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Após ouvir Haddad, Dilma manda renegociar ... - Brasil Econômico

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TERÇA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO, 2012<br />

ANO 4 | N O 800 | R$ 3,00<br />

PUBLISHER RICARDO GALUPPO<br />

DIRETOR JOAQUIM CASTANHEIRA<br />

DIRETOR ADJUNTO OCTÁVIO COSTA<br />

A força dos bancos na economia do <strong>Brasil</strong><br />

Circula hoje o Relatório Financeiro<br />

do BRASIL ECONÔMICO, um amplo<br />

e exclusivo estudo sobre<br />

o setor bancário brasileiro.<br />

Como será a economia do país em<br />

2013 e os principais desafios para<br />

os próximos anos, segundo as<br />

maiores instituições do mercado.<br />

A cobertura do evento de<br />

lançamento da publicação, que<br />

contou com a presença dos<br />

principais líderes do setor.<br />

Após <strong>ouvir</strong> <strong>Haddad</strong>, <strong>Dilma</strong> <strong>manda</strong><br />

<strong>renegociar</strong> dívidas das prefeituras<br />

Em encontro no Planalto, o prefeito eleito de São Paulo frisou que a renegociação é fundamental para o êxito de sua gestão.<br />

Horas depois, o próprio secretário do Tesouro, Arno Augustin, defendeu a mudança do indexador do IGP-DI para a Selic. ➥ P8<br />

Alan Marques/Folhapress<br />

Ao receber<br />

cumprimentos<br />

da presidente,<br />

<strong>Haddad</strong> pediu mais<br />

investimentos<br />

federais para SP<br />

Eletrobras vai<br />

fazer varredura<br />

em toda a rede<br />

Na previsão do presidente da<br />

estatal, a operação pente-fino nas<br />

subestações será concluída em<br />

fevereiro do ano que vem. ➥ P9<br />

Em três anos,<br />

crédito deve<br />

somar R$ 2,3 tri<br />

Previsão é que até 2015 volume<br />

cresça 56% em relação a 2012,<br />

mas pode duplicar se incluídos os<br />

empréstimos imobiliários. ➥ P12<br />

Sá Cavalcante investirá<br />

R$ 4 bilhões até 2015<br />

Empresa proprietária de três shopping centers<br />

faz banco de terrenos para construir outras sete<br />

unidades, com foco em cidades de médio porte. ➥ P16<br />

Biolab faz parceria com<br />

Nobel por novo remédio<br />

Farmacêutica brasileira aumenta investimentos<br />

em pesquisa e desenvolvimento e vai buscar na<br />

academia ideias para lançar novos produtos. ➥ P24<br />

Melhores cidades<br />

para fazer compras,<br />

de Londres a Sidney<br />

Índice Globe Shopper comparou<br />

33 cidades nos itens compras,<br />

preços, conveniência, hotéis<br />

e transporte, cultura e clima. A<br />

capital inglesa é a melhor. ➥ P34<br />

INDICADORES 29.10.2012<br />

TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA<br />

Dólar comercial (R$/US$)<br />

Euro (R$/€)<br />

2,0310<br />

2,6186<br />

2,0350<br />

2,6194<br />

JUROS META EFETIVA<br />

Selic (ao ano) 7,25% 7,14%<br />

BOLSAS VAR. % ÍNDICES<br />

Bovespa — São Paulo<br />

-0,17 57.176,58<br />

Dow Jones — Nova York Não houve negócios em NY<br />

FTSE 100 — Londres<br />

-0,20 5.795,10


2 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

CARTAS<br />

Avanço<br />

OPINIÃO<br />

Quanto à matéria “PT administrará 36%<br />

dos recursos das capitais” (publicada em<br />

29/10/2012), gostaria de fazer um comentário<br />

sobre a eleição do DEM em Salvador e Feira<br />

de Santana, na Bahia. Eu acho que o grande<br />

beneficiário foi o povo soteropolitano e o<br />

feirense, isso porquê, primeiro: Esses eleitos,<br />

como remanescentes do DEM terão que provar<br />

suas capacidades de administradores sob pena<br />

de enterrar de uma vez o partido; segundo,<br />

como daqui a dois anos teremos eleições<br />

para governador, o PT, se quiser continuar<br />

no comando do estado, terá de realizar obras<br />

e mostrar competência, que seja capaz<br />

de superar as administrações municipais<br />

retro citadas. Portando Viva a democracia!<br />

Luiz Albino Lima<br />

Feira de Santana (BA)<br />

Em referência à matéria “PT administrará<br />

36% dos recursos das capitais”, apesar<br />

da opressiva campanha do mensalão contra<br />

o PT, o partido mostrou que sua agenda<br />

de governo de cunho social prevaleceu<br />

sobre as manobras midiáticas. Parabéns<br />

PT pelo desempenho e rumo a redenção!<br />

Fabio Fernando<br />

Olinda (PE)<br />

O partido do mensalão está cada vez<br />

mais administrando mais dinheiro público<br />

(“PT administrará 36% dos recursos<br />

das capitais.). Em terra de cegos,<br />

que tem olho enche os bolsos.<br />

Laurindo Lyra<br />

Vargem Grande Paulista (SP)<br />

ERRATA<br />

Diferentemente do que consta na<br />

matéria “Concorrência tira R$ 12 bi de<br />

transações da Cielo”, publicada em<br />

25/10/2012, este montante representa<br />

1,5% do valor transacionado<br />

e não da participação de mercado.<br />

Cristovam Buarque (PDT/DF)<br />

Senador<br />

Paisquenãoacompanharem odesempenho<br />

escolardeseufilhopoderão serpunidos.Projetode<br />

lei nessesentido,dosenador,recebeuparecer<br />

favorável eestáprontoparaservotadonoSenado.<br />

Retrocesso<br />

Romário de Souza Faria<br />

Ex-jogador de futebol e deputado federal<br />

Romárionãoconseguiuanularaconfissãodedívida<br />

assinadaquando sóciodo CaféOnzeBar.A Terceira<br />

TurmadoSuperiorTribunaldeJustiça manteve<br />

decisãodoTribunaldeJustiçadoRiodeJaneiro.<br />

José Cruz/ABr<br />

Divulgação<br />

MURILLO DE ARAGÃO<br />

Cientista político e presidente<br />

da Arko Advice Pesquisas<br />

Comprando inteligência<br />

Os cortes orçamentários na Europa provocaram um importante<br />

manifesto por parte de vários agraciados com o Nobel. Assinam<br />

o documento André Geim (física, 2010), Martin Evans (medicina,<br />

2007), John Walker (química, 1997), entre muitos outros luminares.<br />

Eles perguntam qual será o papel da ciência no futuro<br />

da Europa, a partir da dramática redução do orçamento para<br />

pesquisa. Os pesquisadores partem do princípio de que a crise<br />

europeia, ao invés de ensejar atitudes conservadoras, deveria estimular<br />

soluções criativas. Pelo simples fato de que representa<br />

uma imensa oportunidade: por meio da ciência, soluções para a<br />

economia e para outros problemas do mundo poderiam ser alcançadas.<br />

Eles afirmam, ainda, que a Europa não pode se dar o<br />

luxo de perder seus cientistas.<br />

Na Inglaterra, o endurecimento das regras de controle da imigração<br />

está causando outro efeito negativo: a perda de estudantes<br />

com potencial para vitalizar a economia por meio de iniciativas<br />

inovadoras. No lugar da tradicional permissão de dois anos<br />

para trabalhar no país após completar o curso, as novas regras<br />

dão apenas alguns meses para que o formando encontre alguém<br />

que esteja disposto a lhe pagar. Nos Estados Unidos, o livro<br />

“The imigrante exodus”, de Vivek Wadhwa, está causando grande<br />

impacto por alertar para o fato de que o país está perdendo a<br />

capacidade de atrair talentos, para estudar ou trabalhar. Canadá<br />

e Austrália vão na contramão dos Estados Unidos e do Reino<br />

Unido. No Canadá é permitido que estudantes de mestrado trabalhem<br />

pelo menos por três anos no país. A Austrália estimula<br />

tanto a ida de estudantes para lá quanto investe na criação de<br />

empresas e na vitalização do mercado de trabalho com imigrantes.<br />

O Chile estabeleceu um ambicioso programa de estímulo para<br />

novas companhias na área da informática e da inovação.<br />

Com vários pesquisadores reclamando<br />

de corte de verbas na Europa, o <strong>Brasil</strong><br />

deveria criar um programa para atraí-los<br />

CONECTADO<br />

Ferramentas do mundo digital que facilitam seu dia a dia<br />

Calculadora do IMC<br />

Eis uma ferramenta bem útil<br />

para quem se preocupa a saúde<br />

e a condição física. O aplicativo<br />

ajuda o usuário a calcular o seu<br />

índice de massa corporal e<br />

apontar se está acima da média<br />

indicada pela Organização<br />

Mundial de Saúde. Para chegar<br />

ao resultado, o programa leva<br />

em consideração a altura, peso,<br />

idade, sexo da pessoa e<br />

apresenta qual seria o índice<br />

adequado.<br />

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CBS Sports Mobile<br />

Aplicativo para os amantes do<br />

esporte. Por ele é possível ficar<br />

por dentro das maiores<br />

competições esportivas<br />

mundiais, inclusive aquelas<br />

menos populares no <strong>Brasil</strong> como,<br />

basquete, beisebol, golfe e<br />

futebol americano. Seu<br />

conteúdo traz tabelas de<br />

pontuações atualizadas em<br />

tempo real, vídeos com os<br />

melhores lances, notícias,<br />

análises e entrevistas.<br />

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Android, BlackBerry e iPhone<br />

conectado@brasileconomico.com.br<br />

Arte fora do Museu<br />

Se você é fã de arte de rua, vai<br />

gostar do conteúdo desse<br />

software que faz parte de um<br />

projeto premiado pela Funarte.<br />

O aplicativo mapeia todas as<br />

obras ao ar livre disponíveis na<br />

cidade de São Paulo. São murais,<br />

esculturas e grafites que podem<br />

ser buscados por bairros ou<br />

roteiros. Lá é possível encontrar<br />

a localização exata das peças,<br />

com a ajuda de mapas, fotos,<br />

além de críticas especializadas.<br />

Grátis<br />

Android e iPhone<br />

O <strong>Brasil</strong>, com o programa Ciência sem Fronteiras, dá um passo<br />

importante para robustecer o processo de aquisição de conhecimento<br />

no exterior. Porém, os cortes orçamentários da Europa e o<br />

endurecimento das regras no Reino Unido e nos Estados Unidos<br />

deveriam nos levar a posturas mais agressivas ainda na captação<br />

de pesquisadores, estudantes e empreendedores no exterior. O<br />

<strong>Brasil</strong> trouxe pesquisadores e especialistas da antiga União Soviética<br />

nos anos 90. Não sabemos qual foi o impacto da iniciativa, porém,<br />

com vários pesquisadores reclamando de corte de verbas na<br />

Europa, o <strong>Brasil</strong> deveria criar um programa para atraí-los de forma<br />

consistente. Algo nos moldes do que foi feito na USP nos anos 50.<br />

No âmbito do empreendedorismo, o caminho a ser seguido é<br />

semelhante: ampliar as oportunidades de crédito, reduzir a burocracia<br />

e oferecer oportunidades para quem queira investir em<br />

negócios no <strong>Brasil</strong>. Outra iniciativa seria a implementação de<br />

um agressivo programa de compras de empresa de tecnologia.<br />

As opções são claras. Comprar empresas de ponta no exterior.<br />

Atrair empreendedores do mundo todo. Atrair estudantes. Mandar<br />

estudantes brasileiros para o exterior. Importar professores<br />

e pesquisadores. Promover, enfim, um ambiente favorável à<br />

criatividade, à inovação e à geração de conhecimento. ■<br />

NESTA EDIÇÃO<br />

Site ajuda a cuidar das finanças pessoais<br />

A proposta do Konkero é ajudar o usuário a lidar com facilidade<br />

com suas finanças. A expectativa do site é de conquistar com<br />

500 mil usuários em dois anos. ➥ P15<br />

Texto alinhado à sfdfesquerda, sem hifenização,<br />

Cartas para a Redação: Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP).<br />

falso, alinhado esquerda, sinha o à esquerda,<br />

E-mail: redacao@brasileconomico.com.br<br />

texto alinhado à esquerda, sem hifenização, texto<br />

As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura.<br />

falso, alinhado esquerdafhlação. ➥ PXX<br />

Em razão de espaço ou clareza, BRASIL ECONÔMICO reserva-se o direito de editar as cartas recebidas.<br />

Mais cartas em www.brasileconomico.com.br<br />

Pearson une divisão de livros com a Randon<br />

O grupo britânico firmou acordo para unir a Penguin à Random House,<br />

da alemã Bertlesmann , formando o maior grupo editorial de<br />

produtos ao consumidor do mundo, superando a News Corp. ➥ P27


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 3<br />

MOSAICO POLÍTICO<br />

CÂNDIDO VACCAREZZA<br />

Deputado federal (PT-SP)<br />

PEDRO VENCESLAU<br />

pvenceslau@brasileconomico.com.br<br />

Controle sobre as armas já!<br />

Neste ano, até agora no estado de São Paulo, já foram mortos 80<br />

policiais, a grande maioria assassinada pelo crime organizado. Este<br />

é apenas mais um dado da violência urbana no <strong>Brasil</strong>, cujos números<br />

são alarmantes. Ao longo dos últimos 30 anos, houve mais<br />

de 1 milhão de homicídios — a esmagadora maioria provocada<br />

por arma de fogo —, o que representa uma média de 35 mil mortes<br />

por ano. Só para se ter uma ideia, na guerra civil em Angola,<br />

entre 1975 e 2002, a média anual foi de 20 mil mortos; na invasão<br />

do Iraque, entre 2004 e 2007, 19 mil mortos; e na guerra civil salvadorenha,<br />

entre 1980 e 1992, a média foi de 7 mil mortos. Na última<br />

década, a segurança pública passou a ser considerada um desafio<br />

ao Estado de Direito. O governo federal tomou várias iniciativas:<br />

sancionou o Estatuto do Desarmamento, em 2003; criou<br />

no ano seguinte a Força Nacional de Segurança Pública, para<br />

atuar em situações emergenciais; e em 2007 criou o Programa<br />

Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), para<br />

valorizar os profissionais da área, reestruturar o sistema penitenciário<br />

e combater a corrupção policial. São medidas importantes,<br />

mas insuficientes; é preciso que a segurança pública entre de<br />

vez na agenda do Congresso Nacional, estados e municípios.<br />

Está provado que a violência urbana e<br />

o elevado número de homicídios do país<br />

estão ligados à posse ilegal de armas<br />

Está provado que a violência urbana e o elevado número de<br />

homicídios do país estão ligados à posse ilegal de armas de fogo,<br />

muitas delas roubadas de agentes do Estado pelo crime organizado.<br />

Mas não é só isso: pesquisa do Viva Rio de 2011 mostrou que<br />

90% das armas no país — cerca de 15 milhões — estão em poder<br />

de cidadãos comuns; desse total, 50% são ilegais. Outro problema<br />

grave diz respeito ao controle das armas das empresas de segurança<br />

privada. As mais de 3,1 mil empresas registradas no <strong>Brasil</strong><br />

têm em seu poder 223 mil armas de fogo. A CPI do Tráfico de<br />

Armas da Câmara Federal, entre 2005 e 2006, revelou que 17%<br />

das armas apreendidas com criminosos do Rio de Janeiro eram<br />

originárias de empresas de segurança privada.<br />

O Estatuto do Desarmamento previa a criação de um banco de<br />

dados nacional para integrar as bases da Polícia Federal, polícias<br />

civis e do Exército, mas até hoje não houve essa integração. Assim,<br />

no sentido de ampliar o controle do Estado sobre a posse de<br />

armas, apresentei no ano passado um Projeto de Lei (PL 2.516/11),<br />

que obriga o uso de chips eletrônicos em todas as armas existentes<br />

no país, nacionais ou importadas, dentro de um prazo de quatro<br />

anos. Nesse chip, que é um circuito eletrônico miniaturizado<br />

para armazenamento de dados, deverão constar informações como<br />

nome do órgão ou da agência a qual a arma está vinculada, o<br />

calibre e a capacidade dos cartuchos, a espécie, a marca, o modelo<br />

e o número de série. O texto prevê também multa diária de R$<br />

200 mil para os fabricantes que, ao final do prazo, não se adaptarem<br />

à legislação. Os recursos das multas deverão ser revertidos<br />

de forma complementar para instituições públicas que tratam de<br />

vítimas alvejadas por armas de fogos. Se aprovada, essa lei permitirá<br />

que a polícia tenha mais facilidade para rastrear armas roubadas.<br />

O objetivo é que as autoridades tenham um controle mais efetivo<br />

sobre a movimentação das armas de fogo, contribuindo dessa<br />

maneira para reduzir o número de homicídios no país. ■<br />

Leo Burnett define diretrizes para 2013<br />

Com 96 escritórios espalhados pelo mundo, a agência reuniu<br />

os 10 principais executivos da rede em São Paulo, para definir<br />

as diretrizes do grupo para 2013. ➥ P29<br />

A morosidade da Justiça<br />

O articulista Antoninho Marmo Trevisan discute a morosidade<br />

da Justiça e a percepção da sociedade de que se trata de um<br />

problema insolúvel. ➥ P39<br />

Embalado, Psol mira Palácio do Planalto<br />

Com a conquista de sua primeira capital, Macapá, o pequeno Psol começa a pensar grande. O partido<br />

que nasceu de um racha do PT e hoje faz oposição (à esq.) ao governo de <strong>Dilma</strong> Rousseff já<br />

pensa no Palácio do Planalto em 2014. Apesar de ser apontado como um dos presidenciáveis da<br />

legenda devido ao bom desempenho eleitoral que teve na eleição do Rio de Janeiro, o deputado<br />

estadual Marcelo Freixo disse à coluna que tem outros planos. “A disputa (municipal) de 2016 é o<br />

meu objetivo. Não existe a menor chance de uma disputa presidencial.” Questionado sobre qual<br />

seria o nome mais forte da legenda para encarar a tarefa de enfrentar <strong>Dilma</strong> Rousseff, Aécio Neves,<br />

Marina Silva e — quiçá — Eduardo Campos, Freixo não pensa duas vezes. “O senador Randolfe<br />

Rodrigues.” Eleito no pleito de 2010 pelo Amapá, Randolfe foi o principal articulador da campanha<br />

vitoriosa do Psol com Clécio Luís na capital do estado. ■<br />

Participação do DEM no governo<br />

do Psol causa polêmica<br />

Como costuma acontecer em partidos de esquerda<br />

de matriz ortodoxa, o Psol já enfrenta uma polêmica<br />

em torno da vitória em Macapá. Ocorre que a sigla<br />

contou com o apoio do DEM na campanha. “Isso foi<br />

um erro que não cometi no Rio de Janeiro. Espero<br />

que eles não participem do governo", diz Freixo.<br />

CURTAS<br />

●<br />

O PCdoB montou um grupo<br />

➤<br />

de trabalho para dialogar<br />

com o PT sobre o espaço do<br />

partido no governo <strong>Haddad</strong>.<br />

Estão no grupo os vereadores<br />

Netinho e Jamil Murad, o<br />

ex-ministro Orlando Silva e a<br />

vice-prefeita Nádia Campeão.<br />

●<br />

Os comunistas devem se<br />

➤<br />

reunir hoje com o prefeito<br />

eleito para tratar do assunto.<br />

A expectativa da legenda é<br />

ocupar uma pasta ou estatal que<br />

tenha interlocução direta com<br />

o Ministério do Esporte.<br />

São três opções: Secretaria da<br />

Copa, Secretaria de Esportes ou<br />

SPTuris. Resta saber se o novo<br />

prefeito acabará com a Secopa.<br />

●<br />

O prefeito eleito Fernando<br />

➤<br />

<strong>Haddad</strong> (PT) se reúne<br />

hoje com o governador Geraldo<br />

Alckmin e com o prefeito<br />

Gilberto Kassab. Será o primeiro<br />

passo no processo de transição.<br />

A expectativa é de clima bom.<br />

PRONTO, FALEI<br />

“A Bahia<br />

escolheu seguir<br />

mudando junto<br />

com o <strong>Brasil</strong>.<br />

Já Salvador<br />

escolheu<br />

permanecer<br />

na contramão”<br />

Jonas Paulo, Presidente<br />

do PT baiano, sobre a<br />

vitória de ACM Neto<br />

EmBelém, Psolcontoucomajuda<br />

da ‘adversária’<strong>Dilma</strong> Rousseff<br />

Na campanha para a prefeitura de Belém, o<br />

candidato do Psol Edmílson Rodrigues, que<br />

era o favorito, contou com o apoio de <strong>Dilma</strong><br />

Rousseff na disputa contra Zenaldo Coutinho<br />

(PSDB). Ocorre que a sigla socialista faz oposição<br />

ferrenha ao governo federal. Vai entender...<br />

Divulgação<br />

●<br />

Por falar em <strong>Haddad</strong>.<br />

➤<br />

O prefeito eleito viaja<br />

amanhã para uma semana de<br />

merecidas férias com a família.<br />

●<br />

Ex-membro do QG da<br />

➤<br />

campanha tucana na<br />

capital, o deputado Walter<br />

Feldmann disse que não existe<br />

“nenhuma chance” de Serra<br />

assumir o comando do PSDB.<br />

●<br />

“Ele nunca cogitou essa<br />

➤<br />

hipótese”, afirmou<br />

Feldmann à coluna. O tucano<br />

disse, ainda, que Serra<br />

nunca pensou em plano B...<br />

●<br />

Oscar Cabral<br />

Na véspera da eleição,<br />

➤<br />

as pesquisas internas do<br />

PSDB apontavam um cenário de<br />

empate entre Serra e <strong>Haddad</strong>.<br />

O que houve? “Muita gente<br />

viajou para a praia e não voltou.<br />

As pesquisas do Datafolha e<br />

Ibope induziram isso”, explica<br />

o deputado tucano Walter<br />

Feldmann. Faz sentido...


4 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

DESTAQUE RELATÓRIO FINANCEIRO<br />

Editora: LÉA DE LUCA<br />

lluca@brasileconomico.com.br<br />

Rodgrigo Capote<br />

Murillo Constantino<br />

Evento para entrega do prêmio aos melhores do ranking Relatório Financeiro, promovido por BRASIL ECONÔMICO, realizado ontem em São Paulo, com 200 participantes<br />

Bancos veem juro estável e<br />

calotes em baixa em 2013<br />

Neste novo cenário, executivos do setor revelam suas estratégias, que passam por parcerias e segmentação<br />

Flávia Furlan, Priscila Arroyo,<br />

Rafael Palmeiras e<br />

Vanessa Correia<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

Instituições financeiras que<br />

atuam no <strong>Brasil</strong> estão mais otimistas<br />

com 2013, depois de enfrentarem<br />

em 2012 cenário de queda de<br />

juro e alta da inadimplência.<br />

Com isso, já traçam estratégias<br />

para o próximo ano com reforço<br />

da atuação em determinados segmentos,<br />

em busca de rentabilidade<br />

e maiores margens.<br />

É essa a visão das principais<br />

instituições financeiras do país,<br />

ganhadores do prêmio Relatório<br />

Financeiro do BRASIL ECONÔMICO,<br />

evento que reuniu 200 pessoas<br />

ontem em São Paulo. A publicação,<br />

cujos indicadores financeiros<br />

foram analisados pela Austin<br />

Rating, destacou os bancos que<br />

aliaram crescimento, controle de<br />

despesas e bons retornos aos acionistas<br />

no primeiro semestre.<br />

“Reconhecer a excelência das<br />

principais instituições financeiras<br />

brasileiras é de grande relevância,<br />

principalmente no momento<br />

em que o setor vive uma<br />

de suas maiores transformações.<br />

Com juros mais baixos e spreads<br />

menores, as instituições nunca<br />

concederam tanto crédito quanto<br />

nos últimos anos”, destaca Maria<br />

Alexandra Mascarenhas Vasconcellos,<br />

presidente do conselho<br />

de administração da Ejesa,<br />

que edita o BRASIL ECONÔMICO.<br />

Em 2013, o setor financeiro espera<br />

uma melhora no cenário econômico.<br />

“As taxas de juros estão<br />

em acomodação, o que vejo como<br />

tendência. Com a melhoria<br />

econômica do próximo ano, as taxas<br />

de inadimplência devem<br />

cair”, diz José Alcides Munhoz, diretor<br />

vice-presidente do Bradesco.<br />

Walter Malieni Júnior, diretor<br />

de distribuição do Banco do <strong>Brasil</strong>,<br />

concorda: “Para 2013, estamos<br />

prevendo um novo ciclo,<br />

com redução das taxas de inadimplência<br />

tanto na pessoa jurídica<br />

quanto na pessoa física.”<br />

A mesma tônica está no discurso<br />

do Itaú Unibanco. “Acreditamos<br />

em melhoria das taxas de inadimplência<br />

para o ano que vem, dada<br />

a proximidade com os clientes,<br />

correta segmentação e conhecimento<br />

efetivo de suas necessidades”,<br />

diz o superintendente Sother<br />

Marques Neto. Décio de Almeida,<br />

diretor presidente do Banco<br />

Volkswagen, concorda: “Em<br />

2013, vamos passar por um processo<br />

de estabilização da economia<br />

e apostamos que incentivos<br />

da esfera pública e privada podem<br />

aquecer novamente o setor.”<br />

José Signorini, diretor financeiro<br />

do Banco Rodobens, destacou<br />

o ano difícil de 2012, com aumento<br />

da inadimplência. “Mas<br />

estamos otimistas com 2013.”<br />

Diante deste cenário, as instituições<br />

traçam suas estratégias. Cristiano<br />

Malucelli, presidente do Paraná<br />

Banco, quer reforçar a atuação<br />

em crédito a médias empresas<br />

no próximo ano (aquelas com faturamento<br />

de R$ 5 milhões a R$ 500<br />

milhões ao ano). Um total de 14%<br />

dos negócios do banco está na modalidade,<br />

enquanto 80% estão em<br />

consignado e 6% em parcerias de<br />

financiamento ao consumo.<br />

“Precisávamos de uma diversificação<br />

para o mercado de consignado,<br />

que já está maduro, e avançar<br />

em middle market é uma escolha<br />

óbvia tendo em vista a nossa<br />

forte presença regional e os<br />

clientes da seguradora do grupo”,<br />

diz Malucelli Segundo ele,<br />

em um cenário de queda de juro,<br />

os bancos vão buscar eficiência e<br />

diferenciação, seja de segmentação<br />

de clientes, geográfica, por<br />

produto ou por nicho.<br />

No caso do BMG, que atua em<br />

crédito consignado, uma das formas<br />

de alavancar os negócios em<br />

meio ao arrefecimento do mercado<br />

foi firmar, em julho, joint venture<br />

com o Itaú. Ernani Leite Vitorello,<br />

diretor executivo de administração<br />

e controle do banco,<br />

diz que a joint venture começa a<br />

operar em dezembro. “Foi um negócio<br />

excepcional, que nos possibilitará<br />

ficar no mercado com balanço<br />

robusto e gestão de risco.”<br />

Outro banco de médio porte, o<br />

ABC <strong>Brasil</strong>, deve manter sua estratégia<br />

de 2012 no próximo ano,<br />

diante da expectativa de melhora<br />

do cenário. “Tivemos restrição<br />

de crescimento pela redução do<br />

ritmo da economia e, com as medidas<br />

de estímulo que têm sido<br />

adotadas pelo governo e o Banco<br />

Central, esperamos um crescimento<br />

maior em 2013 do setor, o<br />

que vai permitir que a carteira de<br />

crédito tenha melhor qualidade”,<br />

pondera o diretor-presidente<br />

Anis Chacur Neto.<br />

Entre os bancos de investimento,<br />

o BTG Pactual continuará a<br />

tornar os fundos de private equity<br />

sócio de companhias brasileiras.<br />

“Acreditamos no potencial<br />

do <strong>Brasil</strong>”, diz Antonio Porto Filho,<br />

vice-presidente senior do<br />

banco. O executivo diz não analisar<br />

setores, mas companhias<br />

com potencial de crescimento.<br />

No caso da corretora do banco,<br />

o sócio Ricardo Lutfalla afirma<br />

que a queda da taxa de juros<br />

deve atrair investidores à bolsa,<br />

principalmente pessoas físicas.<br />

“Há algumas ofertas subsequentes<br />

em andamento, e os investidores<br />

estão abertos às operações<br />

qualificadas. Os estrangeiros reduziram<br />

apetite por ativos brasileiros<br />

ao longo desse ano, mas deve<br />

retomá-lo, principalmente<br />

por meio de oferta de ações .”<br />

Carlos Takahashi, diretor da<br />

gestora de recursos do Banco do<br />

<strong>Brasil</strong>, também acredita nesta retomada.<br />

“Os investidores vão<br />

procurar novas alternativas e diversificando<br />

o portfólio, então temos<br />

de trabalhar com aperfeiçoando<br />

da tecnologia para adequar<br />

uma avaliação de risco e retorno<br />

que permita diversificar<br />

com segurança, sabendo os riscos<br />

que se está tomando”. ■<br />

OS VENCEDORES Os melhores em cada categoria analisada<br />

CATEGORIA VAREJO ATACADO E NEGÓCIOS FINANCIAMENTO LEASING DISTRIBUIDORAS MONTADORAS GRUPOS MIDDLE MARKET CORRETORAS FINANCEIRAS<br />

A MELHOR<br />

A MAIOR POR ATIVO TOTAL<br />

A MAIOR POR LUCRO LÍQUIDO<br />

Bradesco<br />

Banco do <strong>Brasil</strong><br />

Itaú Unibanco<br />

BTG Pactual<br />

BTG Pactual<br />

BTG Pactual<br />

Sicredi<br />

BMG<br />

Paraná Banco<br />

Bradesco Leasing<br />

Dibens Leasing<br />

Dibens Leasing<br />

BB DTVM<br />

Citibank DTVM<br />

BB DTVM<br />

Banco John Deere<br />

Banco Volkswagen<br />

Banco CNH Capital<br />

Rodobens Banco<br />

Banco IBM<br />

Banco CSF<br />

ABC <strong>Brasil</strong><br />

BicBanco<br />

Daycoval<br />

BTG Pactual CTVM<br />

Itaú CV<br />

Itaú CV<br />

Crefisa CFI<br />

BV Financeira CFI<br />

Crefisa CFI


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 5<br />

Menos crédito e mais<br />

riscos foram a tônica<br />

dos últimos 10 meses<br />

Fotos: Rodrigo Capote<br />

Instituições financeiras viram índices de inadimplência, tanto da pessoa<br />

física quanto jurídica, avançarem a patamares recordes ao longo d2 2012<br />

Inadimplência em alta, intervenção<br />

em três instituições financeiras<br />

pelo Banco Central<br />

(BC), crise europeia. O ano de<br />

2012 foi desafiador para as instituições<br />

financeiras que atuam<br />

no <strong>Brasil</strong>. “É a primeira vez que<br />

vemos um cenário de desemprego<br />

em baixa e inadimplência<br />

em alta”, ressalta Ernani<br />

Leite Vitorello, diretor executivo<br />

de administração e controle<br />

do Banco BMG.<br />

O executivo lembrou que há<br />

10 anos, a proporção da carteira<br />

de crédito em relação ao Produto<br />

Interno Bruto (PIB) brasileiro<br />

era muito pequena, de<br />

20%, e hoje é de 51% do PIB.<br />

“Seria natural um movimento<br />

de acomodação na tomada de<br />

crédito, em torno de 15% ao<br />

ano”, acredita Vitorello.<br />

Para ele, o atual desafio do<br />

sistema financeiro é conviver<br />

com avanços mais modestos de<br />

expansão da carteira, ao mesmo<br />

tempo em que precisará<br />

manter sua rentabilidade. “Há<br />

uma missão de eficiência para<br />

todos”, completa.<br />

Anis Chacur Neto, diretor<br />

presidente do Banco ABC <strong>Brasil</strong>,<br />

também viu o crescimento menor<br />

da economia brasileira afetar<br />

de forma negativa os negócios,<br />

enquanto que a queda do<br />

juro impactou na remuneração<br />

do patrimônio da instituição financeira,<br />

mas não no resultado.<br />

“Não sentimos problemas específicos,<br />

porque o spread no segmento<br />

de empresas já é competitivo,<br />

diferentemente do que<br />

acontece no varejo e em cartões<br />

de crédito”, aponta, citando os<br />

mercados em que houve pressão<br />

do governo para redução de<br />

juros ao consumidor.<br />

Já Cristiano Malucelli, presidente<br />

do Paraná Banco, tem outra<br />

opinião. O ano de 2012 superou<br />

as expectativas da instituição,<br />

por conta da queda da taxa<br />

básica de juros (Selic), devido<br />

ao fato de o Paraná Banco manter<br />

boa parte da carteira de crédito<br />

prefixada. “Nossa estratégia<br />

de ter folga no balanço e um<br />

índice de solvência alto se mostrou<br />

acertada”, pondera. Entre<br />

junho de 2011 e de 2012, a carteira<br />

de crédito do banco registrou<br />

crescimento de 26%, acima da<br />

média do mercado.<br />

No caso das gestoras de recursos,<br />

Carlos Takahashi, diretor<br />

“<br />

Reconhecer a excelência das instituições<br />

financeiras brasileiras é de grande<br />

relevância, quando o setor vive uma de<br />

suas maiores transformações”, diz Maria<br />

Alexandra Vasconcellos, presidente do<br />

conselho de administração da Ejesa<br />

Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM, campeã na categoria<br />

Distribuidoras, e Nuno Vasconcellos, acionista da Ejesa<br />

Ricardo Galuppo, publisher do BRASIL ECONÔMICO, e Eloi Rohde,<br />

diretor da John Deere, vencedora da categoria Montadoras<br />

presidente da BB DTVM, diz ter<br />

aproveitado boas oportunidades<br />

que surgiram ao longo de<br />

2012, um ano de extrema volatilidade<br />

e aversão ao risco. “Algumas<br />

casas que inspiram segurança<br />

como no caso do BB, no final<br />

Maria Alexandra e José Mascarenhas, presidente da Ejesa,<br />

na cerimônia de entrega dos prêmios<br />

das contas, experimentaram fluxo<br />

importante de recursos e isso<br />

permitiu que continuasse<br />

crescendo de forma rigorosa.”<br />

Quem também comemorou<br />

os resultados de 2012 foi Eloir<br />

Rogério Rohde, diretor de operações<br />

do banco da John Deere,<br />

fabricante de máquinas agrícolas.<br />

“Tivemos um ano excelente,<br />

motivado, principalmente<br />

pela redução dos juros do Programa<br />

de Sustentação do Investimento<br />

(PSI), que caiu de 5,5%<br />

para 2,5% ao ano. Esse movimento<br />

fez com que os produtores<br />

adiantassem a compra dos<br />

equipamentos como tratores e<br />

colheitadeiras.”<br />

Risco sistêmico afastado<br />

Quanto às instituições financeiras<br />

que sofreram intervenção pelo<br />

BC este ano — BVA, Cruzeiro<br />

do Sul e Morada — Milto Bardini,<br />

vice-presidente executivo e diretor<br />

de relações com investidores<br />

(RI) do BicBanco, diz que eventos<br />

como esses geram desconforto<br />

no mercado. “O lado mais positivo<br />

de tudo isso é a constatação<br />

de que analistas do setor tratam<br />

diferentemente os diferentes.<br />

Não poderia haver a generalização<br />

descuidada e as confusões<br />

que prevaleciam outrora. Hoje<br />

pode se dizer que o mercado está<br />

bem mais maduro”, diz.<br />

Gelbaum, do Daycoval, concorda.<br />

“Lamentavelmente no<br />

<strong>Brasil</strong> é comum unir os bancos<br />

em um único grupo: o grupo<br />

dos bancos médios. E não é isso.<br />

O país tem muitas instituições<br />

de excelente qualidade, bastante<br />

sólidas, com excelente governança.<br />

Eventos acabam beneficiando<br />

boas instituições financeiras”,<br />

acredita.<br />

De acordo com o executivo, o<br />

banco Daycoval quase não registrou<br />

crescimento na carteira de<br />

crédito destinada às pequenas e<br />

médias empresas até o final do<br />

terceiro trimestre deste ano.<br />

“Já acreditávamos que PIB não<br />

cresceria o previsto inicialmente<br />

Sendo assim, nossa carteira<br />

de middle market mostrou estabilidade<br />

e a de varejo registrou<br />

pequeno crescimento. Ou seja,<br />

no geral, a carteira de crédito<br />

tem praticamente o mesmo tamanho<br />

que o registrado no ano<br />

passado.” ■ F.F, R.P e V.C


6 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

DESTAQUE RELATÓRIO FINANCEIRO<br />

Os melhores do setor financeiro<br />

Vinte e quatro<br />

executivos de<br />

bancos comerciais,<br />

corretoras,<br />

empresas de<br />

leasing, financeiras<br />

e bancos de<br />

investimento<br />

foram premiados<br />

José Munhoz<br />

Vice-presidente do Bradesco<br />

Melhor na<br />

categoria Varejo<br />

Walter Júnior<br />

Diretor do Banco do <strong>Brasil</strong><br />

Maior por ativo na<br />

categoria Varejo<br />

Sother Neto<br />

SuperintendentedoItaúUnibanco<br />

Maior por lucro líquido<br />

na categoria Varejo<br />

Antonio Porto<br />

Sóciodo BTG Pactual<br />

Melhor e maior por ativo<br />

total e lucro líquido em<br />

Atacado e Negócios<br />

Wolney Romano Clive José Botelho Cristiano Malucelli Osmar Roncolato<br />

Tesoureiro do Sicredi SuperintendentefinanceirodoBMG Presidentedo Paraná Banco DiretordecréditodoBradesco<br />

