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Intervenção Farmacêutica na Contracepção de Emergência

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Intervenção Farmacêutica<br />

<strong>na</strong> Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

Manual<br />

<strong>de</strong> Apoio<br />

Perto <strong>de</strong> Si<br />

Promovendo a Saú<strong>de</strong>


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

FICHA TÉCNICA<br />

Direcção Nacio<strong>na</strong>l da Or<strong>de</strong>m dos Farmacêuticos<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção:<br />

António Hipólito <strong>de</strong> Aguiar<br />

A<strong>na</strong> Sofia Guimas<br />

Lígia Brito Reis<br />

Luís Rho<strong>de</strong>s Baião<br />

Maria Manuela Teixeira<br />

Design gráfico, produção e impressão:<br />

Cadavalgráfica, Lda.<br />

Depósito legal nº 333776/11<br />

Ano: 2011<br />

Lisboa<br />

Todos os direitos reservados pelo Editor:<br />

Or<strong>de</strong>m dos Farmacêuticos<br />

Rua da Socieda<strong>de</strong> Farmacêutica, 18<br />

1169-075 Lisboa<br />

Copyright © 2011 da Or<strong>de</strong>m dos Farmacêuticos<br />

Não é permitida a reprodução quer parcial, quer total <strong>de</strong>sta publicação, nem a sua transmissão<br />

por qualquer processo electrónico, mecânico, fotográfico, fotocópia, gravação ou outro,<br />

sem prévia autorização escrita do Editor.<br />

A elaboração da presente publicação teve como base a mais recente evidência e normas em<br />

vigor. É <strong>na</strong>tural, porém, que esta informação seja objecto <strong>de</strong> revisão e actualização periódica,<br />

tendo como base novas referências bibliográficas sobre as matérias abordadas.<br />

As orientações constantes <strong>de</strong>sta publicação constituem ferramentas <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>das a apoiar os farmacêuticos<br />

<strong>na</strong> prestação <strong>de</strong> um serviço farmacêutico. Não substituem a avaliação profissio<strong>na</strong>l<br />

individual e não constituem a única abordagem possível <strong>na</strong> intervenção farmacêutica.


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

ÍNDICE<br />

I<br />

Introdução<br />

II<br />

Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

III<br />

IV<br />

V<br />

Intervenção Farmacêutica<br />

Fluxograma<br />

Bibliografia<br />

Anexos


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

I. INTRODUÇÃO<br />

O conceito <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Sexual e Reprodutiva implica que as pessoas possam ter uma vida<br />

sexual activa, segura e que possam <strong>de</strong>cidir quando e com que frequência têm filhos.<br />

Esta condição pressupõe o direito <strong>de</strong> cada indivíduo ser <strong>de</strong>vidamente informado, <strong>de</strong> ter<br />

acesso a métodos <strong>de</strong> planeamento familiar seguros e eficazes, e acesso a serviços <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quados que permitam às mulheres terem o acompanhamento necessário<br />

durante a gravi<strong>de</strong>z e no parto. Abrange, também, o direito à saú<strong>de</strong> sexual, entendida<br />

como potenciadora da vida e das relações interpessoais.<br />

Os cuidados a prestar em Saú<strong>de</strong> Sexual e Reprodutiva constituem por isso, um conjunto<br />

diversificado <strong>de</strong> serviços, técnicas e métodos que contribuem para a saú<strong>de</strong> e o bem-estar<br />

das mulheres e dos homens ao longo do seu ciclo <strong>de</strong> vida. 1<br />

Os farmacêuticos comunitários, pela sua acessibilida<strong>de</strong>, mas também porque a farmácia<br />

integra profissio<strong>na</strong>is com credibilida<strong>de</strong> e formação <strong>na</strong> área da saú<strong>de</strong>, estão muito próximos<br />

do cidadão, em espaços que não oferecem barreiras. É <strong>na</strong> farmácia que estão<br />

disponíveis serviços essenciais e diferenciados, que diariamente passam pela disponibilização<br />

<strong>de</strong> informação e aconselhamento, dispensa <strong>de</strong> medicamentos e <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ções <strong>de</strong> parâmetros bioquímicos e fisiológicos, <strong>de</strong>tecção e<br />

resolução <strong>de</strong> problemas relacio<strong>na</strong>dos com medicamentos, entre outros.<br />

É também no domínio da Saú<strong>de</strong> Sexual e Reprodutiva que os farmacêuticos comunitários<br />

<strong>de</strong>vem colocar ao serviço do cidadão as suas competências contribuindo para a utilização<br />

correcta, segura e eficaz dos métodos contraceptivos, para a prevenção da gravi<strong>de</strong>z<br />

in<strong>de</strong>sejada e para a diminuição das doenças sexualmente transmissíveis.<br />

Os actuais métodos contraceptivos são muito eficazes, mas a verda<strong>de</strong> é que se estima que<br />

cerca <strong>de</strong> 15% da população femini<strong>na</strong> resi<strong>de</strong>nte com ida<strong>de</strong> compreendida entre os 15 e os<br />

55 anos não usa qualquer método contraceptivo, pelo que aproximadamente 2 milhões<br />

