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A fragmentação era um risco<br />

maior na era anterior, a do<br />

browser. Usando um sistema<br />

de busca como o Google,<br />

acabávamos percorrendo tantos<br />

lugares como pássaros,<br />

recolhíamos aqui e lá muitos<br />

pedacinhos de conteúdo gratuito,<br />

de modo atomizado.<br />

Quando eu uso o iPad, pelo<br />

contrário, me detenho longamente<br />

no conteúdo de um jornal.<br />

Os apps reconstroem um<br />

contexto, o fio de um discurso.<br />

Enquanto na web sobrevoávamos<br />

velozmente sobre<br />

tudo, agora paramos mais<br />

longamente para absorver<br />

os nossos conteúdos preferidos<br />

no iPhone. Estamos em<br />

uma transição da era do multitasking,<br />

em que fazíamos<br />

muitas coisas por vez (telefonávamos<br />

olhando para a tela<br />

do computador) a um monotasking.<br />

A nova geração de tablets,<br />

leitores digitais, nos levam<br />

à concentração. Ou, em<br />

uma única frase: passamos<br />

menos tempo procurando e<br />

mais tempo encontrando. A<br />

nova era tem consequências<br />

profundas também para quem<br />

produz conteúdos: informação,<br />

cultura, jornais, livros.<br />

Conhecemos as regras do império<br />

do Google, que aspirava<br />

a gratuidade dos conteúdos<br />

e depois enriquecia vendendo<br />

espaços publicitários um<br />

pouco em todos os lugares.<br />

Agora, o novo modelo é o da<br />

Apple, em que os conteúdos<br />

são pagos. E se descobre<br />

que os consumidores preferem<br />

pagar 99 centavos para<br />

baixar uma música no iTunes,<br />

mesmo se, perdendo um pouco<br />

de tempo e cansando um<br />

pouco, pudessem encontrá-la<br />

grátis em outros lugares. Sim,<br />

a “morte da web” livre e gratuita<br />

significa uma mudança<br />

de paradigma para o mundo<br />

das mídias. Antes, o conteúdo<br />

online era gratuito e atraía<br />

ganhos publicitários graças à<br />

grande confluência de visitantes.<br />

Agora, estamos em plena<br />

transição para o freemium<br />

que é a combinação de gratuito<br />

e de premium: oferecemos<br />

amostras gratuitas, para atrair<br />

o consumidor a um conteúdo<br />

muito mais interessante e<br />

gratificante, pago. É o modelo<br />

iPad, uma plataforma rica, de<br />

alta qualidade, em que o conteúdo<br />

gratuito é limitado. No<br />

momento em que o acesso à<br />

Internet se transferiu da sua<br />

escrivaninha para o teu bolso,<br />

a natureza do meio mudou. O<br />

caos delirante foi a fase adolescente<br />

da web.<br />

O elemento essencial que torna<br />

os smartphones tão úteis<br />

e integrados ao nosso dia dia<br />

são os apps. São eles que<br />

permitem transformar o smartphone<br />

e o tablet em qualquer<br />

objeto ou ferramenta que simplifica<br />

o nosso dia a dia. Com<br />

um app podemos transformá-los<br />

em uma bussola, um<br />

GPS, uma camera fotográfica,<br />

em uma calculadora, etc. Com<br />

apps podemos identificar restaurantes<br />

e lojas, pesquisar<br />

preços para tomar melhores<br />

decisões de compra, nos conectarmos<br />

às midias sociais,<br />

enfim, torná-lo parte integran-

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