Melhor na categoria<br />

Financiamento<br />

Maior por ativo total na<br />

categoria Financiamento<br />

Maior por lucro líquido na<br />

categoria Financiamento<br />

Melhor na categoria<br />

Leasing<br />

Marcelo Gagliardi<br />

Gerente da Dibens<br />

Maior por ativo total e por<br />

lucro líquido em Leasing<br />

CarlosTakahashi Roberto Paolino Eloi Rogério Rohde Décio de Almeida Alexandre Blasi<br />

Diretor-presidente da BB DTVM Superintendente do Citibank Diretor do Banco John Deere Presidentedo banco Volkswagen Diretor comercial do CNH Capital<br />

Melhor e maior por lucro<br />

líquido em Distribuidoras<br />

Maior por ativo total na<br />

categoria Distribuidoras<br />

Melhor na categoria<br />

Montadoras<br />

Maior por ativo total na<br />

categoria Montadoras<br />

Maior por lucro líquido na<br />

categoria Montadoras<br />

José Signorini Antonio Rascão Ricardo Barreto<br />

Diretor financeiro da Rodobens Presidente do Banco IBM DiretordenegóciosdobancoCarrefour<br />

Melhor na categoria<br />

Grupos<br />

Maior por ativo total na<br />

categoria Grupos<br />

Maior por lucro líquido<br />

na categoria Grupos<br />

Anis Chacur<br />

Presidentedo ABC <strong>Brasil</strong><br />

Melhor na categoria<br />

Middle Market<br />

Milto Bardini<br />

Vice-presidente do BicBanco<br />

Maior por ativo total na<br />

categoria Middle Market<br />

Ricardo Gelbaum Ricardo Lutfalla Roberto Fonseca<br />

Diretor de RI do Banco Daycoval Sócioda Corretora BTG Pactual Superintendente do Itaú Corretora<br />

Maior por lucro líquido na<br />

categoria Middle Market<br />

Melhor na categoria<br />

Corretoras<br />

Maior por ativo total e lucro<br />

líquido em Middle Market<br />

Ana Campos<br />

Diretoraexecutiva do Crefisa<br />

Melhor e maior por lucro<br />

líquido em Financeiras<br />

Elcio dos Santos<br />

Diretor de Varejo da BV Financeira<br />

Maior por ativo total na<br />

categoria Financeiras


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 7


8 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

BRASIL<br />

Subeditora: Patrycia Monteiro Rizzotto<br />

pmonteiro@brasileconomico.com.br<br />

<strong>Dilma</strong> atende <strong>Haddad</strong> e vai<br />

<strong>renegociar</strong> dívidas municipais<br />

Prefeito eleito de São Paulo se encontra com a presidente em Brasília e confirma conversa sobre o tema<br />

Ruy Barata Neto<br />

rbneto@brasileconomico.com.br<br />

Agência <strong>Brasil</strong><br />

Renato Araujo/ABr<br />

O Palácio do Planalto deve acelerar<br />

as discussões sobre a renegociação<br />

da dívida de estados e<br />

municípios com a União como<br />

parte da agenda de apoio à gestão<br />

de Fernando <strong>Haddad</strong> na prefeitura<br />

de São Paulo.<br />

Um dia após a vitória na capital<br />

paulista, <strong>Haddad</strong> foi recebido<br />

pela presidente <strong>Dilma</strong> Rousseff,<br />

em Brasília, e fez questão<br />

de tratar do tema. “Tangeciamos<br />

por esse assunto (da dívida)...<br />

Esse assunto está presente<br />

nas nossas conversas, mas há<br />

também os investimentos federais<br />

que eu pretendo levar para<br />

São Paulo”, afirmou <strong>Haddad</strong>.<br />

A renegociação da dívida é<br />

uma das questões fundamentais<br />

para turbinar a administração<br />

de <strong>Haddad</strong>. Com o nível de<br />

endividamento bastante acima<br />

dos limites definidos pela Lei<br />

de Responsabilidade Fiscal<br />

(LRF), a capital tem dificuldades<br />

de acessar novos empréstimos<br />

para aumentar os investimentos<br />

públicos. O maior interesse<br />

da prefeitura é o de trocar<br />

o indexador da dívida e alongar<br />

prazos de pagamento para ter<br />

mais folga fiscal e adquirir novos<br />

empréstimos.<br />

No mesmo dia em que <strong>Haddad</strong><br />

recebido por <strong>Dilma</strong>, o secretário<br />

do Tesouro Nacional, Arno<br />

Augustin, se mostrou favorável<br />

em alterar o indexador da dívida<br />

dos estados e municípios do<br />

IGP-DI para a Selic, que tem taxas<br />

menores. “Defendo essa mudança<br />

como uma proposta muito<br />

equilibrada”, afirma Augustin.<br />

“Estados e municípios tendem<br />

a convergir para isso”.<br />

Arno lembrou que São Paulo<br />

é um dos raros entes da federação<br />

que tem o índice corrigido<br />

pelo IGP-DI + 9%, a mais alta<br />

taxa de juros da dívida, porque<br />

o município optou por fazer o<br />

pré-pagamento da dívida, o<br />

que reduziria o custo. “As negociações<br />

com São Paulo são complexas<br />

porque a dívida lá é<br />

maior”, afirma.<br />

Segundo cálculos do Tesouro,<br />

a dívida corrente líquida é<br />

199% maior em relação à receita<br />

corrente líquida, um limite<br />

bem acima do teto definido pela<br />

Melhoria no perfil do endividamento ajuda São Paulo a retomar capacidade de investir<br />

LRF que é de 120%. Em 2011, a<br />

dívida da capital paulista somou<br />

R$ 48 bilhões. Por conta<br />

disso, a capacidade de investimento<br />

do município está restrita,<br />

desde 2001, a 10% da sua receita<br />

com arrecadação, segundo<br />

o economista Mansueto de<br />

Almeida do Instituto de Pesquisa<br />

Econômica Aplicada (Ipea).<br />

“Esse nível de investimento não<br />

é bom para um município como<br />

São Paulo”, afirma Almeida.<br />

Por outro lado, segundo o<br />

Grupo liderado pelo ex-ministro<br />

Nelson Jobim vai propor<br />

mudanças em FPE e royalties<br />

A Comissão de especialistas do Senado,<br />

que estuda o Pacto Federativo<br />

no país, deverá entregar hoje<br />

seu relatório final ao presidente<br />

da Casa, José Sarney (PMDB-<br />

AP). O grupo presidido pelo expresidente<br />

do Supremo Tribunal<br />

Federal, Nelson Jobim, e que tem<br />

como relator o ex-secretário da<br />

economista do Ipea, resolver o<br />

problema de São Paulo não será<br />

uma tarefa fácil para <strong>Dilma</strong>. Ao<br />

retomar as negociações para capital<br />

paulista, o governo será<br />

obrigado a adotar os mesmos<br />

Capacidade de<br />

investimento de<br />

São Paulo está restrita<br />

a 10% de sua receita<br />

de arrecadação<br />

critérios para os demais municípios<br />

e, consequentemente, para<br />

os Estados. Mas cada um ente<br />

tem realidades diferentes.<br />

“O governo vai ter de se preocupar<br />

em premiar os municípios<br />

e estados que tem maior dívida,<br />

já que os estados do Nordeste,<br />

que são mais pobres do<br />

que São Paulo, tem nível de endividamento<br />

menor”, afirma.<br />

“Se São Paulo é o município do<br />

<strong>Brasil</strong> com maior arrecadação e<br />

não tem como pagar o serviço<br />

Augustin propõe trocar o IGP-DI pela Selic<br />

da dívida, essa lógica tem que<br />

se adotada para os municípios<br />

mais pobres”, reflete.<br />

Para Mansueto Almeida, o governo<br />

vai ter que produzir uma<br />

forma de diferenciar os estados<br />

mais pobres e com menor nível<br />

de endividamento das regras de<br />

renegociação da dívida. “Tem<br />

de se adotar critérios diferentes<br />

quando se observa essa lógica<br />

de negociação que irá começar<br />

pelo município e seguirá para o<br />

estado”, afirma. ■<br />

Comissão apresenta hoje parecer no Senado<br />

Receita Federa, Everardo Maciel,<br />

deverá apresentar um total de 11<br />

propostas legislativas entre anteprojetos<br />

e emendas.<br />

Propostas para a renegociação<br />

das dívidas dos estados é destaque<br />

no documento. A comissão<br />

pede que haja a revisão do indexador<br />

da dívida dos estados, de IGP-<br />

DI por IPCA, além da redução<br />

dos juros para 2% ao ano. A Selic<br />

configuraria um teto para a revisão<br />

da dívida. Além disso, o limite<br />

de comprometimento de receitas<br />

seria reduzido dos atuais 13%<br />

para 12%.<br />

O trabalho também irá tratar<br />

sobre os principais temas que<br />

produzem desequilíbrios financeiros<br />

entre as unidades da Federação.<br />

Como a questão da distribuição<br />

dos royalties do petróleo,<br />

a reforma do Fundo de Participação<br />

dos Estados (FPE) e a guerra<br />

fiscal. Todas as questões tem prazo<br />

para serem resolvidas. O Congresso<br />

precisa reformar o Fundo<br />

até o dia 31 de dezembro, conforme<br />

estabelecido pelo Supremo<br />

Tribunal Federal (STF). As novas<br />

regras de distribuição dos royalties,<br />

para trazer mais recursos para<br />

estados e municípios distantes<br />

das áreas de produção petrolífera,<br />

devem fazer pressão para a<br />

aprovação deste tema antes das<br />

novas rodadas de licitação de<br />

blocos de petróleo previstas para<br />

março de 2013. ■


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 9<br />

Tomohiro Ohsumi/Bloomberg<br />

BC recebe declarações de bens no exterior<br />

O Banco Central (BC) começou a receber desde ontem a Declaração<br />

de Capitais <strong>Brasil</strong>eiros no Exterior. Todas empresas e pessoas físicas<br />

detentoras de bens e valores no exterior, em montante total igual<br />

ou superior a US$ 100 milhões, devem fazer a declaração, até as<br />

20h do dia 7 de dezembro de 2012. A declaração trimestral tem como<br />

data-base 30 de setembro de 2012. Quem entregar a declaração fora do<br />

prazo, com errou ou deixar de enviar os dados pode receber multa. ABr<br />

Após apagões, sistema elétrico<br />

passa por operação pente-fino<br />

Objetivo é detectar problemas latentes, mas sem gerar custos adicionais às empresas<br />

MONITORAMENTO<br />

Aneelvai<br />

intensificar<br />

fiscalizaçãono<br />

anoquevem<br />

Érica Ribeiro<br />

eribeiro@brasileconomico.com.br<br />

PREVISÃO<br />

Pente fino do governo<br />

Quando começa<br />

Previsão de término<br />

INVESTIMENTOS DA ELETROBRAS<br />

15<br />

12<br />

9<br />

6<br />

3<br />

0<br />

R$ 12 bilhões<br />

2011<br />

Fonte: Eletrobras<br />

1º /nov<br />

Fev/2013<br />

R$ 12 bilhões<br />

a R$ 13 bilhões<br />

(R$ 11 bilhões já<br />

contratados)<br />

451,1<br />

2012<br />

A partir de 1º de novembro começa<br />

uma operação “pente fino”<br />

em todas as instalações da<br />

rede básica de energia elétrica<br />

no país. A informação foi dada<br />

ontem pelo presidente da Eletrobras,<br />

José da Costa Carvalho Neto.<br />

Segundo ele, a previsão é<br />

que passem por esta varredura<br />

oito subestações por semana,<br />

percorrendo todo o sistema, o<br />

que deverá ser concluído até<br />

meados de fevereiro de 2013.<br />

De acordo com Carvalho Neto,<br />

o trabalho não vai gerar qualquer<br />

custo adicional às empresas<br />

e terá a participação das universidades.<br />

O principal objetivo<br />

é detectar problemas que “ainda<br />

podem estar latentes no sistema”,<br />

comentou.<br />

“Na realidade os apagões recentes<br />

foram episódios isolados.<br />

A estrutura do sistema é sólida,<br />

é robusta e aconteceram<br />

três ou quatro casos em sequencia<br />

— o que não é normal. Mas<br />

não há problemas de sobrecarga<br />

ou falta de manutenção.<br />

Mas, após os incidentes, o ministério<br />

de Minas e Energia nos<br />

deu uma orientação no sentido<br />

de realizar uma operação pente<br />

fino, que não visa eliminar totalmente<br />

o problema, já que em nenhum<br />

sistema elétrico no mundo<br />

isso acontece. Mas servirá para<br />

que não ocorram na frequência<br />

que aconteceram nos últimos<br />

meses. Mas não há nenhum<br />

problema mais sério, de<br />

falta de manutenção, nada disso”,<br />

reforçou.<br />

Os últimos apagões, segundo<br />

o presidente da Eletrobras, não<br />

foram causados por falta de investimento<br />

das empresas ou<br />

mesmo por atos de vandalismo<br />

e sabotagem. Sobre a entrada<br />

em operação das térmicas, ele<br />

disse que as operações foram<br />

realizadas justamente para que<br />

entrem em operação no período<br />

de seca.<br />

“Estamos em um período de<br />

poucas chuvas e nessas horas temos<br />

que acionar as térmicas. E<br />

agora que construímos hidrelétricas<br />

com pouco reservatório,<br />

a operação das térmicas vai<br />

acontecer de forma mais frequente”,<br />

acrescentou.<br />

Carvalho Neto, que participou<br />

de um evento sobre energia<br />

na Associação Comercial do<br />

Rio de Janeiro (ACRJ), disse<br />

que a empresa deverá fechar o<br />

ano de 2012 com investimentos<br />

de R$ 12 bilhões, R$ 1 bilhão a<br />

menos do que estava previsto<br />

para este ano. Mesmo assim,<br />

ele considerou o valor “bastante<br />

alto” e classificou como o<br />

“maior investimento da história<br />

da Eletrobras”.<br />

Elétricas do PI, RO, AC, AM, AL<br />

e RR acumulam prejuízo e podem<br />

ser vendidas pela Eletrobras<br />

Investimentos<br />

Para 2013, os investimentos deverão<br />

ficar no mesmo patamar<br />

de 2012. Deste total, R$ 11 bilhões<br />

já estariam contratados<br />

para 2013. Mas por enquanto seriam<br />

apenas previsões, já que estes<br />

investimentos para o ano<br />

que vem poderão sofrer impactos<br />

resultantes da queda nas receitas<br />

por causa da renovação<br />

de concessões que estão ligada à<br />

holding da Eletrobras<br />

Já sobre a venda de distribuidoras<br />

pouco rentáveis, chamadas<br />

de distribuidoras federalizadas,<br />

como parte do plano do governo<br />

de aumento da eficiência<br />

da Eletrobras , ele disse que ainda<br />

não há uma definição, o que<br />

deverá acontecer até o final do<br />

ano. Carvalho Neto afirmou que<br />

a orientação é torná-las mais<br />

eficientes possível. E disse que,<br />

observando as estatísticas mais<br />

recentes, o consumo de energia<br />

A estatal de energia Eletrobras<br />

decidirá até o fim de 2012 se venderá<br />

as distribuidoras do grupo.<br />

Para tanto, a companhia vai levar<br />

em consideração o resultado<br />

do processo de renovação antecipada<br />

e condicionada de concessões<br />

do setor elétrico que<br />

venceriam entre 2015 e 2017 para<br />

rever sua estratégia.<br />

Em 11 de outubro, duas fontes<br />

disseram à Reuters que a<br />

Eletrobras passou a estudar a<br />

possibilidade de vender as seis<br />

distribuidoras que fazem parte<br />

da holding estatal, diante do<br />

novo cenário para o setor elétrico<br />

criado pela renovação<br />

das concessões.<br />

Prejuízo<br />

As distribuidoras regionais da<br />

vem crescendo 14% e as perdas<br />

estão diminuindo muito nestas<br />

distribuidoras, que ficam nas regiões<br />

Norte e Nordeste do país.<br />

“Vamos analisar a redução<br />

de custos que vamos ter que fazer<br />

ou aumentos de receita e,<br />

inclusive, propor algum aspecto<br />

de reestruturação organizacional<br />

que pode passar também<br />

por uma reorganização societária”,<br />

disse. ■<br />

Distribuidoras serão rentáveis a partir de 2014<br />

Patricia Santos<br />

Carvalho Neto: “Não há problemas de manutenção ou sobrecarga”<br />

Eletrobras — que atuam no<br />

Piauí, Rondônia, Acre, Amazonas,<br />

Alagoas e Roraima — acumulam<br />

prejuízos e, de acordo<br />

com a própria Eletrobras, só<br />

devem ser rentáveis a partir<br />

de 2014.<br />

As distribuidoras da Eletrobras<br />

fecharam o ano de 2011<br />

com prejuízo de R$ 931 milhões,<br />

ante as perdas de R$ 1,6<br />

bilhão registradas no ano anterior.<br />

■ Reuters<br />

Agência vai implantar<br />

indicadores de desempenho nas<br />

redes para acompanhar ritmo de<br />

investimentos das concessões<br />

O superintendente de Regulação<br />

Econômica da Agência Nacional<br />

de Energia Elétrica (Aneel), Davi<br />

Antunes Lima, disse que a agência<br />

reguladora vai intensificar os<br />

mecanismos de fiscalização. Um<br />

dos caminhos, informou ele, será<br />

a criação de indicadores de desempenho<br />

para as redes. Lima disse<br />

que a decisão pela criação de indicadores<br />

que vão traçar um panorama<br />

econômico e de desempenho<br />

empresarial não está sendo pensada<br />

apenas em função dos recentes<br />

episódios de apagões. O monitoramento<br />

irá além do ponto de vista<br />

de qualidade dos serviços prestados<br />

pelas empresas do setor.<br />

“Isso já está na agenda regulatória<br />

da Aneel que é feita a cada<br />

ano. O monitoramento será feito<br />

para saber se a concessão está<br />

indo em um bom caminho ou<br />

não. Temos de tentar atuar preventivamente<br />

ao invés de esperar<br />

que, por exemplo, uma rede<br />

transmissora ou uma distribuidora<br />

se deteriore e comece a<br />

dar problemas. Agir preventivamente<br />

tentando monitorar se a<br />

empresa efetivamente está fazendo<br />

os investimentos e recompondo<br />

os equipamentos<br />

conforme o necessário", explicou.<br />

No primeiro semestre do<br />

ano que vem, o modelo de indicadores<br />

será colocado em audiência<br />

pública.<br />

Lima explicou que com o novo<br />

modelo de concessões, o sistema<br />

de geração de energia que não<br />

tem no desenho atual uma regulação<br />

econômica sobre a energia<br />

poderá vir a ter o que ele chama<br />

de ente regulador nessa área.<br />

“Na geração de energia elétrica<br />

o modelo nosso não prevê<br />

uma regulação econômica sobre<br />

a energia. Essa energia é<br />

vendida em leilões. Agora o que<br />

está sendo proposto com a renovação<br />

de concessões é criar um<br />

sistema tarifário. Vai haver revisão<br />

tarifária para a geração e haverá<br />

regulação em termos de tarifas.<br />

Na transmissão já havia regulação<br />

tarifária e na distribuição<br />

já existia também. Na distribuição<br />

não deverá ser feita alteração<br />

porque já foi feita avaliação<br />

de investimentos e na base<br />

de ativos", acrescentou. ■ E.R.


10 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

BRASIL<br />

Paulo Fridman/Bloomberg<br />

CRÉDITO<br />

Financiamento federal para agricultura<br />

aumenta 15% e soma R$ 26,5 bilhões<br />

As contratações do crédito rural para a agricultura empresarial<br />

somaram R$ 26,5 bilhões nos meses de julho a setembro<br />

deste ano, segundo o Ministério da Agricultura, superando<br />

em quase 15% o volume contratado no mesmo período de 2011.<br />

O desembolso representa 23% do total de R$ 115,2 bilhões<br />

programados para o ano safra 2012/2013. Reuters<br />

Alexandre Rezende<br />

SECRETARIADO DE HADDAD<br />

Prefeito eleito tem desafio de conciliar indicação de cargos<br />

em secretarias com aliados de partido<br />

ARSELINO TATTO<br />

PAULO MALUF<br />

Arselino Tatto, vereador reeleito, mantém<br />

influência na gestão municipal e almeja<br />

controle sobre área de transportes<br />

Cacique do PP e aliado de <strong>Haddad</strong> na<br />

campanha eleitoral, espera somar direção<br />

da CDHU estadual e da Cohab municipal<br />

MARIANNE PINOTTI<br />

MARTA SUPLICY<br />

Falcão: “Ninguém acredita que em apenas quatro anos se resolvam todos os déficits em várias áreas”<br />

Vice de Gabriel Chalita (PMDB),<br />

a médica peemedebista pode ficar<br />

responsável pela pasta da Saúde<br />

Como ex-prefeita petista, a ministra<br />

da Cultura deve ter garantia de<br />

indicações ao secretariado<br />

Secretarias e base<br />

aliada desafiam PT<br />

MÁRCIO POCHMANN<br />

ANTONIO DONATO<br />

Com a vitória de Fernando <strong>Haddad</strong> em São Paulo, partido começa<br />

a articular reformas na prefeitura e maior apoio na Câmara<br />

Rafael Abrantes e Marcelo Ribeiro<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

Prefeito eleito<br />

afirmou que quer<br />

eliminar algumas<br />

secretarias e criar<br />

a Secretaria da<br />

Mulher<br />

Depois das negociações de apoio<br />

na campanha eleitoral, o PT começa<br />

a articular agora os nomes<br />

e partidos que deverão ter mais<br />

ou menos espaço na administração<br />

do prefeito eleito de São Paulo,<br />

Fernando <strong>Haddad</strong>.<br />

O comando das 27 secretarias<br />

municipais estão em jogo e sob a<br />

avaliação de <strong>Haddad</strong><br />

neste início<br />

da transição com<br />

a gestão de Gilberto<br />

Kassab (PSD),<br />

mas também sob<br />

os interesses de<br />

correligionários e<br />

aliados. O novo<br />

prefeito já declarou<br />

a intenção de<br />

enxugar o secretariado e rever a<br />

situação de algumas pastas,<br />

além de criar a Secretaria da Mulher.<br />

“Quem vai definir prioridades<br />

entre os partidos aliados é o<br />

Fernando <strong>Haddad</strong>”, afirmou o<br />

presidente nacional do PT, Rui<br />

Falcão, durante balanço do desempenho<br />

do partido no 2º turno,<br />

ontem, na sede do Diretório<br />

Nacional em São Paulo.<br />

As decisões do prefeito petista<br />

sobre áreas e nomeações também<br />

serão compartilhadas com a<br />

comissão de coordenação de transição,<br />

liderada pelo vereador Antonio<br />

Donato (PT), presidente do<br />

PT municipal. “Sempre receberei<br />

sugestões, desde cientistas a lideranças<br />

comunitárias, mas<br />

quem dará a apreciação<br />

final serei<br />

eu. Seremos muito<br />

criteriosos de<br />

quem contribuirá<br />

em nossa gestão”,<br />

afirmou <strong>Haddad</strong>,<br />

em sua primeira<br />

coletiva após eleito.<br />

Segundo ele,<br />

as mudanças nas<br />

secretarias serão discutidas a partir<br />

da semana que vem. Hoje, <strong>Haddad</strong><br />

terá duas reuniões com Geraldo<br />

Alckmin, governador de<br />

São Paulo, e Kassab.<br />

Para Falcão, o perfil técnico defendido<br />

publicamente por <strong>Haddad</strong><br />

aos novos secretários não deverá<br />

conduzir as conversas com<br />

aliados. “A gente faz política o<br />

tempo todo. Não há possibilidade<br />

de qualquer secretário não ter<br />

também um viés político. Pode<br />

ter uma especialidade numa área<br />

ou outra, o que é exigível, mas todos<br />

eles terão seu posicionamento<br />

político e capacidade de articulação”,<br />

ressaltou.<br />

“Vamos mudar todas as secretarias,<br />

inclusive a Secretaria Especial<br />

de Articulação da Copa do<br />

Mundo (Secopa)”, afirmou ao<br />

BRASIL ECONÔMICO a vice-prefeita<br />

Nádia Campeão (PCdoB). A pasta<br />

está nas mãos do partido comunista<br />

na atual administração. A legenda,<br />

no entanto, espera emplacar<br />

um nome do alto escalão<br />

para a secretaria de Esportes ou<br />

para o comando da SPTuris, devido<br />

à possibilidade de extinção<br />

do organograma da Secopa (leia<br />

mais na página 3). A respeito da<br />

garantia de cargos ao PCdoB no<br />

Executivo municipal, Nádia<br />

pondera que “não há nenhuma<br />

indicação automática” para o<br />

cargo de secretários.<br />

Além da sigla comunista, a<br />

Candidato derrotado do PT à Prefeitura<br />

em Campinas, o economista é indicação<br />

de Lula para o governo paulistano<br />

ORLANDO SILVA<br />

Ex-ministro do Esporte é um dos nomes<br />

do PCdoB para discutir espaço do partido<br />

na área de esportes da cidade<br />

peemedebista Marianne Pinotti,<br />

vice na chapa de Gabriel Chalita<br />

(PMDB), pode ser cortejada para<br />

assumir a secretaria da Saúde. Já<br />

o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) espera<br />

expandir seus domínios na<br />

área da habitação, desde a<br />

CDHU, no governo estadual, até<br />

a Cohab, na gestão municipal.<br />

Entre os quadros petistas, os vereadores<br />

Arselino e Jair Tatto<br />

mostram interesse sobre a secretaria<br />

de Transportes. A nova ministra<br />

da Cultura, Marta Suplicy,<br />

também deve usar sua credencial<br />

de ex-prefeita para levantar<br />

nomes da sua confiança.<br />

Outra tarefa para <strong>Haddad</strong> será<br />

Coordenador da campanha<br />

de <strong>Haddad</strong> será o responsável pela<br />

comissão de transição<br />

JOSÉ AMÉRICO<br />

O vereador foi responsável pela comunicação<br />

de <strong>Haddad</strong> na eleição e ganha espaço para<br />

indicar preferidos<br />

buscar consenso entre bancadas<br />

para ampliar sua base de apoio na<br />

Câmara Municipal. O PSD, de Kassab<br />

e com sete parlamentares, deve<br />

ser a legenda mais assediada<br />

pelo PT, com 11 vereadores. “Nossos<br />

vereadores não têm nenhum<br />

problema com <strong>Haddad</strong>”, afirmou<br />

o vereador Antonio Goulart<br />

(PSD), aliado de José Serra (PS-<br />

DB) até “domingo às 17 horas”.<br />

Segundo ele, se ainda existe<br />

indefinição sobre o apoio ao PT<br />

no Legislativo municipal, no<br />

plano federal, o PSD “estará ao<br />

lado da presidente <strong>Dilma</strong> Rousseff”<br />

a partir de 2013. ■ Colaborou<br />

Pedro Venceslau


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 11<br />

Marcela Beltrão<br />

INDICADOR<br />

Confiança da indústria tem alta de 1% no mês<br />

e atinge maior nível desde junho de 2011<br />

O Índice de Confiança da Indústria medido pela Fundação Getulio<br />

Vargas (FGV) cresceu 1% em outubro, passando para 106 pontos<br />

— o maior nível desde junho de 2011. Já o Índice da Situação Atual<br />

avançou 1,7% no mês, atingindo 106,8 pontos. Contribuiu para<br />

esse crescimento, o indicador de nível de estoques. O número de<br />

empresas com estoque excessivo recuou de 6,1% para 5,6%. ABr<br />

Aécio pode ser o nome da renovação tucana<br />

Para o sociólogo Antonio Lavareda, o senador de MG se enquadra no figurino traçado pelo ex-presidente Fernando Henrique<br />

Cristina Ribeiro de Carvalho<br />

ccarvalho@brasileconomico.com.br<br />

Após a derrota de José Serra<br />

(PSDB) na disputa municipal<br />

de São Paulo para o rival petista<br />

Fernando <strong>Haddad</strong> no último<br />

domingo, o sociólogo e cientista<br />

político Antonio Lavareda<br />

argumenta que a mesa diretora<br />

tucana deve começar já a se<br />

movimentar para fortalecer o<br />

nome de Aécio Neves para as<br />

eleições de 2014.<br />

“Esse nome preencheria o figurino<br />

que o ex-presidente Fernando<br />

Henrique desenhou de<br />

renovação nas hostes tucanas”,<br />

aponta Lavareda, observando<br />

que a ação tem o objetivo de<br />

atender os anseios da população,<br />

que pede renovação de quadros.<br />

“Ao que tudo indica, o cenário<br />

político no país parece<br />

que vai andar nessa direção”,<br />

completa o especialista.<br />

Quanto ao futuro de Serra,<br />

Lavareda aponta que apesar<br />

de o PSDB ter muitos quadros,<br />

há com certeza poucos nomes<br />

tão qualificados como o dele,<br />

que já foi prefeito e governador,<br />

e por isso acredita que o<br />

partido deve refletir sobre seu<br />

reaproveitamento.<br />

A aposta mais acertada é<br />

que o governador Geraldo Alckmin<br />

o convide para integrar<br />

seu secretariado. “Isso contribuirá<br />

para a qualidade e desempenho<br />

do governo de São Paulo”,<br />

acredita.<br />

Sobre os motivos que levaram<br />

o tucano a obter um resultado<br />

desfavorável nesta eleição,<br />

Lavareda observa que a<br />

campanha de Serra não foi capaz<br />

de administrar e fazer<br />

uma releitura dos fatores responsáveis<br />

pela taxa de rejeição,<br />

que no segundo turno<br />

atingiu a marca extremamente<br />

elevada de 52%.<br />

Discurso petista<br />

Enquanto isso, Lavareda conta<br />

que os discursos e propostas da<br />

campanha de <strong>Haddad</strong>, destacando<br />

um novo perfil de inovação e<br />

renovação dos candidatos do<br />

PT, tiveram mais apelo junto<br />

aos eleitores.<br />

Com o PT à frente da principal<br />

prefeitura do país, o poder<br />

simbólico da presidente <strong>Dilma</strong><br />

Rousseff fica fortalecido, ajudando-a<br />

na disputa à reeleição<br />

de 2014, acredita Lavareda.<br />

Contudo, o cientista político<br />

observa que esse resultado<br />

não altera a correlação de forças<br />

na Câmara. “Então, de<br />

imediato, essas eleições proporcionam<br />

sensação de bemestar<br />

da base política do governo”,<br />

explica.<br />

Lavareda observa também<br />

que o PSB, base política do governo,<br />

sai vitorioso dessa eleição,<br />

com a vitória de Roberto<br />

Claudio para a prefeitura de Fortaleza,<br />

no Ceará.<br />

Contudo, ele não deixa de<br />

chamar a atenção quanto a expansão<br />

desse partido, que atingiu<br />

apenas 42%, contra os 78%<br />

nas eleições de 2008.<br />

“Esse crescimento do PSB coloca<br />

algumas interrogações<br />

quanto ao comportamento da legenda<br />

na próxima eleição presidencial<br />

e coloca um certo potencial<br />

de uma eventual ruptura na<br />

base de sustentação política do<br />

governo”, destaca.<br />

Por outro lado, Lavareda afirma<br />

que é preciso estar atento à<br />

próxima reforma ministerial,<br />

que definirá se o PSB vai continuar,<br />

ou não, fazendo parte do<br />

ministério no governo <strong>Dilma</strong>.<br />

“Nesse momento boa parte<br />

do que se espera que possa ocorrer<br />

em 2014 já vai ser respondido”,<br />

finaliza. ■


12 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

BRASIL<br />

Divulgação<br />

JUSTIÇA<br />

Número de processos cresceu 8,8% em 2011<br />

e chegou a 90 milhões, diz pesquisa do CNJ<br />

Levantamento do Conselho Nacional de Justiça aponta que os tribunais<br />

brasileiros resolveram 26 milhões de processos em 2011. O volume<br />

indica um crescimento de 7,4% em relação a 2010. Contudo, o estoque<br />

pendente na Justiça não foi reduzido por causa do aumento da de<strong>manda</strong>.<br />

No ano passado o número de casos novos subiu 8,8%. Ao longo<br />

de 2011 tramitaram no país quase 90 milhões de processos. ABr<br />

Crédito disponível deverá<br />

dobrar até 2015, diz estudo<br />

TRÊS PERGUNTAS A...<br />

Nilton Fukuda<br />

Segundo consultoria, a volta do crescimento do país baliza a expansão dos recursos<br />

para financiamento que, em contrapartida, ajudam na estabilização da economia<br />