<strong>de</strong> mulheres estão em condição passível <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z. 7 Na realida<strong>de</strong>, existem muitas<br />

gravi<strong>de</strong>zes não planeadas e não <strong>de</strong>sejadas (a) pelo que o recurso à Contracepção <strong>de</strong><br />

Emergência surge como uma alter<strong>na</strong>tiva que permite minimizar estes riscos.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recorrer a Contracepção <strong>de</strong> Emergência é claramente uma oportunida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> dialogar com as mulheres, ou com os casais, que procuram aconselhamento<br />

farmacêutico. É um momento priveligiado para educar para a saú<strong>de</strong>, com informação<br />

adaptada a cada caso, <strong>de</strong> forma a aumentar os conhecimentos e compreensão para que<br />

individualmente se façam as melhores escolhas em questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual – aspectos<br />

essenciais em promoção da saú<strong>de</strong>, <strong>na</strong> qual o farmacêutico <strong>de</strong>ve estar permanentemete<br />

envolvido.<br />

(a)<br />

Em Portugal, o número <strong>de</strong> interrupções voluntárias <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z realizadas após a entrada em<br />

vigor da Lei nº 16/2007 <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> Abril, regista um aumento <strong>de</strong> 6,67% entre 2008 e 2009 (DGS 2011)<br />

4


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

II. CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA<br />

A Contracepção <strong>de</strong> Emergência (CE) é um método <strong>de</strong>sti<strong>na</strong>do a evitar uma gravi<strong>de</strong>z não<br />

<strong>de</strong>sejada após uma relação sexual <strong>de</strong>sprotegida ou em caso <strong>de</strong> falha do método contraceptivo.<br />

Constitui uma segunda linha <strong>na</strong> prevenção primária da gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada.<br />

É o único método que po<strong>de</strong> ser utilizado para prevenir a gravi<strong>de</strong>z após a relação sexual. 3<br />

A CE po<strong>de</strong> ser utilizada com segurança por qualquer mulher, mesmo quando há contraindicações<br />

para a toma <strong>de</strong> contraceptivos orais hormo<strong>na</strong>is. Após a toma da CE a mulher<br />

po<strong>de</strong> engravidar em qualquer altura, caso não utilize nenhum método contraceptivo. A CE<br />

ape<strong>na</strong>s previne uma gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> relações sexuais ocorridas antes da toma e<br />

nunca nos casos em que estas ocorrem subsequentemente. A CE não é efectiva se a mulher<br />

já estiver grávida.<br />

A CE po<strong>de</strong> prevenir a maior parte das gravi<strong>de</strong>zes não <strong>de</strong>sejadas que ocorrem, se um maior<br />

número <strong>de</strong> mulheres tiver acesso a esta opção.<br />

O acesso à CE é particularmente importante no caso <strong>de</strong> adolescentes que, com frequência,<br />

têm pouca experiência <strong>na</strong> utilização da contracepção. Dar informação sobre a CE e on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>m recorrer para a obter é um meio <strong>de</strong> evitar os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m advir,<br />

<strong>de</strong>sig<strong>na</strong>damente, <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z precoce.<br />

Reduzindo o número <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>zes não <strong>de</strong>sejadas, a CE po<strong>de</strong> diminuir o número <strong>de</strong> interrupções<br />

voluntárias da gravi<strong>de</strong>z.<br />

A CE é um recurso importante para a mulher que, não <strong>de</strong>sejando engravidar, teve uma<br />

relação sexual não protegida ou um aci<strong>de</strong>nte contraceptivo. Deve ser sempre oferecida,<br />

nos casos <strong>de</strong> violação através dos serviços competentes.<br />

Depois <strong>de</strong> se utilizar a CE, recomenda-se que as relações sexuais subsequentes sejam protegidas<br />

por um método <strong>de</strong> barreira fiável até ao início da menstruação seguinte - o recurso<br />

à CE po<strong>de</strong> ser uma oportunida<strong>de</strong> privilegiada para o início <strong>de</strong> um método contraceptivo<br />

continuado e eficaz.<br />

Existem, actualmente, duas abordagens terapêuticas diferentes:<br />

i. em que a CE po<strong>de</strong> ser feita até às 72h após relação sexual <strong>de</strong>sprotegida<br />

ou i<strong>na</strong><strong>de</strong>quadamente protegida e,<br />

ii. a CE em que a eficácia é comprovada até ao 5º dia, mais precisamente<br />

até 120h após relação sexual <strong>de</strong>sprotegida ou i<strong>na</strong><strong>de</strong>quadamente protegida.<br />

A eficácia da contracepção <strong>de</strong> emergência é tanto maior quanto mais rápida for a toma<br />

após a relação sexual.<br />

A CE não é abortiva, e não tem efeitos teratogénicos. 1<br />

Os Quadros 1 e 2 caracterizam cada um dos medicamentos com indicação <strong>na</strong> contracepção<br />

