∞<br />

= 1 , o que é equivalente a x ∈ E , por x 1 ser um<br />

elemento <strong>de</strong> E . A partir disso e <strong>de</strong> (3) ,<br />

53


S(h 1 ) ∩ ( ⋂<br />

γ ) ⊃ S(h 1 ) ∩ S(g) = E ≠ ∅ .<br />

γ∈ Γ 0<br />

Desta forma , a coleção Γ 0 ∪ {S(h 1 )} possui a P.I.F. e contém o elemento S(f) , já que<br />

Γ 0 possui ambos . Usando a maximalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Γ 0 e os mesmos argumentos utilizados na<br />

conclusão do caso anterior , obtemos que S(h 1 ) ∈ Γ 0 . <strong>As</strong>sim , S(g) ⊂ ⋂<br />

γ ⊂ S(h 1 ) ,<br />

γ∈ Γ 0<br />

don<strong>de</strong> segue que S(h 1 ) ∩ S(g) = S(g) , e , como E = S(h 1 ) ∩ S(g) , isso contradiz (4) .<br />

Portanto , S(g) possui apenas um elemento , o ponto x 0 . Decorre disto que x 0 ∈ P ,<br />

que aliado a (3) implica x 0 ∈ S(f) , pois S(f) ∈ Γ 0 . Logo , P ∩ S(f) ≠ ∅ , e unindo<br />

este ao fato <strong>de</strong> S(f) ⊂ S(f 0 ) obtemos que S(f 0 ) ∩ P ≠ ∅ . A existência <strong>de</strong> função não<br />

constante em A e a arbitrarieda<strong>de</strong> da escolha <strong>de</strong> f 0 nos permitem concluir que P ̸= ∅ e<br />

que S(p ) ∩ P ̸= ∅ , para toda função não constante p ∈ A . Se u ∈ A for constante ,<br />

então S(u) ∩ P = X ∩ P = P ̸= ∅ , provando , finalmente , que P é uma fronteira para<br />

A .<br />

Definição 3.1. Se X é um espaço compacto e A ⊂ C(X) , o conjunto dos pontos <strong>de</strong> pico<br />

para A recebe o nome <strong>de</strong> fronteira <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> <strong>de</strong> A e é <strong>de</strong>notado por ρA .<br />

O Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> diz que se A é uma álgebra <strong>de</strong> Banach que satisfaz <strong>de</strong>terminadas<br />

hipóteses , então ρA é não-vazia e é a única fronteira minimal <strong>de</strong> A .<br />

Corolário 3.1. Se A satisfaz as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , então todo conjunto <strong>de</strong><br />

pico para A possui ponto <strong>de</strong> pico .<br />

Demonstração. Se E é um conjunto <strong>de</strong> pico para A , então E é o conjunto maximal <strong>de</strong><br />

alguma função <strong>de</strong> A . Além disso , por todas as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> serem<br />

satisfeitas , ρA é uma fronteira para A . Conseqüentemente , ρA intercepta todos os<br />

conjuntos maximais <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> A . Em particular , ρA ∩ E ≠ ∅ . Em outras palavras ,<br />

E possui ponto <strong>de</strong> pico .<br />

54


Corolário 3.2. Se A satisfaz as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , então ρA = ∂A.<br />

Demonstração. Pelo Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> , ∂A ⊂ ρA e pelo Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> ρA ⊂ ∂A .<br />

A partir <strong>de</strong>stas inclusões e do fato <strong>de</strong> ∂A ser um conjunto fechado , é imediato que<br />

ρA = ∂A .<br />

Este corolário , usando outras palavras , nos diz que se as condições do Teorema <strong>de</strong><br />

<strong>Bishop</strong> forem satisfeitas por um espaço compacto X e uma álgebra <strong>de</strong> Banach A , então a<br />

fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong>sta álgebra existirá e será o fecho do conjunto dos seus pontos <strong>de</strong> pico ,<br />

que neste caso , é a fronteira <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> <strong>de</strong> A .<br />

O próximo teorema é <strong>de</strong>vido a H. G. Dales e prova que se , no corolário acima , enfraquecermos<br />

uma das hipóteses , exigindo apenas que A seja uma álgebra <strong>de</strong> Banach com<br />

uma norma qualquer , então a fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong>sta álgebra ainda será o fecho da fronteira<br />

<strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> <strong>de</strong> A na norma do supremo . Esta conclusão é semelhante à do corolário<br />

anterior , com a diferença <strong>de</strong> que não sabemos se ρA é uma fronteira para esta álgebra ,<br />

uma vez que , neste caso , A não é , necessariamente , um espaço completo com a norma<br />

do supremo .<br />

Proposição 3.1. Se X é um espaço compacto e A é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) munida<br />

<strong>de</strong> uma norma qualquer ‖ . ‖ e que contém a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C(X) , então ‖f‖ ∞<br />

≤ ‖f‖ , para<br />

toda f ∈ A .<br />

Demonstração. O caso A = {0} é trivial .<br />

f(x) ≠ 0 para algum x ∈ X .<br />

Supondo A ̸= {0} , existe f ∈ A tal que<br />

Por outro lado , para cada x ∈ X , lembremos que a função ̂x : A −→ IK <strong>de</strong>finida pela<br />

equação ̂x(f) = f(x) , pertence a M(A) sempre que ̂x é não-nula . Pela observação feita<br />

no início da <strong>de</strong>monstração , existe ̂x ≠ 0 para algum x ∈ X . Além disso , pela Proposição<br />

1.15 , ‖ϕ‖ = 1 para toda ϕ em M(A) , on<strong>de</strong> a norma consi<strong>de</strong>rada é a do supremo na<br />

esfera <strong>de</strong> (A , ‖ . ‖ ) . Logo , se f ∈ A , então<br />

55


‖f‖ ∞<br />

= sup<br />

x∈X<br />

|f(x)| = sup | ̂x(f)| ≤ sup<br />

x∈X<br />

ϕ∈ M(A)<br />

|ϕ(f)| ≤<br />

sup<br />

ϕ∈ M(A)<br />

‖ϕ‖ ‖f‖ = ‖f‖ .<br />

Teorema 3.2. Sejam X um espaço topológico compacto metrizável e A uma subálgebra<br />

<strong>de</strong> C(X) que separa os pontos <strong>de</strong> X .<br />

Se A contém a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C(X) e com uma<br />

norma qualquer ‖ .‖ é uma álgebra <strong>de</strong> Banach , então o conjunto dos seus pontos <strong>de</strong> pico é<br />

<strong>de</strong>nso em ∂A .<br />

Demonstração. Começaremos provando que todo conjunto <strong>de</strong> pico para A contido propriamente<br />

em X contém um ponto <strong>de</strong> pico para A . Se a norma <strong>de</strong> A fosse a do supremo ,<br />

essa conclusão seguiria imediatamente do Corolário 3.1 .<br />

Sejam P um conjunto <strong>de</strong> pico para A contido propriamente em X , g ∈ A tal que<br />

g ≡ 1 em P e |g| < 1 em X \P e U um aberto contendo P tal que X \U ≠ ∅ .<br />

U <strong>de</strong> fato existe , pois tomando x 0 ∈ X\P , o conjunto X\{x 0 } é um exemplo <strong>de</strong> aberto<br />

contendo P que é diferente <strong>de</strong> X .<br />

Tal<br />

Se A é o fecho <strong>de</strong> A na norma do supremo , então<br />

A é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) que com a norma do supremo é uma álgebra <strong>de</strong> Banach .<br />

Consi<strong>de</strong>remos A com a norma do supremo . Como A ⊂ A , P também é um conjunto <strong>de</strong><br />

pico para A e observando que A satisfaz as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , o Corolário<br />

3.1 garante a existência <strong>de</strong> um ponto <strong>de</strong> pico p 1 ∈ P para A . Logo , existe f 1 ∈ A tal que<br />

f 1 (p 1 ) = 1 e |f 1 (x)| < 1 sempre que x ≠ p 1 . Por X ser metrizável , po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar<br />

uma métrica d em X que dê origem à sua topologia e lembrando que P é subconjunto<br />

do aberto U , seja B 1 a bola aberta , na métrica d , centrada em p 1 e <strong>de</strong> raio r 1 < 1 ,<br />

tal que B 1 ⊂ U . Como X \U ≠ ∅ , também temos que X \B 1 ≠ ∅ . Baseados nisto e<br />

na compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> X \B 1 , que por sua vez é conseqüência da compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> X , seja<br />

β 1 = max<br />

x∈X\B 1<br />

|f 1 (x)| . Pela escolha <strong>de</strong> f 1 , β 1 < 1 , o que nos permite tomar ɛ 1 > 0 tal que<br />

1 − β 1 > 2ɛ 1 . Por f 1 ∈ A , existe g 1 ∈ A tal que ‖f 1 − g 1 ‖ ∞<br />

< ɛ 1 . A partir disto ,<br />

1−| g 1 (p 1 )| = | f 1 (p 1 )|−| g 1 (p 1 )| ≤ | f 1 (p 1 ) − g 1 (p 1 )| ≤ ‖f 1 − g 1 ‖ ∞<br />