Gustavo Machado<br />

gmachado@brasileconomico.com.br<br />

Com a estabilização da inadimplência,<br />

embora ainda esteja em<br />

patamares elevados, previsões<br />

sobre crédito no <strong>Brasil</strong> voltam para<br />

o campo positivo. O bom período<br />

que o país deve atravessar<br />

nos próximos anos, segundo economistas,<br />

deve balizar a expansão<br />

e maior qualidade dos recursos,<br />

que em contrapartida, devem<br />

estabilizar o crescimento.<br />

Em relatório da consultoria<br />

LCA, o qual o BRASIL ECONÔMICO<br />

teve acesso com exclusividade,<br />

indica que até 2015, os recursos<br />

livres para pessoas físicas e jurídicas<br />

devem saltar 56%. Se somado<br />

o volume para empréstimo<br />

imobiliário, o montante disponível<br />

para impulsionar o consumo<br />

e os investimentos podem<br />

dobrar.<br />

Entre os fatores de propulsão<br />

do crédito, diz Wermeson França,<br />

economista da Consultoria,<br />

00<br />

00<br />

00<br />

00<br />

00<br />

00<br />

20<br />

estão a volta do crescimento<br />

econômico e os grandes eventos,<br />

com notável impacto sobre<br />

os investimentos em infraestrutura.<br />

Segundo ele, Produto Interno<br />

Bruto (PIB) e financiamento<br />

caminham juntos. “A conta é<br />

inflação, mais PIB, mais potencial<br />

de crescimento do crédito.<br />

Isso nos mostra que até 2015, devemos<br />

ter uma expansão anual<br />

de 16% do crédito no país.”<br />

Embora França divulgue os<br />

números com otimismo, a média<br />

de crescimento está abaixo<br />

da observada entre os anos de<br />

2004 e 2011, quando a expansão<br />

anual foi de 21%. “Neste sentido,<br />

o financiamento no <strong>Brasil</strong><br />

vai se aproximando cada vez<br />

mais da média mundial, que está<br />

em torno de 60%”, diz.<br />

Nas estimativas da LCA, os recursos<br />

livres para pessoas físicas,<br />

jurídicas e o crédito direcionado<br />

— setor imobiliário, principalmente<br />

— deverão representar<br />

49% do PIB em 2015. Em<br />

EXPANSÃO<br />

Até 2015, crédito disponível será quatro vezes maior que<br />

em 2007, em R$ bilhões<br />

0<br />

15<br />

0<br />

5<br />

0<br />

Física<br />

2007<br />

2007<br />

2008<br />

Mas crescerá sustentavelmente em relação<br />

à economia do país, em % do PIB<br />

2008<br />

Jurídica<br />

477 470 485<br />

318 343 394<br />

11,9 12,9<br />

Fonte: LCA<br />

2009<br />

2009<br />

560 556<br />

2010<br />

2010<br />

749 755<br />

651 654<br />

2011<br />

2011<br />

2012<br />

2012<br />

1.173 1.168<br />

1.010 1.010<br />

869 873<br />

2013<br />

2013<br />

Previsão<br />

2014<br />

Previsão<br />

19,0<br />

15,7 15,2 15,1 15,8 16,8 17,2<br />

18,0<br />

14,8 15,2 15,7 16,8 16,9 17,5 18,3<br />

13,0<br />

2014<br />

2015<br />

2015<br />

2011 a relação ficou em 36,3%.<br />

Para Carlos Thadeu de Freitas<br />

Gomes, Chefe do Departamento<br />

Econômico da Confederação<br />

Nacional do Comércio (CNC), os<br />

bens de consumo não duráveis<br />

terão melhor desempenho no<br />

curto prazo com a retomada do<br />

crédito. Segundo ele, os itens<br />

duráveis devem continuar a patinar,<br />

ao menos,<br />

até fim de 2013.<br />

“Continuamos<br />

a ter um ciclo favorável<br />

de consumo<br />

devido ao emprego.<br />

A massa<br />

de salários continua<br />

a crescer acima<br />

do PIB”, explica<br />

o economista.<br />

Ele diz que, mesmo em 2012,<br />

o comércio varejista deve se<br />

comportar bem. Suas previsões<br />

sugerem um crescimento do setor<br />

em torno de 7,5%. Em 2013,<br />

com a aceleração de outros segmentos<br />

da economia, como indústria<br />

e agropecuária, o varejo<br />

deve desacelerar para perto de<br />

7%. Patamares ainda elevados,<br />

comemora Gomes. “O setor continua<br />

acima do PIB.”<br />

Seu temor, no entanto, se<br />

apresenta quando questionado<br />

Em 2015, crédito<br />

para pessoas<br />

físicas e jurídicas<br />

e para imobiliário<br />

pode chegar a<br />

49% do PIB<br />

Henrique Manreza<br />

Crescimento do setor varejista vai continuar acima do PIB do país<br />

sobre a indústria. Gomes diz<br />

que o modelo de incentivos ao<br />

consumo está esgotado. Apesar<br />

do salto de vendas nos setores<br />

beneficiados pela redução do<br />

Impostos sobre Produto Industrializado<br />

(IPI), esta política<br />

não se mostra benéfica no longo<br />

prazo. “A indústria tem um problema<br />

externo, que precisa ser<br />

resolvido. Não sabemos<br />

como o<br />

país irá aproveitar<br />

este novo ciclo<br />

econômico favorável,<br />

mas sabemos<br />

que o consumo<br />

não pode continuar<br />

sendo a<br />

principal diretriz<br />

da economia.”<br />

Para Gomes, que é ex-secretário<br />

do Banco Central, uma das<br />

tarefas do governo será incentivar<br />

os investimentos. Hoje, apenas<br />

o Banco Nacional do Desenvolvimento<br />

Econômico e Social<br />

(BNDES) tem condição de financiar<br />

investimentos, tanto da iniciativa<br />

privada quanto do setor<br />

público. “Com a economia em<br />

alta, a de<strong>manda</strong> por este tipo de<br />

crédito aumentará, e serão necessárias<br />

mais opções além do<br />

BNDES”, argumenta. ■<br />

...ROBERTO LUIS TROSTER<br />

Consultor financeiro, foi<br />

economista-chefe da Febraban<br />

“Financiamento que<br />

exerce influência na<br />

economia não cresce”<br />

Mais pessismista que seus<br />

colegas, o ex-economista-chefe<br />

da Febraban prevê um cenário<br />

turbulento para o crédito.<br />

Segundo ele, apesar da<br />

importância dos recursos para<br />

a economia, a dinâmica atual<br />

do sistema financeiro inviabiliza<br />

a expansão do crédito no país.<br />

Quais são os principais<br />

impeditivos para a expansão<br />

do crédito no país?<br />

Há dois problemas principais. Um<br />

é da dinâmica econômica atual,<br />

o outro é do sistema regulatório.<br />

Temos uma inadimplência alta,<br />

forçando baixa oferta e de<strong>manda</strong>.<br />

Existe uma política de crédito<br />

ruim que levou a isso. O outro são<br />

as regras que regem o sistema.<br />

Elas foram criadas há 50 anos.<br />

Não existe mais o relacionamento<br />

com bancos, e sim com<br />

produtos. A oferta de crédito<br />

é fragmentada, produto a<br />

produto. As regras precisam<br />

ser rapidamente atualizadas.<br />

Existe alguma regra que<br />

precise ser atualizada<br />

com urgência?<br />

Há vontade para mudá-la?<br />

A indexação é uma delas. Não faz<br />

sentido. Só encarece as operações.<br />

Acredito que haja vontade<br />

entre os bancos para acabar<br />

com a indexação do crédito.<br />

É um sistema completamente<br />

inadequado aos dias de hoje.<br />

Mesmo assim, o senhor<br />

projeta uma expansão no país.<br />

A que se deve o crescimento?<br />

A expansão é composta<br />

basicamente por inflação e por<br />

financiamentos concedidos às<br />

grandes companhias. O crédito<br />

que faz diferença, para o<br />

consumidor e pequenas empresas,<br />

não cresce no país. Operações<br />

abaixo de R$ 5 mil estão<br />

caindo. É esse o empréstimo<br />

que influencia a economia<br />

e o que precisa crescer. G.M.


PODER ONLINE<br />

Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 13<br />

>>> Leia mais em www.ig.com/poderonline<br />

FERNANDO MOLICA<br />

poderonline@ig.com<br />

Os suplentes assumem<br />

Graças às eleições municipais, 25 suplentes de deputados federais terão<br />

a chance de pisar no tapete verde da Câmara dos Deputados e, assim,<br />

exercer dois anos de <strong>manda</strong>to. Eleitos prefeitos, os titulares trocarão<br />

Brasília por suas cidades. O PSB foi o partido que mais elegeu prefeitos<br />

com <strong>manda</strong>tos de deputado federal: cinco. Os suplentes que assumirão<br />

as cadeiras na Câmara serão definidos de acordo com as coalizações<br />

fechadas em 2010. Cinco deputados federais do PMDB conquistaram<br />

prefeituras. Os outros eleitos são do PSDB (quatro); PT e DEM<br />

(dois cada), PP, PTB, PR, PV, PRB e PTC (um prefeito cada). Se fosse<br />

uma disputa entre as duas Casas do Congresso Nacional, a Câmara teria<br />

dado uma surra no Senado, que não elegeu nenhum dos seus cinco<br />

integrantes que disputaram prefeituras de capitais dos estados. ■<br />

Fabio Pozzebom/ABr<br />

CURTAS<br />

●<br />

A Polícia Federal abriu<br />

➤<br />

inquérito para investigar<br />

possíveis irregularidades nas<br />

obras do setor de emergência<br />

do Hospital Geral de Bonsucesso,<br />

que pertence ao Ministério da<br />

Saúde. Há 20 meses a emergência<br />

do hospital funciona em um<br />

contêiner. O inquérito, da<br />

Delegacia de Repressão a Crimes<br />

Financeiros e Desvio de Recursos<br />

Públicos, vai apurar possível<br />

malversação de verba pública,<br />

peculato e fraude em licitação.<br />

●<br />

Eduardo Cunha (RJ) diz<br />

➤<br />

que só pedirá votos para<br />

a conquista da liderança do<br />

PMDB na Câmara dos Deputados<br />

depois que o líder, Henrique<br />

Eduardo Alves (RN), for eleito<br />

para a presidência da Casa. Diz<br />

que a antecipação da campanha<br />

seria prejudicial aos candidatos<br />

e representaria uma descortesia<br />

com Alves. Também disputam<br />

a liderança Marcelo Castro (PI),<br />

Sandro Mabel (GO), Rose de<br />

Freitas (ES) e Danilo Fortes (CE).<br />

●<br />

Envolvida com as<br />

➤<br />

campanhas do PT na<br />

Grande São Paulo, a ministra<br />

Marta Suplicy ainda não<br />

parou muito em seu gabinete,<br />

mas tem agradado os servidores<br />

do Ministério da Cultura.<br />

O pessoal gosta do estilo<br />

agitado da nova chefe, que<br />

costuma dar ordem uma vez<br />

só e cobrar retorno. O perfil<br />

contrasta com a sempre<br />

calma Ana de Hollanda.<br />

A irmã de Chico Buarque<br />

perdeu a pasta após exigir<br />

mais recursos para Cultura<br />

no Orçamento de 2013.<br />

Até aí, uma reivindicação<br />

honesta. O problema foi<br />

ter feito isso por carta aberta<br />

à ministra Miriam Belchior<br />

(Planejamento). Marta foi<br />

mais direta: marcou reunião<br />

e apresentou as necessidades<br />

de seu ministério à colega<br />

responsável por decidir<br />

quanto cada gabinete da<br />

Esplanada pode gastar.<br />

A turma gostou da atitude.<br />

●<br />

Para o senador<br />

➤<br />

Francisco Dornelles (RJ),<br />

presidente nacional do PP,<br />

a boa relação entre seu partido<br />

e o PT no processo eleitoral<br />

ajudará a manter o<br />

correligionário Aguinaldo<br />

Ribeiro no Ministério das<br />

Cidades. A vaga de Ribeiro<br />

é desejada pelo PSD do<br />

prefeito de São Paulo,<br />

Gilberto Kassab. Em São<br />

Paulo, o PP — liderado por<br />

Paulo Maluf — apoiou<br />

Fernando <strong>Haddad</strong> (PT) desde<br />

o primeiro turno; em Campo<br />

Grande (MS), os petistas<br />

ficaram com o prefeito eleito<br />

Alcides Bernal (PP) no<br />

segundo turno. Dornelles<br />

também destaca o trabalho<br />

de Ribeiro no ministério<br />

e seu bom relacionamento<br />

com a presidente <strong>Dilma</strong><br />

Rousseff. “Acredito que ele<br />

será mantido”,<br />

➔<br />

Colaboraram<br />

Vasconcelos Quadros<br />

e Marcel Frota<br />

Ayres Britto pode sair do STF sem<br />

deixar por escrito penas do mensalão<br />

Presidente da Corte se aposentará no próximo dia 14 e tem se mostrado constrangido em não participar do julgamento até<br />

os debates finais. Estabelecimento de critérios para as punições vem provocando polêmica entre os ministros do Supremo<br />

A conclusão da Ação Penal 470,<br />

o processo do mensalão, no Supremo<br />

Tribunal Federal (STF)<br />

deverá ocorrer depois da aposentadoria<br />

do presidente da Corte,<br />

Carlos Ayres Britto. Ele sairá<br />

do STF no dia 14 de novembro e<br />

ainda tem dúvida se deixará as<br />

sugestões de penas por escrito.<br />

Ayres Britto tem se mostrado<br />

desconfortável com a hipótese<br />

de não participar dos debates finais<br />

do julgamento.<br />

A fixação das penas está provocando<br />

polêmica desde 23 de<br />

outubro. Os ministros não conseguem<br />

chegar a um critério objetivo<br />

para as punições, o que<br />

deixa o julgamento imprevisível.<br />

Essa situação é o principal<br />

empecilho para que Ayres Britto<br />

deixe o voto por escrito.<br />

Os ministros não se entendem,<br />

por exemplo,<br />

sobre os critérios<br />

de aumento<br />

de pena para os<br />

crimes cometidos<br />

— entre eles a<br />

continuidade delitiva,<br />

quando um<br />

crime dá origem<br />

Celso de Mello<br />

reforça que penas<br />

precisam ser<br />

previsíveis<br />

para servir de<br />

parâmetro<br />

a outros da mesma espécie. Enquanto<br />

uma corrente defende a<br />

majoração no limite máximo<br />

permitido por lei — dois terços<br />

da pena original — nos casos em<br />

que houve dezenas de atos criminosos,<br />

outro grupo defende<br />

aumento de um terço para evitar<br />

que a pena seja muito alta.<br />

Nessas situações, o decano<br />

da Corte, ministro Celso de Mello,<br />

sempre interfere lembrando<br />

que o STF precisa ter penas<br />

mais previsíveis, inclusive para<br />

servir de parâmetro aos juízes<br />

de primeira instância. Os ministros,<br />

no entanto, não têm chegado<br />

a consenso até agora.<br />

Um exemplo das limitações<br />

das penas fixadas com antecedência<br />

é o caso do ex-ministro<br />

Cezar Peluso. Ele se aposentou<br />

logo no início do julgamento<br />

do mensalão, deixando<br />

por escrito<br />

somente parte<br />

das condenações.<br />

Seu voto<br />

frequentemente<br />

é esquecido pelos<br />

colegas por<br />

não se encaixar<br />

em nenhuma corrente majoritária,<br />

e o voto acaba isolado,<br />

sem possibilidade de ser alterado.<br />

É esse tipo de situação que<br />

Ayres Britto quer evitar.<br />

Redução de penas<br />

A fixação de penas da Ação Penal<br />

470, o processo do mensalão,<br />

fase iniciada na semana<br />

passada STF, pode sofrer alterações<br />

significativas até o fim do<br />

julgamento. Além de revisões<br />

pontuais nos votos, os ministros<br />

podem adotar uma tese<br />

bastante favorável aos réus,<br />

considerando vários crimes diferentes<br />

como um só.<br />

A hipótese de continuidade<br />

delitiva já está sendo usada para<br />

fixar penas nos casos em<br />

que houve vários atos de um<br />

mesmo crime, como no de lavagem<br />

de dinheiro - quando o publicitário<br />

Marcos Valério fez 46<br />

operações, por exemplo. Para<br />

evitar uma punição muito grande,<br />

os ministros optam por fixar<br />

somente uma pena, somando<br />

o agravante no final.<br />

A continuidade delitiva para<br />

crimes diferentes, no entanto,<br />

foi abordada em plenário apenas<br />

na última quinta-feira<br />

(25). Na ocasião, os ministros<br />

tentavam convencer o revisor<br />

da ação penal, Ricardo Lewandowski,<br />

a tornar seu voto mais<br />

severo na condenação de Ramon<br />

Hollerbach, sócio de Marcos<br />

Valério, pelo crime de lavagem<br />

de dinheiro.<br />

José Cruz/Abr<br />

Celeuma entre ministros atrapalha voto de Carlos Ayres Britto<br />

Lewandowski citou como<br />

exemplo o caso dos crimes de<br />

corrupção ativa, corrupção passiva<br />

e peculato. “Poderia-se,<br />

eventualmente, evoluir no sentido<br />

de, em vez de considerar o<br />

concurso material, (considerar)<br />

a continuidade delitiva, aí eu internamente<br />

reajustaria meus<br />

critérios”, sugeriu. ■ ABr


14 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

INOVAÇÃO & EMPREENDEDORISMO<br />

Editor executivo: Gabriel de Sales gsales@brasileconomico.com.br<br />

QUARTA-FEIRA<br />

EDUCAÇÃO/GESTÃO<br />

QUINTA-FEIRA<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Os desafios diferenciados<br />

de pousadas e restaurantes<br />

Dono do restaurante Othelo, Cláudio Vieira de Moraes diz que a maior motivação é ver o cliente satisfeito<br />

Niviane Magalhães<br />

nmagalhaes@brasileconomico.com.br<br />

Quem resolve se dedicar empresarialmente<br />

a pousadas no<br />

litoral e a restaurantes sofisticados,<br />

em São Paulo, precisa estar<br />

atento a duas questões básicas:<br />

o atendimento a um público<br />

exigente e a forte competitividade.<br />

Cláudio Vieira de Moraes,<br />

hoje com 33 anos, aprendeu<br />

isso bem cedo.<br />

De uma família tradicional<br />

do Campo Belo, em São Paulo,<br />

ele percebeu que tinha o espírito<br />

empreendedor desde que<br />

era menino, quando já liderava<br />

grupos escolares. Aos 12<br />

anos, começou a fazer aulas de<br />

equitação e logo teve resultados<br />

em competições. Aos 19<br />

anos, em um grande prêmio<br />

em Curitiba, sofreu um acidente<br />

e, a partir de então, sua história<br />

tomou outro rumo. Sem<br />

poder competir, foi convidado<br />

para dar aulas de equitação.<br />

“Eu era moleque<br />

e já convivia<br />

com empresários”,<br />

conta.<br />

Depois de um<br />

tempo, foi convidado<br />

para ser supervisor.<br />

Foi<br />

quando decidiu<br />

montar e liderar<br />

uma equipe de competidores<br />

profissionais. “O que me fez trabalhar<br />

desde cedo foi o fato de<br />

eu ter dois irmãos mais velhos.<br />

Sempre participei das reuniões<br />

de igual para igual. Quando eu<br />

tinha 21 anos, montamos uma<br />

escola de futebol”, explica.<br />

A partir de então, Cláudio viu<br />

sua vocação de empreendedor<br />

deslanchar. Um ano após a inauguração<br />

da escola de futebol,<br />

ele e os irmãos decidiram investir<br />

em pousadas. A primeira, em<br />

Juquehy, litoral Norte de São<br />

Paulo, foi a Bico Verde. “Percebi<br />

que o que me satisfazia eram<br />

negócios ligados ao prazer e em<br />

atender ao público”, pontua.<br />

Com a inauguração da primeira<br />

pousada, os passos para a<br />

aquisição de outras três foram<br />

curtos. No entanto, o empresário<br />

sentia que faltava algo. “A<br />

minha cabeça não para. Eu mal<br />

termino uma coisa e já estou<br />

pensando em outra”. Há seis<br />

anos, como a família possuía<br />

imóveis na região do Campo Belo,<br />

Cláudio decidiu abrir um restaurante,<br />

mas queria que fosse<br />

requintado, pois o bairro ainda<br />

não possuía algo do tipo.<br />

Em dois anos, entre operações<br />

burocráticas e reformas,<br />

ele pôde aprender um pouco<br />

Está prevista para<br />

dezembro a<br />

inauguração de<br />

La Quottidiana,<br />

trattoria com tíquete<br />

médio de R$ 70<br />

SOSSEGO E BEM-ESTAR<br />

Pousadas em São Paulo<br />

Bico Verde, em Juquehy<br />

Moryba, em Juquehy<br />

Aroeira, na Barra do Sahy<br />

Vila Marítima, em Juquehy<br />

Tupinambá, em Juquehy<br />

Fonte: empresa<br />

mais sobre a gastronomia.<br />

“Sempre gostei de ir a restaurantes<br />

nas minhas viagens. Por<br />

isso eu queria que fosse algo certeiro.<br />

Não podia errar, pois em<br />

São Paulo a competitividade é<br />

muito grande”, destaca. Então,<br />

em 2008, surgiu o Othelo, nome<br />

dado em homenagem a um<br />

cavalo que seu avô tinha.<br />

Com tantos negócios, o empresário<br />

decidiu abandonar as<br />

aulas de equitação. No entanto,<br />

ele continua a frente das<br />

pousadas com<br />

os irmãos. “Eu<br />

tive que me<br />

adaptar a esta<br />

situação. Todos<br />

os dias estou no<br />

restaurante,<br />

mas dedico<br />

dois dias da semana<br />

para reuniões<br />

sobre as pousadas. Além<br />

disso, em alguns finais de semana<br />

vou até Juquehy”.<br />

Para dezembro, Cláudio prepara,<br />

juntamente com o chef<br />

Sérgio Arno, a inauguração do<br />

restaurante La Quottidiana,<br />

uma trattoria, que terá ticket<br />

médio de R$ 70. “Meu plano é<br />

consolidar a trattoria nos primeiros<br />

seis meses e, logo em seguida,<br />

partir para outros ramos<br />

da gastronomia”. Em relação<br />

às pousadas, ele conta que<br />

o número está fechado e que<br />

não pretende mais investir.<br />

Quanto ao sucesso aos 33<br />

anos, Cláudio o atribui a uma<br />

VOO ALTO<br />

RESTAURANTE<br />

R$ 1,3 milhão<br />

(capital próprio)<br />

R$ 90<br />

R$ 2 milhões<br />

18%<br />

Classes A e B<br />

série de fatores. Entre eles, dedicação<br />

ao trabalho, força de<br />

vontade e muito estudo. “Hoje<br />

em dia, não dá para ‘tentar’<br />

abrir alguma coisa. Em São<br />

Paulo, você já tem que inaugurar<br />

algo com algum diferencial,<br />

pois a concorrência é muito<br />

grande”, explica. ■<br />

Os negócios do Othelo em expansão<br />

INVESTIMENTO<br />

TÍQUETE MÉDIO<br />

FATURAMENTO ANUAL<br />

ESTIMATIVA DE<br />

CRESCIMENTO EM 2012<br />

PÚBLICO<br />

POUSADAS<br />

R$ 800 mil<br />

(R$ 400 mil do capital no país)<br />

R$ 530<br />

por fim de semana o casal<br />

R$ 300 mil cada uma<br />

15% a 20%<br />

Classe B<br />

A arte de lidar com<br />

públicos específicos<br />

No restaurante, a busca é pela<br />

excelência no serviço; na pousada,<br />

é por descanso e bem-estar<br />

O empresário conta que a paixão<br />

pelo restaurante foi à primeira<br />

vista. “Meu maior receio<br />

era saber se as pessoas iriam conhecê-lo,<br />

pois ele está localizado<br />

em uma região onde antes<br />

não havia muitas opções, mas o<br />

reconhecimento veio muito rápido”,<br />

aponta Cláudio.<br />

Já a primeira pousada foi uma<br />

interrogação, pois não sabia se<br />

iria dar certo. “Depois que abrimos<br />

a primeira, os outros negócios<br />

foram surgindo como oportunidades<br />

e não por obrigação”.<br />

Para que elas dessem certo, ele<br />

Rodrigo Capote<br />

Cláudio Vieira de Moraes: “Em São Paulo, você tem que inaugurar algo já com algum diferencial”<br />

apostou por primar no atendimento<br />

e na manutenção.<br />

“Um caso é diferente do outro.<br />

Enquanto o cliente do restaurante<br />

busca excelência no<br />

atendimento e na comida, as<br />

pessoas que se hospedam nas<br />

pousadas buscam descanso e<br />

bem-estar”, pontua.<br />

Em relação aos cuidados, ele<br />

explica que o restaurante exige<br />

mais cuidado, pois os empregados<br />

são especialistas no assunto,<br />

o que acaba gerando uma disputa<br />

de egos.<br />

Já os trabalhadores das pousadas<br />

são pessoas mais simples e<br />

da região, o que acaba deixando<br />

o ambiente mais leve e fácil de<br />

conduzir e gerenciar. ■ N.M.


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 15<br />

SEXTA-FEIRA<br />

TECNOLOGIA<br />

SEGUNDA-FEIRA<br />

ECONOMIA CRIATIVA<br />

Sabor da Amazônia<br />

no copo de cerveja<br />

MARCELO NAKAGAWA<br />

Professor e coordenador do<br />

Centro de Empreendedorismo<br />

do Insper<br />

Bebida artesanal da Amazon Beer<br />

chega à Europa em novembro,<br />

depois à China e aos EUA<br />

Niviane Magalhães<br />

nmagalhaes@brasileconomico.com.br<br />

A expansão do mercado de cervejas<br />

artesanais chamou a atenção<br />

do empresário Arlindo Guimarães<br />

em 1999, que começou<br />

a pensar na possibilidade de trabalhar<br />

com esse produto. “Meu<br />

interesse sempre foi em me inspirar<br />

na rica variedade de frutas,<br />

sementes, raízes e madeiras<br />

que a floresta Amazônica<br />

oferece, para elaborarmos produtos<br />

únicos e não copiados”,<br />

destaca Guimarães.<br />

Após um ano, o empreendedor<br />

inaugurou a Amazon Beer.<br />

O nome, em inglês, é em homenagem<br />

à empresa que construiu<br />

o Porto de Belém em<br />

1907, chamada Amazon River.<br />

Logo no início, o investimento<br />

foi de R$ 10 milhões,<br />

entre capital próprio e financiamentos<br />

do Banco Nacional<br />

do Desenvolvimento (BNDES)<br />

e do Banco da Amazônia (Basa).<br />

Em 2000, a capacidade de<br />

produção era de 12 mil litros<br />

por mês. Atualmente, é de<br />

120 mil litros.<br />

“O mercado de cerveja artesanal<br />

é recente e vem crescendo<br />

extraordinariamente nos últimos<br />

cinco anos por causa do<br />

poder aquisitivo e interesse de<br />

degustar produtos diferenciados”,<br />

aponta o empresário.<br />

Para garantir o consumo do<br />

público exigente das classes<br />

AB e tentar migrar para a C,<br />

Arlindo conta que possui uma<br />

equipe para desenvolver os<br />

produtos, coordenada pelo<br />

mestre-cervejeiro Reynaldo<br />

Fogagnolli.<br />

Entre as mais vendidas, a pilsen<br />

de Bacuri (fruta da região) e<br />

a Witbier de Taperebá são os<br />

grandes destaques. Para dezembro,<br />

a empresa prepara o lançamento<br />

de três sabores.<br />

Divulgação<br />

A cerveja Stout de Açaí, a<br />

cerveja Red Ale maturada em<br />

Pripioca (raíz aromática da floresta<br />

Amazônica) e a cerveja<br />

I.P.A maturada em semente<br />

de Cumaru (também proveniente<br />

da floresta).<br />

Cada garrafa custa entre R$ 9<br />

e R$ 16. “Optamos pela garrafa,<br />

pois nada supera o vidro na<br />

manutenção da qualidade da<br />

bebida”, explica Guimarães.<br />

Além do aumento no número<br />

dos sabores, o empreendedor<br />

quer elevar os números da<br />

Amazon Beer.<br />

Neste ano, a empresa deverá<br />

encerrar com faturamento<br />

de R$ 12,5 milhões e para o<br />

ano que vem, a meta é atingir<br />

R$ 17 milhões.<br />

“Desde 2000, crescemos a<br />

uma taxa anual de 20%. Com os<br />

investimentos previstos, chegaremos<br />

a uma taxa de 35%.<br />

No início de novembro começaremos<br />

a exportação para<br />

a Europa. Em dezembro, para<br />

o mercado chinês e, em março<br />

de 2013, para os Estados Unidos”,<br />

completa. ■<br />

Site ensina as pessoas a não se<br />

“atrapalharem” com dinheiro<br />

Konkero, que significa conquista<br />

em esperanto, quer 500 mil<br />

usuários em dois anos<br />

Cervejaria de Belém do Pará produz atualmente 120 mil litros/mês<br />

GOSTINHO ARTESANAL<br />

Veja os passos para<br />

fabricar a sua cerveja<br />

1 Moagem do Malte<br />

2 Mistura de água<br />

3 Filtragem do bagaço do malte<br />

4 Fervura<br />

5 Separação do Trub<br />

(descarte de proteínas aglutinadas)<br />

6 Resfriamento<br />

7 Fermentação<br />

8 Maturação<br />

9 Filtragem de leveduras restantes<br />

10 Armazenamento<br />

11 Envase<br />

12 Distribuição<br />

Fonte: empresa<br />

A necessidade de tratar o assunto<br />

“finanças pessoais” com simplicidade<br />

foi o ponto de início<br />

para que Guilherme Prado criasse<br />

o site Konkero, com o ousado<br />

intuito de ajudar as pessoas a<br />

realizar sonhos. “Minha esposa<br />

fez doutorado em marcas para<br />

baixa renda e percebi que, apesar<br />

das opções, as pessoas se<br />

atrapalham com o dinheiro”, explica<br />

o empresário.<br />

Ele pontua ainda que a maioria<br />

da classe C hoje é formada<br />

por pessoas cujos pais não tiveram<br />

as oportunidades que possuem<br />

atualmente. “Cerca de<br />

50% dessas pessoas têm mais escolaridade<br />

do que os pais tiveram.<br />

Muitas estão comprando o<br />

primeiro carro da família, assim<br />

como a aquisição do primeiro<br />

cartão de crédito”.<br />

A ideia do site é criar uma<br />

forma envolvente para que as<br />

pessoas possam controlar mais<br />

os gastos e fazer o dinheiro render<br />

mais. De forma gratuita, a<br />

pessoa faz o cadastro, escolhe<br />

seu objetivo e começa a receber<br />

dicas para conseguir realizar<br />

o seu sonho. Entre eles,<br />

comprar um carro, uma casa,<br />

fazer uma faculdade ou até<br />

uma viagem. Segundo Prado, a<br />

empresa oferece oito objetivos,<br />

mas assim que as pessoas<br />

forem aderindo a ideia, devem<br />

lançar mais.<br />

Para adquirir a confiança do<br />

consumidor, ele colocará depoimentos<br />

de usuários para conquistar<br />

mais internautas, no site<br />

e no Facebook. Em dois anos,<br />

sua meta é ter 500 mil usuários<br />

e, já em 2013, faturar R$ 2 milhões.<br />

■ N.M.<br />

Não é um conto de<br />

fadas. É a vida...<br />

No Reino das Águas, havia um rei, Dácio, que lutava para não<br />

morrer. Já havia sido desenganado pelo câncer dez anos antes,<br />

mas havia uma magia que o mantinha vivo. Queria passar<br />

a sua sabedoria e o seu reinado para seu filho. Dácio sempre<br />

foi um iluminado. Nasceu na cidade Luz, município mineiro,<br />

uns 200 km pertim de Belo Horizonte, onde começou seu reinado<br />

distribuindo livros e revistas. Um ano de trabalho depois,<br />

uma enxurrada destruiu seu negócio. Mas a água suja<br />

que o destruiu foi a mesma que ele purificou e com a qual construiu<br />

seu reino, que agora transmitia ao seu filho, Dácio Jr.<br />

Mas como coisas ruins só acontecem com pessoas boas<br />

(já que, com pessoas más, é castigo), o encantamento do<br />

rei deixaria de existir no final de 2009. Um desentendimento<br />

na saída de uma padaria em Higienópolis, bairro de São<br />

Paulo, uma facada no abdômen e Dácio Jr perdia muito sangue.<br />

Nos contos de fadas, príncipes são feridos em combate,<br />

mas sobrevivem rumo a um final feliz. Mas aquela estória<br />

que o rei escrevia terminava ali. Deixava de ser um conto<br />

de fadas para virar estatística, dessas que você lê e esquece,<br />

até que a estatística se depara com você algum dia.<br />

A mágica tinha acabado, e acabado com a resiliência do<br />

rei. Poucos meses depois, não resistiu a uma nova enxurrada,<br />

mas agora de células cancerígenas. Desespero no reino<br />

que perdera seus dois líderes em pouco tempo. Além da rainha,<br />

havia uma jovem princesa<br />

de 26 anos que pouco<br />

Você pode achar<br />

que tudo isso<br />

não passa de um<br />

conto de fadas.<br />

Mas, na verdade,<br />

é só a vida que<br />

vale a pena<br />

ser vivida e a<br />

convicção de<br />

serem felizes<br />

sendo o que são<br />

entendia da administração<br />

do Reino das Águas. Como<br />

todas as princesas dos contos<br />

de fadas, Manuella fazia<br />

tudo direito e era toda coração.<br />

Gentil, bondosa e voluntária<br />

de causas sociais,<br />

agora se preocupava em ser<br />

mais razão para manter o legado<br />

das Águas e ir bem<br />

busca da paz que tinha até<br />

o Natal de 2009.<br />

Mas estórias assim precisam<br />

de um guerreiro de um<br />

território distante. E ele apareceu.<br />

Diogo era um soldado<br />

em busca de um coração.<br />

Já havia lutado em batalhões de grandes corporações, travado<br />

lutas cerebrais em projetos de consultoria estratégica e sobrevivido<br />

aos relâmpagos criativos das agências de publicidade.<br />

Engenheiro de formação, sabia que tinha cérebro mas achava<br />

que lhe faltava um coração que batesse por um propósito<br />

maior do que frameworks dos templates dos powerpoints.<br />

Buscava uma semente para ajudar a tornar o mundo melhor.<br />

E como este romance é moderno, ambos foram se encontrar<br />

em um curso chamado Certificate in Business Administration.<br />

Entre uma análise SWOT e o cálculo do custo médio<br />

ponderado de capital, passaram a falar de como a vida não é<br />

um conto de fadas. Manuella falava de grandes propósitos e<br />

de um mundo melhor, e Diogo, dos tais frameworks que havia<br />

aprendido na empresa de consultoria, dos briefings das<br />

agências de propaganda e de project management das grandes<br />

empresas. Não viam o tempo passar e, de repente, era<br />

ela falando de gestão de projeto, briefings e frameworks, e<br />

ele, de grandes propósitos na vida. Ela falava de conselhos<br />

de administração e ele de guerreiros sem armas. Ela dizia<br />

coisas sobre yoga e ele sobre triatlo. Ela de água, e ele, de sementes.<br />

Ela, Manuella Curti de Souza, diretora geral do Grupo<br />

Europa, líder nacional em purificação de água e ele, Diogo<br />

Tolezano, empreendedor do Sementes da Paz, um negócio<br />

social que pratica o comércio justo de alimentos orgânicos<br />

produzidos por pequenos agricultores.<br />

Você pode achar que tudo isso não passa de um conto de<br />

fadas. Mas, na verdade, é só a vida que vale a pena ser vivida<br />

e a convicção de serem felizes sendo o que são. ■


16 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

EMPRESAS<br />

Editora executiva: Jiane Carvalho jcarvalho@brasileconomico.com.br<br />

Subeditoras: Rachel Cardoso rcardoso@brasileconomico.com.br<br />

Patrícia Nakamura pnakamura@brasileconomico.com.br<br />

Sá Cavalcante investe R$ 4 bi<br />

para ter 10 shoppings até 2015<br />

Grupo se especializou em complexos comerciais, que deverão gerar R$ 400 milhões este ano<br />