<strong>de</strong> emergência disponíveis no mercado (ver em Anexos).<br />

5


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

III. INTERVENÇÃO<br />

Objectivos<br />

A intervenção farmacêutica tem como objectivos centrais a:<br />

1. Prevenção da gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada;<br />

2. Promoção do uso correcto, efectivo e seguro da CE;<br />

3. Promoção da saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva da população.<br />

População<br />

Utentes com ida<strong>de</strong> superior a 16 anos (os dados disponiveis em ida<strong>de</strong>s inferiores a 16 anos<br />

são muito limitados).<br />

Materiais<br />

De forma a suportar a intervenção o farmacêutico tem ao seu dispor:<br />

1. O protocolo <strong>de</strong> actuação <strong>na</strong> forma <strong>de</strong> questionário para orientação da<br />

entrevista a realizar e fluxograma;<br />

2. Um folheto com informação escrita sobre o tema para entrega no momento<br />

do aconselhamento ou dispensa <strong>de</strong> medicamentos com indicação <strong>na</strong> CE;<br />

3. Questionário para utentes que adquirem CE <strong>na</strong> sema<strong>na</strong> <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> Setembro a 1 <strong>de</strong><br />

Outubro. Este questionário é <strong>de</strong> auto-preenchimento.<br />

Método<br />

A intervenção farmacêutica <strong>na</strong> CE po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada <strong>na</strong>s seguintes situações:<br />

• Reporte <strong>de</strong> relação sexual não protegida ou em que houve falha do méto<br />

do contraceptivo;<br />

• Solicitação <strong>de</strong> contracepção <strong>de</strong> emergência;<br />

• Apresentação <strong>de</strong> prescrição médica <strong>de</strong> medicamentos indicados <strong>na</strong><br />

contracepção <strong>de</strong> emergência.<br />

As mulheres que solicitam CE po<strong>de</strong>m apresentar gran<strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo o aconselhamento<br />

ser efectuado <strong>de</strong> uma forma ainda mais compreensiva, objectiva e isenta <strong>de</strong> juízos<br />

<strong>de</strong> valor.<br />

É por isso recomendável que o atendimento <strong>de</strong>corra em ambiente <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong>, no<br />

gabinete, e pelo farmacêutico.<br />

A Or<strong>de</strong>m dos Farmacêuticos recomenda a seguinte metodologia <strong>de</strong> intervenção: 2,5<br />

6


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

Passo 1 - AVALIAÇÃO<br />

i) I<strong>de</strong>ntificar a utente<br />

a. Assegurar que está a falar com a própria utente que vai usar a CE<br />

b. Questio<strong>na</strong>r a ida<strong>de</strong><br />

ii) I<strong>de</strong>ntificar outros problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

iii) I<strong>de</strong>ntificar outros medicamentos que estejam a ser tomados<br />

Passo 2 – CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E DE EXCLUSÃO<br />

i) A<strong>na</strong>lisar critérios <strong>de</strong> inclusão<br />

a. Confirmar que a utente ainda está no período indicado <strong>de</strong> utilização (72<br />

ou 120 horas)<br />

b. Avaliar a causa: relação sexual não protegida ou falha potencial do método<br />

contraceptivo habitualmente utilizado<br />

c. Avaliar a fase do ciclo em que se encontra<br />

ii) A<strong>na</strong>lisar critérios <strong>de</strong> exclusão<br />

a. Confirmar que a utente não se encontra grávida, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>ndo a data<br />

da última menstruação<br />

b. Confirmar que a utente não é intolerante ao princípio activo ou excipientes<br />

c. Avaliar potenciais interacções com outros medicamentos<br />

d. Certificar que a utente não tem:<br />

No caso da substância activa ser<br />

o Levonorgestrel ou ulipristal<br />

• Alteração da função hepática<br />

grave.<br />

• Síndromas <strong>de</strong> má absorção<br />

grave, tais como a doença <strong>de</strong><br />

Crohn.<br />

• Problemas hereditários raros<br />

<strong>de</strong> intolerância à galactose,<br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> lactase <strong>de</strong> Lapp<br />

ou má absorção glucosegalactose.<br />

No caso da associação Etinilestradiol +<br />

Levonorgestrel<br />

• Presença ou antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> processos<br />

tromboembólicos venosos ou arteriais e<br />

estados que predispõem para tais doenças.<br />

• Presença ou antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> tumores no fígado;<br />

• Cancro da mama ou do endométrio existentes<br />

ou tratados.<br />

• Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> herpes da gravi<strong>de</strong>z<br />

• Perturbações graves da função hepática;<br />

• Icterícia ou prurido persistente em gravi<strong>de</strong>z<br />

anterior;<br />

• Síndrome <strong>de</strong> Dubin-Johnson;<br />

• Síndrome <strong>de</strong> Rotor;<br />

• Tromboflebite existente;<br />

• Anemia falciforme<br />

• Angioe<strong>de</strong>ma hereditário<br />

e. Assegurar que não se trata <strong>de</strong> uma 2ª toma do medicamento no mesmo ciclo,<br />

em virtu<strong>de</strong> da sobrecarga hormo<strong>na</strong>l<br />

7


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

Passo 3 – INFORMAÇÃO E ACONSELHAMENTO<br />

a. Explicar o modo <strong>de</strong> acção<br />

b. Apresentar o grau <strong>de</strong> eficácia e segurança do método<br />

c. Referir a posologia<br />

d. Caso a utente vomite até 3 horas após a toma do comprimido, <strong>de</strong>ve repetir a toma<br />