< ɛ 1 (1)<br />

56


e , para cada x ∈ X , | g 1 (x)| − |f 1 (x)| ≤ | g 1 (x) − f 1 (x)| ≤ ‖f 1 − g 1 ‖ ∞<br />

< ɛ 1 .<br />

Isto significa , pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> β 1 , que<br />

| g 1 (q)| < ɛ 1 + β 1 , para todo q ∈ X\B 1 . (2)<br />

Por (1) , | g 1 (p 1 )| > 1−ɛ 1 > β 1 > 0 , o que implica ‖g 1 ‖ ∞<br />

> 0 . <strong>As</strong>sim , pela Proposição<br />

3.1 , temos que ‖g 1 ‖ > 0 . Com base nisto , seja η 1 = (2 2 ‖g 1 ‖ ) −1 . Por (2) , por B 1 ⊂ P<br />

e pelo fato <strong>de</strong> | g| < 1 em X \P , temos , para q ∈ X \B 1 , que<br />

| g(q)| + η 1 | g 1 (q)| < 1+ (η 1 +β 1 ) . (3)<br />

Além disso , segue <strong>de</strong> p 1<br />

pertencer a P e <strong>de</strong> (1) , que<br />

| g(p 1 )| + η 1 | g 1 (p 1 )| = 1 + η 1 | g 1 (p 1 )| > 1 + η 1 (1 − ɛ 1 ) . (4)<br />

Aliando (3) e (4) à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> ɛ 1 , se q ∈ X \B 1 , então<br />

| g(p 1 )| + η 1 | g 1 (p 1 )| − | g(q)| − η 1 | g 1 (q)| > η 1 (1 − 2ɛ 1 − β 1 ) > 0 . (5)<br />

Agora , sejam ψ 1 = Arg g(p 1 ) = 0 , θ 1 = Arg g 1 (p 1 ) e ϕ 1 = ψ 1 − θ 1 = −Arg g 1 (p 1 ) .<br />

Definindo G 1 = g + η 1 e iϕ 1<br />

g 1 , claramente G 1 ∈ A e , para cada q ∈ X \B 1 , <strong>de</strong>corre <strong>de</strong><br />

(5) que<br />

| G 1 (q)| ≤ | g(q)| + η 1 | g 1 (q)| < | g(p 1 )| + η 1 | g 1 (p 1 )| .<br />

Neste caso , como<br />

| G 1 (p 1 )| = ∣ | g(p1 )|e iψ 1<br />

+ η 1 e iϕ 1<br />

| g 1 (p 1 )|e iθ 1∣<br />

= ∣ | g(p1 )|e iψ 1<br />

+ η 1 | g 1 (p 1 )|e iψ 1∣<br />

= | g(p 1 )| + η 1 | g 1 (p 1 )| ,<br />

57


temos que | G 1 (q)| < | G 1 (p 1 )| , para todo q ∈ X\B 1 . Portanto , G 1<br />

não atinge módulo<br />

máximo fora <strong>de</strong> B 1 e ‖ G 1 ‖ ∞<br />

> max | G 1 (q)| , ou , equivalentemente , S(G 1 ) ⊂ B 1<br />

q∈X\B 1<br />

M 1 = ‖ G 1 ‖ ∞<br />

− max | G 1 (q)| é positivo .<br />

q∈X\B 1<br />

Nosso próximo passo é repetir , <strong>de</strong> forma análoga , o que fizemos anteriormente .<br />

Pela Proposição 2.1 , o conjunto S(G 1 ) contém um conjunto <strong>de</strong> pico para A . <strong>As</strong>sim ,<br />

pelo Corolário 3.1 , S(G 1 ) contém um ponto <strong>de</strong> pico p 2 para A , que em particular ,<br />

pertence a B 1 . Logo , existe f 2 ∈ A tal que f 2 (p 2 ) = 1 e | f 2 | < 1 em X \{p 2 } . Seja<br />

B 2 a bola aberta , na métrica d , centrada em p 2 e <strong>de</strong> raio r 2 < 2 −1 tal que B 2 ⊂ B 1 ,<br />

e seja β 2 = max | f 2 (q)| . Como β 2 < 1 , po<strong>de</strong>mos tomar ɛ 2 > 0 tal que 2ɛ 2 < 1 − β 2<br />

q∈X\B 2<br />

e , por f 2 ∈ A , existe g 2 ∈ A tal que ‖ f 2 − g 2 ‖ ∞<br />

< ɛ 2 . Conseqüentemente ,<br />

e<br />

1 − | g 2 (p 2 )| = | f 2 (p 2 )| − | g 2 (p 2 )| ≤ ‖f 2 − g 2 ‖ < ɛ 2 (6)<br />

e , para todo x ∈ X , | g 2 (x)| − |f 2 (x)| < ɛ 2 . <strong>As</strong>sim , pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> β 2 , se q ∈ X\B 2 ,<br />

então |g 2 (q)| < ɛ 2 + β 2 . (7)<br />

Por outro lado , sejam δ 2 = min {δ 1 , M 1 } e η 2 = δ 2 (2 2 ‖ g 2 ‖ ) −1 . Observe que η 2 está<br />

bem <strong>de</strong>finido , uma vez que , por (6) , ‖g 2 ‖ ∞<br />

> 0 , e pela Proposição 3.1 , isto significa que<br />

‖g 2 ‖ > 0 . Também por (6) ,<br />

| G 1 (p 2 )| + η 2 | g 2 (p 2 )| > | G 1 (p 2 )| + η 2 (1 − ɛ 2 )<br />

e unindo (7) ao fato <strong>de</strong> p 2 ∈ S(G 1 ) , para todo q ∈ X \B 2 , temos<br />

| G 1 (q)| + η 2 | g 2 (q)| < | G 1 (p 2 )| + η 2 (ɛ 2 + β 2 ) .<br />

Para q ∈ X \B 2 , <strong>de</strong>corre <strong>de</strong>stas duas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que ,<br />

| G 1 (p 2 )| + η 2 | g 2 (p 2 )| − | G 1 (q)| − η 2 | g 2 (q)| > η 2 (1−2ɛ 2 +β 2 ) > 0 . (8)<br />

58


Definindo ψ 2 = ArgG 1 (p 2 ) , θ 2 = Argg 2 (p 2 ) e ϕ 2 = ψ 2 −θ 2 , seja G 2 = G 1 +η 2 e iϕ 2<br />

g 2 .<br />

É claro que G 2 ∈ A e por sua <strong>de</strong>finição ,<br />

| G 2 (p 2 )| = ∣ | G1 (p 2 )|e iψ 2<br />

+ η 2 e iϕ 2<br />

| g 2 (p 2 )|e iθ 2∣ = | G1 (p 2 )| + η 2 | g 2 (p 2 )| ,<br />

que aliado a (8) nos diz que | G 2 (q)| ≤ | G 1 (q)| + η 2 | g 2 (q)| < | G 2 (p 2 )| , para todo<br />

q ∈ X\B 2 . Ou seja , G 2 não atinge módulo máximo fora <strong>de</strong> B 2 e ‖ G 2 ‖ ∞<br />

> max | G 2 (q)| .<br />

q∈X\B 2<br />

Em outras palavras , S(G 2 ) ⊂ B 2 e M 2 = ‖ G 2 ‖ ∞<br />

− max | G 2 (q)| > 0 .<br />

q∈X\B 2<br />

Analogamente , po<strong>de</strong>mos repetir este processo para termos , na n-ésima etapa , bolas<br />

abertas B 1 , B 2 , . . . , B n<br />

<strong>de</strong> raios r 1 , r 2 , . . . , r n , respectivamente , tais que r k < k −1<br />

para k = 1, 2, . . . , n e U ⊃ B 1 ⊃ B 2 ⊃ . . . ⊃ B n . Além disso , sendo G 0 = g , B 0 = U<br />

e δ 0 = M 0 = 1/2 , para cada k ∈ {1, 2, . . . , n} , teremos uma função G k ∈ A tal que<br />

S(G k ) ⊂ B k , <strong>de</strong>finida por G k = G k−1 + η k e iϕ k gk , on<strong>de</strong> g k ∈ A , ‖ g k ‖ > 0 ,<br />

η k = δ k (2 k ‖ g k ‖ ) −1 , δ k = min {δ k−1 , M k−1 } e M k = ‖ G k ‖ ∞<br />

− max<br />

q∈X\B k<br />

| G k (q)| > 0 .<br />

A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repetir o que fizemos quantas vezes <strong>de</strong>sejarmos , assegura que faz<br />

sentido <strong>de</strong>finir indutivamente a função h pela igualda<strong>de</strong><br />

h = lim<br />

n→ ∞ G n = g +<br />

∞∑<br />

η n e iϕn g n .<br />

A fim <strong>de</strong> verificar que h está bem <strong>de</strong>finida e pertence a A , fixemos n ∈ IN . Pelas<br />