Juliana Ribeiro<br />

jribeiro@brasileconomico.com.br<br />

O mercado de shoppings center<br />

no <strong>Brasil</strong> está em franca expansão<br />

e o grupo Sá Cavalcante faz<br />

parte desse cenário. A holding<br />

que nasceu no Ceará há 36 anos<br />

com o DNA de construtora e incorporadora,<br />

tem um modelo<br />

de negócio integrado e um plano<br />

ousado: saltar dos atuais três<br />

shoppings para 10 unidades no<br />

portfólio, entre obras concluídas<br />

e em andamento, até 2015.<br />

“Nosso foco é investir em cidades<br />

de médio porte, com grande<br />

potencial de crescimento”,<br />

explica Leonardo Cavalcante,<br />

presidente da divisão de shoppings<br />

e filho do fundador da<br />

companhia.<br />

Para isso, o grupo está investindo<br />

cerca de R$ 4 bilhões na<br />

compra de terrenos e na construção<br />

dos empreendimentos.<br />

Seguindo com o plano de expansão,<br />

em julho, a Sá Cavalcante<br />

fez uma emissão de debêntures,<br />

a primeira oferta pública de valores<br />

mobiliários feita pela companhia,<br />

no valor de R$ 350 milhões.<br />

O valor adquirido vem<br />

sendo investido nos projetos de<br />

construção dos shoppings.<br />

Complexos imobiliários<br />

A estratégia de negócio da empresa<br />

passa pela integração. Depois<br />

de vender o shopping Tijuca,<br />

no Rio de Janeiro, para o grupo<br />

BR Malls por R$ 800 milhões<br />

em 2010, a companhia incrementou<br />

seus projetos. Seguindo<br />

a tendência de complexos que<br />

reúnem salas comerciais, edifícios<br />

residenciais e centros comerciais,<br />

como por exemplo, o<br />

Cidade Jardim, endereço nobre<br />

de São Paulo pertencente ao grupo<br />

JHSF, a Sá Cavalcante tem<br />

em seu portfólio alguns dos<br />

maiores complexos do Norte e<br />

Nordeste do país. Só no Espírito<br />

Santo são dois shoppings em<br />

funcionamento, outros dois em<br />

construção e um quinto projeto<br />

em desenvolvimento — todos<br />

nesse modelo.<br />

Em São Luís (MA), o shopping<br />

da Ilha é o maior empreendimento<br />

da cidade e está em fase<br />

de expansão. Serão construídas<br />

torres com 3,2 mil unidades<br />

entre apartamentos e salas comerciais.<br />

A prefeitura da cidade<br />

optou por transformar a região<br />

em um bairro, que se chamará<br />

Reserva da Ilha e ficará a cargo<br />

da Sá Cavalcante. “Cuidaremos<br />

de toda a infraestrutura da<br />

região”, explica Cavalcante. O<br />

investimento na criação do<br />

complexo de escritórios e apartamentos<br />

começou em 2010 e<br />

deverá somar R$ 1 bilhão até<br />

sua conclusão, prevista para<br />

três anos.<br />

Cavalcante revela que o grupo<br />

também está desenvolvendo<br />

o estudo da viabilidade de investir<br />

em um complexo comercial<br />

em Guarulhos, região metropolitana<br />

de São Paulo. “Estamos levantando<br />

os custos e desenvolvendo<br />

o projeto.”<br />

A construção de<br />

um shopping costuma<br />

ser para a<br />

companhia, o primeiro<br />

pilar para a<br />

entrada do grupo<br />

em uma nova<br />

área. “Depois de<br />

instalado, a incorporadora<br />

chega com os lançamentos<br />

das torres e montamos<br />

o complexo”, explica Cavalcante.<br />

Com a constante prospecção<br />

de áreas e regiões, a companhia<br />

já tem uma reserva de terras quitada<br />

no valor de R$ 6 bilhões.<br />

“Isso nos dá muita segurança para<br />

expandir nos próximos anos”,<br />

explica o executivo.<br />

Para agilizar o trabalho e<br />

manter o controle de qualidade<br />

dos empreendimentos que<br />

constrói, a Sá Cavalcante cuida<br />

de todos os processos da obra,<br />

Com reserva de<br />

terras de R$ 6<br />

bilhões, grupo<br />

tem segurança<br />

para investir em<br />

novos projetos<br />

EMPREENDIMENTOS<br />

Há quase 40 anos no mercado, grupo<br />

Sá Cavalcante leva a diversificação a sério<br />

NEGÓCIOS<br />

SHOPPINGS (EM FUNCIONAMENTO E EM OBRAS)<br />

Fonte: KPMG<br />

3<br />

INCORPORADORA<br />

1<br />

FRANQUIAS - BOBS E SPOLETO<br />

27<br />

EMISSORA DE TV<br />

1<br />

FATURAMENTO TOTAL<br />

R$ 400 milhoes<br />

desde a prospecção do terreno,<br />

desenvolvimento do projeto<br />

de engenharia e arquitetura,<br />

passando pela comercialização<br />

dos espaços e administração<br />

dos condomínios. Em Teresina,<br />

o grupo está construindo o<br />

shopping Rio Poti, que além de<br />

prédios comerciais e residenciais,<br />

terá um hotel integrado<br />

ao complexo.<br />

Atuação diversificada<br />

Cavalcante explica que apesar<br />

de os principais investimentos<br />

do grupo estarem na região<br />

Nordeste, a ampliação da área<br />

é uma possibilidade. Segundo<br />

ele, além do projeto<br />

em Guarulhos,<br />

ainda não<br />

há nenhuma outra<br />

região com<br />

planos em desenvolvimento,<br />

mas<br />

ele dá dicas de<br />

onde o grupo poderá<br />

atuar nos<br />

próximos anos. “Gosto muito<br />

da região Centro-Oeste, no passado<br />

estudamos algumas operações<br />

por lá, mas bateu na trave”,<br />

brinca.<br />

A previsão do grupo é fechar<br />

este ano com valores gerais de<br />

vendas, ou seja, o potencial disponível<br />

para comercialização<br />

de R$ 410 milhões, incluindo os<br />

complexos com shoppings e prédios,<br />

ante R$ 290 milhões no<br />

ano passado. Para 2015, a expectativa<br />

é alcançar o montante de<br />

R$ 500 milhões. ■<br />

SHOPPING CENTERS<br />

EM FUNCIONAMENTO<br />

EM OBRAS<br />

PROJETOS<br />

INVESTIMENTO TOTAL<br />

*Incluindo participação de lojistas, recursos próprios e emissão de debêntures<br />

3<br />

São Luís (MA), Serra (ES) e Vila Velha (ES)<br />

3<br />

Teresina (PI), Cariacica (ES) e Serra (ES)<br />

2<br />

Ananindeua (PA) e Vitória (ES)<br />

R$ 4 bilhões *<br />

Franquias e TV são<br />

parte dos negócios<br />

Com foco em setores variados,<br />

grupo pretende manter<br />

crescimento de 33,5% ao ano<br />

Investir em negócios variados,<br />

mas com enfoque na integração<br />

parece ser o modelo seguido pelo<br />

grupo Sá Cavalcante.Com 27<br />

unidades de franquias das marcas<br />

Bob's e Spoleto, o grupo é<br />

também o primeiro master franqueado<br />

da primeira rede e um<br />

dos principais do nordeste na<br />

operação da segunda.<br />

No Espírito Santo, onde estão<br />

todas as unidades, é de praxe<br />

que ao abrir um novo shopping,<br />

o grupo inaugure salas comerciais,<br />

edifícios residenciais<br />

e também novas unidades de<br />

suas franquias nas praças de alimentação.<br />

Por ora, a Sá Cavalcante não<br />

tem planos de expandir suas<br />

operações no ramo alimentício<br />

Maíra Coelho<br />

Cavalcante: modelo integrado dá suporte ao crescimento do grupo<br />

para outros estados. "Ainda enxergamos<br />

terreno fértil para<br />

nosso crescimento no Espírito<br />

Santo", explica Leonardo Cavalcante,<br />

presidente da unidade<br />

de negócios voltada para shoppings<br />

e filho do fundador da<br />

companhia.<br />

O estado capixaba parece<br />

mesmo ser um dos mais importantes<br />

mercados do grupo familiar.<br />

Além das franquias de restaurantes,<br />

a Sá Cavalcante também<br />

é proprietária da TV Capixaba,<br />

uma unidade afiliada da<br />

Band que completa a diversificada<br />

frente de atuação do grupo,<br />

que no ano passado faturou<br />

R$ 170 milhões.<br />

A previsão é de que esse valor<br />

salte para R$ 400 milhões até o final<br />

deste ano e alcance R$ 720 milhões<br />

em 2015. Com isso, o grupo<br />

mantém o crescimento médio<br />

anual na casa dos 33,5%. ■


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 17<br />

Marcela Beltrão<br />

Nextel pede aval para comprar a Unicel<br />

A Nextel entrou com pedido na Agência Nacional de Telecomunicações<br />

de compra da empresa Unicel do <strong>Brasil</strong> para tentar aumentar sua<br />

participação no mercado da região metropolitana de São Paulo. O<br />

documento não dá mais detalhes da transação. A Unicel, que operava<br />

com o nome fantasia Aeiou, recebeu autorização da Anatel para<br />

explorar a telefonia móvel na cidade de São Paulo e outros 63<br />

municípios da região metropolitana, por 15 anos. Bloomberg<br />

Burger King apresenta<br />

desempenho ruim<br />

No <strong>Brasil</strong>, para atrair clientes,<br />

rede cede à política de preço<br />

baixo, como o rival McDonald’s<br />

Cintia Esteves<br />

costeavas@brasileconomico.com.br<br />

Murillo Constantino<br />

Miranda, do Burger King: operação alcançou 240 lojas no <strong>Brasil</strong><br />

A CHAPA ESFRIOU<br />

Desempenho do Burger King<br />

no 3º trimestre, em US$ milhões<br />

RECEITA<br />

800<br />

700 607,7<br />

600<br />

500<br />

400<br />

300<br />

200<br />

100<br />

0<br />

2011<br />

LUCRO<br />

40<br />

30<br />

35<br />

20<br />

25<br />

10<br />

15<br />

0 5<br />

38,8<br />

2011<br />

Fonte: empresa<br />

Variação<br />

-25,80%<br />

Variação<br />

-83%<br />

451,1<br />

2012<br />

6,6<br />

2012<br />

O Burger King demorou, mas<br />

acabou cedendo à política de<br />

preços baixos implantada pelo<br />

seu maior concorrente, o<br />

McDonald’s, há três anos. Desde<br />

o início deste mês, a promoção<br />

“Preços Irresistíveis” oferece<br />

cinco sanduíches por R$ 5 cada,<br />

enquanto a rede do palhaço<br />

de cabelo vermelho vende lanches<br />

a R$ 6 e algumas sobremesas<br />

por R$ 3,5.<br />

A estratégia foi destinada<br />

apenas para o <strong>Brasil</strong>, mas os executivos<br />

da rede têm buscado alternativas<br />

para os demais mercados<br />

onde a companhia está<br />

presente, já que todos eles registraram<br />

quedas nas vendas nos<br />

últimos meses. Nos Estados Unidos<br />

e no Canadá, por exemplo,<br />

a companhia está incluindo no<br />

cardápio itens como bebidas de<br />

frutas e saladas para atrair as<br />

mulheres.<br />

No terceiro trimestre de<br />

2012, a rede vendeu US$ 33,5<br />

milhões na América Latina,<br />

uma queda de 1,2% na comparação<br />

com mesmo período do ano<br />

anterior. A companhia não revela<br />

o faturamento no <strong>Brasil</strong>,<br />

mas dá sinais de empolgação<br />

com o país. A rede fechou o trimestre<br />

com 1,28 mil lojas na<br />

América Latina, 104 a mais na<br />

comparação com o mesmo período<br />

do ano anterior. Esta expansão<br />

foi puxada pelo número<br />

de lojas abertas no mercado<br />

brasileiro, cuja operação é co<strong>manda</strong>da<br />

pelo executivo Iuri<br />

Miranda. Atualmente são 240<br />

unidades no <strong>Brasil</strong>.<br />

América Latina foi a região<br />

onde a companhia teve seu melhor<br />

desempenho, já que nas outras<br />

áreas a queda nas vendas<br />

foi muito maior. Nos Estados<br />

Unidos e no Canadá a receita<br />

despencou 30,2%. Na região<br />

que engloba a Ásia e os países<br />

do Pacífico, o recuo foi de<br />

22,4%. O desempenho também<br />

foi negativo na Europa, África e<br />

Oriente Médio, cujas vendas caíram<br />

19,5%. A receita global da<br />

companhia foi de US$ 451,1 milhões,<br />

25,8% menor. O lucro líquido<br />

despencou 83% ficando<br />

em US$ 6,6 milhões.<br />

Fundada em 1954, o Burger<br />

King é a segunda maior rede de<br />

fast food de hambúrgueres do<br />

mundo, atrás apenas do McDonald’s.<br />

São mais de 12,5 mil restaurantes<br />

espalhados por 81 países,<br />

os quais atendem cerca de<br />

11 milhões de consumidores diariamente.<br />

No <strong>Brasil</strong>, a rede chegou<br />

em 2004 pelas mãos de um<br />

conjunto de investidores liderados<br />

pelo empresário Luiz Eduardo<br />

Batalha. A trajetória da companhia<br />

no país não foi fácil. Primeiro<br />

surgiram os problemas<br />

entre o grupo de sócios da rede,<br />

que contava ainda com o apresentador<br />

da rede globo Galvão<br />

Bueno e o piloto de fórmula Indy<br />

Hélio Castro Neves.<br />

Além dos desentendimentos<br />

com os sócios, Batalha sofreu<br />

pressão do Burger King desde o<br />

início, pois não conseguia abrir<br />

lojas no ritmo desejado pela<br />

corporação americana. Até que<br />

em 2010 a operação mundial do<br />

Burger King foi comprada pelo<br />

grupo 3G Capital, dos brasileiros<br />

Jorge Paulo Lehman, Marcel<br />

Telles e Carlos Alberto Sicupira.<br />

Pouco tempo depois eles<br />

se uniram ao carioca Gilberto<br />

Sayão, dona da gestora de recursos<br />

Vince Partners para, juntos,<br />

acelerarem a expansão da<br />

rede de lanchonetes. A família<br />

Batalha, na época dona de dezenas<br />

de restaurantes na cidade<br />

de São Paulo e no interior do estado,<br />

acabou se desfazendo de<br />

suas unidades. ■<br />

PayPal cortará mais<br />

de 300 empregos<br />

para se reorganizar<br />

Concorrência crescente faz<br />

pioneiro do pagamento on-line se<br />

reestruturar e ganhar agilidade<br />

Alistair Barr<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

O pioneiro sistema de pagamento<br />

online PayPal vai cortar cerca<br />

de 325 postos de trabalho como<br />

parte de uma grande reorganização<br />

feita por seu novo presidente,<br />

David Marcus, designado<br />

para recuperar o aspecto inovador<br />

da empresa e afastar a<br />

concorrência crescente.<br />

O PayPal, pertence ao eBay,<br />

afirmou ontem que os empregos<br />

de tempo integral serão eliminados<br />

com a combinação de nove<br />

grupos de desen-<br />

Novas startups<br />

de pagamentos<br />

começam<br />

a capturar<br />

comerciantes e<br />

consumidores<br />

volvimentos de<br />

produtos em um.<br />

A companhia também<br />

está cortando<br />

cerca de 120<br />

funcionários terceirizados.<br />

O eBay anunciou<br />

um encargo<br />

de reestruturação antes de impostos<br />

relacionados com o corte<br />

de empregos de US$ 15 milhões,<br />

que será computado no<br />

quarto trimestre.<br />

O PayPal, que começou no final<br />

dos anos 1990 como uma empresa<br />

iniciante (start-up) do Vale<br />

do Silício, tinha quase 13 mil<br />

funcionários no início do ano.<br />

Wall Street considera o PayPal<br />

a joia da coroa do eBay por causa<br />

de seu rápido crescimento e<br />

das margens de lucro em expansão.<br />

Mas no Vale do Silício, o<br />

Paypal é considerado um lento e<br />

burocrático monstro — uma reputação<br />

que tornou difícil para<br />

companhia atrair e reter engenheiros<br />

de software e designers.<br />

Concorrência apertada<br />

O PaylPal precisa de tais talentos<br />

mais do que nunca por causa de<br />

uma série de novas start-ups de<br />

pagamentos, incluindo Square,<br />

Stripe e Dwolla, que estão desenvolvendo<br />

serviços concorrentes<br />

e produtos que estão começando<br />

a capturar comerciantes e<br />

consumidores.<br />

O novo presidente da empresa<br />

disse que a<br />

reorganização do<br />

PayPal visa ajudar<br />

engenheiros<br />

e designers desenvolverem<br />

novos<br />

produtos e<br />

serviços mais rapidamente,<br />

para<br />

acompanhar os<br />

novos concorrentes.<br />

David Marcus organizou demonstrações<br />

de serviços rivais<br />

na sede do PayPal, em San Jose,<br />

Califórnia, e fotos das linhas<br />

de produtos concorrentes<br />

nos corredores da empresa.<br />

“É importante enfrentar a realidade<br />

da situação”, disse Marcus.<br />

“Em alguns casos, não temos<br />

produtos melhores e temos<br />

que fazer algo sobre isso.” ■<br />

David Paul Morris/Bloomberg<br />

Marcus, do PayPal: “Temos de enfrentar a realidade da situação”


18 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

EMPRESAS<br />

Divulgação<br />

AUTOMÓVEIS<br />

Chrysler Group prevê lucro de US$ 1,5 bilhão<br />

e receita global de US$ 65 bilhões em 2012<br />

O Chrysler Group registrou lucro de US$ 381 milhões<br />

no terceiro trimestre, uma alta de 80% em comparação<br />

com o mesmo período do ano passado. As vendas entre julho<br />

e setembro tiveram alta de 18% e atingiram US$ 15,5 bilhões.<br />

A companhia, controlada pelo grupo Fiat, reafirmou sua previsão<br />

de lucro de US$ 1,5 bilhão e receita global de US$ 65 bilhões.<br />

Graça Foster diz que Petrobras vai<br />

diluir desinvestimentos até 2013<br />

Previsão é que a empresa saia de<br />

projetos não prioritários até o próximo<br />

ano avaliados em US$ 14,8 bilhões<br />

Douglas Engle/Bloomberg<br />

Gabriela Murno<br />

gmurno@brasileconomico.com.br<br />

A presidente da Petrobras, Graça<br />

Foster, afirmou ontem que<br />

os desinvestimentos previstos<br />

no plano de negócios da companhia<br />

serão diluídos entre<br />

2012 e 2013. “O desinvestimento<br />

é uma prática que a companhia<br />

vem experimentando,<br />

apesar de não termos esta tradição.<br />

Mas ele passa a ser prática<br />

este ano e no ano que vem”,<br />

disse a presidente, que participou<br />

da abertura da VII Semana<br />

de Petróleo e Gás (SPEtro) da<br />

Universidade Federal do Rio<br />

de Janeiro (URFJ).<br />

Estão previstos US$ 14,8 bilhões<br />

de desinvestimentos no<br />

plano de negócios 2012-2016<br />

da estatal, mas como afirmou<br />

Foster a maior parte ocorrerá<br />

até o ano que vem.<br />

Objetivo é<br />

contratar menos<br />

dívida e ir menos<br />

ao mercado,<br />

ou seja, manter o<br />

caixa equilibrado<br />

Caixa saudável<br />

Segundo a presidente, o objetivo<br />

da companhia é contratar<br />

menos dívida e ir menos ao<br />

mercado de capitais,<br />

ou seja, manter<br />

o caixa equilibrado<br />

nos próximos<br />

anos. “Com<br />

um investimento<br />

de US$ 236,5 bilhões,<br />

não é possível<br />

que o caixa gerado<br />

possa atender<br />

toda a de<strong>manda</strong><br />

por recursos financeiros”,<br />

explicou Graça, sem dizer, porém,<br />

quais ativos da estatal serão<br />

negociados.<br />

“Não vamos sair de alguns ativos<br />

como exploração e produção<br />

no Golfo do México e na<br />

África”, ressaltou. Ela acrescentou<br />

que serão vendidos, total ou<br />

parcialmente, ativos das unidades<br />

menos sinérgicas com a<br />

companhia. Graça disse ainda<br />

que a Petrobras não pensa em<br />

emitir novas ações.<br />

Graça ressaltou ainda a importância<br />

do conteúdo local e o<br />

o intenso trabalho para que os<br />

projetos da companhia não atrasem.<br />

“Virou uma catástrofe atrasar.<br />

Porque isso é custo. Se atrasa<br />

a produção do petróleo, por<br />

exemplo, você não produz, não<br />

gera receita. Sem receita como<br />

vai fazer térmica a gás? Como<br />

construir gasodutos? E como<br />

ampliar os pipelines da companhia?”,<br />

disse.<br />

“Para atrasar lá fora, atrasamos<br />

aqui (dentro do país). Porque<br />

lá fora somos apenas mais<br />

uma empresa e aqui somos a<br />

Petrobras. Então, aqui está gerando<br />

emprego, renda e aprendizado,<br />

mas o mais importante<br />

é não atrasar”, disse, acrescentando<br />

que a Petrobras pretende<br />

aumentar a eficiência operacional<br />

da companhia, e consequentemente,<br />

sua produtividade.<br />

“Nós temos que reduzir o<br />

custo operacional, o que não<br />

significa reduzir os quadros”,<br />

explicou Graça.<br />

Crescimento econômico<br />

A presidente da Petrobras disse<br />

que a melhoria em indicadores<br />

econômicos brasileiros, como redução<br />

sistemática da taxa de desemprego,<br />

diminuição<br />

da pobreza<br />

extrema e ascensão<br />

da classe média,<br />

são importantes<br />

para os resultados<br />

da estatal.<br />

“Tudo isso faz o<br />

GraçaFoster:ativoscomoexploraçãoeproduçãonoGolfodoMéxicoenaÁfricaforammantidos<br />

nosso negócio,<br />

que é petróleo e<br />

gás, ficar mais<br />

atrativo. Cada vez mais, o nosso<br />

resultado é impactado pelo crescimento<br />

da economia brasileira”,<br />

afirmou. “O nosso negócio<br />

está principalmente no <strong>Brasil</strong>,<br />

pois 95% dos nossos investimentos<br />

estão aqui”, completou.<br />

A Petrobras atua em 27 países.<br />

A presidente da Petrobras reforçou<br />

também que uma taxa<br />

de juros, hoje em 7,25% ao<br />

ano, estimula a de<strong>manda</strong> doméstica.<br />

“Juros menores significam<br />

mais consumo”, disse.<br />

Segundo ela, o aumento do consumo<br />

é importante para as usinas<br />

termoplásticas. “Quanto<br />

mais se consome, mais se come<br />

e mais é de<strong>manda</strong>do das usinas<br />

termoplásticas e da indústria<br />

petroquímica, pois há necessidade<br />

de mais embalagens<br />

de arroz, feijão, farinha, refrigerante<br />

e cerveja, por exemplo”,<br />

explicou a executiva.<br />

Gasolina<br />

Sobre o preço da gasolina, Graça<br />

afirmou que o derivado do petróleo<br />

não é caro no país, mas<br />

não falou em aumento. O fato,<br />

exemplificou Foster, é que a gasolina,<br />

vendida na porta da refinaria<br />

está R$ 1,03 por litro, na<br />

bomba chega a R$ 2,80 a R$<br />

2,90 por litro, dependendo da<br />

região onde é comercializada.<br />

“A nossa gasolina não é uma<br />

das mais caras do mundo. Temos<br />

Japão, Reino Unido, Alemanha<br />

e Itália com valores<br />

muito mais altos que os nossos.<br />

Hoje, a nossa gasolina não<br />

tem convergência com o preço<br />

internacional, pois a política<br />

de preços de derivados da Petrobras<br />

é de médio e longo prazo”,<br />

finalizou. ■<br />

Lucro da Galp<br />

sobe com <strong>Brasil</strong><br />

Empresa registrou lucro<br />

líquido de ¤ 98 milhões<br />

no terceiro trimestre<br />

A petrolífera portuguesa Galp<br />

Energia apurou um ganho de<br />

57% no lucro líquido ajustado<br />

dos nove primeiros meses do<br />

ano, impulsionado por maior<br />

produção de petróleo e gás no<br />

território brasileiro.<br />

Se considerado apenas o terceiro<br />

trimestre, o lucro líquido<br />

ajustado foi de ¤ 98 milhões, o<br />

que representa uma alta de<br />

58%, em linha com a previsão<br />

de analistas de ganho de ¤ 99<br />

milhões, segundo pesquisa realizada<br />

pela Reuters.<br />

O Ebitda (lucro antes de juros,<br />

impostos, depreciação e<br />

amortização) ajustado cresceu<br />

38% no terceiro trimestre, para<br />

¤ 306 milhões.<br />

A companhia portuguesa já<br />

havia informado que a produção<br />

de petróleo avançou quase<br />

25% no período, para 25.900<br />

barris por dia (bpd) no trimestre<br />

passado.<br />

A Galp detém uma fatia de<br />

10% no campo Lula/Tupi, no<br />

<strong>Brasil</strong>, e também tem operações<br />

de extração na Angola.<br />

A petrolífera refinou 21,3 milhões<br />

de barris de petróleo bruto<br />

no terceiro trimestre, com<br />

um crescimento de 2,6%.<br />

A margem de refino aumentou<br />

para US$ 4,40 por barril no<br />

período, comparada a US$ 0,9<br />

um ano antes. ■ Reuters


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 19<br />

Jung Yeon-Je/AFP<br />

TABLET<br />

Google apresenta nova versão do Nexus<br />

e faz atualização de ofertas de aplicativos<br />

O Google apresentou uma versão maior de seu tablet Nexus ontem, e<br />

atualizou suas ofertas de aplicativos e conteúdo on-line para dispositivos<br />

móveis. O novo Nexus 10, do Google, fabricado em parceria com a Samsung,<br />

é o primeiro tablet com tela de dez polegadas a chegar às prateleiras sob<br />

a marca Nexus. O aparelho, com preços a partir de US$ 299, será vendido<br />

a partir de 13 de novembro nos Estados Unidos e em sete outros países.<br />

O grupo industrial alemão ThyssenKrupp<br />

pediu a interessados<br />

que reenviem ofertas de compra<br />

para suas siderúrgicas deficitárias<br />

no <strong>Brasil</strong> e nos Estados<br />

Unidos, disseram duas fontes a<br />

par do assunto, enquanto luta<br />

para obter preços atrativos.<br />

Os temores de um longo processo<br />

de venda derrubaram as<br />

ações da ThyssenKrupp em<br />

mais de 4% ontem. A companhia,<br />

maior siderúrgica da Alemanha,<br />

solicitou que as propostas<br />

pelos ativos à venda sejam<br />

reenviadas por considerar os<br />

lances iniciais muito baixos, disse<br />

uma das fontes.<br />

O presidente-executivo da<br />

ThyssenKrupp, Heinrich Hiesinger,<br />

quer vender as unidades separadamente<br />

pelo valor contábil<br />

combinado de ¤ 7 bilhões<br />

(US$ 9 bilhões), embora analistas<br />

esperem que o valor fique entre<br />

¤ 3 bilhões e ¤ 4 bilhões.<br />

Um operador disse que o valor<br />

de US$ 9 bilhões não parece<br />

razoável e o acordo pode fracassar<br />

se o grupo insistir no montante.<br />

A ThyssenKrupp já investiu<br />

cerca de ¤ 12 bilhões nas<br />

duas siderúrgicas.<br />

O grupo alemão também pediu<br />

o reenvio das propostas para<br />

que seja esclarecido se os proponentes<br />

precisarão formar consórcios<br />

para assumir os ativos,<br />

disseram as duas fontes.<br />

A ThyssenKrupp se recusou a<br />

comentar o assunto ontem, afirmando<br />

apenas que o processo<br />

está em andamento.<br />

O grupo alemão disse em<br />

maio que estava considerando<br />

todas as opções para a Steel<br />

Americas — formada pela Companhia<br />

Siderúrgica do Atlântico<br />

(CSA), no Rio de Janeiro, e por<br />

uma usina nos Estados Unidos,<br />

incluindo parceria ou venda, pa-<br />

Wolfgang von Brauchitsch/Bloomberg<br />

Heinrich Hiesinger, da Thyssen: venda das unidades separadas pelo valor combinado de ¤ 7 bilhões<br />

Thyssen não avança<br />

na venda de ativos<br />

Grupo industrial alemão pede que interessados reenviem ofertas<br />

de compra para usinas deficitárias no <strong>Brasil</strong> e nos Estados Unidos<br />

Reuters<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

A Vale, que possui<br />

participação na CSA,<br />

reafirmou que não<br />

está interessada na<br />

fatia da empresa na<br />

siderúrgica no Rio<br />

ra estancar os prejuízos e se concentrar<br />

na Europa.<br />

Disputa acirrada<br />

A ArcelorMittal, a U.S. Steel, a<br />

Nucor, a JFE Steel e a brasileira<br />

CSN estariam entre os grupos interessados<br />

nos ativos da Thyssen<br />

nas Américas.<br />

A japonesa Posco apenas se<br />

apresentou na fase preliminar<br />

de ofertas, enquanto a chinesa<br />

Baosteel, também previamente<br />

citada, desistiu do negócio.<br />

A mineradora Vale, que possui<br />

participação de pouco mais<br />

de um quarto na CSA, reafirmou<br />

recentemente que não está<br />

interessada em comprar a participação<br />

da Thyssen na siderúrgica<br />

no Rio.<br />

Cálculos errados<br />

A ThyssenKrupp declarou anteriormente<br />

que as previsões otimistas<br />

de lucro da empresa no<br />

<strong>Brasil</strong> não se cumpriram, em<br />

parte por causa da explosão do<br />

custo da mão de obra.<br />

A ThyssenKrupp fechou o último<br />

semestre com prejuízo de<br />

mais de ¤ 1 bilhão. ■<br />

Minério pode cair<br />

puxado por recuo<br />

de siderúrgicas<br />

Após uma semana de ganhos<br />

no mercado internacional,<br />

expectativa é de recuo<br />

Manolo Serapio Jr.<br />

Reuters<br />

Os preços do minério de ferro<br />

no mercado spot podem diminuir<br />

nesta semana depois de subir<br />

quase 4%na semana passada,<br />

com compradores da China<br />

mais cautelosos após recomposição<br />

da de<strong>manda</strong> de curto prazo.<br />

Contudo, a retomada gradual<br />

da de<strong>manda</strong> por aço mantém<br />

um limite para as perdas<br />

no setor. Os preços do aço na<br />

China subiram mais de 13% ante<br />

as mínimas de setembro, refletindo<br />

a recuperação da atividade<br />

de construção por reforço<br />

nos investimentos em infraestrutura<br />

de Pequim. Mas a recuperação<br />

continua frágil, levando<br />

siderúrgicas a limitar os estoques<br />

de minério.<br />

A referência para o minério<br />

com 62% de teor de ferro caiu<br />

0,3% na sexta-feira, para<br />

A Companhia Siderúrgica Nacional<br />

(CSN) espera vender 5,2<br />

milhões de toneladas de aço<br />

plano no próximo ano. A empresa<br />

cita como fator determinante<br />

na melhora das perspectivas<br />

de vendas o que considera<br />

um sólido crescimento da de<strong>manda</strong><br />

interna, disse nesta segunda-feira<br />

à Reuters o diretor<br />

comercial da empresa, Luis Fernando<br />

Martínez.<br />

Além disso, a CSN, terceira<br />

maior siderúrgica do <strong>Brasil</strong>, prevê<br />

comercialização de 1 milhão<br />

de toneladas de produtos longos,<br />

após a incorporação de<br />

uma unidade adquirida recentemente<br />

na Alemanha.<br />

“Nossa previsão de crescimento<br />

para o mercado brasileiro<br />

é de por volta de 8% para o<br />

ano que vem”, disse Martínez<br />

US$ 119,60 a tonelada, de<br />

acordo com o Steel Index. No<br />

dia anterior, o preço havia<br />

atingido US$ 120, o maior valor<br />

desde o final de julho.<br />

“Parece que US$ 120 é um nível<br />

muito delicado para siderúrgicas<br />

e os volumes comercializados<br />

foram realmente muito baixos<br />

ante a retomada até aquele<br />

nível visto na semana anterior”,<br />

disse um trader de Xangai.<br />

“Eu acho que algumas siderúrgicas<br />

já compraram carregamentos<br />

suficientes para uma ou<br />

duas semanas de estoque, por isso<br />

não estão com pressa de comprar<br />

novamente. Eu não acredito<br />

que elas queiram ver o minério<br />

perto de US$ 120, porque<br />

elas não querem perder suas<br />

margens atuais.”<br />

Os preços de minério podem<br />

cair cerca de 10% para uma média<br />

de US$ 115 até 2015 uma vez<br />

que o crescimento da China reduz<br />

a marcha, ameaçam reduzir<br />

lucros das mineradoras globais<br />

Vale, Rio Tinto e BHP Billiton,<br />

apontou pesquisa da Reuters. ■<br />

CSN estima vendas de<br />

5,2 milhões de toneladas<br />

A de<strong>manda</strong> interna crescente<br />

é fator citado pela empresa<br />

para alta nas vendas do produto<br />

Felipe Varanda<br />

Siderúrgica prevê mercado<br />

internocomalta de 8%em2013<br />

em conferência da indústria realizada<br />

em Santiago, no Chile.<br />

As vendas da companhia subiriam<br />

em torno de 10%, auxiliadas<br />

pelo aporte de produtos longos,<br />

acrescentou.<br />

Os custos cairiam cerca de 2%<br />

a 3% no próximo ano em relação<br />

a 2012, afirmou o executivo. ■


20 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 21


22 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

EMPRESAS<br />

Divulgação<br />

AERONÁUTICA<br />

Endividada, Hawker Beechcraft<br />

deverá ser assumida por seus credores<br />

A fabricante americana de aviões Hawker Beechcraft Inc. deverá<br />

ser assumida por seus credores após ver naufragar as negociações<br />

para venda de suas operações civis à chinesa Superior Aviation<br />

Beijing Co. O plano agora é transformar as dívidas em participação<br />

acionária. A empresa acumula dívidas que beiram os US$ 2 bilhões.<br />

Hoje, parte do controle da Hawker é do Goldman Sachs.<br />

Serviços puxam<br />

receita bruta da JSL<br />

Murillo Constantino<br />

Companhia apresentou crescimento de 28% no faturamento<br />

bruto de janeiro a setembro deste ano, chegando a R$ 2,46 bi<br />

Age Alessandro<br />

Castelli, da Fibria: venda de ativos florestais menos rentáveis<br />

Fibria reduz dívida para R$ 212<br />

milhões no terceiro trimestre<br />

Contratos com empresas do setor de papel e celulose representaram 10,3% da receita total da JSL<br />