e. Alertar para as perturbações menstruais, muito frequentes e que po<strong>de</strong>m<br />

atrasar ou acelerar a menstruação seguinte. Aconselhar, em caso <strong>de</strong> um<br />

atraso superior a 5 dias no caso <strong>de</strong> levonorgestrel ou 7 dias no caso do<br />

ulipristal, a realização <strong>de</strong> um teste <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z<br />

f. Se a utente estiver a amamentar, suspen<strong>de</strong>r a amamentação <strong>na</strong>s 36<br />

horas seguintes após a toma no caso do ulipristal, <strong>na</strong>s 6 horas seguintes<br />

no caso do levonorgestrel. Para a associação etinilestradiol+levonorgestrel ape<strong>na</strong>s<br />

existe referência à eventual excreção no leite materno e a diminuição temporária<br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> leite<br />

g. Referir que o recurso a CE não constitui uma contra-indicação ao uso<br />

continuado <strong>de</strong> contracepção hormo<strong>na</strong>l regular, no entanto, a acção contraceptiva<br />

po<strong>de</strong> ficar diminuída <strong>de</strong>vendo associar-se um método <strong>de</strong><br />

barreira fiável até ao início da menstruação seguinte<br />

h. Deve ser acentuado, <strong>de</strong> forma sistemática, que a contracepção <strong>de</strong><br />

emergência não é um método contraceptivo <strong>de</strong> uso regular, mas sim um<br />

recurso. Devem ser discutidos outros contraceptivos para uso futuro.<br />

i. Enfatizar que a CE não previne a transmissão <strong>de</strong> doenças sexualmente<br />

transmitidas<br />

j. Entregar informação escrita (folheto)<br />

Passo 4 – SEGUIMENTO<br />

a. Solicitar à utente que reporte qualquer situação não habitual<br />

b. Caso a menstruação tenha uma atraso superior a 5 dias no caso <strong>de</strong> levonorgestrel<br />

ou 7 dias no caso do ulipristal, recomendar a realização <strong>de</strong> um<br />

teste <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z<br />

c. Notificar reacções adversas ao Sistema Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Farmacovigilância<br />

8


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

IV. FLUXOGRAMA<br />

Prescrição médica <strong>de</strong> CE<br />

Solicitação do<br />

medicamento <strong>de</strong> CE<br />

Indicação <strong>de</strong> relação<br />

sexual não protegida<br />

m<br />

I<strong>de</strong>ntificação<br />


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

V. BIBLIOGRAFIA<br />

1 Direcção Geral <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - Programa Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Reprodutiva (Acedido em:<br />

21.08.2011). Disponível em: http://www.sau<strong>de</strong>reprodutiva.dgs.pt/<br />

2 Norma <strong>de</strong> Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong> Contracepção <strong>de</strong> Emergência. Or<strong>de</strong>m dos<br />

Farmacêuticos. Rev. Or<strong>de</strong>m dos Farmacêuticos nº 66, p22-27<br />

3 CEDIME- Contracepção oral <strong>de</strong> emergência. Farmácia Prática nº 29, ANF.(2010), p3-4<br />

4 Infarmed- Resumo das Caracteristicas do Medicamento: Norlevo®, Postinor®, Tetragynon®,<br />

Ellaone® (Acedido em: 20.08.2011). Disponível em: www.infomed.pt<br />

5 Best practice gui<strong>de</strong>lines for the supply by pharmacist of the emergency contraceptive pill. Jan<br />

2011, Pharmacy Council of New Zealand, Pharmaceutical Society of New Zealand (Acedido<br />

em: 30.08.2011). Disponível em:<br />

http://www.pharmacycouncil.org.nz/cms_show_download.php?id=215<br />

6 American College of Obstetrician and Gynecologist. ACOG Practice Bulletin. Clinical<br />

Ma<strong>na</strong>gement Gui<strong>de</strong>lines for Obstetrician-Gynecologists, Number 69, December 2005.<br />

Emergency contraception. Obstet Gynecol. 2005; 106(6):1443-52<br />

7 Inquérito Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 2005/2006<br />

8 Fontes, E, [et al.]- Pattern of use of emergency oral contraception among Portuguese women.<br />

Pharm World Sci. (2010)<br />

9 Teixeira, M, - Dispensa <strong>de</strong> Contracepção <strong>de</strong> Emergência: rigor, ética e profissio<strong>na</strong>lismo.<br />

Newsletter Farmácia, Grupo Tecnifar Farmacêutica. (2011)<br />

10 Reis, L [et al.]- Quando a maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sperta. Rev. Farmácia Portuguesa nº 177, ANF.(2008),<br />

p36-40<br />

11 British Natio<strong>na</strong>l Formulary Nº 61. London, BMJ Publishing Group Ltd and RPS Publishing, 2011.<br />

12 Leung V, Levine M, Soon JA. Mechanisms of action of hormo<strong>na</strong>l emergency contraceptives.<br />

Pharmacotherapy 2010; 30(2): 158-68.<br />

13 Jones D, Stammers T. Why emergency contraception remains controversial. South Med J 2009;<br />

102 (1): 5-7.<br />

14 Ulipristal acetate. Obstet Gynecol 2010; 116(6). 1252-53.<br />

15 Towards more effective emergency contraception? Lancet 2010; 375: 527-28.<br />

Mais informação em:<br />

• The American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG):<br />

http://www.acog.org/<br />

• World Health Organization (WHO): http://www.who.int/en/<br />

• The Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Consortium for Emergency Contraception (ICEC):<br />

http://www.emergencycontraception.org/in<strong>de</strong>x.php<br />

• Direcção Geral da Saú<strong>de</strong> (DGS): http://www.sau<strong>de</strong>reprodutiva.dgs.pt<br />