<strong>de</strong>finições <strong>de</strong> η n e δ n ,<br />

n=1<br />

‖ η n e iϕn g n ‖ ≤ η n ‖ g n ‖ =<br />

δ n<br />

2 n ‖ g n ‖ ‖ g n‖ ≤ 1<br />

2 . n+1<br />

Aliando isto à hipótese <strong>de</strong> A ser uma álgebra <strong>de</strong> Banach com esta norma , temos que<br />

h está bem <strong>de</strong>finida e pertence a A . Além disso , baseados no fato <strong>de</strong> S(G n ) ⊂ B n<br />

para<br />

59


todo n , seja {q n } uma seqüência em X tal que q n ∈ B n<br />

cada n ∈ IN . Neste caso , se k ∈ IN , então<br />

e | G n (q n )| = ‖G n ‖ ∞<br />

, para<br />

|h(q k )| =<br />

∞∑<br />

∣ G k(q k ) + η n e iϕn g n (q k )<br />

∣<br />

n=k+1<br />

≥ | G k (q k )| −<br />

∣<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

η n e iϕn g n (q k )<br />

∣<br />

∞∑<br />

≥ ‖G k ‖ ∞<br />

− η n | g n (q k )| ,<br />

n=k+1<br />

e a Proposição 3.1 juntamente com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cada δ n , nos garante que para todo<br />

x ∈ X ,<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

η n | g n (x)| ≤<br />

≤<br />

≤<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

η n ‖ g n ‖ ∞<br />

η n ‖ g n ‖<br />

δ n<br />

2 ≤ ∑ ∞ n<br />

n=k+1<br />

δ k+1<br />

2 < δ k+1<br />

n 2<br />

. (9)<br />

Em particular , | h(q k )| > ‖ G k ‖ ∞<br />

− δ k+1<br />

.<br />

2<br />

Logo , por (9) e pelas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> δ k e<br />

M k , para todo q ∈ X \B k ,<br />

∞∑<br />

| h(q)| ≤ | G k (q)| + η n | g n (q)|<br />

≤<br />

n=k+1<br />

max | G k (x)| +<br />

x∈X\B k<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

η n | g n (q)|<br />

60


= ‖ G k ‖ ∞<br />

− M k +<br />

∞∑<br />

n=k+1<br />

≤ ‖ G k ‖ ∞<br />

− M k + δ k+1<br />

2<br />

η n | g n (q)|<br />

≤ ‖ G k ‖ ∞<br />

− δ k+1<br />

2<br />

< | h(q k )| ,<br />

ou seja , S(h) ⊂ B k , já que q k ∈ B k . Segue da arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> k que S(h) ⊂ ⋂ ∞<br />

n=1 B n .<br />

Como S(h) ≠ ∅ (pois h é contínua e X é compacto) e r n<br />

ten<strong>de</strong> a zero a medida que<br />

n cresce , temos que S(h) é um conjunto unitário , ou seja , S(h) = {p} para algum<br />

p ∈ X .<br />

pertence a U .<br />

<strong>As</strong>sim , segue do fato <strong>de</strong> p ∈ B 1 ⊂ U , que p é um ponto <strong>de</strong> pico para A que<br />

Lembrando o início da prova , observamos que o conjunto <strong>de</strong> pico P foi<br />

fixado arbitrariamente , assim como o aberto U que o contém .<br />

Portanto , acabamos <strong>de</strong><br />

provar que todo conjunto <strong>de</strong> pico para A contido propriamente em X contém ponto <strong>de</strong><br />

pico para A .<br />

Finalizando a prova , observemos que as hipóteses <strong>de</strong>ste teorema nos permitem , através<br />

do Teorema <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> , garantir a existência da fronteira <strong>de</strong> <strong>Shilov</strong> <strong>de</strong> A . Logo , se x ∈ ∂A<br />

e U x<br />

é uma vizinhança <strong>de</strong> x tal que X\U x ≠ ∅ , então , pelo Corolário 2.2 , existe u ∈ A<br />

tal que S(u) ⊂ U x . Da Proposição 2.1 , obtemos um conjunto <strong>de</strong> pico P x<br />

para A contido<br />

em S(u) , que em particular , é um subconjunto próprio <strong>de</strong> X . Em <strong>de</strong>corrência do que foi<br />

provado acima , temos que P x possui um ponto <strong>de</strong> pico , o que conclui a <strong>de</strong>monstração .<br />

O próximo exemplo mostrará que não é possível enfraquecer as hipóteses do Teorema<br />

<strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , trabalhando num espaço compacto não-metrizável , ou seja , prova que sem a<br />

metrizabilida<strong>de</strong> do espaço compacto nem sempre a fronteira <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> da álgebra consi<strong>de</strong>rada<br />

será não-vazia . Um corolário do Teorema <strong>de</strong> Stone -Weierstrass <strong>de</strong>sempenhará um papel<br />

importante nesse exemplo e por isto o enunciaremos agora :<br />

Corolário 3.3. Sejam X um espaço compacto e A uma subálgebra <strong>de</strong> C(X, IC) que<br />

61


separa os pontos <strong>de</strong> X e contém as funções constantes . Se para toda f ∈ A , f ∈ A ,<br />

on<strong>de</strong> f é o conjugado complexo <strong>de</strong> f, então A é <strong>de</strong>nso em (C(X, IC), ‖ .‖ ∞<br />

) .<br />

Demonstração. Consulte a referência [9] , Corolário 11.4.1 , p. 333 .<br />

Exemplo 3.1. Seja X o espaço compacto e não-metrizável <strong>de</strong>finido no exemplo 1.5 . Pelo<br />

exemplo 1.10 , C(X, IC) com as operações ponto a ponto e a norma do supremo é uma álgebra<br />

<strong>de</strong> Banach sobre IC , comutativa e com unida<strong>de</strong> , além <strong>de</strong> conter as funções constantes .<br />

Como no exemplo 1.3 , para cada índice α ∈ Λ , seja π α : X −→ X α <strong>de</strong>finida em x =<br />

{x λ } λ∈Λ<br />

∈ X por π α (x) = x α , a projeção <strong>de</strong> X sobre X α . Agora , seja A a subálgebra<br />

<strong>de</strong> C(X, IC) gerada pelas projeções e as funções constantes . Por <strong>de</strong>finição , toda função em<br />

A é uma soma finita da forma c 0 +c 1 w 1 +. . .+c n w n , on<strong>de</strong> c 0 , . . . , c n ∈ IC e cada w k é um<br />

produto finito <strong>de</strong> projeções . Em particular , A é a álgebra dos polinômios com coeficientes<br />

em IC , cujas variáveis são as projeções . Com a norma do supremo herdada <strong>de</strong> C(X, IC) ,<br />

A é uma álgebra normada sobre IC , comutativa e com unida<strong>de</strong> . Para provar que A é<br />

<strong>de</strong>nso em C(X, IC) , observemos que se t = {t λ } e s = {s λ } são pontos distintos em X ,<br />

existe α ∈ Λ tal que t α ≠ s α e , com isto , a projeção π α ∈ A satisfaz π α (t) ≠ π α (s) ,<br />

ou seja , A separa os pontos <strong>de</strong> X . Além disso , como as projeções são funções reais ,<br />

se g = d 0 + d 1 q 1 + . . . + d n q n é uma função <strong>de</strong> A , on<strong>de</strong> d 0 , . . . , d n ∈ IC e cada q k é um<br />

produto finito <strong>de</strong> projeções , então g = d 0 + d 1 q 1 + . . . + d n q n = d 0 + d 1 q 1 + . . . + d n q n ,<br />

que é um elemento <strong>de</strong> A . Unindo estes ao fato <strong>de</strong> A conter as funções constantes , pelo<br />

Corolário 3.3 , A = C(X, IC) .<br />

Por outro lado , seja E 0 o conjunto dos {t λ } λ∈Λ<br />

∈ X tais que t λ ≠ 0 apenas para<br />

uma quantida<strong>de</strong> enumerável <strong>de</strong> índices λ e E 1 o conjunto dos {s λ } λ∈Λ<br />

∈ X para os<br />

quais apenas para uma quantida<strong>de</strong> enumerável <strong>de</strong> índices λ , temos que s λ ≠ 1 . A fim <strong>de</strong><br />

provar que E 0 e E 1 são fronteiras para C(X, IC) , fixemos uma função f nesta álgebra .<br />

Como A = C(X, IC) , existe uma seqüência (p n ) em A que converge na norma do supremo<br />

para f . <strong>As</strong>sim , pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> A , cada p n é uma soma finita na qual cada parcela é<br />

62


formada por um produto cujos fatores são um coeficiente complexo e uma quantida<strong>de</strong> finita<br />

<strong>de</strong> projeções . Conseqüentemente , para todo n ∈ IN , p n<br />

está completamente <strong>de</strong>terminado<br />

pelas projeções que constituem suas parcelas e seja Λ n ⊂ Λ o conjunto finito formado pelos<br />