Ana Paula Machado<br />

amachado@brasileconomico.com.br<br />

Divulgação<br />

Denis Marc<br />

Ferrez<br />

Diretor<br />

financeiro,<br />

administrativo e<br />

de relações com<br />

investidores da<br />

JSL Logística<br />

“Os investimentos no aumento<br />

da frota seguem em torno de<br />

70% do total. Isso bate com a<br />

nossa taxa de crescimento”<br />

A JSL Logística apresentou um<br />

aumento de 28% em sua receita<br />

bruta de janeiro a setembro deste<br />

ano, chegando a R$ 2,42 bilhões<br />

ante R$ 1,89 bilhão. Essa<br />

elevação foi impulsionada pelo<br />

faturamento alcançado com a<br />

divisão de serviços dedicados<br />

(feito sob medida para um contratante)<br />

e gestão e terceirização<br />

de frota. Esses dois segmentos<br />

aumentaram no período<br />

42% e 48%, respectivamente.<br />

“Esse volume foi alcançado<br />

por novos contratos em clientes<br />

já consolidados. No período,<br />

não há aumento significativo<br />

em nossa carteira de serviços”,<br />

disse o diretor financeiro, administrativo<br />

e de Relações com Investidores,<br />

Denys Marc Ferrez.<br />

A receita com serviços dedicados<br />

chegou a R$ 1,15 bilhão e<br />

a com Gestão e terceirização outros<br />

R$ 589,7 milhões de janeiro<br />

a setembro deste ano. Esses segmentos<br />

de atuação representaram<br />

54% e 24% do total do faturamento<br />

da companhia no terceiro<br />

trimestre deste ano, chegando<br />

a R$ 428,2 milhões e R$<br />

209,9 milhões, respectivamente,<br />

acrescentou Ferrez.<br />

Olhando por setores de atuação,<br />

Ferrez acrescentou que no<br />

período, os 10 menores apresentaram<br />

um aumento de 13,5 pontos<br />

percentuais na participação<br />

no faturamento bruto da companhia.<br />

Somados esses setores representaram<br />

55,7% ante 42,2%<br />

da receita da JSL.<br />

“Isso mostra o nosso compromisso<br />

em diversificar os nossos<br />

serviços e como focamos o nosso<br />

crescimento”, disse o executivo<br />

acrescentando que a JSL<br />

tem apresentado elevação na receita<br />

em função do baixo crescimento<br />

econômico. “Na crise, as<br />

empresas tendem a se voltar para<br />

o seu negócio e procuram terceirizar<br />

a logística para empresas<br />

especializadas nisso. Crescemos<br />

com a crise”, ressaltou.<br />

Investimento em frota<br />

No acumulado do ano, a JSL diminuiu<br />

os investimentos em renovação<br />

de sua frota e, consequentemente,<br />

a receita advinda<br />

da venda de ativos.<br />

“A idade média de nossos equipamentos<br />

é de 2 anos. É uma frota<br />

nova. Por isso, esperamos<br />

uma melhora do mercado, principalmente<br />

na questão dos financiamentos,<br />

para renovar os nossos<br />

veículos”, disse o executivo.<br />

Entretanto, Ferrez ressaltou<br />

que a JSL continuou a aquisição<br />

de equipamentos para o atendimento<br />

de novos contratos. “Os<br />

investimentos continuaram nesse<br />

ano.” De janeiro a junho, a<br />

companhia destinou R$ 290 milhões<br />

para ampliação e outros<br />

R$ 116 milhões para a renovação<br />

da frota. ■<br />

De<strong>manda</strong> chinesa, venda de<br />

ativos e desvalorização do real<br />

contribuíram para resultado<br />

Juliana Ribeiro<br />

jribeiro@brasileconomico.com.br<br />

Com a política de otimizar operações,<br />

a Fibria aproveitou o terceiro<br />

trimestre do ano para se<br />

desfazer de ativos que não se<br />

mostraram rentáveis à companhia<br />

e reduzir seu endividamento,<br />

que ficou em R$ 212 milhões.<br />

“Esse resultado era esperado,<br />

porque usamos o resultado<br />

da oferta pública de ações para<br />

pagar parte da dívida”, explicou<br />

André Gonçalves gerente<br />

geral de Relações com investidores<br />

da companhia.<br />

No mesmo período do ano<br />

passado, a perda registrada pela<br />

companhia, presidida por<br />

Marcelo Castelli desde julho de<br />

2011, ficou em R$ 1,1 bilhão. A<br />

Fibria concluiu a venda dos ativos<br />

florestais e das terras da Losango,<br />

no Rio Grande do Sul,<br />

para a CMPC Celulose Riograndense<br />

SA por R$ 615 milhões, o<br />

que também surtiu efeito sobre<br />

os resultados.<br />

No mesmo período, a receita<br />

líquida da companhia, que está<br />

entre as maiores produtoras de<br />

papel e celulose do mundo, ficou<br />

em R$ 1,56 bilhão, um aumento<br />

de 7% no resultado, em<br />

comparação ao mesmo período<br />

de 2011. Gonçalves destaca<br />

que nos primeiros nove meses<br />

do ano, a empresa acumulou<br />

R$ 436 milhões de geração de<br />

fluxo de caixa livre. “Esse número<br />

mostra a força de nossa<br />

capacidade operacional e também<br />

de gestão.”<br />

Segundo relatório divulgado<br />

pela companhia, o dólar valorizado<br />

e a retomada da de<strong>manda</strong><br />

EM EQUILÍBRIO<br />

Vendas da Fibria, em milhão<br />

de toneladas<br />

1,5<br />

1,2<br />

1,2<br />

1,3<br />

0,9<br />

0,6<br />

0,3<br />

0,0<br />

3º TRI/2011 3º TRI/2012<br />

RECEITA LÍQUIDA, EM R$ BILHÃO<br />

1,5<br />

1,2<br />

0,9<br />

0,6<br />

0,3<br />

0,0<br />

1,4<br />

3º TRI/2011<br />

Fonte: empresa<br />

1,5<br />

3º TRI/2012<br />

chinesa por celulose surtiram<br />

efeito sobre os resultados. No<br />

período, foram vendidas 1,2 milhão<br />

de toneladas da fibra.<br />

Em contrapartida, a política<br />

de controle de custos da companhia<br />

também permitiu algumas<br />

economias, amenizando a situação<br />

financeira. A redução nos<br />

gastos com a produção de celulose<br />

chegou a R$ 491 por tonelada<br />

no terceiro período, em relação<br />

ao trimestre anterior.<br />

Como parte da estratégia de<br />

crescimento, a empresa anunciou<br />

no início do mês a jointventure<br />

com a norte-americana<br />

Ensyn Corporation, em uma<br />

empreitada para iniciar a produção<br />

de biocombustíveis a partir<br />

de biomassa. A operação incluiu<br />

aquisição de 6% por parte<br />

da Fibria, dos ativos da parceira,<br />

por US$ 20 milhões. ■


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 23<br />

Divulgação<br />

AUTOMÓVEIS<br />

Lexus, da Toyota, se torna montadora oficial<br />

do Madison Square Garden, em Nova York<br />

A Lexus, marca de carros de luxo da japonesa Toyota, assinou contrato<br />

de longo prazo para emprestar seu nome aos camarotes superiores<br />

do estádio novaiorquino Madison Square Garden. Os envolvidos não<br />

divulgaram os valores do patrocínio. Com o acordo, a Lexus torna-se a<br />

montadora oficial do espaço e dos times de basquete New York Knicks<br />

(masculino) e New York Liberty (feminino) e do Rangers (hóquei).<br />

Agronegócio é a nova<br />

aposta da Capgemini<br />

Robert Galbraith/Reuters<br />

Batizada de Crescent for Bioenergy, ferramenta tem como objetivo<br />

elevar fatia no segmento, atualmente de 3% a 4% dos negócios no país<br />

Murillo Constantino<br />

CLIENTELA<br />

Rossi, CEO no <strong>Brasil</strong>: aposta no <strong>Brasil</strong> entre os emergentes<br />

Priscila Dadona<br />

pdadona@brasileconomico.com.br<br />

Para reforçar sua presença no<br />

<strong>Brasil</strong>, após dois anos de sua chegada,<br />

a companhia de serviços<br />

de tecnologia da informação<br />

CPM Braxis Capgemini passa, a<br />

partir de hoje, a adotar apenas o<br />

nome da controladora francesa<br />

Capgemini. Para iniciar esta nova<br />

fase, a empresa anunciou ontem<br />

investimentos de R$ 3 milhões<br />

em solução SAP Cloude<br />

(solução na nuvem) para a área<br />

de agronegócios, batizada de<br />

Crescent for Bioenergy.<br />

“Estamos apostando nessa<br />

ferramenta por que estas empresas<br />

estão crescendo de forma<br />

agressiva no <strong>Brasil</strong>, especialmente<br />

as do setor de açúcar e álcool.<br />

Vamos fechar os primeiros<br />

clientes já neste quarto trimestre”,<br />

garantiu José Luiz Rossi,<br />

CEO da empresa.<br />

Atualmente, o segmento de<br />

agronegócios representa cerca<br />

de 3% a 4% do total de negócios<br />

no país e 1,2% da receita local.<br />

“A ideia é ampliar esta porcentagem”,<br />

diz Rossi, sem detalhar<br />

de quanto deve ser este aumento.<br />

A Capgemini já oferece<br />

soluções ao setor de agronegócios,<br />

mas a novidade, segundo<br />

Rossi, é a solução em nuvem,<br />

em parceria com a SAP.<br />

Já o processo de mudança<br />

do nome ocorre exatamente<br />

dois anos após a francesa Capgemini<br />

estrear no mercado local,<br />

com a aquisição de 55%<br />

do controle da brasileira CPM<br />

Braxis. Atualmente, a CPM Braxis<br />

tem como sócios a Caixa<br />

Econômica Federal (22%), o<br />

Bradesco (20%) e minoritários<br />

( 3%). Na época da assinatura<br />

do contrato ficou definido<br />

que, após três anos, a Capgemini<br />

tem a opção de comprar os<br />

45% restantes.<br />

Desde 2010, a empresa conquistou<br />

seu espaço no <strong>Brasil</strong>. Segundo<br />

Rossi, o market share da<br />

empresa cresceu de 3,4% para<br />

3,6% do mercado de tecnologia<br />

da informação. Além disso, o<br />

número de funcionários cresceu<br />

de 5 mil para 6,7 mil. A companhia<br />

tem unidades em Curitiba,<br />

Porto Alegre e São Paulo e<br />

tem entre seus clientes bancos,<br />

empresas de telefonia e governo.<br />

“Expandimos nossa participações.<br />

É um balanço muito positivo<br />

nestes dois anos no país”.<br />

Atuação da CPM Braxis<br />

por segmento de negócios<br />

Instituições<br />

financeiras<br />

50%<br />

NO BRASIL<br />

3,60%<br />

FATURAMENTO NO MUNDO EM 2011<br />

¤ 9,7 bi<br />

Fonte: CPM Braxis Capgemini<br />

Telecomunicações<br />

20%<br />

Governo<br />

10%<br />

Outros canais<br />

e setores<br />

20%<br />

dentro destes 20%, 3% a 4%<br />

são de agronegócios<br />

Market share<br />

De acordo com o executivo, o<br />

<strong>Brasil</strong> tem uma presença estratégica<br />

para os negócios globais. Tanto<br />

que dos € 9,7 bilhões de receita<br />

no mundo em 2011, 7% são dos<br />

mercados emergentes. “No <strong>Brasil</strong>,<br />

ainda há muita oportunidade<br />

porque o próprio sistema de informação<br />

vai crescer mais”. ■<br />

O presidente-executivo da Microsoft,<br />

Steve Ballmer, disse ontem<br />

que o novo sistema operacional<br />

da companhia lançado<br />

para o público na sexta-feira, o<br />

Windows 8, está sendo vendido<br />

a um ritmo mais rápido do que<br />

sua última versão, o Windows<br />

7. “Estamos acima de onde estávamos<br />

com o Windows 7”, disse<br />

Ballmer em evento de lançamento<br />

de novos celulares que<br />

operam com o software da Microsoft<br />

Windows Phone 8.<br />

O Windows 7 é a versão mais<br />

O iPad Mini wi-fi tinha previsão de entrega no dia 2 de novembro<br />

Apple adia entrega<br />

do iPad Mini<br />

Versão wi-fi chegará<br />

ao consumidor com duas<br />

semanas de atraso<br />

O iPad Mini, da Apple, deverá levar<br />

duas semanas para chegar<br />

ao consumidor que encomendou<br />

seu aparelho pela loja on-line<br />

da companhia, o que sugere<br />

que o produto está temporariamente<br />

esgotado. Os modelos<br />

com acesso à internet via wi-fi<br />

deverão demorar pelo menos 14<br />

dias para serem entregues, enquanto<br />

as demais versões chegarão<br />

“em meados de novembro”,<br />

informa a companhia em<br />

seu site. Quando foi lançado,<br />

em 23 de outubro, o iPad Mini<br />

wi-fi tinha previsão de entrega<br />

no dia 2 de novembro. Os modelos<br />

com chips chegariam ao varejo<br />

“duas semanas depois”.<br />

O tablet de 7,9 polegadas,<br />

que custa entre US$ 329 a US$<br />

659, está numa faixa de preço<br />

que o torna um competidor de<br />

peso para os produtos lançados<br />

pela Amazon.com, Google<br />

e Samsung. De acordo com estimativas<br />

da Canaccord Genuity,<br />

em 2013 a Apple deverá comercializar<br />

101,6 milhões de<br />

iPads. Tal volume consolida o<br />

produto como o líder no segmento,<br />

diz Michael Walkley,<br />

analista da consultoria. O iPad<br />

menor deverá ser um presente<br />

popular de fim de ano e deve<br />

também ganhar a simpatia do<br />

público feminino. No ano que<br />

vem, a Amazon deve alcançar<br />

10,7 milhões em vendas de tablets<br />

e a Samsung, 8,4 milhões<br />

de unidades no ano que vem. ■<br />

Bloomberg<br />

Microsoft lança Windows<br />

Phone para brigar com Android<br />

vendida do Windows até agora,<br />

com mais de 670 milhões de licenças<br />

vendidas nos três anos<br />

desde seu lançamento em 2009.<br />

Ontem, a Microsoft lançou a<br />

versão de software para smartphones,<br />

num esforço para retomar<br />

o mercado perdido para a<br />

Apple e para o Google.<br />

As novas funções incluem rádio<br />

on-line sem intervalos comerciais,<br />

programas de ajudam<br />

consumidores a usar menos dados<br />

de internet via celular e<br />

aplicativos de controle de visualização<br />

de conteúdo.<br />

O Windows Phone 8 proporciona<br />

melhor resolução de imagens<br />

e suporta chips mais velozes.<br />

Hoje, a Microsoft tem apenas<br />

3,5% do mercado de sistemas<br />

operacionais para telefones<br />

celulares - o Android, do<br />

Google, é o líder no segmento,<br />

sendo adotado por dispositivos<br />

de empresas como Samsung,<br />

LG e Motorola.<br />

Os telefones com Windows<br />

Phone devem chegar ao mercado<br />

no mês que vem. ■ Reuters


24 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

EMPRESAS<br />

Kevin Lee/Bloomberg<br />

SIDERURGIA<br />

Chinesa Baoshan investe US$ 1,3 bilhão em<br />

plataforma de extração de gás natural<br />

A Baoshan Iron & Steel Co., maior siderúrgica de capital aberto da<br />

China, vai investir US$ 1,3 bilhão em uma unidade de extração de gás<br />

natural que está sendo construída para um “cliente estratégico”. A<br />

Baoshan possui 12,8% de um projeto de gasoduto que é liderado pela<br />

China National Petroleum Corp., que ligará a região de Xinjiang à<br />

província de Fujian. Bloomberg<br />

Biolab recorre a Prêmio Nobel em<br />

busca de inovação em pesquisas<br />

Laboratório amplia política de parcerias para transformar estudos acadêmicos em produtos comerciais<br />

Gabriel Ferreira<br />

gferreira@brasileconomico.com.br<br />

Os executivos do laboratório farmacêutico<br />

Biolab estão acostumados<br />

a fechar parcerias com<br />

pesquisadores e instituições para<br />

o desenvolvimento de medicamentos.<br />

Tanto, que no seu site<br />

há uma área dedicada ao envio<br />

de projetos e o laboratório foi o<br />

primeiro a fechar uma parceria<br />

com a Fundação de Amparo à<br />

Pesquisa do Estado de São Paulo<br />

(Fapesp) para a escolha de pesquisas<br />

que têm potencial de se tornarem<br />

medicamentos comerciais.“A<br />

pesquisa científica pura<br />

deve ser função da academia e<br />

não da indústria”, afirmou, ao<br />

BRASIL ECONÔMICO, Dante Alario,<br />

cientista chefe e<br />

sócio da Biolab.<br />

A última parceria<br />

deste tipo feita<br />

pela Biolab, porém,<br />

teve um sabor<br />

especial. A empresa<br />

anunciou<br />

ontem que vai<br />

aproveitar as pesquisas<br />

feitas por Ferid Murad,<br />

vencedor do Prêmio Nobel de<br />

Medicina em 1998 (ver texto ao lado),<br />

para desenvolver uma droga<br />

voltada ao tratamento de doenças<br />

intestinais, como diarreia e<br />

síndrome do cólon irritável. “Esse<br />

tipo de parceria me ajuda a<br />

ver minha pesquisa se tornando<br />

algo realmente útil”, afirma Murad.<br />

“Todos os anos, a diarreia<br />

bacteriana atinge 2 bilhões de<br />

pessoas.” Estima-se que essa<br />

doença mate anualmente 1,5 milhão<br />

de crianças em países pobres,<br />

principais vítimas do mal.<br />

Empresa investe<br />

cerca de 10%<br />

da receita anual<br />

em pesquisa e<br />

desenvolvimento<br />

de novas drogas<br />

Chegar a uma parceria com<br />

uma Prêmio Nobel foi um processo<br />

gradual na Biolab. Hoje, a<br />

empresa investe cerca de 10%<br />

de seu faturamento anual em<br />

pesquisa, desenvolvimento e<br />

inovação. Este ano, o orçamento<br />

dessa área deve ultrapassar<br />

os R$ 75 milhões. “Há algum<br />

tempo o percentual era bem menor,<br />

mas fomos subindo gradualmente,<br />

até chegar ao mesmo<br />

nível das maiores farmacêuticas<br />

do mundo”, afirma Alario.<br />

A partir da parceria formalizada<br />

com Murad, a Biolab deve concluir<br />

as pesquisas para o novo medicamento<br />

dentro de dois anos.<br />

“Para que o produto seja comercializado,<br />

ficará faltando apenas<br />

as licenças da Anvisa”, diz Alario.<br />

Com essa aprovação,<br />

a Biolab pretende<br />

iniciar as<br />

vendas da nova<br />

droga não só no<br />

<strong>Brasil</strong>. “Hoje em<br />

dia não faz mais<br />

sentido investir o<br />

tanto que se aplica<br />

em inovação e deixar<br />

o produto restrito a um único<br />

mercado”, afirma o executivo.<br />

A escolha pelo tratamento das<br />

doenças intestinais esteve diretamente<br />

ligado ao potencial desse<br />

mercado. Segundo Alario, as<br />

doenças infecciosas do intestino<br />

representam um mercado global<br />

de US$ 5 bilhões. “A maior parte<br />

deste dinheiro vem dos tratamentos<br />

para colite, que é uma doença<br />

que atinge todas as partes do<br />

mundo, o que não deixa o setor<br />

tão dependente da venda para<br />

países pobres, onde há maior incidência<br />

de diarreia.” ■<br />

Ferid Murad: parceria é oportunidade de fazer com que pesquisa acadêmica receba aplicação prática<br />

Murad: trabalho aplicado em várias frentes<br />

Quando foi premiado, em 1998,<br />

pesquisador estudava efeitos do<br />

óxido nítrico no sistema cardíaco<br />

Desde que recebeu o Prêmio Nobel<br />

da Medicina, em 1998, por<br />

suas pesquisas envolvendo o óxido<br />

nítrico, o biomédico americano<br />

Ferid Murad se viu em uma cansativa<br />

rotina de viagens. “Viajo o<br />

tempo todo, porque tenho parceiros<br />

de pesquisa em várias partes<br />

do globo”, afirma o pesquisador.<br />

A quantidade de viagens está<br />

ligada também à utilidade da pesquisa.<br />

Ao receber o prêmio, Murad<br />

já sabia que o estudo poderia<br />

ter impacto em diversas áreas da<br />

saúde. Mesmo assim, era difícil<br />

imaginar que o alcance fosse tão<br />

grande. “O segredo é saber como<br />

<strong>manda</strong>r a molécula para o lugar<br />

certo do corpo da forma certa”,<br />

diz. Além do tratamento das<br />

Divulgação<br />

doenças intestinais, o óxido nítrico<br />

pode ser usado para tratar problemas<br />

cardíacos - fato que garantiu<br />

o Nobel a Murad - e há pesquisas<br />

que indicam sobre seu<br />

efeito no tratamento de tumores<br />

no cérebro. “Isso ainda está em<br />

pesquisa acadêmica, mas também<br />

temos interesse em fazer as<br />

testes clínicos quando for o momento”,<br />

afirma Dante Alario, do<br />

Biolab. ■ G.F.<br />

Gulfstream projeta alta em vendas de jatos na China<br />

Companhia americana aposta<br />

em leis mais flexíveis de tráfego<br />

aéreo e propriedade de aviões<br />

O mercado de aviões particulares<br />

na China deverá ter uma “explosão”<br />

nas vendas no ano que<br />

vem graças ao abrandamento<br />

das restrições locais sobre o tráfego<br />

aéreo (que deve vigorar a<br />

partir do mês que vem) e também<br />

por conta do ritmo de construções<br />

de aeroportos - são 10<br />

por ano. Por outro lado, de acordo<br />

com o presidente da fabricante<br />

de jatos Gulfstream, Larry<br />

Flynn, as vendas no mercado indiano<br />

estão em declínio. Os outros<br />

países do BRICs, Rússia e<br />

<strong>Brasil</strong>, também observam o mercado<br />

de aviação executiva perder<br />

força por causa da desaceleração<br />

econômica.<br />

De acordo com o executivo, o<br />

apoio oficial da China para a<br />

compra de aviões poderá ajudar<br />

a indústria aeronáutica a se desenvolver<br />

mais rapidamente.<br />

“O país está importando aviões<br />

o mais rápido possível. E vejo<br />

que a tendência continua no<br />

próximo ano”. A empresa produz,<br />

entre outros modelos, o jato<br />

G650, de longo alcance.<br />

“O movimento na Índia está<br />

bastante devagar. As obras de infraestrutura,<br />

como os aeroportos,<br />

estão atrasadas. Além disso,<br />

o processo de importação de<br />

aviões é lento”, disse Flynn.<br />

Mercados emergentes como a<br />

China deverão registrar crescimento<br />

nas compras de jatos<br />

maior do que o desempenho de<br />

mercados tradicionais como Estados<br />

Unidos e Europa, de acordo<br />

com a fabricante de turbinas<br />

Honeywell. Nos próximos cinco<br />

anos, as vendas de jatos vão<br />

crescer 30%. ■ Bloomberg


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 25<br />

Marcela Beltrão<br />

FARMACÊUTICA<br />

Sanofi nega pedido de sindicatos e deve<br />

demitir 900 funcionários na França<br />

A Sanofi, maior farmacêutica da França, não atendeu aos pedidos de<br />

sindicatos que reivindicavam o cancelamento das 900 demissões que a<br />

empresa fará no país. “Os lucros da Sanofi não justificam corte de<br />

custos”, disse um representante dos trabalhadores. A empresa<br />

distribuiu cerca de ¤ 1,5 bilhão em dividendos a acionistas no terceiro<br />

trimestre. A empresa e o sindicato discuitirão novamente no dia 9.<br />

Gol perde passageiros<br />

e participação no país<br />

Queda no volume de pessoas transportadas pela companhia chegou a 4%;<br />

com isso, a empresa obteve fatia de mercado de 33,89% ante 37,89%<br />

Ana Paula Machado<br />

amachado@brasileconomico.com.br<br />

NA DIANTEIRA<br />

Tam lidera participação das aéreas no mercado brasileiro, em %<br />

EMPRESA<br />

TAM<br />

GOL/VRG LINHAS AÉREAS<br />

AZUL<br />

WEBJET<br />

AVIANCA BRASIL<br />

TRIP<br />

PASSAREDO<br />

TOTAL<br />

SETE<br />

NHT<br />

SOL<br />

TEAM<br />

TOTAL<br />

Fonte: Anac<br />

ASSENTO POR<br />

QUILÔMETRO VOADO<br />

2011<br />

40,81<br />

38,22<br />

7,55<br />

5,42<br />

3,23<br />

3,91<br />

0,71<br />

0,06<br />

0,04<br />

0,03<br />

0,01<br />

0,01<br />

100,00<br />

2012<br />

39,54<br />

34,58<br />

9,41<br />

5,54<br />

5,16<br />

5,07<br />

0,56<br />

0,07<br />

0,04<br />

0,02<br />

0,00<br />

0,00<br />

100,00<br />

Companhias aéreas transportaram 7,30% a mais no <strong>Brasil</strong><br />

PASSAGEIRO POR<br />

QUILÔMETRO VOADO<br />

2011<br />

38,26<br />

38,89<br />

9,04<br />

5,60<br />

3,80<br />

3,62<br />

0,66<br />

0,07<br />

0,03<br />

0,02<br />

0,01<br />

0,00<br />

100,00<br />

2012<br />

40,81<br />

33,55<br />

9,70<br />

5,46<br />

5,51<br />

4,36<br />

0,49<br />

0,08<br />

0,04<br />

0,01<br />

0,00<br />

0,00<br />

100,00<br />

Danilo Verpa/Folhapress<br />

A Gol Linhas Aéreas não está<br />

em posição de decolagem, mesmo<br />

com toda a reforma estrutural<br />

que a companhia imprimiu<br />

para tentar sair do vermelho.<br />

Pelos dados da Agência Nacional<br />

de Aviação Civil (Anac), de<br />

janeiro a setembro, a sua participação<br />

no transporte de passageiros<br />

no mercado doméstico caiu<br />

cinco pontos percentuais se<br />

comparado ao mesmo período<br />

de 2011. De acordo com os dados,<br />

ela passou de 37,89% para<br />

33,89%. Dentre as companhias<br />

aéreas, a Gol foi a que mais perdeu<br />

em participação.<br />

“Foi uma opção da companhia<br />

diminuir de tamanho. Tem<br />

horas que só se consegue sair da<br />

crise crescendo, outras não. É o<br />

caso da Gol. Mas, é uma queda<br />

significativa. Agora, temos que<br />

avaliar como o passageiro vai se<br />

comportar quando ela se recuperar.<br />

Será um trabalho árduo<br />

para reconquistá-lo”, disse o<br />

professor da PUC-RS e consultor<br />

de aviação civil, Enio Dexheimer.<br />

A Gol, neste ano reduziu o<br />

seu tamanho para tentar reverter<br />

o prejuízo acumulado no semestre,<br />

de R$ 715, 1 milhões. Entre<br />

as medidas, estava a redução<br />

do número de voos operados<br />

pela companhia. Além disso,<br />

a sua folha de pagamento será<br />

reduzida em pelo menos mil<br />

pessoas até o final deste ano.<br />

Outra que perdeu participação,<br />

mas não tão significativa<br />

como a Gol, foi a Tam Linhas Aéreas.<br />

A líder em transporte aéreo<br />

no país, passou de 41,51%<br />

para 40,16%. Com isso, as pequenas<br />

aérea, que hoje já não<br />

são tão pequenas assim, acumularam<br />

uma participação de<br />

25,96%. Tam e Gol, abocanharam<br />

74,04% do mercado doméstico.<br />

Entre as seis empresas que<br />

apresentaram fatia de mercado<br />

doméstico superior a 1% , Avianca<br />

e Trip registraram o maior<br />

crescimento na participação de<br />

mercado em setembro de 2012<br />

quando comparada com o mesmo<br />

mês de 2011, subindo de<br />

3,80% para 5,51% (crescimento<br />

de 44,94%) e de 3,62% para<br />

4,36% (elevação de 20,58%),<br />

respectivamente.<br />

“Essas companhias estão<br />

mais profissionais. Por isso a disputa<br />

no mercado brasileiro está<br />

tão interessante. Nos últimos<br />

dois, três anos, isso se evidenciou<br />

com a chegada da Azul Linhas<br />

Aéreas no mercado brasileiro.<br />

Em menos de cinco anos,<br />

ela já é a terceira força na aviação<br />

civil.”<br />

Os aviões porém decolaram<br />

com uma taxa de ocupação de<br />

75,57% em setembro de 2012,<br />

contra 68,71% no mesmo mês<br />

de 2011, o que representou uma<br />

melhora de 9,99%. A taxa de<br />

ocupação registrada é a mais alta<br />

para o mês de setembro desde<br />

o início da série em 2000. De<br />

janeiro a setembro de 2012, a taxa<br />

de ocupação cresceu 1,69%,<br />

passando de 70,81% em 2011 para<br />

72,01% em 2012. ■<br />

Fiat deve revisar<br />

projeções para 2014<br />

Montadora divulga resultado<br />

financeiro e pode reduzir<br />

estimativa de vendas globais<br />

O presidente mundial da Fiat,<br />

Sergio Marchionne, estabeleceu<br />

a meta, há dois anos, de vender<br />

6 milhões de carros até 2014,<br />

um objetivo que analistas afirmavam,<br />

na época, ser impossível<br />

de alcançar. Eles estavam<br />

certos. O executivo, que co<strong>manda</strong><br />

a Fiat e a americana Chrysler,<br />

afirmou que vai revisar as<br />

suas projeções e apresentá-las<br />

hoje, durante a divulgação de resultados<br />

do terceiro trimestre.<br />

“Marchionne<br />

estava muito otimista<br />

em 2010”,<br />

disse Giuseppe<br />

Berta, professor<br />

da Bocconi University<br />

em Milão,<br />

que escreveu diversos<br />

livros sobre<br />

a Fiat e fez trabalhos<br />

como historiador da<br />

companhia.<br />

Com a venda de veículos em<br />

declínio na Europa - a maior<br />

queda em mais de 20 anos -, a<br />

Fiat deverá amargar mais de ¤<br />

700 milhões em prejuízos neste<br />

ano. Uma rápida mudança no<br />

destino da empresa poderá exigir<br />

um plano de austeridade que<br />

levará a Fiat a números da era<br />

pré-crise até 2017.<br />

Marchionne, que disse em<br />

abril que poderia reverter o quadro<br />

de perdas na Europa em<br />

dois anos, deverá apresentar números<br />

mais modestos hoje. A<br />

meta de vendas para 2014, incluindo<br />

as marcas Chrysler, Ferrari<br />

e Maserati, poderá cair de ¤<br />

104 bilhões para ¤ 89 bilhões,<br />

de acordo com 13 analistas ouvidos<br />

pela Bloomberg.<br />

A companhia também deve<br />

reduzir em 27%, a sua meta de<br />

venda de carros para os próximos<br />

anos. A consultoria IHS Automotive<br />

prevê que a Fiat venda<br />

4,4 milhões de unidades por<br />

ano em 2014, contra 4,1 milhões<br />

que deverão ser comercializadas<br />

neste ano. NA<br />

Europa, entretanto,<br />

a perspectiva<br />

ainda é de queda<br />

- a empresa deve<br />

vender 917 mil<br />

unidades, uma<br />

queda de 1,4% sobre<br />

as projeções<br />

anteriores. Na<br />

América do Norte, o desempenho<br />

será 6,2% maior, para 2 milhões<br />

de unidades.<br />

A Fiat, que não quis comentar<br />

as projeções de analistas,<br />

não está sofrendo sozinha na Europa.<br />

O governo francês teve<br />

que dar apoio à PSA Peugeot Citroën<br />

no valor de ¤ 7 bilhões para<br />

garantir sobrevida à montadora.<br />

Na semana passada, a americana<br />

Ford anunciou o fim das<br />

atividades de três fábricas na região.<br />

■ Reuters<br />

Honda prevê lucro<br />

menor este ano<br />

Montadora sofre com<br />

boicote chinês aos produtos<br />

de origem japonesa<br />

Montadora previa<br />

comercializar 6<br />

milhões de carros<br />

por ano até 2014,<br />

plano arruinado<br />

por crise europeia<br />

A Honda cortou sua previsão de<br />

lucro líquido anual em 20%, para<br />

US$ 4,7 bilhões, depois de as<br />

vendas na China terem sido<br />

atingidas por uma reação popular<br />

contra produtos japoneses, e<br />

alertou que o maior mercado de<br />

automóveis do mundo pode<br />

não se recuperar até fevereiro.<br />

O corte torna provável que montadoras<br />

japonesas rivais como<br />

Nissan e Toyota vão seguir o<br />

exemplo da Honda quando divulgarem<br />

seus lucros na próxima<br />

semana. A de<strong>manda</strong> por carros<br />

da Honda, Toyota e Nissan<br />

na China caiu em setembro à<br />

medida que os ânimos foram<br />

exaltados na disputa territorial,<br />

com concorrentes como a sulcoreana<br />

Hyundai e a alemã<br />

BMW aumentando suas participações<br />

de mercado. As vendas<br />

da Honda e sua joint venture na<br />

China caíram 40,5% no mês passado.<br />

A China é o segundo<br />

maior mercado da Honda, após<br />

os Estados Unidos, respondendo<br />

por 17% das vendas de 2011.<br />

A empresa teve lucro líquido de<br />

julho a setembro de US$ 1,03 bilhão,<br />

alta de 36,1%. ■ Reuters


26 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

EMPRESAS<br />

Divulgação<br />

AQUISIÇÃO<br />

Clean Harbors pagará US$ 1,25 bilhão<br />

pela empresa de reciclagem Safety-Kleen<br />

A empresa de tratamento de lixo Clean Harbors vai comprar a companhia<br />

privada Safety-Kleen, que recicla óleo usado, por US$ 1,25 bilhão,<br />

buscando se beneficiar da crescente de<strong>manda</strong> por esse tipo de produto.<br />

A Safety-Kleen — que fornece serviços ambientais para automóveis de<br />

corrida, incluindo os da Nascar — tinha retomado seu plano de fazer<br />

uma oferta inicial de ações para levantar até US$ 400 milhões. Reuters<br />

ENTREVISTA ALESSANDRO BONORINO Vice-presidente da IBM<br />

“Alguém sempre vai fazer melhor<br />

e mais barato em algum lugar”<br />

Para o executivo, que acaba de voltar de temporada de dois anos na China, sede da IBM para mercados<br />

emergentes, falta ao <strong>Brasil</strong> ambição e planejamento com relação à qualificação de profissionais<br />

Mayara Teixeira<br />

www.ig.com<br />

Alessandro Bonorino acaba de<br />

voltar de uma temporada de dois<br />

anos na China, sede da IBM para<br />

mercados emergentes. Ao conhecer<br />

mais de perto o mercado asiático,<br />

sua visão do <strong>Brasil</strong> mudou:<br />

“Quando estamos aqui, temos a<br />

impressão de que o país está crescendo,<br />

e de fato está melhorando”,<br />

diz ele. “Mas não de maneira<br />

suficiente”. A pouca qualificação,<br />

somada aos altos encargos e<br />

à falta de objetivos estabelecidos<br />

pelo governo para o longo prazo<br />

criam alguns dos principais gargalos<br />

para nosso crescimento,<br />

acredita. “Nós ficamos o tempo<br />

inteiro, consistentemente reagindo”,<br />

afirma. “Estamos resolvendo<br />

problemas ao invés de pensar<br />

em projeções para o futuro”. Confira<br />

os principais trechos da entrevista<br />

concedida ao iG.<br />

Um trabalhador brasileiro dedica<br />

mais horas ao trabalho do que a<br />

população da maioria dos países<br />

ricos. Em contrapartida, produz<br />

pouco mais de 20% da riqueza<br />

gerada por um americano ao<br />

ano. Por que a produtividade é<br />

tão baixa? O que nos falta?<br />

Temos problemas de infraestrutura,<br />

investimento e educação. É difícil<br />

comparar força de trabalho,<br />

porque depende do setor e de<br />

uma série de outros fatores. O <strong>Brasil</strong><br />

está chegando a um gargalo crítico<br />

na educação. Em comparação<br />

com a Ásia, estamos atrás na<br />

maioria dos índices internacionais.<br />

A Coreia, por exemplo, está<br />

se transformando com foco em<br />

inovação, com marcas multinacionais<br />

de sucesso e tudo isso passa<br />

pelo investimento pesado em educação.<br />

O progresso da Índia nos últimos<br />

anos também tem o mesmo<br />

motivo. Hoje, a Índia é um centro<br />

de serviço para grande parte das<br />

empresas multinacionais. Não só<br />

porque a população é enorme, ou<br />

porque o custo da mão de obra é<br />

baixo, mas porque tem o foco em<br />

desenvolver pessoas, especialmente<br />

em tecnologia.<br />

Bonorino: <strong>Brasil</strong> está chegando a um gargalo crítico na educação e isso se reflete no mercado<br />