• Associação para o Planeamento da Família (APF): http://www.apf.pt<br />

• European Medicines Agency (EMA): http://www.ema.europe.eu<br />

10


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

ANEXOS


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

Quadro 1 - Medicamentos não sujeitos a receita médica com indicação contracepção <strong>de</strong> emergência<br />

Marcas Comerciais<br />

• Norlevo®<br />

• Postinor®<br />

Composição<br />

• 1,5 mg <strong>de</strong> Levonorgestrel<br />

Mecanismo<br />

<strong>de</strong> acção<br />

• O mecanismo <strong>de</strong> acção não está totalmente esclarecido.<br />

• Nesta dose, o levonorgestrel bloqueia a ovulação prevenindo assim a fecundação<br />

caso a relação sexual tenha ocorrido <strong>na</strong> fase pré-ovulatória, quando<br />

a probabilida<strong>de</strong> da fecundação é maior.<br />

• Po<strong>de</strong> também dar origem a alterações no endométrio que o tor<strong>na</strong>m impróprio<br />

para a nidação <strong>de</strong> um eventual ovo.<br />

Posologia<br />

e modo <strong>de</strong><br />

administração<br />

• O tratamento consiste <strong>na</strong> administração oral <strong>de</strong> um comprimido que <strong>de</strong>ve ser<br />

tomado o mais cedo possível, <strong>de</strong> preferência <strong>na</strong>s 12 horas após a relação sexual<br />

não protegida, até um máximo <strong>de</strong> 72 horas (3 dias).<br />

• Po<strong>de</strong> ser administrado em qualquer momento durante o ciclo menstrual.<br />

Eficácia<br />

• Nos ensaios clínicos <strong>de</strong>monstrou prevenir 84%-85% das gravi<strong>de</strong>zes esperadas.<br />

• A eficácia parece diminuir com o tempo <strong>de</strong>corrido após a relação sexual não<br />

protegida:<br />

- 95%, se tomado <strong>na</strong>s primeiras 24h;<br />

- 85% se tomado entre as 24 e as 48h;<br />

- 58% se tomado entre as 48 e as 72 horas<br />

• A eficácia após 72 horas não é conhecida.<br />

Advertências<br />

e precauções<br />

especiais <strong>de</strong><br />

utilização<br />

• Após a toma, os fluxos menstruais são, habitualmente, <strong>de</strong> abundância normal<br />

e ocorrem <strong>na</strong> data prevista po<strong>de</strong>ndo, no entanto, aparecer alguns dias<br />

antes ou <strong>de</strong>pois do esperado.<br />

• Não é aconselhável a administração repetida durante o mesmo ciclo menstrual<br />

pelo facto <strong>de</strong> contribuir para uma sobrecarga hormo<strong>na</strong>l in<strong>de</strong>sejável com possíveis<br />

perturbações graves no ciclo menstrual.<br />

• Se o período menstrual seguinte estiver com um atraso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 5 dias<br />

<strong>de</strong>ve <strong>de</strong>spistar-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z.<br />

• Se ocorrer vómito <strong>de</strong>ntro das três horas após a toma do comprimido, <strong>de</strong>ve<br />

tomar-se imediatamente outro comprimido.<br />

• Desaconselhado a doentes com alteração da função hepática grave e com<br />

síndromas <strong>de</strong> má absorção grave, tais como a doença <strong>de</strong> Crohn (diminuição<br />

da eficácia).<br />

• Doentes com problemas hereditários raros <strong>de</strong> intolerância à galactose, <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong> lactase <strong>de</strong> Lapp ou má absorção glucose-galactose não <strong>de</strong>vem<br />

tomar este medicamento.<br />

Contra-indicações<br />

• Gravi<strong>de</strong>z<br />

• A hipersensibilida<strong>de</strong> à substância activa ou a algum dos excipientes que<br />

constemda formulação<br />

Efeitos<br />

in<strong>de</strong>sejáveis<br />

• Náuseas, dores nos abdomi<strong>na</strong>is inferiores, fadiga, cefaleias , tonturas, tensão<br />

mamária, vómito, menstruação abundante, diarreia , hemorragia, atraso <strong>na</strong><br />

menstruação.<br />

• Estes efeitos in<strong>de</strong>sejáveis <strong>de</strong>saparecem normalmente no período <strong>de</strong> 48 horas<br />

após a toma.<br />

II


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

Quadro 2 - Medicamentos sujeitos a receita médica com indicação <strong>na</strong> contracepção <strong>de</strong> emergência<br />