índices <strong>de</strong>stas projeções .<br />

Neste caso , Λ 0 = ⋃ ∞<br />

n=1 Λ n é um subconjunto enumerável <strong>de</strong> Λ<br />

com a seguinte proprieda<strong>de</strong> : se t = {t λ } λ∈Λ<br />

e s = {s λ } λ∈Λ<br />

são elementos <strong>de</strong> X tais que<br />

t α = s α para todo α ∈ Λ 0 , então p n (t) = p n (s) para todo n ∈ IN . O conjunto Λ 0 possui<br />

esta proprieda<strong>de</strong> , uma vez que as coor<strong>de</strong>nadas λ em Λ\Λ 0<br />

não contribuem para os valores<br />

assumidos por cada p n , pois os índices das projeções que os <strong>de</strong>terminam estão em Λ 0 . A<br />

partir disto , se t = {t λ } λ∈Λ<br />

e s = {s λ } λ∈Λ<br />

são elementos <strong>de</strong> X tais que t α = s α para<br />

todo α ∈ Λ 0 , então , fixando ɛ > 0 e lembrando que (p n ) converge para f na norma do<br />

supremo , existe n 0 ∈ IN tal que ‖f − p n ‖ ∞<br />

< ɛ/2 , sempre que n ≥ n 0 .<br />

p n0 (t) = p n0 (s) ,<br />

Logo , como<br />

|f(t) − f(s)| ≤ |f(t) − p n0 (t)| + |f(s) − p n0 (s)| ≤ ‖f − p n0 ‖ ∞<br />

< ɛ .<br />

Em outras palavras , f(t) = f(s) , para todo par t = {t λ } λ∈Λ<br />

, s = {s λ } λ∈Λ<br />

<strong>de</strong> elementos<br />

<strong>de</strong> X que satisfaz t α = s α para todo α ∈ Λ 0 .<br />

Agora , seja u = {u λ } ∈ X tal que |f(u)| = ‖f‖ ∞<br />

e , baseados em u , sejam t 0 = {t λ }<br />

e s 1 = {s λ } em X tais que<br />

t λ = u λ , para λ ∈ Λ 0 ,<br />

t λ = 0 , para λ ∈ Λ\Λ 0 ,<br />

s λ = u λ , para λ ∈ Λ 0 ,<br />

s λ = 1 , para λ ∈ Λ\Λ 0 .<br />

Claramente , t 0 ∈ E 0 e s 1 ∈ E 1 . Além disso , pelo que concluímos acima , f(t 0 ) =<br />

f(s 1 ) = f(u) , o que implica t 0 , s 1 ∈ S(f) . A arbitrarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> f nos permite concluir que<br />

E 0 e E 1 são , <strong>de</strong> fato , fronteiras para C(X, IC) . Finalmente , por Λ ser não-enumerável ,<br />

63


é imediato da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>stes conjuntos que E 0 ∩ E 1 = ∅ . Com isto , C(X, IC) não possui<br />

ponto <strong>de</strong> pico , já que estando em todas as fronteiras , os pontos <strong>de</strong> pico estariam , em<br />

particular , em E 0 ∩ E 1 . Portanto , ρC(X, IC) = ∅ .<br />

A seguir , <strong>de</strong>terminaremos a fronteira <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> <strong>de</strong> algumas álgebras .<br />

Exemplo 3.2. Seja A(∆) a álgebra <strong>de</strong> Banach <strong>de</strong>finida no exemplo 1.12 . Pelo exemplo<br />

2.2 , ρA(∆) contém F r∆ e , como ρA(∆) ⊂ ∂A(∆) = F r∆ , temos que a fronteira <strong>de</strong><br />

<strong>Bishop</strong> <strong>de</strong> A é a fronteira topológica <strong>de</strong> ∆ . Em símbolos , ρA(∆) = F r∆ .<br />

Exemplo 3.3. Seja H a álgebra <strong>de</strong> Banach <strong>de</strong>finida no exemplo 1.13 . Pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> H<br />

e pelo exemplo 2.3 , on<strong>de</strong> mostramos que H separa os pontos <strong>de</strong> F r∆ , todas as hipóteses<br />

do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> são satisfeitas . Conseqüentemente , ρH é uma fronteira para H .<br />

Além disso , pelo Teorema do Módulo Máximo , 1 não é ponto <strong>de</strong> pico para H , uma vez<br />

que para toda f ∈ H , existe ˜f ∈ A(∆) tal que ˜f (0) = ˜f (1) . Lembrando que no exemplo<br />

2.3 provamos que ∂H = F r∆ , isso implica ∂H ≠ ρH .<br />

Exemplo 3.4. Seja U a álgebra <strong>de</strong> Banach real <strong>de</strong>finida no exemplo 1.11 . Foi provado ,<br />

no exemplo 2.4 , que para toda função g ∈ U , existe s ∈ [0, 1] tal que g atinge máximo<br />

em módulo em s e em 1 − s . <strong>As</strong>sim , nenhum ponto do intervalo [0, 1] diferente <strong>de</strong> 1/2 ,<br />

é ponto <strong>de</strong> pico para U . Para verificar que 1/2 é ponto <strong>de</strong> pico basta consi<strong>de</strong>rar a função<br />

f : [0, 1] −→ IC <strong>de</strong>finida por f(t) = t em [ 0, 1/2] e por f(t) = 1 − t em [1/2, 1] . É claro<br />

que f ∈ U , f(1/2) = 1/2 = ‖f‖ ∞<br />

e que |f(t)| < 1/2 para todo t ∈ [0, 1/2) ∪ (1/2, 1] .<br />

Portanto , ρU = {1/2} , que pelo exemplo 2.4 não é uma fronteira para U .<br />

O exemplo abaixo , mostra a importância <strong>de</strong> mais uma das hipóteses do Teorema <strong>de</strong><br />

<strong>Bishop</strong> .<br />

64


Exemplo 3.5. Sejam X um espaço compacto metrizável e C o conjunto das funções constantes<br />

<strong>de</strong> X em IK . Pelo exemplo 1.9 , C é uma subálgebra <strong>de</strong> C(X) que é completa com<br />

a norma do supremo . Decorre imediatamente <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>finição que C não possui pontos <strong>de</strong><br />

pico e , conseqüentemente , que ρ C = ∅ . É interessante observar que , exceto por C não<br />

separar os pontos <strong>de</strong> X , todas as hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> são satisfeitas por esta<br />

álgebra .<br />

3.2 Exemplo <strong>de</strong> um Conjunto <strong>de</strong> Pico sem Ponto <strong>de</strong><br />

Pico<br />

Uma das conseqüências imediatas do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , o Corolário 3.1 , diz que se<br />

suas hipóteses são satisfeitas , então todo conjunto <strong>de</strong> pico possui ponto <strong>de</strong> pico . Nesta<br />

seção , veremos um exemplo <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> pico sem ponto <strong>de</strong> pico , e uma conclusão<br />

tirada a partir <strong>de</strong>ste exemplo <strong>de</strong>stacará a importância <strong>de</strong> uma das hipóteses do Teorema <strong>de</strong><br />

<strong>Bishop</strong> .<br />

Antes <strong>de</strong> apresentarmos o exemplo prometido , lembraremos algumas <strong>de</strong>finições e resultados<br />

:<br />

Definição 3.2. Se Ω é um espaço topológico , então uma curva fechada em Ω é uma<br />

aplicação contínua γ : [a , b] −→ Ω tal que γ(a) = γ(b) , on<strong>de</strong> [a , b] ⊂ IR é um intervalo<br />

fechado e limitado . Neste caso , chamamos o conjunto γ ( [a , b] ) <strong>de</strong> traço <strong>de</strong> γ . Se<br />

além disso , a restrição <strong>de</strong> γ ao intervalo (a , b ] for injetiva , dizemos que γ é uma curva<br />

fechada simples .<br />

No caso particular em que Ω = IC ou IR 2 e que γ for diferenciável por partes em [a, b] ,<br />

dizemos que γ é uma curva fechada diferenciável por partes .<br />

65


Definição 3.3. Sejam Ω um espaço topológico e [a, b] um intervalo fechado e limitado<br />

da reta . Se F : [a , b] × [0 , 1] −→ Ω é uma aplicação contínua tal que F (a, s) = F (b, s)<br />

para todo s ∈ [0, 1] , então , para cada s ∈ [0 , 1] , a aplicação F s : [a , b] −→ Ω <strong>de</strong>finida<br />

por F s (t) = F (t , s) , é uma é uma curva fechada . Sob estas circunstâncias , dizemos<br />

que F é uma homotopia entre as curvas fechadas F 0 e F 1 . Duas curvas fechadas são<br />

homotópicas , se existe uma homotopia entre elas .<br />

Definição 3.4. Seja γ : [a, b] −→ IC uma curva diferenciável por partes no plano complexo .<br />

Se z 0 ∈ IC não pertence ao traço <strong>de</strong> γ , <strong>de</strong>finimos o índice <strong>de</strong> γ com relação a z 0 , que<br />

será <strong>de</strong>notado por w(γ, z 0 ) , da seguinte forma<br />

∫<br />

w(γ, z 0 ) =<br />

γ<br />

∫<br />

dz<br />

b<br />

γ ′ (t)<br />

=<br />

dt .<br />

z − z 0 a γ(t) − z 0<br />

Sejam γ uma curva fechada em IC e a um ponto fora <strong>de</strong> seu traço . Observe que , neste<br />

caso , não sabemos se γ é diferenciável por partes , e , portanto , po<strong>de</strong> ser que o índice <strong>de</strong><br />

γ com relação a a não exista , segundo a <strong>de</strong>finição acima . Entretanto , é possível <strong>de</strong>finir ,<br />

<strong>de</strong> forma mais geral , o índice <strong>de</strong> uma curva fechada α qualquer com relação a um ponto b<br />

fora <strong>de</strong> seu traço (consulte a referência [11] , capítulo 10 , parágrafo 66) , e , <strong>de</strong>notando por<br />

n(α, b) o índice <strong>de</strong> α com relação a b segundo esta outra <strong>de</strong>finição , o resultado abaixo<br />

nos diz que nossa <strong>de</strong>finição é um caso particular da mais geral .<br />