“<br />

Por sobrevivência, a<br />

empresa hoje não só<br />

treina o funcionário,<br />

mas o mercado<br />

influencia a academia<br />

e todo o ecossistema<br />

educacional<br />

O trabalhador brasileiro<br />

custa caro?<br />

O trabalhador brasileiro não tem<br />

formação, mas ganha um salário<br />

de um trabalhador com formação,<br />

é relativamente caro. Quando<br />

eu saí do <strong>Brasil</strong>, o déficit de<br />

população formada em tecnologia<br />

da informação era de 100<br />

mil, segundo a Associação <strong>Brasil</strong>eira<br />

de Empresas de Tecnologia<br />

da Informação e Comunicação<br />

(Brasscom). São números assustadores,<br />

você olha e pensa “como<br />

mudar essa situação?”. A<br />

combinação de falta de escolaridade<br />

e elevados encargos sociais<br />

aumenta o custo da mão de obra<br />

de forma desproporcional, o que<br />

faz com que se perca competitividade.<br />

Não é só o custo de infraestrutura,<br />

o custo <strong>Brasil</strong>, mas o custo<br />

de nossa mão de obra fica descompassado.<br />

Isso traz problemas<br />

de competitividade internacional,<br />

porque tem sempre alguém<br />

que vai fazer melhor e<br />

mais barato em algum lugar. Ao<br />

invés de comprar o produto brasileiro<br />

você pode comprar da<br />

China, do Vietnã.<br />

Depois de sua experiência na<br />

Ásia, o sr. consegue fazer uma<br />

comparação entre o <strong>Brasil</strong> e<br />

outros mercados emergentes?<br />

Você vê que eles partiram de padrões<br />

até inferiores aos que existiam<br />

no <strong>Brasil</strong> em décadas passadas,<br />

e fica um pouco decepcionado.<br />

O <strong>Brasil</strong> está melhorando,<br />

mas não o suficiente, poderia melhorar<br />

mais. Na Malásia, criou-se<br />

uma agência com membros do<br />

governo e do empresariado que<br />

Divulgação<br />

discutem estrategicamente como<br />

formar talentos para o país alcançar<br />

padrões desenvolvidos até<br />

2020. Fiquei até chateado quando<br />

saí de lá, porque apesar da minha<br />

posição mundial na empresa,<br />

sou brasileiro. E por que não<br />

temos um plano estratégico assim<br />

no <strong>Brasil</strong>, por que não temos<br />

uma visão em longo prazo? Nós ficamos<br />

o tempo inteiro, consistentemente<br />

reagindo. Estamos resolvendo<br />

problemas ao invés de pensar<br />

em projeções para o futuro.<br />

Temos visões, mas falta ambição,<br />

somos uma das maiores economias<br />

do mundo e não fazemos nada<br />

para manter essa posição e<br />

nosso lugar de destaque.<br />

Na falta de uma visão clara a<br />

longo prazo do Estado, cabe às<br />

empresas ter esse objetivo e<br />

treinar seus funcionários?<br />

Isso acaba sendo uma necessidade<br />

de sobrevivência. Não só treinando<br />

seus funcionários, mas ajudando<br />

a treinar o mercado, influenciando<br />

a academia e o ecossistema<br />

educacional. Aqui no <strong>Brasil</strong>,<br />

a IBM tem parcerias educacionais<br />

com escolas técnicas, com<br />

universidades e faculdades. Existe<br />

um trabalho em conjunto com<br />

instituições de ensino, além do foco<br />

interno no desenvolvimento<br />

dos profissionais. Não é possível<br />

continuar crescendo sem investimentos<br />

e recursos necessários para<br />

dar suporte à visão estratégica.<br />

Em outros países, a parceria<br />

com instituições de ensino não é<br />

necessária?<br />

Esse trabalho é necessário mundialmente.<br />

O governo e as instituições<br />

de ensino têm de estar<br />

juntos. Mas, o <strong>Brasil</strong> precisa mais<br />

e tem mais por fazer. A visão educacional<br />

e do desenvolvimento<br />

organizacional brasileiros progrediu,<br />

não podemos negar isso,<br />

mas ainda está aquém do que poderia<br />

ser. Esse é um dos potenciais<br />

gargalos que pode levar o<br />

<strong>Brasil</strong> a uma desaceleração. Estamos<br />

quase no pleno emprego,<br />

com apenas 6% da nossa população<br />

desempregada. Não dá mais<br />

para compensar o problema incorporando<br />

gente à produção,<br />

precisamos acelerar nossa produtividade<br />

de maneira sustentada.<br />

Esses profissionais não<br />

estão capacitados, mas<br />

estão empregados. Como<br />

explicar isso?<br />

As empresas têm de desenvolvêlos.<br />

Agora é preciso preparar os<br />

funcionários quando eles entram<br />

na empresa. A IBM, por exemplo,<br />

tem muito investimento nisso, o<br />

que aumenta indiretamente o<br />

custo da mão de obra. As pessoas<br />

podiam estar mais prontas, sem<br />

dúvida nenhuma.<br />

A falta de investimento em<br />

educação resulta em menor<br />

potencial de inovação nos<br />

brasileiros?<br />

Aqui surge inovação, temos produção<br />

de tecnologia e profissionais<br />

muito capacitados. O brasileiro<br />

tem a característica de inovar,<br />

de sobreviver em um ambiente<br />

com dificuldades. ■


ENCONTRO DE CONTAS<br />

Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 27<br />

12%<br />

é o crescimento esperado pela<br />

rede Bob’s para sua linha de<br />

gelados com a introdução<br />

do sabor goiaba em produtos<br />

como milk shake e sundae.<br />

FÁBIO SUZUKI<br />

encontrodecontas@brasileconomico.com.br<br />

Novo raio X de malas<br />

Alessandro Fadini/Divulgação<br />

GIRO RÁPIDO<br />

Pela necessidade em aumentar a segurança e acelerar<br />

o fluxo de pessoas durante os grandes eventos<br />

esportivos, os aeroportos brasileiros irão introduzir<br />

nos próximos meses um novo aparelho no sistema de<br />

triagem das bagagens. Denominado HI-SCAN 10080<br />

XCT, o aparelho elevará de 1 mil para 1,8 mil malas<br />

escaneadas por hora e fará a separação de itens<br />

suspeitos sem a presença humana. Aeroportos<br />

privados como os de Guarulhos, Brasília e Campinas<br />

devem ser os primeiros a adotar o equipamento.<br />

“Durante a Copa, serão 30 vezes mais pessoas que o<br />

normal e há a necessidade de uma melhor gestão na<br />

capacidade dos aeroportos”, diz Danilo Dias, CEO da<br />

Smiths Detection, fabricante do novo produto.<br />

Segundo ele, 4% das malas são extraviadas<br />

atualmente em todo o mundo.<br />

DaniloDias,daSmithsDetection:<br />

maissegurançaeeficiência<br />

Portfólio reforçado<br />

A importadora Vinho Sul reforça sua carta de vinhos<br />

com os acordos firmados com produtores dos Estados<br />

Unidos e Nova Zelândia, países que não faziam parte<br />

de seu portfólio. Com a iniciativa, a empresa espera<br />

aumentar em 60% as vendas até o final do ano.<br />

Males do trabalho<br />

O peso da saúde sobre a folha de pagamento das<br />

empresas passou de 4% para 8% nos últimos 20<br />

anos, segundo a AxisMed, especializada em medicina<br />

preventiva. A doença mais comumno ambiente<br />

de trabalho é a hipertensão, com 14% dos casos.<br />

FRASE<br />

“Há a possibilidade de a<br />

primeira equipe coreana<br />

unida competir em<br />

conjunto no evento”<br />

Ban Ki-moon<br />

Secretário-geral da ONU, sobre a<br />

participação conjunta das Coreias<br />

do Norte e do Sul nos Jogos<br />

Mundiais Universitários, em 2015.<br />

Divulgação<br />

Gestão de clubes de futebol é ruim para 52% dos profissionais<br />

Apesar da melhora na administração dos clubes de futebol do país, mais da metade dos<br />

profissionais que trabalham na área (52%) ainda classificam a gestão dos times brasileiros<br />

como ruim. Os principais pontos negativos citados foram a política dos clubes (44%) e a<br />

qualidade dos profissionais envolvidos (31%). Os dados são resultado da pesquisa feita durante<br />

o seminário “O Futuro dos clubes brasileiros”, que ocorreu em setembro, em São Paulo.<br />

Negócios no sambódromo<br />

Com cotas que variam de R$ 50 a R$ 600 mil, o<br />

Camarote Show Bar Brahma, no Anhembi, em São<br />

Paulo, espera arrecadar R$ 1,6 milhão em patrocínio<br />

para o Carnaval 2013. Em sua 13ª edição, o espaço<br />

receberá cerca de 4 mil pessoas por dia de folia.<br />

Pearson faz acordo<br />

na área editorial<br />

Joint venture com alemã<br />

Bertlesmann cria a maior editora<br />

do mundo, à frente da News Corp<br />

O grupo britânico de educação<br />

e editoração Pearson firmou<br />

acordo para unir sua divisão de<br />

livros Penguin à Random House,<br />

da alemã Bertlesmann , dando<br />

origem ao maior grupo editorial<br />

de produtos ao consumidor<br />

do mundo, deixando para<br />

trás a News Corp, de Rupert<br />

Murdoch.<br />

A confirmação do acordo<br />

ocorreu um dia após o Sunday<br />

Times, pertencente a Murdoch,<br />

Marjorie Scardino,<br />

presidente da Pearson<br />

Divulgação<br />

publicar que a News Corp poderia<br />

fazer uma oferta direta pela<br />

Penguin Books.<br />

A Pearson afirmou que a joint<br />

venture será denominada Penguin<br />

Random House, sendo que<br />

a Bertlesmann ficará com 53%<br />

e a Pearson, com o restante.<br />

Nenhuma das partes poderá<br />

vender qualquer participação<br />

detida na joint venture durante<br />

três anos pelo acordo entre<br />

as partes.<br />

Analistas apontaram que entraves<br />

regulatórios poderiam complicar<br />

a fusão, mas, com uma participação<br />

de mercado conjunta<br />

estimada em 25% nos Estados<br />

Unidos e na Grã-Bretanha, o negócio<br />

pode seguir adiante.<br />

Os grupos informaram que a<br />

joint venture ajudará ambos a se<br />

adaptarem às rápidas mudanças<br />

no mercado de livros, que vem<br />

sendo transformado pelo avanço<br />

dos livros digitais (ebooks) e<br />

aumento da concorrência por<br />

preços nos supermercados.<br />

“Juntos, os dois grupos poderão<br />

dividir uma grande parte<br />

dos custos, investir mais em autores<br />

e clubes de leitura e ser<br />

mais aventureiros para testar<br />

novos modelos neste universo<br />

emocionante e de rápida evolução<br />

dos livros digitais e leitores<br />

digitais”, afirmou a presidenteexecutiva<br />

da Pearson, Marjorie<br />

Scardino. ■ Reuters<br />

“ARGO” LIDERA BILHETERIAS NOS ESTADOS UNIDOS E CANADÁ<br />

Divulgação<br />

O aclamado drama passado no Irã “Argo” liderou as bilheterias neste final de semana<br />

nos Estados Unidos e Canadá, arrecadando US$ 12,4 milhões. “Argo”,dirigido<br />

e estrelado por Ben Affleck, desbancou a ficção científica “Cloud Atlas”,<br />

que também ficou atrás da animação “Hotel Transilvânia”, de apelo especial<br />

na época do Dia das Bruxas. “Cloud Atlas”, estrelado por Tom Hanks e Halle Berry,<br />

rendeu US$ 9,4 milhões de sexta a domingo, e “Hotel Transilvânia” fez US$ 9,5<br />

milhões, de acordo com estimativas dos estúdios. “Argo” subiu para o topo do<br />

ranking depois de duas semanas na segunda colocação, ajudado pelas resenhas<br />

entusiasmadas e pelas plateias que elogiam a história de uma missão para resgatar<br />

empregados do governo dos EUA no Irã em 1979, ano da Revolução Islâmica.


28 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012


CRIATIVIDADE & MÍDIA<br />

Editado por: Rachel Cardoso criatividade@brasileconomico.com.br<br />

Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 29<br />

R$80<br />

milhões<br />

é a verba total que a Petrobras<br />

Distribuidora (BR) tem para a<br />

nova agência de publicidade.<br />

Após cinco anos com a Master<br />

Roma Waiteman e Quê, a estatal<br />

receberá propostas para contrato<br />

de um ano, com possibilidade de<br />

renovação anual por até cinco<br />

exercícios. O prazo para entrega<br />

termina em 29 de novembro.<br />

CEO mundial da Leo Burnett<br />

põe <strong>Brasil</strong> no foco da estratégia<br />

Carolina Marcelino<br />

cmarcelino@brasileconomico.com.br<br />

Com o <strong>Brasil</strong> no centro de suas<br />

negociações, a Leo Burnett Tailor<br />

Made reuniu os 10 principais executivos<br />

da rede em São Paulo, para<br />

definir nesta semana as diretrizes<br />

do grupo para 2013. Com 96<br />

escritórios espalhados pelo mundo,<br />

a agência pretende se tornar<br />

a número 1, traçando uma estratégia<br />

de marketing na qual seus<br />

clientes passam a lidar com pessoas<br />

e não com consumidores.<br />

“Queremos que as nossas<br />

marcas tenham um diálogo permanente<br />

com seus clientes”, disse<br />

o Chairman e CEO da Leo Burnett<br />

Worldwide, Tom Bernardin<br />

(à esq.). Ele destaca que o <strong>Brasil</strong><br />

está em destaque por conta das<br />

ideias criativas que tem exportado<br />

para o mundo. “Além disso,<br />

as Olimpíadas e a Copa do Mundo<br />

tornam o país muito importante<br />

em termos de negócios”,<br />

afirmou Bernardin.<br />

Para o Chief Creative Office da<br />

Leo Burnett Worldwide, Mark<br />

Tutssel, o foco do sucesso está<br />

no conceito dos 4Ps — Pessoas,<br />

PARA LEMBRAR<br />

Araldite uniu Pepsi e Coca-Cola<br />

Em 1989, a Standard, Ogilvy & Mather — atual Ogilvy<br />

<strong>Brasil</strong> — desenvolveu para a Araldite um comercial<br />

batizado de “Latas”. Com fundo negro e uma forte<br />

batida de escola de samba como trilha, o filme mostrava<br />

latas de Pepsi e Coca-Cola se aproximando até que<br />

Araldite era aplicada e as duas ficavam grudadas.<br />

O slogan utilizado foi “Araldite cola até o que parece<br />

impossível”. A peça fez sucesso em Cannes e ganhou o<br />

Leão de Ouro. O projeto foi abortado logo depois, pois<br />

uma nova versão do produto dependia de uma seringa<br />

importada da Europa, que inviabilizou a venda no <strong>Brasil</strong>.<br />

Propósito, Participação e Popularidade.<br />

“As pessoas buscam<br />

transparência na marca. Nesse<br />

caminho, queremos que nossos<br />

clientes se tornem necessários<br />

na vida das pessoas”.<br />

Aqui no <strong>Brasil</strong>, os criativos citaram<br />

as contas da Procter &<br />

Gamble e da Fiat como exemplos<br />

de grandes trabalhos desenvolvidos<br />

por eles. “A estratégia<br />

traçada para a Fiat a tornou referência<br />

no setor de carros. Do<br />

mesmo jeito que a Coca-Cola é<br />

para bebidas e Mc Donald’s é para<br />

comida”, completou.<br />

Além da reunião com os principais<br />

líderes da agência, Tom<br />

Bernardin e Mark Tutssel lançaram<br />

a versão brasileira do livro<br />

“HumanKind”, que mostra os<br />

principais cases desenvolvidos<br />

pelo grupo e os conceitos utilizados<br />

em cada um. ■<br />

NO MUNDO DIGITAL<br />

L’Oréal debate tecnologia<br />

em prol da beleza no RJ<br />

O diretor de Pesquisa e Inovação<br />

da L'Oréal <strong>Brasil</strong>, Blaise Didillon,<br />

participa, hoje, no RJ, do IV<br />

Encontro Internacional COPPEAD<br />

de Comportamento do<br />

Consumidor. O executivo falará<br />

sobre a tecnologia a serviço da<br />

beleza. Também estarão lá<br />

executivos da FIAT, IBM e Ibope.<br />

Tequila José Cuervo<br />

estreia filme no <strong>Brasil</strong><br />

Microsoft faz ação global<br />

para lançar Windows 8<br />

Skoland reúne conteúdo em único ambiente<br />

A Skol lançou uma plataforma<br />

que irá reunir todo o conteúdo<br />

digital — presente hoje<br />

nas redes sociais — em um<br />

único ambiente. Batizada<br />

“Skoland”, a plataforma<br />

oferece ainda a Rádio<br />

Skol 2.0, que permite a seleção<br />

de playlist e o Serviço de<br />

Atendimento ao Churrasqueiro<br />

(SAC), com dicas de organização para um churrasco.<br />

Criado pela F/Nazca Saatchi & Saatchi e produzido pela Hive,<br />

o projeto levou cerca de um ano para ser finalizado.<br />

VAIVÉM<br />

MAURICIO PALERMO<br />

Vice-presidente de publicidade<br />

da Viacom <strong>Brasil</strong><br />

A Tequila José Cuervo lançou<br />

a campanha “Quem tá dentro?”.<br />

O conceito ganhou pela primeira<br />

vez no <strong>Brasil</strong>, um filme para a TV,<br />

além de ações de on e off trade.<br />

O plano de mídia foi assinado pela<br />

Casa de Darwin. O filme nacional,<br />

com dublagem em portunhol,<br />

passará na TV fechada.<br />

A JWT <strong>Brasil</strong> e a Wunderman<br />

assinam a campanha global que<br />

marca o lançamento do novo<br />

sistema operacional da Microsoft,<br />

o Windows 8. Ao todo, foram<br />

criados oito filmes, que poderão<br />

ser escolhidos para veiculação<br />

de acordo com cada região.<br />

●<br />

A Viacom <strong>Brasil</strong> anuncia<br />

➤<br />

a chegada de Maurício<br />

Palermo para assumir o cargo de<br />

vice-presidente de publicidade.<br />

Graduado em Publicidade<br />

e Propaganda pela FAAP e<br />

pós-graduado em Marketing pela<br />

ESPM, Palermo atua há 32 anos<br />

na área comercial. Ele será<br />

responsável pela implementação<br />

do novo plano de atuação da<br />

empresa no mercado brasileiro.<br />

Entre os seus desafios está<br />

a renovação do “Meus Prêmios<br />

Nick”, que esse ano atingiu a<br />

marca de 33 milhões de votos.<br />

COM A PALAVRA...<br />

...MARCELLO URSINI<br />

Fotos: divulgação<br />

Sócio-fundador da YouCreate<br />

Qual é o foco da YouCreate?<br />

Que tipo de ação é<br />

desenvolvida pela empresa?<br />

O YouCreate é um modelo<br />

inovador de agência colaborativa<br />

que utiliza uma rede social de<br />

talentos criativos do <strong>Brasil</strong> e do<br />

mundo para desenvolver serviços<br />

de Design Gráfico, Comunicação,<br />

Promoção, Webdesign,<br />

Midia e Consultoria. Nosso foco<br />

são empresas ou marcas que<br />

buscam qualidade criativa com<br />

reduções significativas de custos.<br />

O YouCreate trabalha com<br />

empresas interessadas em<br />

patrocinar concorrências<br />

criativas lançadas em seu site.<br />

Explique o conceito de<br />

crowdsourcing. E qual a<br />

importância deste tipo de<br />

marketing nos dias de hoje?<br />

O crowdsourcing é uma grande<br />

tendência mundial e tem sido<br />

utilizado por pequenas e médias<br />

empresas como oportunidade<br />

de acessar conteúdo criativo<br />

profissional a baixo custo.<br />

No YouCreate, o cliente recebe<br />

cerca de 100 opções de trabalhos<br />

num prazo de 10 dias, reduzindo<br />

os custos de criação em até 90%.<br />

Caso não fique satisfeito com<br />

os trabalhos, recebe o dinheiro<br />

de volta. Já para as grandes<br />

marcas as principais vantagens<br />

do crowdsourcing são as criações<br />

de conexão direta, emocional e<br />

engajadora com os consumidores,<br />

geração de melhores<br />

ideias, insights inovadores<br />

e caminhos criativos, conteúdo<br />

viral, diminuição de custos<br />

Fale um pouco de uma<br />

ação feita por vocês.<br />

Para o Cinemark, por exemplo,<br />

nós desenvolvemos um projeto de<br />

criação de vídeos colaborativos<br />

para divulgar as novas salas<br />

Cinemark XD (Extreme Digital).<br />

Foram criados, então, dezenas de<br />

vídeos e o vencedor além de<br />

faturar um prêmio em dinheiro,<br />

será veiculado nas salas<br />

Cinemark XD de todo o <strong>Brasil</strong><br />

antes dos filmes principais.<br />

Carolina Marcelino


30 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

MODA E LUXO<br />

Chanel convoca Brad Pitt para<br />

impulsionar vendas do Nº 5<br />

Estratégia da grife francesa é deixar homens “à vontade” para comprar perfumes para presentear no Natal<br />

Cotten Timberlake e Andrew<br />

Roberts, Bloomberg<br />

Um vídeo da campanha do perfume<br />

Chanel Nº 5 em que o astro<br />

Brad Pitt declama um monólogo<br />

sobre o significado de atemporalidade<br />

dividiu o mundo da<br />

moda. É pretensioso demais ou<br />

a essência da grife? Em um ponto,<br />

os especialistas concordam:<br />

colocar em evidência a fragrância<br />

feminina — especialmente<br />

entre os rapazes que apreciam a<br />

mulher de Pitt, Angelina Jolie -<br />

provavelmente fará explodir as<br />

vendas do produto mais conhecido<br />

da grife francesa.<br />

O comercial, rodado em preto<br />

e branco, foi lançado há menos<br />

de um mês e se tornou um<br />

viral, com quase cinco milhões<br />

de visualizações no You-<br />

Tube. A campanha “atinge um<br />

consumidor que não tem em<br />

mente, necessariamente, o<br />

Chanel Nº 5”, disse Jane Kellock,<br />

editora de produto da consultoria<br />

Stylus, em Londres. A<br />

fragrância representa “algo<br />

que as mulheres conhecem e<br />

os homens, não”.<br />

As campanhas de fim de ano<br />

são cruciais para as marcas de<br />

luxo. Perfumes estão entre os<br />

mais procurados presentes em<br />

redes como a Macy's, em Nova<br />

York, como a Le Bon Marché,<br />

em Paris, e são um segmento<br />

de varejo altamente dependente<br />

das vendas de novembro e<br />

dezembro.<br />

A escolha por Pitt, 48 anos,<br />

“serve para deixar os homens<br />

mais confortáveis diante de um<br />

balcão de perfumes”, disse Andrew<br />

Sacks, dono da agência de<br />

publicidade que leva seu nome,<br />

em Nova York. “A campanha<br />

dá confiança ao homem que deseja<br />

presentear uma mulher<br />

com fragrâncias”.<br />

O diretor do filme Joe Wright,<br />

conhecido pelos filmes<br />

“Orgulho e Preconceito”, “Desejo<br />

e Reparação” e que finaliza<br />

o longa “Anna Karenina”, já<br />

filmou diversas campanhas do<br />

Chanel Nº 5, incluindo a peça<br />

estrelada por Pitt. “O comercial<br />

captura memórias, pensamentos<br />

e sonhos de um homem<br />

seduzido pela fragrância”,<br />

disse em nota a Chanel.<br />

Fotos: divulgação<br />

Brad Pitt: cachê de US$ 7 milhões para ser o garoto-propaganda do perfume mais famoso do mundo<br />

Quarta grife mais<br />

valiosa do mundo, a<br />

Chanel está avaliada<br />

em US$ 6,68 bilhões,<br />

de acordo com<br />

estudo da Brandz<br />

Pitt recebeu US$ 7 milhões de<br />

cachê para estrelar a propaganda.<br />

A empresa deve gastar cerca<br />

de US$ 10 milhões em anúncios<br />

só nos Estados Unidos, de<br />

acordo com a Women's Wear<br />

Daily, citando fontes de mercado.<br />

A Chanel não quis comentar<br />

o assunto.<br />

A Chanel não divulga informações<br />

financeiras. Ela está na<br />

quarta colocação entre as mais<br />

valiosas marcas de luxo do mundo,<br />

com valor de US$ 6,68 bilhões,<br />

de acordo com o estudo<br />

Millward Brown Optimor, feito<br />

pela BrandZ em maio.<br />

Enquanto a Chanel, que dedica<br />

praticamente toda sua linha<br />

de produtos para o público feminino,<br />

é aplaudida por uma parte<br />

do mercado, há outra corrente<br />

que torceu o nariz para a iniciativa.<br />

"Estou surpreso pelo visual<br />

sem o menor apelo e como deixaram<br />

o ator tão desgrenhado",<br />

disse José Bandujo, presidente<br />

da Bandujo Advertising & Design<br />

em Nova York. "Provavelmente<br />

foi uma tentativa de tentar<br />

soar diferente, mas não se<br />

ajustou à sofisticação e elegância<br />

da marca".<br />

O monólogo de Pitt, que encerra<br />

o comercial dizendo que o<br />

perfume é "inevitável" , não foi<br />

bem compreendido por uma<br />

parcela do público. "O discurso<br />

não tem nenhuma relevância<br />

para o produto”. disse Tom Julian,<br />

especialista em marcas.<br />

Chanel Nº 5 é o perfume mais<br />

famoso do mundo e começou a<br />

ser comercializado em 1921. Coco<br />

Chanel encomendou ao perfumista<br />

Ernest Beaux uma fragrância<br />

que refletisse sua “filosofia moderna<br />

de moda”. O 5 era considerado<br />

seu número<br />

de sorte<br />

e foi a quinta<br />

amostra,<br />

apresentada<br />

no<br />

quinto dia<br />

do mês de<br />

maio, a se<br />

tornar um<br />

ícone. ■<br />

Lam Yik Fei/Bloomberg<br />

Oliver Bunic/Bloomberg<br />

Receita da PPR, dona da Gucci e<br />

da Puma, atinge ¤ 2,56 bilhões<br />

Gucci permanece em alta<br />

Puma registra vendas fracas<br />

Grifes de luxo compensam<br />

desempenho ruim das marcas<br />

esportivas Puma e Volcom<br />

A alta de<strong>manda</strong> por bolsas e outros<br />

acessórios de couro da Gucci<br />

e da Bottega Veneta turbinaram<br />

em 16% as vendas trimestrais<br />

da PPR, holding de marcas<br />

de luxo e de lifestyle. A receita<br />

das operações continuadas da<br />

companhia cresceu de ¤ 2,2 bilhões<br />

para ¤ 2,56 bilhões.<br />

A Gucci, grife de maior faturamento<br />

da PPR, teve uma alta de<br />

7% nas vendas. Já a Bottega Veneta<br />

cresceu 21% e a Yves Saint<br />

Laurent, 27%. O desempenho fez<br />

a companhia reafirmar seu otimismo<br />

com as vendas do quarto<br />

trimestre. A abertura de mais<br />

pontos de vendas também devem<br />

ajudar a ampliar os números<br />

da companhia nos últimos<br />

três meses do ano.<br />

Desempenho aquém das expectativas<br />

foi observado no segmento<br />

de lifestyle (que reúne<br />

as marcas de artigos esportivos).<br />

A Volcom, voltada ao público<br />

de surfe e skate, atrasou as<br />

entregas de encomendas aos varejistas.<br />

A recuperação do caixa<br />

das grifes esportivas deve vir<br />

no quarto trimestre, de acordo<br />

com o diretor financeiro da companhia,<br />

Jean-Marc Duplaix. A<br />

PPR também registrou resultado<br />

ruim da Puma. ■


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 31<br />

O colorido fim de ano da Chandon<br />

A Chandon lançou na semana passada a Chandon Collection, uma<br />

edição limitada para celebrar o verão e as festas de fim de ano.<br />

E a comemoração vem prontinha: A embalagem da Chandon Collection<br />

traz uma garrafa do espumante Réserve Brut de 750 ml e duas<br />

taças coloridas. São seis cores de taças, disponíveis nas embalagens<br />

em dois tons: azul e rosa, verde e vermelho ou roxo e amarelo.<br />

O preço é R$ 65,00.<br />

Princesas<br />

da Disney<br />

em versão<br />

alta-costura<br />

Londrina Harrod’s convoca<br />

nomes de peso da moda para<br />

criar vestidos de contos de fada<br />

Oscar de la Renta, Versace, Roberto<br />

Cavalli e Ellie Saab são alguns<br />

nomes da alta costuma<br />

mundial que reinterpretaram<br />

os vestidos originais das princesas<br />

da Disney para a Harrod’s,<br />

loja de departamentos mais badalada<br />

de Londres. Os desenhos<br />

dos vestidos serão exibidos nas<br />

diversas vitrines das lojas do<br />

bairro de Knightsbride por cerca<br />

de um mês.<br />

Todas as princesas eternizadas<br />

em filmes e desenhos de Disney<br />

estão presentes: Oscar de la<br />

Renta elegeu Branca de Neve (e<br />

a maçã virou uma bolsinha). Valentino<br />

vestiu Bell, de “A Bela e<br />

a Fera”, Versace emprestou seu<br />

glamour à Cinderela enquanto<br />

Jenny Packham deu modernidade<br />

à Rapunzel.<br />

As “personalidades”<br />

ganharam<br />

um ar contemporâneo,<br />

sem perder o<br />

encanto<br />

atemporal.<br />

Os desenhos<br />

podem<br />

ser conferidos<br />

no site da loja.<br />

Os displays foram<br />

criados para chamar a atenção<br />

dos clientes para a loja temporária<br />

de 2,1 mil metros quadrados<br />

que a Disney montou dentro<br />

da Harrod’s.<br />

Oscar de la Renta batizou sua<br />

criação como “Um dia seu príncipe<br />

virá”. Em seda, o vestido<br />

não deixou de lado a emblemática<br />

capa da personagem. A Cinderela<br />

de Valentino ganhou<br />

acessórios suntuosos, como a<br />

Branca de Neve por de La Renta<br />

tiara e colares poderosos e um<br />

cinto com a “medusa” característica<br />

da marca.<br />

Já Bella foi vestida com um<br />

modelo em chiffon de seda dourado,<br />

em várias camadas. A flor<br />

empresta suas formas a uma bolsa.<br />

A Pocahontas de Roberto Cavalli<br />

ganhou ares sensuais com<br />

um traje em tons de terra. ■<br />

Os piores (ou melhores) lugares<br />

para festejar o Dia das Bruxas<br />

LVMH abre centro de<br />

treinamento na Ásia<br />

Empreendimento, em Cingapura,<br />

é o primeiro da holding<br />

de luxo fora da Europa<br />

Redação<br />

redacao@brasileconomico.com.br<br />

O conglomerado francês de moda<br />

e artigos de luxo L V M H<br />

Moët Hennessy Louis Vuitton —<br />

mais conhecido por LVMH —<br />

inaugurou um centro de treinamento<br />

gerencial em Cingapura<br />

na semana passada, de acordo<br />

com a revistaWWD.<br />

Este é o primeiro instituto<br />

que a holding francesa abre fora<br />

da Europa. Segundo a publicação,<br />

Cingapura foi considerada<br />

uma “escolha natural” pela<br />

LVMH por causa do intenso ritmo<br />

de crescimento do consumo<br />

de artigos de maior valor agregado<br />

na região.<br />

O Centro de Desenvolvimento<br />

de Talentos da<br />

região Ásia-Pacífico<br />

da LVMH formará<br />

profissionais<br />

para seus negócios<br />

em Cingapura,<br />

Hong Kong<br />

e Xangai. O empreendimento<br />

tem quase dois<br />

mil metros quadrados e está localizado<br />

em Orchard Road,<br />

um dos distritos de compra<br />

mais famosos da capital. O<br />

complexo abriga inúmeras salas<br />

de treinamento e também<br />

centenas de metros de pratelei-<br />

Escola vai treinar<br />

funcionários<br />

das grifes da<br />

LVMH de<br />

Cingapura, Hong<br />

Kong e Xangai<br />

Balint Porneczi/Bloomberg<br />

Mão de obra qualificada na Ásia<br />

ras com os artigos de todas as<br />

grifes da LVMH. O conselho de<br />

desenvolvimento econômico<br />

de Cingapura participou ativamente<br />

para a instalação do instituto<br />

no país. O centro vai trabalhar<br />

em conjunto<br />

com entidades<br />

de ensino<br />

de negócios como<br />

a Insead,<br />

NUS (National<br />

University of Singapore)<br />

e SMU<br />

(Singapore Management<br />

University).<br />

Também vai organizar programas<br />

de treinamento de funcionários<br />

em “muitos níveis”,<br />

de acordo com a WWD — tudo<br />

para garantir a excelência do<br />

atendimento em qualquer parte<br />

do mundo. ■<br />

Site Hotwire escolhe alguns<br />

dos destinos mais assustadores<br />

ao redor do mundo<br />

Popular no Hemisfério Norte e<br />

já adotado por alguns brasileiros,<br />

o Halloween (ou a Festa das<br />

Bruxas) será comemorado amanhã<br />

com festas ao redor do mundo.<br />

O site de informações turísticas<br />

Hotwire (www.hotwire.<br />

com) reuniu alguns dos destinos<br />

mais assustadores para os fanáticos<br />

pela data.<br />

No topo da lista da Hotwire fica<br />

Hollywood, na Califórnia, cidade<br />

tão glamourosa que até os<br />

mortos teimam em deixá-la. Alguns<br />

acreditam que os espíritos<br />

de Marilyn Monroe e de Montgomery<br />

Clift, entre outros, rondam<br />

os corredores do Hollywood<br />

Roosevelt Hotel. Algumas<br />

agências levam turistas para<br />

conhecer lugares tão sombrios<br />

quanto famosos, como a<br />

casa onde a atriz Sharon Tate foi<br />

encontrada morta.<br />

Sede de sangue<br />

Para quem aprecia destinos<br />

“tradicionais”, a pedida é Transilvânia,<br />

na Romênia. O castelo<br />

Brand, onde viveu o infame e<br />

Sol,drinques,praiasbadaladas,acidentesedesesperonasBermudas<br />

sanguinário príncipe Vlad é um<br />

passeio capaz de provocar arrepios<br />

até nos mais corajosos. Inspiração<br />

para “Drácula”, de Bram<br />

Stoker, o príncipe Vlad não deixou<br />

vestígios no castelo de mais<br />

de quatro séculos.<br />

Ainda na Europa, Edimburgo<br />

também deixa de cabelos em pé<br />

os mais sensíveis. A cidade foi<br />

palco de alguns dos mais violentos<br />

ataques militares da história.<br />

O castelo foi palco de execuções<br />

e há passeios para conhecer<br />

cemitérios centenários.<br />

Assombração ensolarada<br />

O Triângulo das Bermudas, um<br />

polígono imaginário entre as<br />

Ilhas de Bermudas, Porto Rico e<br />

Fort Lauderdale, nos Estados<br />

Unidos (passando também sobre<br />

as Bahamas) é de uma beleza<br />

assustadora. Suas águas límpidas<br />

“sugaram” pelo menos 50<br />

navios e outros 20 aviões — muito<br />

desses acidentes não foram<br />

desvendados até hoje. O lugar é<br />

rota de diversos cruzeiros globais<br />

luxuosos e ponto de lazer<br />

de velejadores, mergulhadores<br />

e de outros destemidos. ■<br />

SÓ PARA QUEM PODE<br />

Alguns clientes do Sberbank, do Cazaquistão, poderão<br />

pagar suas contas com ouro e pedras preciosas,<br />

literalmente. A instituição bancária emitiu um<br />

extravagante cartão de crédito feito com ouro e<br />

brilhantes incrustados para as 100 contas correntes<br />

mais recheadas. Além de ter crédito ilimitado, o cartão<br />

traz gravadas informações médicas sobre seu dono e<br />

oferece seguro contra roubo e furto mundialmente.


