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“Você se acorda de manhã<br />

e, sem se levantar da cama,<br />

controla os seus e-mails no<br />

seu iPad. Você está usando<br />

um app, um aplicativo. Durante<br />

o café-da-manhã, dá uma<br />

olhada na sua página do Facebook,<br />

do Twitter e nas últimas<br />

notícias do New York Times.<br />

São todos apps. A mesma<br />

coisa quando, no carro, você<br />

ouve música do seu iPod ou<br />

do iPhone, depois no escritório<br />

usa o Skype para telefonar<br />

para um amigo do outro lado<br />

do mundo. No fim, você terá<br />

passado o dia usando a Internet,<br />

mas não mais a `rede`<br />

aberta, livre. Você se tornou o<br />

frequentador de muitos jardins<br />

fechados”. Chris Anderson<br />

lançou uma provocação intitulando<br />

a capa da Wired: “A web<br />

morreu. Longa vida à Internet”.<br />

Ele me recebeu em San<br />

Francisco, South of Market, na<br />

sede histórica da revista que<br />

foi um símbolo da New Economy<br />

(os números de 1999 e<br />

do ano 2000 eram tão grossos<br />

como uma lista telefônica, tamanha<br />

era a quantidade de<br />

publicidade) e que hoje renasceu<br />

para uma segunda vida.<br />

“Assim como a Internet – observa<br />

– que está entrando em<br />

uma nova fase revolucionária.<br />

As revoluções industriais têm<br />

ciclos, e encerrou-se um para<br />

a rede”. Eis a entrevista. O<br />

leigo sofre para distinguir Internet<br />

e Rede, embora use todas<br />

as duas. O título da Wired<br />

é sobre a morte da web. Há<br />

poucos anos, tudo parecia girar<br />

em torno do browser: você<br />

ligava o seu computador, clicava<br />

no ícone do Internet Explorer<br />

ou do Firefox, e abria-se<br />

a possibilidade de navegar.<br />

Depois, você escolhia o sistema<br />

de busca Google, e a sua<br />

exploração continuava, em<br />

mar aberto. O deslocamento,<br />

em pouco tempo, foi drástico<br />

e foi arrastado pelo sucesso<br />

da nova geração de celulares<br />

como o iPhone, depois dos<br />

tablets, dos leitores digitais<br />

como o iPad. Os consumidores<br />

preferem-lhes por causa<br />

da facilidade que oferecem:<br />

é a tela que vem ao seu encontro,<br />

oferecendo-lhe aquilo<br />

que você pré-selecionou com<br />

base nos seus interesses,<br />

não é mais você que deve se<br />

aproximar da tela e ir à busca.<br />

Obviamente, os app usam<br />

sempre a Internet como meio<br />

de transporte, mas não te dão<br />

aquela liberdade de escolha<br />

que você tinha com o browser.<br />

São muitas redes de propriedade<br />

de alguns, muitas vezes<br />

com pedágio de ingresso.<br />

Quer dizer que, em troca da<br />

comodidade, estamos renunciando<br />

à nossa liberdade? É<br />

inevitável. Eu sou uma criatura<br />

da web, a minha história aqui<br />

em San Francisco está ligada<br />

a esse instrumento aberto.<br />

Mas é o consumidor quem<br />

decide, e o consumidor está<br />

dizendo que quer um serviço<br />

veloz, fácil, que seja ativado<br />

com a ponta dos dedos. Dentro<br />

de cinco anos, o número<br />

de usuários que terão acesso<br />

à Internet pelos seus celulares<br />

irá superar o número de quem<br />

usa o computador. O veredito<br />

é claro. Mesmo que amemos<br />

a liberdade de escolha, queremos<br />

ter uma vida fácil, queremos<br />

serviços eficientes e confiáveis<br />

ao alcance das mãos.<br />

Naturalmente, isso não significa<br />

que o browser irá desaparecer.<br />

Assim como os e-mails<br />

não fizeram com que as cartas<br />

postais desaparecessem...<br />

A passagem do browser aos<br />

apps comporta transformações<br />

profundas do business<br />

online, no modelo econômico,<br />

e nas relações de força entre<br />

os gigantes do setor. Acelerase<br />

a concentração: em 2001,<br />

os primeiros 10 sites atraíam<br />

31% dos usuários. Hoje, capturam<br />

75%. O modelo Facebook,<br />

que pré-seleciona para<br />

você a experiência de navegação<br />

com base nos seus interesses,<br />

ameaça a supremacia<br />

do Google. É o ciclo do capitalismo,<br />

é a história das revoluções<br />

industriais que se repete.<br />

Nasce uma nova tecnologia,<br />

ela se difunde, florescem 100<br />

flores, depois alguém encontra<br />

o modo de se adonar dela,<br />

de cercar o jardim. A Internet<br />

hoje está começando a ser<br />

uma série de jardins cercados.<br />

A web aberta vai permanecer,<br />

mas como uma exceção,<br />

sempre menos usada. Mais<br />

uma vez: é o usuário que vai<br />

nessa direção. A Internet completa<br />

18 anos de nascimento,<br />

e o sabor da novidade quase<br />

já se gastou. A nossa sede de<br />

descoberta se atenua, já que,<br />

intelectualmente, nós da West<br />

Coast, apreciamos a abertura<br />

e a liberdade, no fim também

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