Marca comercial<br />

Composição quantitativa<br />

e qualitativa<br />

Mecanismo <strong>de</strong><br />

acção<br />

Posologia e modo<br />

<strong>de</strong> administração<br />

Eficácia<br />

Advertências e<br />

precauções<br />

especiais <strong>de</strong><br />

utilização<br />

Contra-indicações<br />

Efeitos in<strong>de</strong>sejáveis<br />

Tetragynon® (Emb. com 4 Comprimidos)<br />

• 0,050 mg <strong>de</strong> etinilestradiol + 0,250 mg<br />

<strong>de</strong>levonorgestrel;<br />

• Perturbação dos processos <strong>de</strong> diferenciação<br />

endometrial <strong>na</strong> altura da ovulação<br />

• O endométrio apresenta condições<br />

extremamente <strong>de</strong>sfavoráveis para a<br />

nidação <strong>de</strong>vido às alterações morfológicas<br />

e enzimáticas que ocorrem.<br />

• A fase luteínica é normalmente diminuída.<br />

• Os dois primeiros comprimidos <strong>de</strong>vem ser<br />

tomados logo que possível após a relação<br />

sexual não protegida, e até às 72 h que se<br />

seguem;<br />

• Os outros comprimidos <strong>de</strong>vem ser tomados<br />

12 h <strong>de</strong>pois. É importante que seja respeitado<br />

o intervalo <strong>de</strong> 12 horas entre as tomas.<br />

• Quanto mais cedo for utilizado, maior é a<br />

sua eficácia.<br />

• A utilização repetida <strong>de</strong>ste medicamento<br />

durante o mesmo ciclo <strong>de</strong>ve ser evitada,<br />

uma vez que constitui um stress hormo<strong>na</strong>l<br />

in<strong>de</strong>sejável e po<strong>de</strong> resultar em graves<br />

perturbações <strong>de</strong> ciclo.<br />

• Caso surjam vómitos <strong>na</strong>s 3 a 4 h após a<br />

toma <strong>de</strong> comprimidos, a absorção po<strong>de</strong><br />

não ser completa e, consequentemente, a<br />

eficácia po<strong>de</strong> ser reduzida. Se tal situação<br />

se verificar, a toma <strong>de</strong> comprimidos <strong>de</strong>ve<br />

ser repetida.<br />

• Doentes com doenças hereditárias raras<br />

<strong>de</strong> intolerância à galactose, <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong> lactase <strong>de</strong> Lapp ou malabsorção <strong>de</strong><br />

glucose-galactose não <strong>de</strong>vem tomar este<br />

medicamento.<br />

• Doentes com doenças hereditárias raras<br />

<strong>de</strong> intolerância à frutose, malabsorção <strong>de</strong><br />

glucose-galactose ou insuficiência <strong>de</strong><br />

sacarase-isomaltase não <strong>de</strong>vem tomar<br />

este medicamento.<br />

• Gravi<strong>de</strong>z.<br />

• Hipersensibilida<strong>de</strong> às substâncias activas<br />

ou a qualquer um dos excipientes.<br />

• Presença ou antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> processos<br />

tromboembólicos venosos ou arteriais e<br />

estados que predispõem para tais doenças.<br />

• Presença ou antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> tumores no<br />

fígado;<br />

• Cancro da mama ou do endométrio existentes<br />

ou tratados.<br />

• Antece<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> herpes da gravi<strong>de</strong>z.<br />

• Vómitos, dor <strong>de</strong> cabeça, tonturas, dor<br />

abdomi<strong>na</strong>l inferior, tensão mamária e<br />

fadiga.<br />

• Em mulheres com angioe<strong>de</strong>ma hereditário,<br />

o uso <strong>de</strong> estrogénios exógenos po<strong>de</strong><br />

induzir ou exacerbar sintomas <strong>de</strong> angioe<strong>de</strong>ma.<br />

13<br />

• Ellaone®<br />

• 30 mg <strong>de</strong> acetato <strong>de</strong> ulipristal<br />

• O acetato <strong>de</strong> ulipristal é um modulador<br />

selectivo sintético, oralmente activo, do<br />

receptor da progestero<strong>na</strong> que actua <strong>de</strong>vido<br />

à sua ligação <strong>de</strong> elevada afinida<strong>de</strong> ao<br />

receptor da progestero<strong>na</strong> humano. O<br />

principal mecanismo <strong>de</strong> acção é a<br />

inibição ou o atraso da ovulação.<br />

• O tratamento consiste <strong>na</strong> administração<br />

oral <strong>de</strong> um comprimido, logo que possível,<br />

o mais tardar até às 120 horas (5 dias)<br />

após a relação sexual não protegida ou a<br />

falha do contraceptivo.<br />

O comprimido po<strong>de</strong> ser tomado com ou<br />

sem alimentos.<br />

• Apresenta eficácia constante até ao 5º dia<br />

após a relação sexual mal protegida.<br />

• Não é recomendada a utilização concomitante<br />

com um contraceptivo <strong>de</strong><br />

emergência que contenha levonorgestrel.<br />

• A administração repetida no mesmo ciclo<br />

menstrual não é recomendada, dado que<br />

não foram investigadas a segurança e<br />

eficácia nesta situação.<br />

• Caso ocorra o vómito até 3 horas após a<br />

ingestão, <strong>de</strong>verá tomar-se outro comprimido.<br />

• Após a administração a menstruação<br />

po<strong>de</strong> por vezes ocorrer alguns dias mais<br />

cedo ou mais tar<strong>de</strong> que a data esperada.<br />

• Não é recomendada a utilização em mulheres<br />

com asma grave não controlada <strong>de</strong> forma<br />

suficiente com um glucocorticói<strong>de</strong> oral.<br />

• Doentes com problemas hereditários raros<br />

<strong>de</strong> intolerância à galactose, <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong> lactase <strong>de</strong> Lapp, ou má absorção <strong>de</strong><br />