Proposição 3.2. Se γ é uma curva fechada diferenciável por partes no plano complexo e<br />

z 0 ∈ IC é um ponto fora do traço <strong>de</strong> γ , então<br />

∫<br />

n(γ, z 0 ) =<br />

γ<br />

dz<br />

z − z 0<br />

= w(γ, z 0 ) .<br />

Demonstração. Consulte a referência [11] , Lema 66.3 , p. 405 .<br />

66


Proposição 3.3. Sejam γ e α curvas fechadas em IR 2 \ {p} (ou em IC \ {p}) . Se existe<br />

homotopia H entre estas curvas tal que p não pertence ao conjunto imagen <strong>de</strong> H , então<br />

n(γ, p) = n(α, p) .<br />

Demonstração. Consulte a referência [11] , Lema 66.1 , p. 403 .<br />

Definição 3.5. Sejam γ uma curva fechada simples em IR 2 (ou em IC ) e C o traço <strong>de</strong><br />

γ . Sob estas condições o Teorema da Curva <strong>de</strong> Jordan afirma que existem dois conjuntos<br />

abertos e conexos A 1 e A 2 contidos em IR 2 \ C (respectivamente em IC \ C) tais que<br />

A 1 é limitado , A 2 é ilimitado , A 1 ∪ A 2 = IR 2 \ C (respectivamente A 1 ∪ A 2 = IC \ C) e<br />

A 1 ∩ A 2 = ∅ . Neste caso , diremos que A 1 é o interior <strong>de</strong> γ e que A 2 é o exterior <strong>de</strong><br />

γ .<br />

Para a consulta da <strong>de</strong>monstração do Teorema da Curva <strong>de</strong> Jordan sugerimos a referência<br />

[12] , Teorema 13.4 , p. 383 .<br />

Teorema 3.3. Sejam γ uma curva fechada simples e f<br />

uma função meromorfa num<br />

aberto contendo o traço e o interior <strong>de</strong> γ . Se f não possui zero ou polo sobre o traço <strong>de</strong><br />

γ , então<br />

∫<br />

1<br />

2πi γ<br />

f ′ (ξ)<br />

f(ξ)<br />

dξ = n(z) − n(p) ,<br />

on<strong>de</strong> n(z) é o número <strong>de</strong> zeros e n(p) o número <strong>de</strong> polos <strong>de</strong> f no interior <strong>de</strong> γ , contando<br />

suas multiplicida<strong>de</strong>s .<br />

Demonstração. Teorema 1.5 , p. 180 da referência [7] .<br />

Sejam C 1 (∆) a álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC , comutativa e com unida<strong>de</strong> , <strong>de</strong>finida no<br />

exemplo 1.14 e H o subconjunto <strong>de</strong>sta álgebra formado pelas funções analíticas na bola<br />

67


B 1/2 = B( 0 , 1/2) ⊂ IC . Não é difícil verificar que H é fechado para as operações <strong>de</strong>finidas<br />

em C 1 (∆) . Portanto , para provar que esta é uma álgebra <strong>de</strong> Banach , basta <strong>de</strong>monstrar<br />

que o limite <strong>de</strong> toda seqüência convergente em H pertence a este conjunto . Com efeito ,<br />

se {f n } é uma seqüência em H que converge para uma função f ∈ C 1 (∆) , então {f n }<br />

também convergirá para a função f na norma do supremo , uma vez que , <strong>de</strong>notando a<br />

norma <strong>de</strong> C 1 (∆) pelo símbolo usual , ‖ g‖ ∞<br />

≤ ‖ g‖ para toda g ∈ C 1 (∆) . Logo , a<br />

seqüência formada pelas restrições das funções f n a B 1/2 converge uniformemente para a<br />

restrição <strong>de</strong> f a B 1/2 . Como já sabemos , o limite uniforme <strong>de</strong> funções analíticas <strong>de</strong>finidas<br />

em um subconjunto aberto <strong>de</strong> IC é uma função analítica . Conseqüentemente , f é analítica<br />

em B 1/2 . Em outras palavras , H uma álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC , além <strong>de</strong> ser comutativa<br />

e possuir unida<strong>de</strong> .<br />

Uma conseqüência imediata da proposição que apresentaremos a seguir é que B 1/2<br />

conjunto <strong>de</strong> pico para H :<br />

é um<br />

Proposição 3.4. Existe uma função f : IC −→ IC constante e igual a 1 em B 1/2 tal que<br />

|f(z)| < 1 sempre que | z| > 1/2 e que quando vista como função <strong>de</strong> IR 2 em IR 2 , possui<br />

<strong>de</strong>rivadas parciais contínuas em todo o seu domínio .<br />

Demonstração. A construção da função que buscamos será por estapas que passam<br />

pelas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> outras funções . Portanto , dividiremos a <strong>de</strong>monstração em passos .<br />

Passo 1 : Seja α : IR −→ IR <strong>de</strong>finida por<br />

{<br />

α(t) =<br />

0 , t ≤ 0<br />

exp(−1/t) , t > 0 .<br />

É claro que para qualquer t ≠ 0 , α ′ (t) existe e é contínua . Por outro lado , como α<br />

é constante no intervalo (−∞, 0] , a <strong>de</strong>rivada lateral à esquerda α ′ (0 − ) existe e é igual a<br />

zero . Pela análise real , para a <strong>de</strong>rivada lateral à direita , temos<br />

68


α ′ (0 + ) = lim<br />

t→ 0 + α(t) − α(0)<br />

t − 0<br />

= lim<br />

t→ 0 + exp(−1/t)<br />

t<br />

= 0 .<br />

Isto significa que α ′ (0) existe e é igual a zero . Além disso , por α ′ (t) = 0 para todo<br />

t < 0 , temos que α ′<br />

pela direita , basta observar que<br />

Logo , α é <strong>de</strong> classe C 1 em IR .<br />

é contínua pela esquerda no zero . Para verificar que o mesmo ocorre<br />

lim α ′ exp(−1/t)<br />

(t) = lim<br />

= 0 .<br />

t→ 0 + t→ 0 + t 2<br />

Passo 2 : A próxima a ser <strong>de</strong>finida é a função β : IR −→ IR , pela equação β(t) =<br />

α(t + 2) α(−1 − t) . Não é difícil concluir que β é <strong>de</strong> classe C 1 em IR , já que α possui<br />

esta proprieda<strong>de</strong> . Também será útil observar que nos pontos t ∈ (−2, −1) , β(t) > 0 e que<br />

β(t) = 0 para t ∈ (−∞, −2] ∪ [−1, +∞ ) .<br />

A partir <strong>de</strong> β <strong>de</strong>finiremos a função γ : IR −→ IR da seguinte forma<br />

γ(t) =<br />

{<br />

β(t) , t ≤ 0<br />

−β(−t) , t > 0 .<br />

Desta forma , γ(t) = 0 para t ∈ (−∞, −2] ∪ [−1, 1 ] ∪ [2, +∞ ) , γ > 0 no intervalo<br />

(−2, −1) e γ < 0 no intervalo (1 , 2) . Também temos que γ é simétrica com relação<br />

à origem , além <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> classe C 1 em IR , uma vez que β o é e pelo fato <strong>de</strong> γ ser<br />

constante num intervalo aberto contendo o zero .<br />

Passo 3 : Daremos prosseguimento à <strong>de</strong>monstração , <strong>de</strong>finindo δ : IR −→ IR pela equação<br />

δ(t) =<br />

∫ t<br />

−2<br />

γ(s) ds , t ∈ IR .<br />

É claro que δ é <strong>de</strong> classe C 1 em IR . Além disso , para t ∈ (−1, 1) ,<br />

δ(t) =<br />

∫ t<br />

γ(s) ds =<br />

∫ −1<br />

−2<br />

−2<br />

69<br />

γ(s) ds = δ(−1) .


