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A vacina da gripe - Ordem dos Farmacêuticos

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Julho/Agosto 2006 Boletim do CIM<br />

Contudo, numa síntese de vários ensaios, não provou reduzir<br />

a incidência de pneumonia e a taxa de hospitalização<br />

de doentes em risco elevado de complicações. 5<br />

Diversos estu<strong>dos</strong> demonstraram a sua eficácia profiláctica,<br />

tanto na <strong>gripe</strong> sazonal como pós‐exposição familiar em<br />

adultos e crianças. 9,10 Alguns <strong>da</strong><strong>dos</strong> indicam que também<br />

possa ser eficaz na profilaxia <strong>da</strong> <strong>gripe</strong> em doentes com risco<br />

de complicações, como i<strong>dos</strong>os residentes em lares. 5,9,10<br />

Os efeitos adversos mais frequentes do oseltamivir são<br />

digestivos: náuseas, vómitos e dores abdominais. 4,5,9<br />

O consumo de alimentos não interfere com a absorção do<br />

fármaco 9 e pode reduzir as náuseas e vómitos. 4,9<br />

recOmenDAçõeS De uSO<br />

A <strong>vacina</strong>ção, que constitui o aspecto essencial do controlo<br />

<strong>da</strong> <strong>gripe</strong>, 1,3,4,9 tem sido dirigi<strong>da</strong> aos grupos de alto risco. 1,3<br />

Quando existe concordância antigénica entre a <strong>vacina</strong> e a<br />

estirpe circulante, aquela previne a doença em cerca de<br />

70% <strong>dos</strong> adultos saudáveis. 3,4,12,15 No entanto, em i<strong>dos</strong>os,<br />

a eficácia <strong>da</strong> <strong>vacina</strong> pode ser de apenas 40% 1,3,4 ou inferior,<br />

3,4 bem como em doentes com imunossupressão, já<br />

que podem não formar anticorpos suficientes. 1,12<br />

O uso de antivíricos pode ser adequado em: tratamento<br />

de doentes de alto risco não <strong>vacina</strong><strong>dos</strong> 1,12 ou de infecções<br />

que surjam apesar <strong>da</strong> <strong>vacina</strong>ção, controlo de surtos em<br />

lares e instituições, profilaxia em situações nas quais a<br />

estirpe circulante difere <strong>da</strong> estirpe <strong>vacina</strong>l 1,2 ou enquanto<br />

a <strong>vacina</strong> não gera imuni<strong>da</strong>de, ou em indivíduos que não<br />

se podem <strong>vacina</strong>r (ex. alergia a constituintes <strong>da</strong> <strong>vacina</strong>). 12<br />

Os indivíduos não <strong>vacina</strong><strong>dos</strong> em ocupações críticas também<br />

podem beneficiar com o tratamento. 1<br />

As principais vantagens <strong>dos</strong> INAs sobre os IM2 são a sua<br />

activi<strong>da</strong>de contra os VI A e B, melhor perfil de segurança<br />

1,2,11,12 e menor potencial de indução de resistências. 2,11,12<br />

O uso <strong>dos</strong> IM2 não é actualmente aconselhado no tratamento<br />

<strong>da</strong> <strong>gripe</strong>. 1,13 Em profilaxia, o uso <strong>dos</strong> INAs também<br />

parece preferível 2,9 mas a amantadina pode ser adequa<strong>da</strong><br />

em profilaxia sazonal na comuni<strong>da</strong>de se a estirpe circulante<br />

for do tipo A. 9 O oseltamivir pode ser utilizado em profilaxia<br />

pós‐exposição em indivíduos não <strong>vacina</strong><strong>dos</strong> 5,9 e durante<br />

surtos em instituições (p. ex. lares), em complemento a<br />

outras medi<strong>da</strong>s. 5 Os antivíricos não devem ser prescritos<br />

se os sintomas estão presentes há mais de 36‐48 horas, 1<br />

excepto em doentes críticos. Os INAs devem idealmente<br />

ser inicia<strong>dos</strong> até 12 horas após o começo <strong>da</strong> doença. 9<br />

Gripe AviáriA<br />

As pandemias de <strong>gripe</strong> são surtos globais <strong>da</strong> doença<br />

causa<strong>dos</strong> por um vírus com novos subtipos antigénicos<br />

e com 3 características importantes: capaci<strong>da</strong>de para<br />

infectar humanos, população vulnerável sem imuni<strong>da</strong>de<br />

preexistente e transmissão eficiente entre humanos. 7,9<br />

O vírus <strong>da</strong> <strong>gripe</strong> aviária altamente patogénico H5N1 já<br />

cumpre os 2 primeiros critérios – apesar de relatos de<br />

provável transmissão entre humanos, não foi ain<strong>da</strong> documentado<br />