glucose-galactose não <strong>de</strong>vem tomar este<br />

medicamento.<br />

• Gravi<strong>de</strong>z.<br />

• Hipersensibilida<strong>de</strong> à substância activa ou<br />

a qualquer um dos excipientes.<br />

• Cefaleias, náuseas e dores abdomi<strong>na</strong>is.<br />

III


Intervenção Farmacêutica <strong>na</strong><br />

CICLO MENSTRUAL<br />

O ciclo menstrual é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do pelas hormo<strong>na</strong>s reprodutivas femini<strong>na</strong>s e correspon<strong>de</strong> ao período<br />

<strong>de</strong> tempo que me<strong>de</strong>ia entre o início <strong>de</strong> um fluxo menstrual (menstruação) e o início do fluxo menstrual<br />

seguinte. Dura em média 28 dias, sendo normal a existência <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> 21 a 35 dias.<br />

Durante este período <strong>de</strong> tempo, a mulher sofre variações ao nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das hormo<strong>na</strong>s, enzimas<br />

e outras substâncias que induzem alterações fisiológicas, havendo um período correspon<strong>de</strong>nte à<br />

fase fértil em que há risco <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z in<strong>de</strong>sejada <strong>na</strong> mulher que teve relações sexuais <strong>de</strong>sprotegidas.<br />

SISTEMA REGULADOR DIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIOS<br />

O ciclo menstrual é <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do pela activida<strong>de</strong> hormo<strong>na</strong>l do hipotálamo, hipófise e ovários, funcio<strong>na</strong>lmente<br />

inter-relacio<strong>na</strong>dos, e que produzem substâncias que se influenciam e modulam entre si.<br />

Este sistema regulador está organizado <strong>de</strong> forma hierárquica. Em conjunto, o hipotálamo e a hipófise<br />

representam o centro <strong>de</strong> controlo (sistema hipotálamo-hipófise), sendo o hipotálamo o órgão regulador<br />

superinten<strong>de</strong>nte. A hipófise <strong>de</strong>sempenha uma função mediadora entre o hipotálamo e os ovários.<br />

As concentrações das hormo<strong>na</strong>s produzidas no hipotálamo, hipófise e ovários são adaptadas à<br />

respectiva situação fisiológica durante o ciclo. Neste contexto, as hormo<strong>na</strong>s sexuais produzidas nos<br />

ovários <strong>de</strong>sempenham um papel importante, dado que influenciam o sistema hipotálamo-hipófise<br />

através <strong>de</strong> um mecanismo <strong>de</strong> retrocontrolo (feed-back).<br />

O hipotálmo segrega e liberta, para o sistema porta hipotálamo-hipofisário, a hormo<strong>na</strong> libertadora<br />

<strong>de</strong> go<strong>na</strong>dotrofi<strong>na</strong>s (GnRH), como resposta à ocorrência <strong>de</strong> níveis reduzidos <strong>de</strong> estrogénios e progestero<strong>na</strong><br />

no fi<strong>na</strong>l do ciclo menstrual. A GnRH actua a nível da hipófise anterior, on<strong>de</strong> são sintetizadas,<br />

armaze<strong>na</strong>das e libertadas as go<strong>na</strong>dotrofi<strong>na</strong>s – hormo<strong>na</strong> folículo estimulante (FSH) e hormo<strong>na</strong><br />

luteinizante (LH).<br />

A FSH estimula a maturação dos folículos do ovário e, com ela, a secreção <strong>de</strong> estrogénios que influenciam<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento folicular e <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam o crescimento do endométrioA LH influencia,<br />

predomi<strong>na</strong>ntemente, a produção <strong>de</strong> progestero<strong>na</strong> pelo corpo amarelo (resultante do folículo roto<br />

após a ovulação), e é responsável pela transformação secretória do endométrio, preparando-o para<br />

receber o ovo.<br />

Como consequência <strong>de</strong>ste complexo mecanismo hormo<strong>na</strong>l <strong>de</strong>vemos realçar, como acontecimentos<br />

importantes do ciclo menstrual, a maturação dos folículos, a ovulação e a preparação do<br />

endométrio para a implantação do ovo.<br />

CICLO MENSTRUAL<br />

Para a compreensão do ciclo menstrual normal é útil dividi-lo em três fases: fase folicular, ovulação<br />

e fase luteínica, e relacioná-las com as modificações hormo<strong>na</strong>is e endometriais correspon<strong>de</strong>ntes (ver<br />

Figura 1).<br />

Fase Folicular<br />

A fase folicular tem o seu início no primeiro dia da menstruação, e tem uma duração média <strong>de</strong> 14<br />

dias (po<strong>de</strong>ndo ir <strong>de</strong> 2 a 3 sema<strong>na</strong>s) até se atingir a ovulação.<br />

