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A vacina da gripe - Ordem dos Farmacêuticos

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Julho/Agosto 2006 Boletim do CIM<br />

No Hemisfério Norte as <strong>vacina</strong>s são normalmente administra<strong>da</strong>s<br />

entre Outubro e Novembro de ca<strong>da</strong> ano, tendo<br />

os seguintes grupos populacionais como alvo: 10<br />

crianças <strong>dos</strong> 6 aos 23 meses e pessoas com i<strong>da</strong>de superior<br />

a 65 anos;<br />

pessoas com doenças crónicas <strong>dos</strong> sistemas pulmonar<br />

e cardiovascular;<br />

pessoas que possam vir a estar grávi<strong>da</strong>s durante a<br />

época habitual de <strong>gripe</strong>s;<br />

residentes de instituições prestadoras de cui<strong>da</strong><strong>dos</strong> de<br />

saúde, independentemente <strong>da</strong> sua i<strong>da</strong>de;<br />

pessoas ou crianças que necessitaram durante o decorrer<br />

do ano anterior de cui<strong>da</strong><strong>dos</strong> médicos ou hospitalização<br />

devido a desordens metabólicas crónicas, disfunção<br />

renal, hemoglobinopatias ou imunossupressão;<br />

crianças e adolescentes (6 meses‐18 anos) que receberam<br />

terapia prolonga<strong>da</strong> com ácido acetilsalicílico, e<br />

assim em risco de desenvolverem o síndroma de Reye<br />

após infecção pelo vírus Influenza.<br />

A vAcinA pAnDémicA<br />

Enquanto a composição <strong>da</strong>s <strong>vacina</strong>s interpandémicas tem<br />

por base uma previsão <strong>da</strong>s estirpes que irão circular na<br />

época seguinte, no caso <strong>da</strong> <strong>vacina</strong> pandémica essa previsão<br />

é impossível pelo facto de se desconhecer qual irá<br />

ser a estirpe (ou estirpes) pandémica. Existem actualmente<br />

algumas estirpes potencialmente pandémicas, cujo<br />

reservatório habitual são as aves aquáticas mas que, ao<br />

transporem a barreira <strong>da</strong>s espécies, se tornam altamente<br />

patogénicas para o Homem. Exemplos são as estirpes<br />

H5N1 ou H7N7, que até à <strong>da</strong>ta causaram 62 mortes. 2<br />

Os desenvolvimentos na produção de <strong>vacina</strong>s pandémicas<br />

conduziram no final de 2005/início de 2006 à submissão,<br />

para apreciação pela EMEA, de dois <strong>dos</strong>siês de <strong>vacina</strong>s<br />

pandémicas. 11,12 Ambos seguiram o procedimento recentemente<br />

instituído ao nível <strong>da</strong> Agência Europeia, de avaliação<br />

e aprovação de um “core <strong>dos</strong>sier” pandémico em<br />

período interpandémico. A esta etapa seguir‐se‐á, em caso<br />

de pandemia, uma aprovação rápi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>vacina</strong> pandémica<br />

basea<strong>da</strong> na submissão de uma variação pandémica (alteração<br />

<strong>da</strong>s estirpes). Este processo é baseado na produção<br />

de uma <strong>vacina</strong> “mock‐up”, <strong>vacina</strong> que tem o mesmo sistema<br />

de produção <strong>da</strong> <strong>vacina</strong> pandémica, o mesmo conteúdo<br />

em antigénios, o mesmo adjuvante e igual forma<br />

de administração. Os antigénios desta <strong>vacina</strong> deverão ser<br />

diferentes <strong>dos</strong> correntemente em circulação de modo a<br />

simular uma situação em que a população não se encontra<br />

imune. 13 O objectivo deste procedimento é o de agilizar o<br />

processo de autorização <strong>da</strong>s <strong>vacina</strong>s em caso de pandemia.<br />

Existem actualmente em desenvolvimento 31 <strong>vacina</strong>s pandémicas<br />

de diferentes tipos (inactiva<strong>da</strong>s com antigénios de<br />

superfície, de virião total, de virião fragmentado, e vivas<br />

atenua<strong>da</strong>s), com produção em sistema celular ou recorrendo<br />

à forma mais tradicional (em ovos embriona<strong>dos</strong>), contendo<br />

ou não adjuvante, 14 à espera <strong>da</strong> próxima pandemia.<br />

OS AntivirAiS<br />

A alternativa à prevenção é a terapêutica, e no caso <strong>da</strong>s<br />

infecções por Influenza, a utilização de agentes antivirais.<br />

Existem duas classes de agentes antivirais: os inibidores<br />

M2 e os inibidores <strong>da</strong> neuramini<strong>da</strong>se. Os inibidores M2, de<br />

que são exemplos a amantadina e rimantadina, actuam<br />

por inibição <strong>da</strong> replicação <strong>dos</strong> vírus, através do bloqueio<br />