Como γ é contínua e estritamente positiva em (−2, −1) , δ(−1) > 0 . Conseqüentemente<br />

, pela continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> δ e pela equação acima , δ(t) = δ(−1) para todo t ∈ [−1, 1] .<br />

Por outro lado , lembrando que γ é simétrica com relação à origem ( don<strong>de</strong> , estritamente<br />

negativa em (1, 2) ) e nula em [2, +∞) , se t > 1 , então<br />

0 ≤ δ(t) = δ(−1) +<br />

∫ t<br />

1<br />

γ(s) ds < δ(−1) .<br />

Passo 4 : Neste momento , resta apenas uma função a ser <strong>de</strong>finida antes <strong>de</strong> chegarmos à<br />

função <strong>de</strong>sejada . Consi<strong>de</strong>remos<br />

ξ : IR 2 −→ IR<br />

x ↦−→<br />

δ( 2 ‖x‖ )<br />

δ(−1)<br />

.<br />

Por δ ser constante e igual a δ(−1) no intervalo [−1, 1] , ξ é constante e igual a 1 em<br />

B 1/2 . Portanto , ξ é <strong>de</strong> classe C 1 em B 1/2 , o que aliado ao fato <strong>de</strong>sta função originar-se<br />

da composição <strong>de</strong> funções <strong>de</strong> classe C 1 em IR 2 \{0} , implicam ξ ser <strong>de</strong> classe C 1 em<br />

IR 2 . Para x ∈ IR 2 tal que ‖x‖ > 1/2 , δ( 2 ‖x‖ ) < δ(−1) , e com isto , ξ(x) < 1 .<br />

Passo 5 : Finalmente vamos à função que buscamos . Seja f : IC −→ IC <strong>de</strong>finida por<br />

f(z) = ξ(z) . Esta função po<strong>de</strong>ria ser equivalentemente <strong>de</strong>finida pela igualda<strong>de</strong> f(x 1 , x 2 ) =<br />

( ξ(x 1 , x 2 ), 0) , para cada par (x 1 , x 2 ) ∈ IR 2 . Segundo esta última <strong>de</strong>finição , f é <strong>de</strong> classe<br />

C 1 em IR 2 , uma vez que suas funções coor<strong>de</strong>nadas o são . Pela primeira <strong>de</strong>finição e<br />

por ξ ser constante e igual a 1 em B 1/2 , f é constante e igual a 1 neste conjunto . Por<br />

fim , tomando z = a + bi ∈ IC \B 1/2 , temos que ξ(z) = ξ(a, b) < 1 , e conseqüentemente ,<br />

| f(z)| = | ξ(z)| = ξ(z) < 1 . Isto conclui a proposição .<br />

Para provar que B 1/2 não possui ponto <strong>de</strong> pico , precisamos da proposição abaixo :<br />

70


Proposição 3.5. Não existe função h ∈ A(∆) tal que h(1) = 0 e |1 + (z − 1)h(z)| < 1 ,<br />

para z ∈ ∆ \{1} .<br />

Demonstração. Supondo que tal h exista , seja ϕ : IC \ {1} −→ IC <strong>de</strong>finida por<br />

ϕ(z) = (1 − z) −1 e IC − = {z ∈ IC : Re z ≤ 0} . Como ϕ(0) = 1 e |ϕ(z)| < 1 para todo<br />

z ∈ IC − \ {0} , po<strong>de</strong>mos compor h com ϕ para obter a função f : IC − −→ IC <strong>de</strong>finida pela<br />

equação f(z) = 1+(ϕ(z)−1)h (ϕ(z)) . Por hipótese , |f(z)| < 1 para z ∈ IC − \{0} e , por<br />

<strong>de</strong>finição , f é contínua em IC − e analítica em IC − \{0} . Logo , a função g : IC − −→ IC que<br />

associa cada z ∈ IC − a ϕ(z)h (ϕ(z)) , é contínua em IC − e analítica em IC − \{0} . Além<br />

disso , g(0) = 0 e f(z) = 1 + zg(z) , para todo z ∈ IC − .<br />

Sejam a, b ∈ IR tais que a < b e η : [a , b ] −→ IC − uma curva fechada , cujo<br />

traço é o conjunto C formado pela união do segmento <strong>de</strong> reta que une −i a i com a<br />

semicircunferência unitária centrada na origem e contida em IC − . Po<strong>de</strong>mos supor , sem<br />

perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> , que η restrita ao intervalo [a, b) é injetiva , que η(a) = η(b) = 0 e<br />

que , a medida que seu parâmetro cresce , C é percorrido no sentido anti-horário . Também<br />

será útil consi<strong>de</strong>rar c , d ∈ (a , b) os elementos tais que η(c) = i e η(d) = −i . Por<br />

nossas suposições , c < d . A continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> g nos permite <strong>de</strong>finir a curva fechada<br />

φ = g ◦ η . Denotaremos o traço <strong>de</strong> φ por C g . Por outro lado , se z ∈ IC − \{0} , então<br />

|(−1) − zg(z)| = |f(z)| < 1 , ou seja , a distância entre −1 e zg(z) é menor que 1 . Isto<br />

significa que Re zg(z) < 0 , para z ∈ IC − \{0} . A partir disto , Im g(i) = −Re [ig(i)] > 0 ,<br />

Im g(−i) = Re [−ig(−i)] < 0 e :<br />

(1) se z está no segmento <strong>de</strong> reta que une 0 a i e 0 ≠ z ≠ i , então<br />

0 > Re zg(z) = Re z Re g(z) − Im z Im g(z) = −Im z Im g(z) ,<br />

o que implica Im g(z) > 0 ;<br />

(2) se z está na semicircunferência <strong>de</strong> C e −i ≠ z ≠ i , então Im g(z) ≠ 0 ou Re g(z) > 0 ,<br />

71


pois caso contrário , teríamos que<br />

Re zg(z) = Re z Re g(z) − Im z Im g(z) = Re z Re g(z) ≥ 0 ,<br />

o que é uma contradição ;<br />

(3) se z está no segmento <strong>de</strong> reta que une −i a 0 e −i ≠ z ≠ 0 , então<br />

0 > Re zg(z) = Re z Re g(z) − Im z Im g(z) = −Im z Im g(z) ,<br />

o que implica Im g(z) < 0 .<br />

A seguir , provaremos a seguinte afirmação : existe real positivo z 0<br />

tal que<br />

φ ( (a, b) ) ∩ {z ∈ IC : Im z = 0 e Re z ≤ z 0 } = ∅ . (4)<br />

Supondo que para cada p > 0 exista t p ∈ (a, b) tal que Im φ(t p ) = 0 e Re φ(t p ) ≤ p ,<br />

po<strong>de</strong>mos tomar uma seqüência {t n } em (a, b) tal que Im φ(t n ) = 0 e Re φ(t n ) < 1/n ,<br />

para todo n ∈ IN . Lembrando que c , d ∈ (a, b) são tais que η(c) = i e η(d) = −i , temos<br />

que (1) e (3) garantem que t n ∈ [c, d] e (3) , que Re φ(t n ) > 0 , para cada n ∈ IN .<br />

Conseqüentemente , lim φ(t n ) = 0 . Além disso , pela compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> [c, d] , {t n } possui<br />

subseqüência que converge para um ponto <strong>de</strong> [c, d] . Se {t nk } for uma subseqüência com esta<br />

proprieda<strong>de</strong> e t 0 ∈ [c, d] o seu limite , então φ(t 0 ) = lim φ(t nk ) = 0 , já que φ é contínua ;<br />

mas isto é uma contradição , uma vez que φ(c) = g(i) ≠ 0 , φ(d) = g(−i) ≠ 0 e que<br />

(2) implica φ(t) ≠ 0 para todo t ∈ (c, d) , o que prova a afirmação . Em particular ,<br />

como φ(a) = φ(b) = 0 , (4) nos diz que não existe t ∈ [a, b] tal que φ(t) = z 0 .<br />

Logo , por [a, b] ser compacto , inf { | w − z 0 | : w ∈ C g } = inf { | φ(t) − z 0 | : t ∈ [a, b] } é<br />

estritamente positivo, o que nos permite tomar um real ρ > 0 estritamente menor que estes<br />

ínfimos. Neste caso, <strong>de</strong>notando B(0, ρ)⊂ IC por B ρ , temos que B ρ ∩ C g = ∅ . (5)<br />

Por outro lado, como [c, d] ⊂ (a, b) , <strong>de</strong>corre da afirmação em (4) que Arg(φ(t)−z 0 ) ≠ π ,<br />

para todo t ∈ [c, d] , on<strong>de</strong> Arg : IC \{0} −→ (−π, π ] é a função argumento principal . Se<br />

72


T z0 : IC −→ IC é a translação <strong>de</strong>finida por T z0 (w) = w − z 0 , então a continuida<strong>de</strong> da função<br />

argumento implica a existência <strong>de</strong> θ 1 , θ 2 ∈ IR tais que θ 1 < θ 2<br />

e<br />

Arg ◦ T z0 ◦ φ ( [c, d] ) = [θ 1 , θ 2 ] ⊂ (−π, π ) .<br />

Agora , seja<br />

θ 0 = 1 2 min {θ 1 + π , π − θ 2 } .<br />

Por esta <strong>de</strong>finição , θ 0 ≠ 0 , θ 0 ≠ π e<br />

Arg(φ(t) − z 0 ) ∈ [ θ 0 − π , π − θ 0 ] , para todo t ∈ [c, d] . (6)<br />

Neste momento , <strong>de</strong>finiremos explicitamente as curvas fechadas com traços C e Fr B ρ<br />

com as quais trabalharemos . Sejam α : [0, 2π] −→ C e β : [0, 2π] −→ Fr B ρ <strong>de</strong>finidas<br />

por<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

α(t) =<br />

⎪⎩<br />

it(π − θ 0 ) −1 , t ∈ [ 0 , π − θ 0 ]<br />

exp[ iπ(t + 2θ 0 − π)(2θ 0 ) −1 ] , t ∈ [ π − θ 0 , π + θ 0 ]<br />

(it − 2πi)(π − θ 0 ) −1 , t ∈ [ π + θ 0 , 2π ]<br />

e<br />

β(t) = z 0 + ρ exp[ i(π − t) ] .<br />

Ambas são funções contínuas e analisando as equações que <strong>de</strong>finem α , vemos que o<br />

intervalo [ 0 , π − θ 0 ] é levado por α no segmento <strong>de</strong> reta que une a origem a i , assim<br />

como [ π − θ 0 , π + θ 0 ] é levado na semicircunferência <strong>de</strong> C e [ π + θ 0 , 2π ] no segmento<br />

que une −i à origem . Logo , consi<strong>de</strong>rando a curva fechada γ = g ◦α , cujo traço é C g ,<br />

temos que γ ( [ π − θ 0 , π + θ 0 ] ) = φ( [c, d] ) , já que α( π − θ 0 ) = i e α( π + θ 0 ) = −i .<br />