32 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

FINANÇAS<br />

Anbima lança boas práticas de<br />

venda de produtos ao varejo<br />

Código, que entra em vigor em 2013, traz exigências mínimas para fundos, ações e títulos de investimento<br />

Priscila Dadona<br />

pdadona@brasileconomico.com.br<br />

A partir do ano que vem, gestores<br />

de recursos como bancos e<br />

corretoras terão que seguir diversas<br />

exigências mínimas e<br />

boas práticas para distribuir produtos<br />

de investimento voltados<br />

para o varejo e clientes pessoa física<br />

de alta renda. É que entra<br />

em vigor o Código Anbima de<br />

Autoregulação e Melhores Práticas,<br />

o 13º da instituição. Para se<br />

ter uma ideia, hoje o varejo representa<br />

17% do patrimônio líquido<br />

de fundos de R$ 2,183 trilhões,<br />

ou seja, R$ 371,22 bilhões.<br />

A próxima iniciativa da Anbima<br />

no varejo é simplificar as diversas<br />

categorias de fundos existentes<br />

voltadas a<br />

este público, para<br />

que o cliente saiba<br />

a estratégia utilizada<br />

pelo gestor<br />

e o risco que está<br />

correndo. “Queremos<br />

por em prática<br />

o mais rápido<br />

possível. Diria<br />

que no primeiro semestre de<br />

2013 deve estar concluído”, afirma<br />

Carlos Takahashi, vice-presidente<br />

da Anbima.<br />

No código para o varejo, além<br />

das exigências mínimas de<br />

transparência há diretrizes para<br />

publicidade, envio de informações<br />

para a formação de uma base<br />

de dados e aplicação de análise<br />

do perfil do investidor (conhecido<br />

como suitability).<br />

Cada instituição<br />

seguirá sua<br />

própria<br />

metodologia,<br />

e divulgá-la<br />

aos seus clientes<br />

Fundos de investimento,<br />

ações, CDBs, Letras Financeiras,<br />

derivativos, debêntures são<br />

alguns dos produtos financeiros<br />

contemplados no novo código.<br />

“As novas taxas de juros estão<br />

fazendo com que os investidores<br />

refaçam suas apostas”, afirma<br />

Takahashi.<br />

“Num cenário de baixa taxa<br />

de juros onde a rentabilidade<br />

que o investidor estava acostumado<br />

não mais será possível.<br />

Por isso, ele terá de recorrer à<br />

diversificação e vai ter de correr<br />

um pouco mais risco. O código<br />

vem para proteger esses investidores”,<br />

afirma Fábio Garcia,<br />

coordenador da associação.<br />

Segundo Takahashi, também<br />

serão exigidos das instituições a<br />

capacitação e a<br />

certificação dos<br />

profissionais que<br />

atendem ao cliente.<br />

“O que mais o<br />

investidor precisa<br />

é ter transparência”,<br />

afirma.<br />

Hoje são cerca de<br />

290 mil profissionais<br />

certificados no país.<br />

Embora o código seja de autoregulação,<br />

o vice-presidente<br />

da Anbima afirma que cada instituição<br />

seguirá sua própria metodologia,<br />

mas que deve ser de<br />

conhecimento do cliente e esteja<br />

em um manual. O código<br />

também cria, segundo Garcia,<br />

um arcabouço para a Análise de<br />

Perfil do Investidor (API), também<br />

da Anbima. A partir de<br />

Presidida por Denise Pavarina, a Anbima prepara agora a simplificação da classificação de fundos<br />

março de 2013 será obrigatória<br />

a aplicação da API não só para<br />

fundos de ações, multimercados<br />

e renda fixa de crédito privado,<br />

como também para os<br />

chamados produtos de tesouraria<br />

como CDB e Letras Financeiras,<br />

produtos distribuídos por<br />

corretoras como ações,derivativos<br />

e títulos do Tesouro Nacional,<br />

além de outras categorias<br />

Henrique Manreza<br />

de fundos. “As instituições já<br />

vem se preparando para este<br />

prazo e acreditamos que a partir<br />

de março todas estejam preparadas”,<br />

garante Garcia.<br />

Marcos Daré, presidente do<br />

comitê de distribuição de produtos<br />

no varejo da Anbima, diz<br />

que o código foi estudado durante<br />

cerca de 2 anos, passou<br />

por audiência pública em setembro<br />

e deve criar uma rica<br />

base de dados, com informações<br />

mais precisas sobre o perfil<br />

do investidor, a partir de<br />

abril ou maio do ano que vem.<br />

“Vai ajudar as instituições a distribuir<br />

produtos e avaliar adequadamente<br />

o potencial de captação<br />

para cada cliente e trará<br />

maior transparência na relação<br />

investidor e gestor.” ■<br />

Captação do Daycoval aumenta 23,3% em 12 meses<br />

Apesar da intervenção no BVA<br />

e no Cruzeiro do Sul, banco teve<br />

bom resultado no trimestre<br />

As intervenções do Banco Central<br />

no BVA e no Cruzeiro do Sul<br />

poderiam ter impacto negativo<br />

sobre os resultados do concorrente<br />

Daycoval. Mas o que aconteceu<br />

foi exatamente o contrário.<br />

“Existem muitos bancos médios<br />

bons no país. Clientes e investidores<br />

viram que nossa gestão<br />

é sólida e que estamos diversificando<br />

os produtos. Com isso,<br />

nossa captação não só cresceu,<br />

como alongamos o prazo e<br />

reduzimos os custos”, afirma Ricardo<br />

Gelbaum, diretor de relações<br />

com investidores do banco.<br />

O Daycoval encerrou o terceiro<br />

trimestre com captação total<br />

de R$ 8,6 bilhões, o que representa<br />

um avanço de 23,3%<br />

em 12 meses.<br />

“Ninguém cresceu muito, estão<br />

todos cuidando da inadimplência.”<br />

As provisões saltaram<br />

de R$ 84 milhões, de abril a junho,<br />

para R$ 106 milhões, de julho<br />

a setembro. O lucro líquido<br />

alcançou R$ 98,4 milhões, alta<br />

de 21% na comparação com os<br />

R$ 81,3 milhões do segundo trimestre<br />

e de 28,3% frente ao<br />

mesmo período de 2011. Já os<br />

ativos totais somaram R$ 13,4 bilhões,<br />

3,8% acima do trimestre<br />

anterior e 16,9% maior que o<br />

mesmo período de 2011.<br />

A carteira de crédito expandida<br />

totalizou R$ 8,7 bilhões com<br />

elevação de 12,5% ante o ano anterior.<br />

Desse total, as operações<br />

de middle market representaram<br />

65,4% dos negócios e as<br />

operações de varejo (crédito<br />

consignado, veículos, CDC lojista)<br />

contribuíram com 34,6% —<br />

acima dos 30,3% registrados em<br />

2011. ■ Natália Flach<br />

ATIVOS CRESCEM, RECEITAS CAEM<br />

Desempenho do banco, em R$ milhões<br />

PRINCIPAIS INDICADORES 3º TRIMESTRE DE 2012 VARIAÇÃO EM 12 MESES<br />

RECEITA DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO<br />

LUCRO LÍQUIDO<br />

LUCRO LÍQUIDO RECORRENTE<br />

PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL)<br />

ATIVOS TOTAIS<br />

CARTEIRA DE CRÉDITO<br />

CAPTAÇÃO TOTAL (FUNDING)<br />

RETORNO SOBRE PL MÉDIO (ROAE) (A.A.)<br />

ÍNDICE DE BASILEIA (%)<br />

Fonte: Daycoval<br />

388,8<br />

98,4<br />

66,8<br />

2.074,60<br />

13.451,70<br />

7643,1<br />

8.684,30<br />

19,20%<br />

17,30%<br />

-7,80%<br />

2,80%<br />

-24,30%<br />

9,00%<br />

16,90%<br />

9,80%<br />

23,30%<br />

(1,2) p.p.<br />

0,7 p.p


MERCADOS<br />

Fabio Rodrigues/ABr<br />

Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 33<br />

Lei para pagamento via celular sai em breve<br />

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou ontem na<br />

abertura do IV Fórum do BC sobre Inclusão Financeira em Porto Alegre<br />

que está sendo finalizada uma proposta de lei, que será submetida à<br />

presidente <strong>Dilma</strong> Rousseff nos próximo dias, sobre pagamentos por<br />

meio de telefones celulares. Segundo ele, a definição do "marco legal<br />

e regulatório sobre pagamentos móveis" é importante porque pode<br />

trazer benefícios na prestação desse serviço e redução de preços.<br />

OGX perde<br />

70% de valor<br />

de mercado<br />

neste ano<br />

Estudo da Economatica mostra<br />

empresa em primeiro lugar<br />

entre as perdedoras da AL e EUA<br />

A OGX, empresa de petróleo e<br />

gás do Grupo EBX, do empresário<br />

Eike Batista, foi a companhia<br />

de capital aberto da América<br />

Latina e Estados Unidos<br />

com a maior perda percentual<br />

de valor de mercado em 2012,<br />

de 69,5%, ou de US$ 16,310 bilhões.<br />

Em 31 de dezembro de 2011, o<br />

valor da empresa era de US$<br />

23,48 bilhões, e no dia 26 de outubro<br />

de 2012, havia passado para<br />

US$ 7,17 bilhões.<br />

As informações fazem parte<br />

de levantamento divulgado ontem<br />

(29/10) pela Economatica.<br />

Entre as 1.948 empresas que<br />

fizeram parte do universo de<br />

pesquisa da consultoria, 13 delas<br />

reportam perdas em seu valor<br />

de mercado acima dos US$<br />

10 bilhões em 2012.<br />

Quatro delas são brasileiras,<br />

oito dos Estados Unidos e uma<br />

mexicana.<br />

Além da OGX, as outras empresas<br />

nacionais com perdas acima<br />

de US$ 10 bilhões são Itaú<br />

Unibanco (-US$ 10,526 bilhões,<br />

ou 14,4% de queda percentual),<br />

Vale (-US$ 12,398 bilhões, ou<br />

11,7%) e Petrobras (-US$ 10,263<br />

bilhões, ou 6,6%).<br />

A estatal petrolífera brasileira<br />

apresentou a menor queda percentual<br />

dentre as empresas do<br />

levantamento da Economatica.<br />

A maior queda nominal foi registrada<br />

pela americana Conocophillips,<br />

de US$ 27,146 bilhões,<br />

mas com uma retração percentual<br />

de "apenas" 28,1%. ■<br />

CAMPEÃ BRASILEIRA<br />

As maiores perdas em valor<br />

de mercado das companhias<br />

nas bolsas de AL e EUA<br />

OGX<br />

ELEKTRA GROUP<br />

HEWLETT-PACKARD<br />

DELL<br />

MONDELEZ<br />

INTERNATIONAL<br />

Fonte: Economatica<br />

-69,5%<br />

-58,5%<br />

VARIAÇÃO NO ANO<br />

-45,8%<br />

-39,0%<br />

-28,5%<br />

-80-70 8070<br />

0-60<br />

-50<br />

-40<br />

-30<br />

-20<br />

-10 0<br />

BOLSAS<br />

Ibovespa cai 0,17%,<br />

para 57.176 pontos<br />

Sem mercado em Nova York, giro financeiro aqui foi de R$ 4 bi ontem<br />

Niviane Magalhães<br />

nmagalhaes@brasileconomico.com.br<br />

Sem referencial de Wall Street<br />

devido ao furacão Sandy, o mercado<br />

acionário brasileiro operou<br />

sem fôlego, fechando em<br />

queda de 0,17%, aos 57.176 pontos.<br />

O giro financeiro ficou em<br />

R$ 4 bilhões, diante do número<br />

reduzido de investidores estrangeiros.<br />

O Ibovespa foi impactado pelas<br />

ações da Petrobras (PETR3),<br />

que encerraram com baixa de<br />

3,45%, com os investidores repercutindo<br />

o mau desempenho<br />

da empresa no balanço do terceiro<br />

trimestre.<br />

O fraco resultado da estatal é<br />

reflexo de fatores como ‘pressão<br />

dos custos, menor produção,<br />

elevação do saldo de importação<br />

e aumento das despesas<br />

financeiras”, afirmaram<br />

analistas do BB Investimentos<br />

em relatório.<br />

Além da queda no lucro, a<br />

produção da Petrobras no <strong>Brasil</strong><br />

caiu ao menor volume desde<br />

2008, para 1,843 milhão de barris<br />

de petróleo por dia em setembro.<br />

No entanto, a recuperação<br />

dos papéis da OGX, que caíram<br />

bastante na última semana, foi<br />

fundamental para limitar mais<br />

perdas na sessão. As ações da<br />

JUROS<br />

Taxas sobem em dia<br />

de liquidez reduzida<br />

Com dados acima do esperado<br />

da economia americana e liquidez<br />

reduzida, o mercado de juros<br />

futuros negociados na BM&<br />

FBovespa se alternaram em fortes<br />

e altas e baixas.<br />

Entre os números dos Estados<br />

Unidos, divulgados ontem,<br />

os gastos dos consumidores<br />

avançaram 0,8% em setembro,<br />

frente aos 0,6% esperados pelo<br />

mercado. Já o índice que mede<br />

o nível da atividade industrial<br />

de Dallas passou de -0,9 ponto<br />

em setembro para 1,8 ponto em<br />

outubro, o primeiro registro positivo<br />

desde junho.<br />

“Os dois índices acabaram favorecendo<br />

uma realização de lucros<br />

nos DIs, já que a curva vem<br />

caindo nas últimas semanas”,<br />

O Ibovespa foi<br />

impactado pelas<br />

ações da Petrobras,<br />

que encerraram com<br />

baixa de 3,45%<br />

após balanço fraco<br />

petrolífera subiram 2,60%, liderando<br />

as maiores altas.<br />

Entre as maiores quedas do<br />

pregão, as ações da LLX<br />

(LLXL3) e da Braskem (BRKM5)<br />

caíram 6,50% e 4,10%, respectivamente.<br />

Na sexta-feira, a agência de<br />

classificação de risco Fitch alterou<br />

para negativa a perspectiva<br />

da Braskem.<br />

Na Europa, o dia também foi<br />

ruim. “Há muita indefinição na<br />

Espanha. Além disso, a falta de<br />

consenso em relação à Grécia<br />

também está pesando”, aponta<br />

Luiz Gustavo Pereira, estrategista<br />

da Futura Corretora.<br />

Para ele, as bolsas estão sofrendo<br />

também por conta de resultados<br />

trimestrais decepcionantes.<br />

Na Ásia, a Honda reduziu a projeção<br />

de lucro para este ano e a Kia<br />

Motors apresentou balanço<br />

ruim. Para hoje o movimento<br />

também será apático, uma vez as<br />

bolsas continuarão sem referência<br />

americana. ■ Com Reuters<br />

Operadores repercutem dados positivos da economia americana<br />

diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe<br />

do Banco WestLB.<br />

Mais negociado, com giro de<br />

R$ 19,861 bilhões, o Contrato de<br />

Depósito Interfinanceiro (DI)<br />

com vencimento em janeiro de<br />

2013 subiu de 7,100% para<br />

7,110%, enquanto o para janeiro<br />

de 2014 avançou de 7,32% para<br />

7,33%, com volume de R$<br />

9,919 bilhões.<br />

Já a taxa do contrato de DI<br />

com vencimento para janeiro<br />

de 2017 ficou estável em 8,48%.<br />

“Com a liquidez comprometida,<br />

o mercado optou por uma<br />

realização, aguardando dados<br />

mais concretos sobre os efeitos<br />

do furacão Sandy nos Estados<br />

Unidos”, afirma o economista<br />

do WestLB. ■ Lucas Bombana<br />

WALL STREET<br />

Mercado fecha por 2<br />

dias e perde US$ 200 bi<br />

É a primeira vez que isso ocorre por um evento climático desde 1985<br />

Ações das<br />

seguradoras na<br />

Europa caíram sob<br />

expectativa de<br />

que setor será um<br />

dos mais afetados<br />

A Bolsa de Nova York (Nyse)<br />

também permanecerá fechada<br />

hoje devido à chegada do furacão<br />

Sandy à costa leste dos Estados<br />

Unidos, informou ontem a<br />

gerenciadora do pregão novaiorquino,<br />

NYSE Euronext, que<br />

prevê reiniciar suas operações<br />

amanhã.<br />

“Em cooperação com outras<br />

bolsas e participantes do mercado,<br />

a NYSE Euronext fechará<br />

seus mercados de forma<br />

coordenada com todos os mercados<br />

americanos de valores,<br />

bônus, opções e derivados na<br />

terça-feira”, detalhou a gerenciadora<br />

da bolsa nova-iorquina.<br />

Se o tempo permitir, os<br />

mercados financeiros dos EUA<br />

reabrirão na quarta-feira após<br />

terem permanecido fechados<br />

também ontem.<br />

Por causa do fechamento dos<br />

mercados acionários, a Nyse e a<br />

Nasdaq podem ter deixado de<br />

negociar, só ontem, cerca de<br />

US$ 100 bilhões — a média diária<br />

de negociação destes dois<br />

mercados no ano até setembro<br />

foi de US$ 95,75 bilhões. Caso<br />

hoje, os mercados também permaneçam<br />

fechados,<br />

o prejuízo pode<br />

chegar a US$<br />

200 bilhões, segundo<br />

dados apurados<br />

pelo BRASIL<br />

ECONÔMICO.<br />

Em comunicado<br />

separado, a<br />

Nasdaq OMX, a<br />

gerente da Bolsa<br />

de Valores de mesmo<br />

nome onde cotam algumas<br />

das maiores empresas tecnológicas<br />

do mundo como Apple e<br />

Google, confirmou que também<br />

se manterá fechada e que deve<br />

reabrir amanhã.<br />

A última vez que os mercados<br />

de valores nova-iorquinos fecharam<br />

de forma imprevista foi<br />

em 2001, quando os atentados<br />

terroristas de 11 de setembro forçaram<br />

o fechamento de Wall<br />

Street durante quatro dias, enquanto<br />

por razões meteorológicas<br />

a última vez tinha sido em<br />

27 de setembro de 1985 devido<br />

ao furacão “Gloria”.<br />

Diversas companhias adiaram<br />

a divulgação de resultados,<br />

incluindo a farmacêutica Pfizer,<br />

e outras devem também alterar<br />

seus cronogramas.<br />

Wall Street havia originalmente<br />

se preparado para abrir<br />

para negócios ontem com poucos<br />

funcionários. A decisão de<br />

fechar aconteceu após reguladores<br />

e operadores de bolsas terem<br />

discutido as incertezas que<br />

seriam enfrentadas. O mercado<br />

de títulos ficou aberto até meiodia,<br />

no horário da Costa Leste<br />

dos EUA. As ações europeias caíram,<br />

sob o peso de seguradoras,<br />

por expectativas de que o setor<br />

terá lucros duramente atingidos<br />

pelos custos resultantes de um<br />

grande furacão em aproximação<br />

dos Estados Unidos.<br />

Na sexta-feira, o Dow Jones<br />

subiu 3,53 pontos, ou 0,03%,<br />

para fechar a 13.107,21 pontos.<br />

O Standard & Poor's 500 recuou<br />

1,03 ponto, ou 0,07%, para<br />

terminar a 1.411,94 pontos. O<br />

Nasdaq ganhou 1,83 ponto, ou<br />

0,06%, para fechar a 2.987,95<br />

pontos.<br />

As ações europeias caíram<br />

ontem, sob o peso de seguradoras,<br />

por expectativas de que o<br />

setor terá lucros duramente<br />

atingidos pelos custos resultantes<br />

do furacão.<br />

As seguradoras Swiss Re e<br />

Hannover RE lideram a queda<br />

do índice do setor, enquanto o<br />

mercado tentava prever os eventuais<br />

danos causados pelo Sandy.<br />

“Nós estamos<br />

vendo a queda<br />

das seguradoras e<br />

vendemos um<br />

pouco de Aviva e<br />

RSA”, diz o chefe<br />

de operações da<br />

Galvan Research,<br />

Ed Woolfitt. “É<br />

tudo temporário<br />

por enquanto,<br />

até que possamos mensurar<br />

quanto impacto realmente teremos.”<br />

Em Londres, o índice Financial<br />

Times caiu 0,20%, para<br />

5.795 pontos. Em Frankfurt, o<br />

índice DAX recuou 0,40%, para<br />

7.203 pontos. Em Paris, o índice<br />

CAC-40 perdeu 0,76%, a 3.408<br />

pontos.<br />

Dólar<br />

Em um dia de liquidez prejudicada,<br />

o dólar experimentou<br />

uma rodada de apreciação frente<br />

a praticamente todas as divisas<br />

globais.<br />

O Dollar Index, índice que<br />

mede a variação da moeda americana<br />

frente a uma cesta de divisas,<br />

subiu 0,21%.<br />

Nesse contexto, o dólar encerrou<br />

os negócios contra o real<br />

com uma valorização de 0,29%,<br />

negociado a R$ 2,033 para venda,<br />

ainda respeitando o patamar<br />

entre R$ 2,02 e R$ 2,05. ■<br />

L.B., com agências


34 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

FINANÇAS PESSOAIS<br />

Divulgação<br />

Auto Raposo fará 2ª emissão de debêntures<br />

A concessionária Auto Raposo Tavares irá realizar uma segunda<br />

emissão de debêntures simples no valor de R$ 750 milhões, não<br />

conversíveis em ações, da espécie quirografária e com garantia<br />

adicional real, segundo comunicado à Comissão de Valores Mobiliários<br />

(CVM). A operação será coordenada pelo Bradesco BBI, Votorantim, BB<br />

Investimento e pela corretora do banco HSBC. O prazo de vencimento<br />

das debêntures é de 12 anos contados a partir da data de emissão.<br />

CONSUMIR<br />

Conheça as melhores cidades para<br />

compras, na Europa ou na Ásia<br />

Índice considera cinco categorias de acordo com o perfil de viajantes. Descubra qual é a ideal para você<br />

Marília Almeida<br />

malmeida@brasileconomico.com.br<br />

TOP 3<br />

As cidades mais bem colocadas em cada quesito na Europa e na Ásia<br />

Quem pensa em fazer compras<br />

no exterior, seja em busca de<br />

preços mais baixos, marcas internacionais<br />

inexistentes no <strong>Brasil</strong><br />

ou novidades deve considerar<br />

características da cidade e<br />

verificar se são adequadas ao<br />

seu perfil de comprador para encontrar<br />

o lugar ideal.<br />

Um indicador pode ajudar a<br />

fazer a escolha. Na Europa, conhecida<br />

como o principal destino<br />

quando se trata de comércio<br />

de luxo, Londres foi a cidade<br />

eleita como a melhor para compras<br />

pelo índice da Globe Shopper,<br />

que comparou 33 cidades.<br />

O índice considerou cinco categorias:<br />

compras, preços, conveniência,<br />

hotéis e transporte e<br />

cultura e clima.<br />

Na capital do Reino Unido, a<br />

variedade, número de marcas<br />

locais e internacionais e localização<br />

de famosas ruas comerciais,<br />

como Oxford e Carnaby, bem<br />

como grandes mercados, como<br />

Covent Garden se destacam aos<br />

olhos do comprador estrangeiro.<br />

A cidade tem três grandes<br />

shoppings, número que não é<br />

usual no continente. Apenas Istambul,<br />

na Turquia, e Moscou,<br />

capital da Rússia, têm mais.<br />

Por outro lado, a cidade tem<br />

um clima chuvoso que pode interferir<br />

na experiência de compra<br />

e hotéis e transporte mais caros<br />

quando comparados a outras<br />

cidades do continente. A segurança<br />

na cidade e rigidez para<br />

obtenção de visto também<br />

são itens que pesam na escolha.<br />

As cidades espanholas Madri<br />

e Barcelona, por exemplo, estão<br />

melhores posicionadas quando<br />

são comparados todos os quesitos.<br />

Barcelona está em primeiro<br />

lugar quando são considerados<br />

itens de luxo.<br />

Para quem busca custo, cidades<br />

situadas no Leste Europeu,<br />

como Kiev e Sofia, capitais da<br />

Ucrânia e Bulgária, bem como<br />

Dublin, pontuam bem no quesito<br />

liquidações sazonais e preços<br />

baixos.Uma corrida de taxi em<br />

Genebra pode custar 17 vezes<br />

mais do que em Kiev e um quarto<br />

de hotel dois estrelas é três<br />

vezes mais caro em Paris que<br />

em Sofia. Por outro lado, essas<br />

cidades são mais inseguras.<br />

CONVENIÊNCIA<br />

EUROPA<br />

1 Istambul (Turquia)<br />

2 Praga (República Tcheca)<br />

3 Kiev (Rússia)<br />

ÁSIA<br />

1 Xangai (China)<br />

2 Hong Kong (China)<br />

3 Busan (Coreia do Sul)<br />

MAIS BARATA<br />

EUROPA<br />

1 Sofia (Bulgária)<br />

2 Bratislava (Eslováquia)<br />

3 Bucareste (Romênia)<br />

Uma dica para os viajantes é<br />

que, na Europa, poucas cidades<br />

oferecem lojas que ficam abertas<br />

até às sete horas da noite durante<br />

a semana. Em algumas, lojas<br />

fecham na segunda pela manhã,<br />

e também por até duas horas<br />

durante o almoço.<br />

Seja um viajante motivado<br />

por estímulos; que não goste de<br />

surpresas; seja interessado em<br />

marcas internacionais, que busque<br />

últimas novidades ou goste<br />

de barganhar, é possível encontrar<br />

uma cidade que se encaixe<br />

no seu gosto pessoal. Isso porque<br />

todas as cidades oferecem<br />

bons resultados em pelo menos<br />

uma categoria.<br />

Tatiana Jardim, 29 anos, gerente<br />

de marketing da agência<br />

de turismo Maktour, gosta de<br />

comprar enquanto faz turismo,<br />

e elege Londres como sua cidade<br />

preferida para compras. “A<br />

cidade tem butiques e também<br />

HOTÉIS E TRANSPORTE<br />

EUROPA<br />

1 Londres (Inglaterra)<br />

2 Copenhague (Dinamarca)<br />

3 Barcelona (Madri)<br />

ÁSIA<br />

1 Ho Chi Minh (Vietnã)<br />

2 Daca (Bangladesh)<br />

3 Kuala Lumpur (Malásia)<br />

lojas populares e outlets ao redor<br />

da cidade. Gosto do seu conceito<br />

de shopping ao ar livre”,<br />

conta. Ela destaca ainda a facilidade<br />

de transporte.”O centro<br />

de compras é fácil de acessar.”<br />

Emergente<br />

Um mercado em crescimento, a<br />

região da Ásia e do Pacífico tem<br />

grande potencial para compras.<br />

Entre os turistas que vão a<br />

Hong Kong, 87% já possuem como<br />

objetivo comprar.<br />

Não à toa, a região administrativa<br />

especial da China, que<br />

Índice Globe<br />

Shopping avaliou<br />

33 cidades na<br />

Europa e 25 na região<br />

da Ásia e Pacífico<br />

em cinco categorias<br />

ÁSIA<br />

1 Tóquio (Japão)<br />

2 Xangai (China)<br />

3 Pequim (China)<br />

COMPRAS<br />

EUROPA<br />

1 Londres (Inglaterra)<br />

2 Paris (França)<br />

3 Madri (Espanha)<br />

Fonte: The Globe Shopper Index<br />

ÁSIA<br />

1 Hong Kong (China)<br />

2 Kuala Lumpur (Malásia)<br />

3 Cingapura (Cingapura)<br />

CULTURA E CLIMA<br />

EUROPA<br />

1 Paris (França)<br />

2 Roma (Itália)<br />

3 Berlim (Alemanha)<br />

ÁSIA<br />

1 Sidney (Austrália)<br />

2 Hong Kong (China)<br />

3 Tóquio (Japão)<br />

abriga butiques no Distrito<br />

Central, perto da rua Chater, e<br />

lojas descoladas da Causeway,<br />

foi eleita a melhor para este<br />

fim na região.<br />

O destaque são produtos com<br />

preços acessíveis, muitas atrações<br />

culturais e culinária variada.O<br />

problema é encontrar onde<br />

ficar. Isso porque a ocupação<br />

de hotéis na cidade é alta, o que<br />

joga os preços para cima.<br />

Já Kuala Lumpur, capital da<br />

Malásia, tem indicadores consistentes,<br />

e está posicionada entre<br />

as dez melhores em cada categoria<br />

analisada. De novo, preços<br />

acessíveis, variedade de produtos<br />

e grande número de lojas<br />

são o destaque. A cidade abriga<br />

três dos dez maiores shoppings<br />

do mundo. Quem busca barganhas<br />

deve visitar os mercados<br />

da rua Petaling.<br />

Por causa de taxas altas, a chinesa<br />

Xangai é a mais cara quando<br />

se trata de uma cesta de produtos,<br />

e tem clima úmido, menos<br />

agradável ao turista estrangeiro,<br />

assim como restrições de<br />

visto. Por outro lado, ambas<br />

têm grande infraestrutura de turismo.<br />

Xangai, por exemplo, é a<br />

primeira colocada em termos<br />

de conveniência. Para quem<br />

busca produtos de qualidade, e<br />

menos imitações, o destino deve<br />

ser Nagoya, no Japão.<br />

As cidades mais baratas da região,<br />

Ho Chi Min, no Vietnã,<br />

Dhaka, em Bangladesh, e Jacarta,<br />

na Índia, não estão bem posicionadas<br />

em outras categorias,<br />

como infraestrutura e segurança,<br />

que devem ser consideradas<br />

pelos visitantes. As cidades<br />

com produtos mais baratos tendem<br />

a ter cesta de produtos<br />

mais cara, e vice-versa.<br />

Para saber qual a cidade ideal<br />

para seu perfil, visite www.globeshopperindex.com.<br />


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 35<br />

HOME BROKER<br />

COMPANHIA INDUSTRIAL CATAGUASES<br />

CGC (MF) nº 19.526.748/0001-50<br />

COMPANHIA ABERTA<br />

ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA<br />

EDITAL DE CONVOCAÇÃO<br />

Ficam os Senhores Acionistas da Companhia Industrial Cataguases convocados para a Assembleia<br />

Geral Extraordinária, a se realizar no dia 12 de Novembro de 2012, às 10:00, na sede social desta<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

positados<br />

na sede da Companhia, na Praça José Inácio Peixoto, 28, em Cataguases – MG, até 48<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

cataguases.com.br). Cataguases (MG), 26 de Outubro de 2012. Eduardo Peixoto Ferreira Leite -<br />

<br />

Iguatemi ON (IGTA3)<br />

1630,00<br />

26,25<br />

22,50<br />

20,75<br />

18,75 18,75<br />

22,502<br />

28,50<br />

28,50<br />

Objetivo Resistência Suporte<br />

15,00<br />

29/JUN<br />

1/AGO<br />

3/SET 1/OUT<br />

Fontes: Daniel Marques, Economatica, BM&FBovespa e <strong>Brasil</strong> Econômico<br />

(fechamento em R$)<br />

25,13<br />

Cotação de papel do Iguatemi deve subir<br />

29/OUT<br />

26,30<br />

As ações ordinárias do Shopping Iguatemi (IGTA3), centro de<br />

compras de luxo de São Paulo, registram tendência de alta, de<br />

acordo com o analista Daniel Marques, da corretora Ágora. O<br />

comportamento do papel, que já subiu mais de 50% desde o início<br />

do ano, respeita uma linha ascendente, que foi testada desde o final<br />

da semana passada, na quinta e sexta-feira, e também no pregão<br />

de ontem. “O papel registra uma linha de alta que une fundos<br />

ascendentes. Quando os investidores realizam lucros, a queda<br />

da cotação vai até determinado nível e volta a subir novamente.<br />

A ação registrou o quinto fundo do tipo desde o mês de junho”,<br />

explica o analista. O papel já atingiu seu ponto de compra e tem<br />

suporte curto. Na sessão de ontem o papel fechou cotado<br />

a R$ 26,30, e seu ponto de suporte é o valor de R$ 25,13.<br />

“Se volta a cair e perder a linha de tendência, a operação deve ser<br />

abortada para evitar maiores prejuízos”, diz Marques. O objetivo<br />

do papel e sua resistência é sua máxima histórica, a cotação de<br />

R$ 28,50, que foi atingida no dia 18 de outubro. “Desde então,<br />

houveram realizações de lucro, mas a linha de tendência diz que<br />

este ciclo tende a acabar e o processo de alta continuará até<br />

sua marca histórica, e pode até mesmo ultrapassá-la”, conclui<br />

o analista. A operação tende a ser curta, e durar semanas.<br />

O papel tem a característica de ser pouco volátil. “Ele vem<br />

registrando alta gradual desde janeiro, sem grandes oscilações.<br />

DURATEX<br />

Coinvalores reforça compra do<br />

papel após bons resultados<br />

A Duratex apresentou evolução<br />

consistente de seus resultados<br />

do terceiro trimestre do ano,<br />

acima do setor de materiais<br />

de construção, superando<br />

expectativas dos analistas<br />

da corretora Coinvalores.<br />

O desempenho foi amparado<br />

na linha Deca e no segmento<br />

Madeira, pela crescente de<strong>manda</strong><br />

por metais e louças sanitárias<br />

e aquecimento do mercado<br />

moveleiro. No ano, as vendas de<br />

materiais de construção apuradas<br />

pela associação do setor indicam<br />

expansão de 1,3%, enquanto a<br />

Duratex apresenta crescimento<br />

de 6,8%, refletindo vantagens<br />

competitivas. Além disso,<br />

as aquisições da companhia<br />

proporcionarão a entrada em<br />

novas divisões do mercado e<br />

melhor posicionamento em<br />

relação à concorrência. O setor<br />

conta com incentivos que<br />

beneficiam as linhas de metais,<br />

louças sanitárias e painéis de<br />

madeira com redução do IPI até<br />

dezembro de 2013. Além disso, a<br />

indústria foi desonerada na folha<br />

de pagamento. Considerando os<br />

fundamentos “endógenos” da<br />

Duratex e as sólidas perspectivas<br />

sobre o setor, a Coinvalores<br />

reforça a recomendação<br />

de compra de seus papéis.<br />

Hostway Viagens e Turismo Ltda<br />

CNPJ/MF Nº: 04.853.293/0001-00 - NIRE: 35.217.285.871<br />

Ata de Assembléia de Sócios em 26/10/2012<br />

Data, Horário e Local: 26/10/2012 às 10:00 horas, na sede social da Sociedade, na Cidade de São Paulo Estado<br />

de São Paulo, na Rua Dr. Renato Paes de Barros, nº 714, 9º and., cj. 94, Jardim Paulista, CEP 04530-001. Convocação<br />

e Presença: Dispensada a convocação, nos termos do § 3º da cláusula 9ª do Contrato Social e do § 2º do<br />

art. 1072 do Código Civil, por estar presente a totalidade dos cotistas da Sociedade. Mesa: Presidente, Sr. Brunno<br />

Bernardes; Secretário Sr. Gil Bernardes. Deliberações Tomadas: Por unanimidade dos cotistas da Sociedade,<br />

foram tomadas as seguintes deliberações: a. Resolvem os sócios, por unanimidade, reduzir o capital social da<br />

Sociedade que passa de R$ 660.000,00 para R$ 220.000,00, com a restituição aos sócios do valor correspondente<br />

as cotas de cada um, da seguinte forma: a.1 Sócio Brunno Bernardes: receberá o valor total de R$ 220.000,00,<br />

sendo R$ 206.361,34, conforme evidenciado no balanço da Sociedade levantado em 30/09/2012, através do conjunto<br />

comercial nº 94, localizado no 9º and. do Edifício Yara, situado na Rua Dr. Renato Paes de Barros nº 714, no<br />

28º subdistrito - Jardim Paulista, Distrito, Município, Comarca e 4ª Circunscrição Imobiliária da Capital do Estado<br />

de São Paulo, havido pela Sociedade, por meio de escritura de venda e compra, lavrada em 04/11/2004, perante o<br />

14º Tabelião de Notas de São Paulo (Livro 2.361, página 293), registrada em 30/11/2004, sob o R.04 da matrícula<br />

nº 121.364, do 4º Registro de Imóveis da Capital do Estado de São Paulo, e R$ 13.638,66 em moeda corrente<br />

nacional; e a.2 Sócio Gil Bernardes: receberá o valor total de R$ 220.000,00, sendo R$ 210.752,00, conforme<br />

evidenciado no balanço da Sociedade levantado em 30/09/2012, através do conjunto comercial nº 92, localizado<br />

no 9º and. do Edifício Yara, situado na Rua Dr. Renato Paes de Barros nº 714, no 28º subdistrito - Jardim Paulista,<br />

Distrito, Município, Comarca e 4ª Circunscrição Imobiliária da Capital do Estado de São Paulo, havido pela Sociedade,<br />

por meio de escritura de venda e compra, lavrada em 06/10/2005, perante o 14º Tabelião de Notas de São<br />

Paulo (Livro 2.493, página 047), registrada em 09/11/2005, sob o R.02 da matrícula nº 112.877, do 4º Registro de<br />