<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de do canal iónico M2. 15 Têm a desvantagem<br />

de se limitarem ao tratamento <strong>da</strong>s infecções por vírus tipo<br />

A e causarem alguns efeitos secundários, nomea<strong>da</strong>mente<br />

neurológicos. Os inibidores na neuramini<strong>da</strong>se, como o<br />

zanamivir e o oseltamivir, encontram‐se indica<strong>dos</strong> para<br />

o tratamento de infecções por vírus quer do tipo A, quer<br />

B. Ao inibirem a acção <strong>da</strong> neuramini<strong>da</strong>se, previnem a libertação<br />

<strong>dos</strong> vírus <strong>da</strong>s superfícies celulares e impedem a<br />

sua movimentação através <strong>da</strong>s mucosas. 16 Os fármacos<br />

antivirais não devem substituir as <strong>vacina</strong>s como medi<strong>da</strong><br />

preventiva primária contra o vírus Influenza, mas são<br />

recomen<strong>da</strong><strong>dos</strong> em algumas situações de saúde pública<br />

como adjuvantes à <strong>vacina</strong>ção. Em caso de pandemia, estes<br />

fármacos ganham particular importância; num cenário<br />

em que não haja disponibili<strong>da</strong>de de <strong>vacina</strong>s para to<strong>da</strong> a<br />

população, ou em caso de ineficácia <strong>da</strong>s mesmas, serão<br />

certamente um recurso viável.<br />

Como foi anteriormente referido, as <strong>vacina</strong>s são a forma<br />

mais eficaz de prevenir a infecção por vírus Influenza. As<br />

<strong>vacina</strong>s sazonais contra a <strong>gripe</strong> são vendi<strong>da</strong>s em farmácias,<br />

mediante apresentação de receita médica. O papel do<br />

farmacêutico passará não só por aconselhar a <strong>vacina</strong>ção a<br />

determina<strong>dos</strong> grupos de risco, como forma eficaz de evitar<br />

a disseminação <strong>da</strong>s infecções causa<strong>da</strong>s por estes agentes,<br />

mas também eventualmente por avaliar a necessi<strong>da</strong>de/<br />

adequabili<strong>da</strong>de dessa <strong>vacina</strong>ção, nomea<strong>da</strong>mente tendo<br />

em consideração a época do ano mais adequa<strong>da</strong>.<br />

Alexandra Safara inverno 1 , Helder mota‐Filipe 2<br />

1<br />

Bióloga, Lab. Biologia e Biotecnologia (INFARMED)<br />

2<br />

Farmacêutico, Prof. Farmacologia (FFUL)<br />

e Vice‐Presidente CA (INFARMED)<br />

Bibliografia<br />

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6. Krug R.M. Antiviral Res, 2003; 57: 147‐150.<br />

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281‐288.<br />

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B. S., Hoffmann C., Preiser W. eds. Influenza Report 2006, Cologne,<br />

Flying Publisher, 2006.<br />

11. European Medicines Agency (2006). European Medicines Agency<br />

receives first pandemic influenza vaccine application (press release).<br />

http://www.emea.eu.int, Doc. Ref. EMEA/425916/2005<br />

(acedido a 07.08.06).<br />

12. European Medicines Agency (2006). European Medicines Agency<br />

receives second application for human pandemic influenza<br />

vaccine (press release). http://www.emea.eu.int, Doc. Ref.<br />

EMEA/35322/2006 (acedido a 07.08.06).<br />

13. European Medicines Agency (2004). Guideline on <strong>dos</strong>sier structure<br />

and content for pandemic influenza vaccine marketing authorisation<br />

application. http://www.emea.eu.int, CPMP/VEG/4717/03<br />

(acedido a 07.08.06).<br />

14. International Federation of Pharmaceutical Manufacturers & Associations<br />

(2006). R & D for Avian/Pandemic Infuenza Vaccines by<br />

IFPMA Influenza Supply International Task Force (IVS ITF) members.<br />

http://www.ifpma.org/index.aspx (acedido a 07.08.06).<br />

15. Abed Y., Goyette N., Boivin G. Antimicrob Agents Chemother, 2002;<br />

49(2): 556‐559.<br />

16. Macdonald S.J.F., et al. J Med Chem, 2005; 48: 2964‐2971.

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