Por conseguinte , (6) implica<br />

Arg(γ(t)−z 0 ) ∈ [θ 0 −π, π−θ 0 ] , para todo t ∈ [π−θ 0 , π+θ 0 ] . (7)<br />

73


A próxima etapa da <strong>de</strong>monstração , consiste em estabelecer uma homotopia entre C g e<br />

Fr B ρ , que não contenha z 0 em sua imagem . Seja H : [0 , 2π] × [0 , 1] −→ IC <strong>de</strong>finida por<br />

H(t , s) = γ(t) + s [β(t) − γ(t)] . A verificação que H é uma homotopia entre C g e Fr B ρ<br />

é imediata . Provaremos que H(t , s) ≠ z 0 , para todo par (t , s) ∈ [0 , 2π] × [0 , 1] .<br />

Fixando t 0 ∈ [0, 2π] , se t 0 = 0 ou t 0 = 2π , então<br />

H(t 0 , s) = sβ(t 0 ) = sz 0 − sρ < z 0 , para todo s ∈ [0 , 1] .<br />

Se t 0 ∈ (0 , π − θ 0 ] , então <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> (1) e <strong>de</strong> Im γ(π − θ 0 ) = Im g(i) > 0 que<br />

Im γ(t 0 ) > 0 . Além disso , pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> β , Im β(t 0 ) > 0 . <strong>As</strong>sim ,<br />

Im H(t 0 , s) = (1 − s)Im γ(t 0 ) + sIm β(t 0 ) > 0 .<br />

Lembrando que z 0 ∈ IR , isto significa que H(t 0 , s) ≠ z 0 para todo s ∈ [0 , 1] .<br />

Se t 0 ∈ [π + θ 0 , 2π) , prova-se , <strong>de</strong> forma completamente análoga ao caso anterior , que<br />

H(t 0 , s) ≠ z 0 para todo s ∈ [0 , 1] .<br />

Se t 0 ∈ (π−θ 0 , π+θ 0 ) , por β ser contínua e injetiva em [0, 2π) , Arg ( β(π − θ 0 ) ) = θ 0<br />

e Arg ( β(π + θ 0 ) ) = − θ 0 , temos que<br />

Arg(β(t 0 ) − z 0 ) ∈ (−θ 0 , θ 0 ) . (8)<br />

Por outro lado , se s = 0 , então (5) implica H(t 0 , s) = γ(t 0 ) ≠ z 0 e se s = 1 , é<br />

claro que H(t 0 ) = β(t 0 ) ≠ z 0 . Suponhamos , por absurdo , que exista s 0 ∈ (0 , 1) tal<br />

que H(t 0 , s 0 ) = z 0 . Neste caso , pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> H , γ(t 0 ) + s 0 [ β(t 0 ) − γ(t 0 ) ] = z 0 .<br />

Conseqüentemente ,<br />

z 0 −γ(t 0 ) = s 0 [β(t 0 )−γ(t 0 )] (9)<br />

e<br />

β(t 0 ) = z 0 + (1 − s 0 )[ β(t 0 ) − γ(t 0 )] .<br />

Reescrevendo esta última equação ,<br />

74


β(t 0 )−z 0 = (1−s 0 )[β(t 0 )−γ(t 0 )] . (10)<br />

Por (1 − s 0 ) e s 0 serem positivos ,<br />

Arg (s 0 [ β(t 0 ) − γ(t 0 ) ] ) = Arg ( [β(t 0 ) − γ(t 0 ) ] ) = Arg ( (1 − s 0 )[ β(t 0 ) − γ(t 0 ) ] ) ,<br />

o que aliado às equações (9) e (10) , nos permite concluir que<br />

Arg (z 0 − γ(t 0 ) ) = Arg (β(t 0 ) − z 0 ) .<br />

Se Arg (z 0 − γ(t 0 ) ) > 0 , então<br />

Arg (β(t 0 ) − z 0 ) = Arg ( exp(−πi)[γ(t 0 ) − z 0 ] ) = −π + Arg (γ(t 0 ) − z 0 ) .<br />

Logo , por (7) , Arg (β(t 0 ) − z 0 ) < −π + (π − θ 0 ) = −θ 0 , o que contradiz a condição<br />

em (8) . Analogamente , se Arg (z 0 − γ(t 0 ) ) < 0 , então<br />

Arg (β(t 0 ) − z 0 ) = Arg ( exp(πi)[γ(t 0 ) − z 0 ] ) = π + Arg (γ(t 0 ) − z 0 ) .<br />

Portanto , por (7) , Arg (β(t 0 ) − z 0 ) > π + (−π + θ 0 ) = θ 0 , o que também contradiz<br />

(8) . Com isto , provamos que H(t, s) ≠ z 0 para todo par (t , s) ∈ [0 , 2π] × [0 , 1] . Pelas<br />

Proposições 3.3 e 3.2 , respectivamente ,<br />

n(γ, z 0 ) = n(β, z 0 ) = w(β, z 0 ) = −1 . (11)<br />

Voltando novamente a atenção para a função h do início da <strong>de</strong>monstração , fixemos ɛ<br />

no intervalo aberto (0 , ρ) . A continuida<strong>de</strong> uniforme <strong>de</strong> h em ∆ nos fornece δ > 0 tal<br />

que<br />

| h(w) − h(z)| < ɛ , sempre que w, z ∈ ∆ satisfazem |w − z| < δ . (12)<br />

Agora , sejam r ∈ (0 , 1) tal que 1 − r < min {δ, z 0 } e<br />

h r : B 1/r −→ IC<br />

z ↦−→ h(rz) , on<strong>de</strong> B 1/r = B(0 , 1/r) ⊂ IC .<br />

75


É fácil ver que h r está bem <strong>de</strong>finida , que é contínua em B 1/r e analítica em<br />

B 1/r . A partir <strong>de</strong> r e h r , <strong>de</strong>finiremos U r = {z ∈ IC : Re z < 1 − r} e g r : U r −→ IC<br />

por g r (z) = ϕ(z)h r (ϕ(z)) . Observe que g r está bem <strong>de</strong>finida , uma vez que 1 /∈ U r e<br />

| 1 − z| ≥ 1 − Re z ≥ r para todo z ∈ U r , o que implica |ϕ(z)| ≤ 1/r para cada z neste<br />

conjunto . Além disso , por ϕ (U r ) ⊂ B 1/r , g r é analítica em U r .<br />

Observando que | rz − z| = (1 − r) | z| < δ para z ∈ ∆ , por (12) , temos que<br />

| h r (z) − h(z)| = | h(rz) − h(z)| < ɛ para todo z ∈ ∆ . Logo , lembrando que C ⊂ IC − e<br />

que ϕ(IC − ) ⊂ ∆ ,<br />

| g r (u) − g(u)| = | ϕ(u)| | h r (ϕ(u)) − h(ϕ(u))| < ɛ , para todo u ∈ C .<br />

Com isto , <strong>de</strong>finindo γ r = g r ◦ α ,<br />

|γ r (t) − γ(t)| = | g r (α(t)) − g(α(t))| < ɛ , para todo t ∈ [0 , 2π] . (13)<br />

No nosso próximo passo , consi<strong>de</strong>remos H r : [0, 2π]×[0, 1] −→ IC <strong>de</strong>finida pela igualda<strong>de</strong><br />

H r (t , s) = (1 − s)γ(t) − sγ r (t) . É claro que H r é uma homotopia entre γ e γ r , e , para<br />

cada (t , s) ∈ [0 , 2π] × [0 , 1] , por (5) e (13) ,<br />

|H r (t , s) − z 0 | = |(1 − s)γ(t) + s γ r (t) − z 0 |<br />

≥ | γ(t) − z 0 | − s | γ(t) − γ r (t)|<br />

> ρ − s ɛ ≥ ρ − ɛ > 0 .<br />

Isto significa que z 0 não pertence ao conjunto imagem <strong>de</strong> H r , o que nos permite utilizar<br />

a Proposição 3.3 aliada a (11) para concluir que<br />

n(γ r , z 0 ) = n(γ , z 0 ) = −1 .<br />

Afim <strong>de</strong> aplicar o Teorema 3.3 , vejamos que g r −z 0 , α e z 0 satisfazem suas hipóteses :<br />

inicialmente , como g r é analítica em U r , temos que a função g r − z 0 também o é . Em<br />

76


particular , esta função é meromorfa e não possui polos em U r . Pelas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> ρ e ɛ ,<br />

para cada t ∈ [0 , 2π] ,<br />

| g r (α(t)) − z 0 | = | γ r (t) − z 0 | ≥ | γ(t) − z 0 | − | γ r (t) − γ(t)| > ρ − ɛ > 0 ,<br />

ou seja , g r −z 0 não possui zeros em C . Finalmente , por α ser uma curva fechada simples<br />

e por seu interior e seu traço C estarem contidos em U r , o Teorema 3.3 nos diz que<br />