que tal aconteça de forma sustenta<strong>da</strong>, 8,9 e parece<br />

o candi<strong>da</strong>to mais viável para originar uma pandemia. 6<br />

Os antivíricos constituem uma importante parte <strong>da</strong> estratégia<br />

para li<strong>da</strong>r com uma epidemia de <strong>gripe</strong> causa<strong>da</strong> por<br />

um novo VI, <strong>da</strong>do que <strong>vacina</strong>s específicas para uma estirpe<br />

emergente requerem diversos meses de preparação. 6,9<br />

O rápido desenvolvimento de resistência durante o tratamento<br />

e os efeitos adversos limitam a utili<strong>da</strong>de <strong>dos</strong> IM2 durante<br />

uma pandemia. 7 Estirpes do VI H5N1 isola<strong>da</strong>s recentemente<br />

são resistentes aos IM2 mas sensíveis aos INAs. 6,7,9,14 Assim,<br />

estes são actualmente as únicas opções para tratamento<br />

ou profilaxia. 9 Em pandemias anteriores os IM2 atingiram<br />

eficácias protectoras de cerca de 70%; espera‐se que a<br />

eficácia <strong>dos</strong> INAs seja pelo menos tão alta. 8,9 Contudo, a<br />

informação existente sobre a eficácia <strong>dos</strong> INAs em infecção<br />

pelo VI H5N1 é limita<strong>da</strong>, 6,7 havendo autores que afirmam<br />

que não existem evidências credíveis <strong>da</strong> sua eficácia em estirpes<br />

de VI aviares. 13 A OMS recomen<strong>da</strong> preferencialmente<br />

o uso do oseltamivir devido aos níveis séricos relativamente<br />

baixos do zanamivir e ausência de <strong>da</strong><strong>dos</strong> referentes à sua<br />

eficácia, bem como pelo modo de administração, que pode<br />

ser problemático em crianças muito novas e i<strong>dos</strong>os, doentes<br />

intuba<strong>dos</strong> ou gravemente doentes. 6 Há relatos recentes<br />

de aparecimento de estirpes do VI H5N1 com eleva<strong>da</strong><br />

resistência ao oseltamivir. 7,8,17 Isto sugere que ambos os<br />

INAs devam ser incluí<strong>dos</strong> numa estratégia de preparação<br />

contra uma pandemia, 6,9 <strong>da</strong>do que, ao contrário do oseltamivir,<br />

a molécula do zanamivir não requer um rearranjo<br />

antes de se ligar ao seu alvo, 7 mantendo‐se provavelmente<br />

eficaz contra estirpes resistentes ao oseltamivir. 7,11,14<br />

Doentes com suspeita de infecção pelo VI H5N1 devem ser<br />

trata<strong>dos</strong> com oseltamivir enquanto se aguar<strong>da</strong> confirmação<br />

laboratorial. Em profissionais de saúde com possível<br />

exposição não protegi<strong>da</strong> recomen<strong>da</strong>‐se profilaxia com o<br />

oseltamivir, 8 bem como a contactos próximos de casos<br />

confirma<strong>dos</strong>. 7,8 O zanamivir pode ser equacionado para<br />

profilaxia em profissionais de saúde a cui<strong>da</strong>r de doentes<br />

em tratamento com oseltamivir e no tratamento de doentes<br />

menos graves que podem não necessitar de níveis<br />

séricos eleva<strong>dos</strong>. 6 Deve ser pondera<strong>da</strong> profilaxia de longa<br />

duração em indivíduos com funções essenciais na socie<strong>da</strong>de.<br />

7 Existem recomen<strong>da</strong>ções nacionais sobre o uso <strong>dos</strong><br />

antivíricos na doença humana por VI H5N1. 18<br />

O uso <strong>dos</strong> INAs numa situação de pandemia só deve ser<br />

considerado com medi<strong>da</strong>s de saúde pública concomitantes.<br />

13,14 O seu uso indiscriminado no tratamento <strong>da</strong> <strong>gripe</strong><br />

deve ser desencorajado, já que vai promover a emergência<br />

de estirpes resistentes. 6 A dependência excessiva de<br />

soluções farmacológicas pode alterar comportamentos e<br />

facilitar a disseminação do vírus, além de impedir o desenvolvimento<br />

e implementação de estratégias de intervenção<br />

basea<strong>da</strong>s em medi<strong>da</strong>s de saúde pública. 13<br />

Ana paula mendes<br />

Bibliografia<br />

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16. Moscona A. Lancet 2004; 384: 733.<br />

17. Moscona A. N Engl J Med 2005; 353: 2633‐36.<br />

18. Doença humana por vírus <strong>da</strong> <strong>gripe</strong> de origem aviária (H5N1).<br />

Período de alerta pandemia – Fase 3. Vacinas e antivirais. GAH7.<br />

Profissionais de Saúde. 06.03.06. Direcção Geral de Saúde. Disponível<br />

em: www.dgs.pt (Consulta 04.08.2006).

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