Nos primeiros dias <strong>de</strong>sta fase dá-se uma peque<strong>na</strong> elevação da FSH, que é responsável pelo recrutamento<br />

dos folículos activos para esse ciclo e pelo início da produção dos estrogénios responsáveis<br />

pela maturação dos mesmos. Na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta fase os níveis <strong>de</strong> FSH reduzem-se, vindo a<br />

atingir, posteriormente, o seu máximo em simultâneo com a LH, por altura da ovulação. É também<br />

no último período <strong>de</strong>sta fase que os estrogénios atingem níveis cada vez mais elevados, o que induz<br />

a libertação maciça <strong>de</strong> FSH e LH. O pico <strong>de</strong> LH que surge próximo do meio do ciclo é condição prévia<br />

para a ovulação que ocorre cerca <strong>de</strong> 20 horas mais tar<strong>de</strong>.<br />

O endométrio, após a fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>scamação correspon<strong>de</strong>nte ao fluxo menstrual findo, inicia, por<br />

IV


Contracepção <strong>de</strong> Emergência<br />

acção dos estrogénios foliculares, o crescimento <strong>de</strong> uma nova camada funcio<strong>na</strong>l. Quando esta fase<br />

proliferativa atinge o seu termo, a camada funcio<strong>na</strong>l do endométrio apresenta uma espessura <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 6 a 8 mm.<br />

Ovulação<br />

A ovulação, que se processa no 14º dia antes do ciclo menstrual seguinte, é precedida <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

alterações <strong>na</strong>s concentrações hormo<strong>na</strong>is sanguíneas, como já foi referido. O ovócito libertado é captado<br />

pelo pavilhão da trompa e transportado para o local on<strong>de</strong> se possa dar a fecundação, fenómeno<br />

que <strong>de</strong>verá ocorrer <strong>de</strong>ntro das primeiras 24 a 36 horas.<br />

Fase Luteínica<br />

Inicia-se após a ovulação, termi<strong>na</strong> com o início do novo fluxo menstrual, e tem uma duração aproximada<br />

<strong>de</strong> 14 dias.<br />

As concentrações <strong>de</strong> FSH e <strong>de</strong> LH diminuíram acentuadamente e mantêm-se relativamente baixas<br />

durante toda esta fase. O corpo amarelo segrega, sobretudo, progestero<strong>na</strong>, e em menos quantida<strong>de</strong>s<br />

estrogénios. Os níveis <strong>de</strong> progestero<strong>na</strong> sobem até 6 a 8 dias após o pico <strong>de</strong> LH.<br />

Na ausência <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, a vida do corpo amarelo é auto-limitada e, 9 a 11 dias após a ovulação,<br />

inicia-se o seu processo <strong>de</strong>generativo.<br />

O endométrio sofre, entretanto, a acção combi<strong>na</strong>da <strong>de</strong> estrogénios e progestero<strong>na</strong>, que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m<br />

as modificações secretórias importantes das células glandulares, até ao 19º/21º dias, data da<br />

eventual implantação do ovo.<br />

Se esta não ocorrer, o corpo amarelo<br />

reduz a sua produção hormo<strong>na</strong>l, o<br />

que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> um conjunto <strong>de</strong> fenómenos<br />

que culmi<strong>na</strong>m <strong>na</strong> <strong>de</strong>scamação<br />

da camada funcio<strong>na</strong>l do<br />

endométrio e no aparecimento do<br />

fluxo menstrual.<br />

Hormo<strong>na</strong><br />

Folículo-estimulante (FSH)<br />

Hormo<strong>na</strong> Luteinizante<br />

(LH)<br />

Ovulação<br />

Período Fértil<br />

Estima-se que a ovulação se processe<br />

no 14º dia antes do ciclo menstrual<br />

seguinte. Sabendo-se que esta ocorre<br />

entre 10 a 20 horas do pico <strong>de</strong> LH e<br />

algum tempo após o pico <strong>de</strong><br />

estrogénios (elementos que são difíceis<br />

<strong>de</strong> apreciar clinicamente), conclui-se<br />

não ser fácil <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r o período<br />

fértil. É habitual jogar com as características<br />

do ciclo menstrual e, através<br />

<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r o provável 14º dia<br />

antes do termo do ciclo. O período fértil<br />

<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado entre 2 dias<br />

antes e 2 dias após essa data.<br />

Na figura em anexo, apresenta-se<br />

esquematicamente o ciclo menstrual<br />

com as alterações hormo<strong>na</strong>is, ováricas<br />

e endometriais que ocorrem.<br />

Endométrio<br />

Desenvolvimento<br />

do óvulo<br />

Hormo<strong>na</strong>s<br />

Folículo<br />

Estrogénio<br />

Ovulação<br />

Corpo Lúteo<br />

Progestero<strong>na</strong><br />

V


Rua da Socieda<strong>de</strong> Farmacêutica, n.º 18 - 1169-075 Lisboa, PORTUGAL<br />

Tel. +351 21 319 13 80/81 - Fax +351 21 319 13 99<br />

e-mail: direccao.<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l@or<strong>de</strong>mfarmaceuticos.pt<br />

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