∫<br />

1<br />

2πi α<br />

(g r (ζ) − z 0 ) ′<br />

g r (ζ) − z 0<br />

dζ = n(z) − n(p) = n(z) ≥ 0 , (14)<br />

on<strong>de</strong> n(z) é o número <strong>de</strong> zeros e n(p) o número <strong>de</strong> polos <strong>de</strong> g r − z 0 no interior <strong>de</strong> α ,<br />

contando suas multiplicida<strong>de</strong>s .<br />

Por outro lado ,<br />

∫<br />

1<br />

2πi α<br />

(g r (ζ) − z 0 ) ′<br />

dζ = 1 ∫<br />

g r (ζ) − z 0 2πi α<br />

g ′ r(ζ)<br />

g r (ζ) − z 0<br />

dζ<br />

= 1 ∫ 2π<br />

2πi 0<br />

g ′ r(α( t ) )α ′ ( t )<br />

g r (α( t ) ) − z 0<br />

dt<br />

= 1 ∫ 2π<br />

(g r ◦ α) ′ ( t )<br />

dt<br />

2πi 0 (g r ◦ α) ( t ) − z 0<br />

= 1 ∫ 2π<br />

γ r( ′ t )<br />

dt<br />

2πi 0 γ r ( t ) − z 0<br />

= 1 ∫<br />

2πi γ r<br />

dζ<br />

ζ − z 0<br />

= n(γ r , z 0 ) = −1 ,<br />

o que contradiz (14) e <strong>de</strong>monstra a proposição .<br />

77


Corolário 3.4. Não existe função contínua g : B 1/2 −→ IC que seja analítica em B 1/2<br />

tal que g(1/2) = 0 e | 1 + (z − 1/2 )g(z)| < 1 para todo z ∈ B 1/2 \{1/2} .<br />

e<br />

Demonstração. Supondo que tal g exista , seja h : ∆ −→ IC <strong>de</strong>finida pela equação<br />

h(z) = g(z/2)<br />

2<br />

. Por esta <strong>de</strong>finição e pelas hipóteses satisfeitas por g ,<br />

. h é contínua em ∆ e analítica em ∆ ;<br />

g(1/2)<br />

. h(1) = = 0 ;<br />

2<br />

∣ ( . | 1 + (w − 1) h (w)| =<br />

g(w/2)<br />

∣∣∣<br />

∣1 + (w − 1) w<br />

2 ∣ = 1 +<br />

2 − 1 )<br />

g(w/2)<br />

2 ∣ < 1 ,<br />

para todo w/2 ∈ B 1/2 tal que w/2 ≠ 1/2 , ou , equivalentemente , para todo w ∈ ∆ \{1} .<br />

Entretanto , a existência <strong>de</strong> uma função h com estas proprieda<strong>de</strong>s contradiz a Proposição<br />

3.5 .<br />

Utilizando o corolário acima , provaremos que B 1/2<br />

através do seguinte teorema :<br />

não possui ponto <strong>de</strong> pico para H<br />

Teorema 3.4. Seja C 1 (∆) a álgebra <strong>de</strong> Banach sobre IC , comutativa e com unida<strong>de</strong> ,<br />

<strong>de</strong>finida no exemplo 1.14 . Se H é a subálgebra <strong>de</strong> C 1 (∆) formada pelas funções analíticas<br />

no conjunto B 1/2 = B(0 , 1/2) ⊂ IC , então B 1/2 é um conjunto <strong>de</strong> pico para H que não<br />

possui ponto <strong>de</strong> pico .<br />

Demonstração. Pela Proposição 3.4 , B 1/2 é um conjunto <strong>de</strong> pico para H . Vejamos que<br />

B 1/2 não possui ponto <strong>de</strong> pico . Supondo que z 1 ∈ B 1/2 seja um ponto <strong>de</strong> pico para H ,<br />

seja f um elemento <strong>de</strong>sta álgebra tal que f(z 1 ) = 1 e | f(z)| < 1 para todo z ∈ ∆ \{z 1 } .<br />

Como f é analítica em B 1/2 e contínua em B 1/2 , o Teorema do Módulo Máximo nos<br />

garante que | z 1 | = 1/2 . Sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong> , assumiremos que z 1 = 1/2 , pois<br />

caso contrário , existiria θ 1 ∈ (0 , 2π) tal que z 1 = (1/2) exp (iθ 1 ) , e assim , a função<br />

78


f 1<br />

que associa cada z ∈ ∆ a f (z exp(iθ 1 ) ) pertenceria a H , além <strong>de</strong> satisfazer as<br />

condições f 1 (1/2) = f 1 (z 1 ) = 1 e | f 1 (z)| = | f 1 (z exp(iθ 1 )) | < 1 , para todo z ∈ ∆\{1/2} ,<br />

já que para z neste conjunto , z exp(iθ 1 ) ≠ (1/2) exp(iθ 1 ) = z 1 . Ou seja , se z 1 ≠ 1/2 ,<br />

então 1/2 também será um ponto maximal para H , o que nos permitiria , <strong>de</strong> qualquer<br />

forma , trabalhar com o ponto <strong>de</strong> pico 1/2 .<br />

Sejam u = Re f e v = Im f . Como u(z) ≤ | f(z)| para todo z e u(1/2) = 1 ,<br />

temos que u atinge seu máximo em 1/2 e portanto , quando vista como uma função <strong>de</strong><br />

um subconjunto <strong>de</strong> IR 2 em IR , satisfaz u x (1/2) = u y (1/2) = 0 . Não nos preocupamos<br />

em garantir a existência das <strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> u , uma vez que pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> H ,<br />

f possui <strong>de</strong>rivadas parciais contínuas em ∆ , o que implica existência e continuida<strong>de</strong> das<br />

<strong>de</strong>rivadas parciais <strong>de</strong> u e v neste conjunto . Logo , se {z n } é uma seqüência em ∆<br />

que converge para 1/2 , então lim u x (z n ) = u x (1/2) = 0 , lim u y (z n ) = u y (1/2) = 0 ,<br />

lim v x (z n ) = v x (1/2) e lim v y (z n ) = v y (1/2) . Ainda pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> H , f é analítica em<br />

B 1/2 , e em conseqüência disto , satisfaz as equações <strong>de</strong> Cauchy-Riemann . Neste caso , para<br />

uma particular seqüência {z n } ⊂ B 1/2 que converge para 1/2 , temos que u x (z n ) = v y (z n ) e<br />

u y (z n ) = − v x (z n ) para todo n ∈ IN, o que implica v x (1/2) = lim v x (z n ) = − lim u y (z n ) = 0<br />

e v y (1/2) = lim v y (z n ) = lim u x (z n ) = 0 . Isto significa que u e v possuem <strong>de</strong>rivadas<br />

contínuas e satisfazem as equações <strong>de</strong> Cauchy-Riemann em 1/2 . Decorre , daí , que f é<br />

diferenciável em 1/2 e , por coseguinte , que f ′ (1/2) = u x (1/2) − i u y (1/2) = 0 . Com<br />

isto , <strong>de</strong>finindo g : ∆ −→ IC por<br />

temos que<br />

⎧<br />

⎪⎨<br />

g(z) =<br />

⎪⎩<br />

f(z) − 1<br />

z − 1/2<br />

, z ≠ 1/2<br />

0 , z = 1/2 ,<br />

lim g(z) = lim<br />

z→1/2 z→1/2<br />

f(z) − 1<br />

z − 1/2<br />

= lim<br />

z→1/2<br />

f(z) − f(1/2)<br />

z − 1/2<br />

= f ′ (1/2) = 0 = g(1/2) ,<br />

79


que | 1 + (z − 1/2)g(z)| = | f(z)| < 1 para todo z ∈ ∆ \{1/2} e que g é analítica em<br />

B 1/2 , uma vez que f possui esta proprieda<strong>de</strong> . Mas pelo Corolário 3.4 , a existência <strong>de</strong><br />

tal g é uma contradição . Em outras palavras , B 1/2 não possui ponto <strong>de</strong> pico .<br />

Sem dificulda<strong>de</strong>s , observamos que a álgebra H <strong>de</strong>finida no enunciado do teorema acima ,<br />

não satisfaz apenas uma das hipóteses do Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> , a responsável por exigir que<br />

a subálgebra <strong>de</strong> C(X) seja completa com a norma do supremo . Se H satisfizesse esta<br />

condição , o Corolário 3.1 garantiria que todo conjunto <strong>de</strong> pico para esta álgebra teria ponto<br />

<strong>de</strong> pico , contradizendo o Teorema 3.4 .<br />

Portanto , o Teorema 3.4, além <strong>de</strong> proporcionar um exemplo <strong>de</strong> conjunto <strong>de</strong> pico sem<br />

ponto <strong>de</strong> pico , mostra que se a subálgebra <strong>de</strong> C(X) não é completa com a norma do<br />

supremo , então , nem sempre , o Teorema <strong>de</strong> <strong>Bishop</strong> é válido mesmo que X seja compacto<br />

e metrizável e a álgebra separe os pontos <strong>de</strong> X .<br />

80


Referências Bibliográficas<br />

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