Imóveis da Capital do Estado de São Paulo e R$ 9.248,00 em moeda corrente nacional. b. Os sócios aprovam a lavratura<br />

da ata a que se refere esta Assembléia em forma sumária. Lavratura e Leitura da Ata: nada mais havendo<br />

a tratar, encerrou-se a Assembléia de Sócios pelo tempo necessário à sua lavratura, a qual, após lida e aprovada,<br />

foi assinada por todos os presentes. Data: São Paulo, 26/10/2012. Mesa: Presidente, Brunno Bernardes; Secretário,<br />

Gil Bernardes. Cotistas: Brunno Bernardes, nº de Cotas -110; Gil Bernardes, nº de Cotas - 110 - Total: 220.<br />

ATIVA<br />

Renner e Ambev na carteira<br />

A corretora Ativa resolveu incluir<br />

as ações da Renner<br />

(LREN3) e Ambev (AMBV4) em<br />

sua carteira semanal de ações.<br />

A expectativa dos analistas é<br />

positiva para o resultado da Ambev<br />

(AMBV4), que será divulgado<br />

amanhã antes do pregão e é<br />

considerado um driver positivo<br />

de curto prazo para os papéis.<br />

Os analistas reiteram ainda a<br />

visão otimista para o setor de bebidas<br />

no ano, dado seu perfil<br />

mais defensivo, menos exposto<br />

à conjuntura econômica, e se<br />

mantém confiantes em relação<br />

à empresa, que tem forte presença<br />

no setor tanto no segmento<br />

premium, quanto no de produtos<br />

mais acessíveis.<br />

A visão positiva se estende à<br />

Renner, que, para a corretora,<br />

deverá melhorar suas margens<br />

após efeito das medidas próconsumo<br />

adotadas pelo governo<br />

e pelo ciclo de queda dos juros,<br />

o que, aliado ao seu plano<br />

agressivo de expansão orgânica,<br />

pode fazer com que a rede<br />

de varejo tenha maior possibilidade<br />

de entregar um melhor resultado<br />

em relação a seus principais<br />

competidores.<br />

A carteira também inclui<br />

ações do setor de educação, shoppings<br />

e tecnologia. ■<br />

TWITTADAS<br />

“Sem pregão nos EUA<br />

por causa do furacão, o<br />

movimento do Ibovespa<br />

ficou menos consistente”<br />

@Marcos_Moore, analista<br />

“Goldman Sachs dava dicas<br />

para investidores que<br />

divergiam das análises<br />

que divulgava. Seria cômico<br />

se não fosse trágico!”<br />

@chrinvestor Christian Cayre,<br />

consultor financeiro<br />

“Em 5 anos, 72% dos<br />

brasileiros se consideram<br />

melhor financeiramente,<br />

contra 27% de americanos”<br />

@Ricamconsult Ricardo Amorim,<br />

economista


36 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

MUNDO<br />

Editor executivo: Gabriel de Sales<br />

gsales@brasileconomico.com.br<br />

União Europeia estuda corte de<br />

¤ 50 bilhões em seu orçamento<br />

Países que mais contribuem com a UE<br />

pedem redução maior, de até ¤ 200 bilhões<br />

Tobias Schwarz/Reuters<br />

Charlie Dunmore<br />

Bruxelas, Reuters<br />

Os governos da União Europeia<br />

(UE) vão debater um corte de pelo<br />

menos ¤ 50 bilhões esta semana,<br />

como o início das negociações<br />

sobre o orçamento proposto<br />

de longo prazo para o bloco, de ¤<br />

1 trilhão, afirmou uma fonte familiarizada<br />

com o assunto. O corte<br />

será proposto no último texto de<br />

negociação sobre o plano de gastos<br />

do bloco para 2014-2020,<br />

mas não deve ser profundo o suficiente<br />

para satisfazer a Grã-Bretanha,<br />

Alemanha, França e outros<br />

que fazem contribuições líquidas<br />

ao orçamento da UE.<br />

Esses países querem limites rigorosos<br />

sobre os gastos da União<br />

Europeia para refletir a austeridade<br />

feita por governos nacionais<br />

para reduzir suas dívidas, e pediram<br />

por cortes entre ¤ 100 bilhões<br />

e ¤ 200 bilhões ao total proposto<br />

pelo braço executivo da<br />

UE, a Comissão Europeia (CE).<br />

A proposta também deve irritar<br />

a Polônia e outros países ex-comunistas<br />

da UE, que são os principais<br />

beneficiários dos fundos do<br />

bloco e se opõem a qualquer corte<br />

na proposta da Comissão. “Como<br />

eu vejo agora, a redução da proposta<br />

da CE será de mais ¤ 50 bilhões.<br />

Isso será a base das negociações”,<br />

disse a fonte, que falou em<br />

condição de anonimato.<br />

O novo texto de negociação<br />

da UE será o primeiro a incluir<br />

números firmes, e marca o início<br />

da fase decisiva das conversas entre<br />

os governos, que esperam<br />

chegar a um acordo na cúpula de<br />

líderes da UE de 22 e 23 de novembro<br />

próximo.<br />

A fim de gerar as economias<br />

propostas, o documento revisado<br />

irá especificar cortes em todas<br />

as áreas de gastos da UE, incluindo<br />

agricultura, investimento<br />

em infraestrutura e pesquisa.<br />

Rigor com os bancos<br />

Neste fim de semana, a chanceler<br />

alemã, Angela Merkel, voltou<br />

a pedir que as maiores economias<br />

do mundo implementem regras<br />

financeiras mais rígidas, dizendo<br />

que o estágio atingido até<br />

este momento não é o suficiente.<br />

Os cortes naUE vão afetar projetosrelacionados a agricultura, infraestrutura epesquisa, entre outros<br />

O documento<br />

irá especificar<br />

cortes em todas<br />

as áreas de gastos<br />

da UE, incluindo<br />

infraestrutura,<br />

agricultura e pesquisa<br />

A crise financeira global fez<br />

as maiores economias mundiais<br />

promoverem mudanças<br />

em quase todas as minúcias das<br />

regras do sistema financeiro,<br />

da venda direta de derivativos<br />

até as exigências para a capitalização<br />

de bancos. Mas, durante<br />

o seu podcast semanal, Merkel<br />

disse que é preciso avançar mais.<br />

“Planejamos regular todo centro<br />

financeiro, todo ator financeiro<br />

e todo produto do mercado financeiro.<br />

Progressos significativos<br />

foram feitos, mas as regras ainda<br />

não foram implementadas em<br />

todos os lugares, e ainda estamos<br />

esquecendo de outras áreas.” ■<br />

“VILÕES SÃO AQUELES QUE RESGATAM OS BANCOS”<br />

“Hoje, os vilões são aqueles<br />

queresgatamosbancos,enão<br />

as pessoas. Aqueles que não<br />

sabem o que significa uma<br />

exclusão”,disseontem oator<br />

espanhol JavierBardem,ao<br />

serquestionadosobrecomo<br />

sãoosvilõesatuais.“Eles<br />

fazemumdanomuitomaior<br />

do que eu possa fazer nos<br />

filmes”, disse, em Londres,<br />

o ator que interpreta o vilão<br />

de “Skyfall”, o 23º filme da<br />

série de 007, que entrou em<br />

cartaz no fim de semana na<br />

Grã-Bretanha,comrecordes<br />

debilheteria.Os22filmesde<br />

JamesBondjáarrecadaram<br />

umtotaldeUS$ 5,1bilhões<br />

nas bilheterias<br />

mundiais, segundo a<br />

Numbers.com. Reuters<br />

Thomas Samson/AFP<br />

Para a Espanha,ajuda<br />

não é imprescindível<br />

Afirmação é do chefe de governo<br />

Mariano Rajoy, em reunião com<br />

o premiê italiano, Mario Monti<br />

O presidente do governo espanhol,<br />

Mariano Rajoy, afirmou<br />

ontem que, para a Espanha, não<br />

é imprescindível pedir ajuda financeira<br />

a seus sócios europeus<br />

através do programa de compra<br />

da dívida do Banco Central Europeu<br />

(BCE). “O governo espanhol<br />

não a pediu porque entende<br />

que nesse momento não é imprescindível<br />

para defender os<br />

interesses dos espanhóis”, afirmou<br />

Rajoy após se encontrar<br />

em Madri com seu homólogo italiano,<br />

Mario Monti.<br />

Rajoy expressou também o<br />

compromisso da Espanha e da<br />

Itália com a permanência da Grécia<br />

no euro. “Nosso compromisso<br />

com o euro é inquebrantável e<br />

adotaremos todas as medidas necessárias<br />

para garantir sua estabilidade<br />

e sua irreversibilidade”,<br />

afirmou em coletiva de imprensa,<br />

após se encontrar com Monti.<br />

“A Europa não se detém, a Europa<br />

continua avançando e o faz<br />

com uma Itália e Espanha mais<br />

unidas que nunca”, insistiu.<br />

A Espanha, quarta economia<br />

da Zona do Euro, em recessão<br />

há um ano, tenta reequilibrar<br />

suas contas públicas com um<br />

ambicioso plano de rigor de 150<br />

bilhões de euros até 2014.<br />

Apesar desses esforços, nos<br />

últimos meses, a pressão externa<br />

para que Madri peça ajuda a<br />

seus sócios da Zona do Euro aumentou,<br />

recorrendo ao programa<br />

de compra de dívida soberana<br />

do Banco Central Europeu,<br />

que reduziria o custo do financiamento<br />

espanhol. ■ AFP


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 37<br />

Yorgos Karahalis/Reuters<br />

Bancosgregosadiampublicaçãoderesultados<br />

Os resultados serão publicados um mês depois do previsto, no dia 30<br />

de novembro, devido ao atraso em seu processo de recapitalização,<br />

informou o Ministério grego de Finanças. “Foi acordado o prazo<br />

de 30 de novembro para a publicação dos resultados semestrais<br />

dos bancos”, diz comunicado do Ministério divulgado após<br />

uma reunião entre o ministro das Finanças, Yannis Stournaras,<br />

e o presidente da União de Bancos Gregos, Yorgos Zanias. AFP<br />

O presidente francês, François<br />

Hollande, defendeu uma maior<br />

regulação, especialmente financeira,<br />

para enfrentar a crise, no<br />

final de uma reunião, ontem,<br />

com os dirigentes dos principais<br />

organismos econômicos internacionais.<br />

“Se deixarmos os<br />

mercados sozinhos, se esperarmos<br />

dos mercados e somente deles<br />

a resolução da crise, há o temor<br />

de que a mesma<br />

ainda se perpetue<br />

por longo<br />

tempo”, disse o<br />

presidente francês<br />

na sede da Organização<br />

de Cooperação<br />

e Desenvolvimento<br />

Econômico<br />

(OCDE),<br />

em Paris. Segundo Hollande, o<br />

mundo “precisa de mecanismos,<br />

regulação, e ação”.<br />

Além do secretário geral da<br />

OCDE, Ángel Gurría, participaram<br />

da reunião os dirigentes<br />

da Organização Mundial de Comércio<br />

(OMC) Pascal Lamy, do<br />

Banco Mundial, Jim Yong Kim,<br />

da Organização Internacional<br />

Bertrand Langlois/AFP<br />

Hollande na sede da OCDE, ontem em Paris: regulação financeira<br />

Hollande pede<br />

mecanismos<br />

de regulação<br />

Para o presidente francês, se os mercados<br />

ficarem sozinhos, a crise pode se perpetuar<br />

O presidente<br />

francês defendeu<br />

uma reforma<br />

do sistema<br />

financeiro<br />

internacional<br />

do Trabalho (OIT) Guy Rider, e<br />

do Fundo Monetário Internacional<br />

(FMI), Christine Lagarde,<br />

que teve que deixar o encontro<br />

antes do fim.<br />

Hollande disse que observou<br />

uma grande coerência durante<br />

a reunião em relação a “essa tomada<br />

de consciência e essa vontade<br />

de por regulação onde esteve<br />

ausente muito tempo”. Destacou<br />

que a instabilidade<br />

financeira<br />

“não desapareceu”,<br />

que há “um<br />

tipo de finanças<br />

que não foi erradicada<br />

verdadeiramente,<br />

e inclusive<br />

nem sequer<br />

combatida”. Contudo,<br />

lamentou o “avanço das<br />

práticas protecionistas”.<br />

Hollande estimou que o G20<br />

dos grandes países industrializados<br />

e emergentes deve “continuar<br />

sendo uma estrutura de<br />

coordenação das políticas econômicas”<br />

e pediu “uma reforma<br />

do sistema monetário internacional”.<br />

■ AFP<br />

Governo japonês corre o<br />

risco de ficar sem dinheiro<br />

Divergências entre partidos brecam aprovação de lei que autoriza a emissão<br />

de títulos, numa situação idêntica à vivida pelo governo americano em 2011<br />

O primeiro-ministro japonês,<br />

Yoshihiko Noda, advertiu que o<br />

Estado pode parar de funcionar<br />

rapidamente sem financiamento,<br />

em consequência de um bloqueio<br />

político que impede a<br />

aprovação de uma lei que autoriza<br />

o governo a emitir títulos.<br />

“Se a situação continuar, os serviços<br />

administrativos vão parar,<br />

o que pesará na vida cotidiana<br />

das pessoas e travará a recuperação<br />

econômica”, afirmou Noda<br />

na Câmara dos Deputados.<br />

Durante um discurso no início<br />

da sessão extraordinária do<br />

Parlamento, Noda alertou que<br />

sem um acordo geral sobre uma<br />

lei que permita ao governo emitir<br />

novos bônus para cobrir seus<br />

gastos, parte da atividade oficial<br />

ficará em ponto morto. “Nenhum<br />

governo será capaz de financiar<br />

seu funcionamento<br />

sem uma lei sobre bônus públicos<br />

especiais”, afirmou.<br />

Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg<br />

Yoshihiko Noda: os serviços<br />

administrativos podem parar<br />

Tal como os Estados Unidos<br />

em meados de 2011, o Japão se encontra<br />

à beira de um cessar de pagamentos<br />

devido a um desacordo<br />

entre a maioria e a oposição. Em<br />

Tóquio, o bloqueio está centrado<br />

PORTA ABERTA PARA A AUSTERIDADE NA HOLANDA<br />

em uma lei puramente técnica.<br />

Habitualmente, a adoção deste<br />

texto que autoriza o governo a<br />

emissão de bônus necessários para<br />

o funcionamento dos serviços<br />

centrais do Estado não é mais que<br />

uma formalidade, mas atualmente<br />

está bloqueada no Senado.<br />

O principal movimento de direita,<br />

o Partido Liberal Democrata<br />

(PLD), decidiu este ano não<br />

votar enquanto Noda não dissolver<br />

a Câmara de Deputados para<br />

convocar eleições legislativas<br />

antecipadas. O Partido Democrata<br />

do Japão (PDJ, centro-esquerda),<br />

de Noda, tem maioria<br />

na Câmara de Deputados, mas é<br />

minoritário no Senado. Para a<br />

aprovação da lei de orçamento,<br />

a votação de ambas as câmaras<br />

é necessário. Caso não aconteça<br />

esta votação, o governo da terceira<br />

potência econômica mundial<br />

poderá ficar sem dinheiro<br />

no início de dezembro. ■ AFP<br />

Koen van Weel/AFP<br />

O Partido Liberal do<br />

primeiro-ministro holandês,<br />

Mark Rutte, e o Partido<br />

Trabalhista firmaram um<br />

acordo de coalizão,<br />

anunciaram as legendas<br />

ontem, abrindo caminho<br />

para um governo<br />

pró-austeridade e<br />

pró-europeu a ser<br />

empossado já na próxima<br />

semana. Rutte ganhou a<br />

maioria dos assentos na<br />

eleição parlamentar de 12 de<br />

setembro, que foi realizada<br />

tendo como pano de fundo<br />

a crise da Zona do Euro,<br />

o aumento do desemprego,<br />

crise no mercado imobiliário<br />

e uma economia estagnada.<br />

Oacordoincluiplanospara<br />

reduzir osgastosdo Estado<br />

emmais¤16bilhõesem<br />

quatroanos,tendocomo<br />

objetivoquaseeliminar<br />

odéficitorçamentárioaté<br />

2017. A Holanda já está<br />

implantando um programa<br />

de austeridade de ¤ 12 bilhões<br />

acordado em abril. Reuters


38 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

MUNDO<br />

Marcello Paternostro/AFP<br />

VITÓRIA ANTI-MÁFIA<br />

Candidatodeesquerdavenceeleiçõesna<br />

Sicíliacomajudadomovimento“antipartidos”<br />

O partido de Silvio Berlusconi sofreu derrota histórica no reduto tradicional<br />

da direita, onde o movimento “Cinco Estrelas”, que combate partidos<br />

tradicionais, cresceu de forma espetacular. O candidato da esquerda<br />

Rosario Crocetta venceu Sebastiano Musumeci, do partido de Berlusconi.<br />

Abertamente homossexual, Crocetta está na vanguarda na luta contra a<br />

máfia, o que fez as autoridades mantê-lo sob proteção policial. AFP<br />

Divulgação<br />

Sandy atinge a campanha<br />

presidencial americana<br />

Candidatos alteram programação diante da chegada do furacão à Costa Leste<br />

Tangi Quemener<br />

Washington, AFP<br />

Romney cancela eventos<br />

Brian Snyder/Reuters<br />

Romney:eventoscanceladosparanãoparecerinsensívelcomfuracão<br />

Efeitos do furacão Sandy já eram observados ontem em Manhattan<br />

O candidato republicao Mitt<br />

Romney, cancelou eventos de<br />

campanha marcados para a noite<br />

de ontem e para hoje “em sensibilidade<br />

aos milhões de norteamericanos<br />

no caminho do furacão<br />

Sandy”. Romney planejava<br />

participar de um evento em Wisconsin<br />

na noite de ontem e discursar<br />

hoje em Iowa e na Flórida.<br />

Todos esses Estados estão fora<br />

da trajetória do furacão Sandy,<br />

mas Romney não quer ser<br />

percebido como alguém que foca<br />

apenas na campanha, enquanto<br />

um possível desastre natural<br />

pode acontecer.<br />

Romney corria o risco de ser<br />

considerado insensível por continuar<br />

a fazer campanha, enquanto<br />

o presidente Obama parou<br />

de participar dos eventos para<br />

se concentrar no furacão.<br />

Ontem, Romney participou<br />

de um comício em Avon Lake,<br />

Ohio, e ia para Iowa para outro<br />

evento. ■ Steve Holland,<br />

Reuters<br />

Barack Obama<br />

ELEIÇÕES<br />

deixou de lado<br />

AMERICANAS ontem seu papel<br />

de candidato<br />

para retomar<br />

o de presidente,<br />

consciente<br />

da necessidade<br />

de passar<br />

a imagem de um líder firme<br />

no comando dos Estados Unidos,<br />

no momento em que parte<br />

do país está ameaçada pela chegada<br />

do furacão Sandy. Em breve<br />

discurso após uma reunião<br />

com o comitê de crise da Casa<br />

Branca, o presidente exortou os<br />

moradores das regiões potencialmente<br />

ameaçadas a seguirem<br />

sem demora as instruções das autoridades<br />

locais para que deixem<br />

suas casas.<br />

O furacão obrigou Obama e<br />

seu rival republicano, Mitt Romney,<br />

a cancelarem vários eventos<br />

de campanha, a oito dias das<br />

eleições.<br />

Sandy é o segundo evento meteorológico<br />

a perturbar a campanha.<br />

No final de agosto, a Convenção<br />

Republicana em Tampa (Flórida)<br />

precisou ser adiada por causa<br />

da tempestade tropical Isaac,<br />

que passou pela Louisiana (sul)<br />

antes de provocar inundações.<br />

Obama esteve no local poucas horas<br />

depois para manifestar a solidariedade<br />

do país aos atingidos.<br />

Os dois candidatos consideram<br />

a derrota política sofrida pelo<br />

presidente George W. Bush<br />

um resultado de sua reação, considerada<br />

tardia e precária ao furacão<br />

Katrina, que em 2005 causou<br />

mais de 1.800 mortes. O nível de<br />

popularidade do presidente republicano<br />

nunca se recuperou.<br />

A uma semana das eleições dos Estados<br />

Unidos, 73% dos latinos registrados<br />

para votar preferem o<br />

presidente Barack Obama e apenas<br />

21% o republicano Mitt Romney,<br />

segundo uma pesquisa da ImpreMedia<br />

e Latino Decisions divulgada<br />

ontem. A pesquisa mostra<br />

ainda que 87% dos hispânicos<br />

têm quase certeza de que votarão<br />

em 6 de novembro, o que pode<br />

significar um recorde de participação<br />

da principal minoria do país.<br />

Nas eleições de 2008, 84% dos<br />

Michael Heiman/AFP<br />

Embora todas as pesquisas<br />

apontem os candidatos rivais praticamente<br />

empatados, com uma<br />

ligeira vantagem para Obama<br />

em estados-chave, os efeitos a<br />

médio prazo da tempestade permanecem<br />

uma incógnita.<br />

Eventuais cortes prolongados<br />

de energia, por exemplo, poderiam<br />

impedir alguns eleitores de<br />

votar em urnas eletrônicas. ■<br />

Obamaéopreferidodoslatinos<br />

hispânicos registrados compareceram<br />

às urnas, um número sem<br />

precedentes, e dois terços votaram<br />

em Obama.<br />

A vantagem de 52 pontos de<br />

Obama sobre Romney na pesquisa,<br />

realizada de 19 a 25 de outubro<br />

com 300 pessoas, com margem<br />

de erro de 5,6%, iguala a<br />

maior registrada pela Latino Decisions<br />

em 1º de outubro. No total,<br />

8% dos latinos registrados já votaram<br />

de maneira antecipada, destaca<br />

a pesquisa. ■ AFP<br />

Elizabeth Pantaleo/AFP<br />

Entre latinos, principal minoria dos EUA, 73% apoiam o democrata<br />

Ex-ministra Carolina Toha<br />

foi eleita prefeita de Santiago<br />

Oposição<br />

vence as<br />

eleições<br />

chilenas<br />

A oposição de centro-esquerda<br />

saiu vitoriosa no domingo nas<br />

eleições municipais no Chile, a<br />

primeira com voto não-obrigatório,<br />

ao conquistar cidades importantes<br />

que devem abrir caminho<br />

para a sua volta ao poder na eleição<br />

presidencial de 2013. A oposição,<br />

que reúne socialistas, democrata-cristãos,<br />

social-democratas<br />

e radicais e, em alguns distritos,<br />

também o Partido Comunista,<br />

obteve 43,21% dos votos, contra<br />

37,57% do partido de direita<br />

no poder, de acordo com o último<br />

relatório oficial.<br />

No total, a oposição elegeu 167<br />

prefeitos contra os 147 da última<br />

eleição, enquanto a direita totalizou<br />

120 municípios, depois de<br />

perder 24. A oposição se recuperou<br />

da derrota nas eleições locais<br />

de 2008, que anteciparam a vitória<br />

de Sebastián Piñera, primeiro<br />

presidente chileno de direita<br />

após o fim da ditadura de Augusto<br />

Pinochet, em 1990.<br />

Na comuna de Santiago, venceu<br />

Carolina Toha, ex-ministra<br />

do governo da socialista Michelle<br />

Bachelet (2006-2010), superando<br />

o ultraconservador Pablo Zalaquett.<br />

Em outras disputas emblemáticas,<br />

a candidata independente<br />

apoiada pela centro-esquerda<br />

Josefa Errazuriz venceu no município<br />

de Providencia, em Santiago,<br />

ficando à frente do ex-coronel do<br />

Exército e partidário do ex-ditador<br />

Pinochet, Cristián Labbé, que<br />

governou a cidade por 16 anos.<br />

Piñera foi o grande ausente desta<br />

campanha eleitoral. Em contraste,<br />

a imagem de Bachelet,<br />

que agora dirige a ONU Mulher,<br />

se destacou com uma intenção<br />

de voto de entre 40% e 50%, de<br />

acordo com várias pesquisas. Bachelet,<br />

que vive há dois anos em<br />

Nova York, não votou e até agora<br />

não se sabe se voltará a concorrer<br />

à presidência. ■ Roser Toll, AFP


Terça-feira, 30 de outubro, 2012 <strong>Brasil</strong> Econômico 39<br />

PONTO DE VISTA<br />

IDEIAS/DEBATES<br />

Exame mais barato para detectar câncer<br />

Pesquisadores britânicos desenvolveram um novo exame, mais barato,<br />

que pode detectar diferentes vírus e também alguns tipos de câncer.<br />

O exame ainda é um protótipo e revela uma doença ou um vírus — mesmo<br />

em pequena quantidade no corpo — usando um sistema de cores. A pesquisa<br />

do Imperial College de Londres foi divulgada na revista especializada<br />

Nature Nanotechnology. Um reagente químico desenvolvido pelos cientistas<br />

muda de cor quando entra em contato com o sangue do paciente. ABr<br />

pontofinal@brasileconomico.com.br<br />

FRANCISCO RICARDO BLAGEVITCH<br />

Presidente e fundador da Asyst International+Rhealeza<br />

ANTONINHO MARMO TREVISAN<br />

Presidente da Trevisan Escola de Negócios,<br />

membro do Conselho de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social da Presidência da República<br />

Será que é para inglês ver?<br />

Trinta anos após o descobrimento, o <strong>Brasil</strong> recebeu seu primeiro visitante inglês:<br />

o negociante William Hawkins. Ele gostou tanto do que viu que retornou<br />

outras duas vezes. Há poucos dias, o Primeiro-ministro da Inglaterra, David<br />

Cameron, esteve no <strong>Brasil</strong> para sua primeira visita oficial ao nosso país.<br />

Ele veio acompanhado de uma delegação de empresários para fechar negócios<br />

com empresas brasileiras, principalmente em um momento de recessão<br />

na Europa e aquecimento da economia da América Latina. Como presidente<br />

de uma empresa que mantém relações comerciais com a Terra da Rainha, fui<br />

convidado para encontrar com ele. Falamos por dez minutos o que imagino<br />

que tanto para mim quanto para o <strong>Brasil</strong> ainda vão representar muito.<br />

Samba e futebol até passaram pela pauta, mas o foco foi como as empresas<br />

brasileiras encontram dificuldades para atuar na Europa. É claro que o tempo<br />

foi curto, mas o Primeiro-ministro não perdeu a oportunidade e me pediu<br />

para continuar a conversa com um e-mail detalhado, no qual eu deveria<br />

expor pontos que precisam ser endereçados quando o assunto são as relações<br />

entre Inglaterra e <strong>Brasil</strong>, mais precisamente sobre a Tecnologia da Informação<br />

(TI) — setor no qual atuo.<br />

O segredo é mostrar para a Inglaterra que a TI é<br />

um ativo diferencial que tem ocupado, cada vez<br />

mais, um patamar estratégico dentro das empresas<br />

Apesar de o <strong>Brasil</strong> ser, hoje, a sexta maior economia do mundo, ultrapassando<br />

o Reino Unido em novembro do ano passado, o nosso país importa<br />

apenas 1,5% da Inglaterra. Hoje, o comércio bilateral entre esses dois países<br />

é da ordem de 5 bilhões de pounds por ano. Um dos objetivos da visita de<br />

Cameron ao <strong>Brasil</strong> foi, sem dúvida, fomentar as transações comerciais, onde<br />

ele pretende dobrar este valor nos próximos cinco anos.<br />

Esta relação longínqua entre os dois países também já resultou em importantes<br />

parcerias. Recentemente, três novos acordos visando aumentar a troca<br />

entre as áreas científica, tecnológica e inovação entre Inglaterra e <strong>Brasil</strong><br />

foi anunciado. Eles preveem a ampliação do número de alunos enviados ao<br />

Reino Unido pelo Programa Ciência sem Fronteiras, do governo federal,<br />

além da cooperação entre empresas inglesas e o CNPQ (Conselho Nacional<br />

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e, o desenvolvimento de estudos,<br />

pesquisas e projetos científicos relacionados ao setor petrolífero.<br />

Mas também temos a TI brasileira. Acredito que ela pode ser uma força-motriz<br />

para o crescimento das trocas comerciais entre <strong>Brasil</strong> e Inglaterra. Atualmente,<br />

o <strong>Brasil</strong> emprega mais de 400 mil pessoas somente em suporte ao usuário<br />

de TI, serviço onde podemos ser uma excelente alternativa à Índia, que<br />

são, hoje, os principais provedores das empresas inglesas. O segredo é mostrar<br />

para a Inglaterra que a TI não funciona apenas como uma mera mercadoria,<br />

mas um ativo diferencial que tem ocupado, cada vez mais, um patamar<br />

estratégico dentro das empresas. Além disso, o “way of being” brasileiro faz<br />

toda a diferença: somos um dos poucos países especializados em suporte ao<br />

usuário final de TI no qual, além de utilizarmos métodos e processos de padrão<br />

global — e ter aumentado significativamente a fluência tanto oral quanto<br />

escrita no inglês —, atende-se o telefone “sorrindo”. É possível sentir o nosso<br />

astral, nossa energia, mesmo que pela voz, de onde quer que se esteja. ■<br />

Morosidade da Justiça<br />

A morosidade da Justiça no <strong>Brasil</strong>, que prejudica os indivíduos, as famílias e<br />

as empresas, parece constituir-se em realidade já assimilada pela sociedade,<br />

como se fosse algo insolúvel. Obviamente, não devemos nos resignar à<br />

situação, pois ela contrasta com os objetivos de desenvolvimento e é um<br />

dos fatores que reduzem a competitividade da economia. A boa notícia é<br />

que, apesar da complexidade do sistema, as soluções podem estar ao alcance<br />

de um eficaz processo de gestão. Os magistrados, por mais brilhantes e<br />

letrados nas matérias legais, de direito, filosofia e humanidades, não primam<br />

pela capacidade de administração. Nem mesmo as melhores faculdades<br />

de Direito do país enfatizam essa disciplina. Por isso, talvez a desejada<br />

reforma do Judiciário devesse começar com um choque de gestão, sob a responsabilidade<br />

de profissionais especializados.<br />

As estatísticas justificam isso, a começar pelos recursos humanos. Conforme<br />

a mais recente edição do Justiça em Números, o <strong>Brasil</strong> tinha 16.804<br />

magistrados em 2010, 3% a mais do que em 2009. São 8,7 para cada 100 mil<br />

habitantes. Aí, já estamos diante de uma primeira questão relevante: ou se<br />

aumenta muito a produtividade ou se multiplica o número de juízes. Apenas<br />

como referência, informações da Comissão Europeia para Eficiência da<br />

Justiça (CEPEJ) mostra que em 29 nações do Velho Continente a média é de<br />

18 por 100 mil.<br />

Será possível melhorar a produtividade de modo tão agudo? Vejamos: no<br />

tocante ao número de casos novos por magistrado, segundo aquela publicação<br />

do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), observou-se em 2010 redução de<br />

7% em relação a 2009, decorrente tanto da queda dos casos novos, quanto<br />

do aumento do número de juízes. Ou seja, aumentou-se o número de juízes,<br />

mas se reduziu a produtividade.<br />

Em 2010, entraram na Justiça 24,22 milhões de<br />

casos novos, que se somaram a 59,16 milhões<br />

pendentes e a 25,31 milhões de processos baixados<br />

O relatório também demonstra um imenso déficit no que diz respeito aos<br />

processos a serem julgados. Somente em 2010, entraram na Justiça (Estadual,<br />

Federal e do Trabalho) 24,22 milhões de casos novos, que se somaram a<br />

59,16 milhões pendentes e a 25,31 milhões de processos baixados. Naquele<br />

ano, pasmem, proferiram-se apenas 22,15 mil sentenças. Restaram 86,55 milhões<br />

de processos à espera de julgamento.<br />

Especialistas explicam que duas medidas seriam importantes para a melhoria<br />

da produtividade: valorização das sentenças de primeira instância, pois isso<br />

daria muito mais velocidade aos processos e propiciaria apreciável economia<br />

de recursos; e a chamada desmaterialização dos arquivos, com sua conversão<br />

em mídias digitais, facilitando a leitura, os acessos e os trâmites. Há, ainda,<br />

uma série de questões doutrinárias e constitucionais, que não nos cabe avaliar.<br />

Finalmente, há que se considerar que, em 2010, as despesas do Judiciário somaram<br />

R$ 41,04 bilhões, contra receitas de R$ 17,58 bilhões. Nada que um bom<br />

contador não possa equacionar... Bom humor à parte, as dimensões do problema<br />

corroboram a tese da profissionalização da gestão, deixando aos magistrados<br />

a decisiva missão de julgar e fazer prevalecer a justiça, condição essencial<br />

para a consistência da democracia e a perpetuação do Estado de Direito. ■<br />

Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos<br />

Diretor-Presidente José Mascarenhas<br />

Diretor Executivo Ricardo Galuppo<br />

Publisher Ricardo Galuppo<br />

Diretor de Redação Joaquim Castanheira<br />

Diretor Adjunto Octávio Costa<br />

Editores Executivos Adriana Teixeira,<br />

Gabriel de Sales, Jiane Carvalho<br />

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BRASIL ECONÔMICO<br />

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40 <strong>Brasil</strong> Econômico Terça-feira, 30 de outubro, 2012<br />

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SELEÇÃO DE CRAQUES<br />

Lista com os 23 jogadores que<br />

disputam o prêmio de melhor<br />

jogador do mundo 2012 foi<br />

divulgada ontem pela Fifa<br />

e a revista “France ootball<br />

NOME<br />

SERGIO AGÜERO<br />

MARIO BALOLETLLI<br />

KARIM BENZEMA<br />

GIANLUIGI BUFFON<br />

SERGIO BUSQUETS<br />

IKER CASILLAS<br />

DIDIER DROGBA<br />

RADAMEL FALCAO<br />

ZLATAN IBRAHIMOVIC<br />

ANDRÉS INIESTA<br />

LIONEL MESSI<br />

MANUEL NEUER<br />

NEYMAR<br />

MESUT ÖZIL<br />

GERARD PIQUÉ<br />

ANDREA PIRLO<br />

SERGIO RAMOS<br />

CRISTIANO RONALDO<br />

WAYNE ROONEY<br />

YAYA TOURÉ<br />

ROBIN VAN PERSIE<br />

XABI ALONSO<br />

XAVI HERNANDEZ<br />

TIME QUE ATUA<br />

Manchester City-ING<br />

Manchester City-ING<br />

Real Madrid-ESP<br />

Juventus-ITA<br />

Barcelona-ESP<br />

Real Madrid-ESP<br />

Shanghai Shenhua-CHI<br />

Atlético de Madrid<br />

Paris Saint-Germain-FRA<br />

Barcelona-ESP<br />

Barcelona-ESP<br />

Bayern Munique-ALE<br />

Santos-BRA<br />

Real Madrid-ESP<br />

Barcelona-ESP<br />

Juventus-ITA<br />

Real Madrid-ESP<br />

Real Madrid-ESP<br />

Manchester United-ING<br />

Manchester City-ING<br />

Manchester United-ING<br />

Real Madrid-ESP<br />

Barcelona-ESP<br />

OcraqueNeymaréoúnicobrasileironalistadeindicadosaoprêmio<br />

BoladeOuro,realizadopelaFifaemparceriacomarevistafrancesa<br />

FranceFootball,quepremiaráomelhorjogadordomundoem2012.<br />

EssaéasegundavezconsecutivaqueoatacantedoSantosapareceentre<br />

osindicados.Nopróximodia1ºdedezembro,emeventodaCopadas<br />

Confederações,emSãoPaulo, serádivulgadoonomedostrêsatletas<br />

finalistasqueestarãonacerimôniaanualqueaFifarealizaemZurique,<br />

naSuíça,parapremiarosmelhoresjogadoresdoano.Alistacom<br />

osindicadoséumamostradaforçadofuteboldaEspanha,atual<br />

campeãmundialebicampeãeuropeia.Dos 23atletas,setesão<br />

espanhóise12jogadoresdetodaalistajogamemclubesdaEspanha.<br />

PONTO FINAL<br />

RICARDO GALUPPO<br />

rgaluppo@brasileconomico.com.br<br />

Publisher<br />

<strong>Haddad</strong> agora sairá da posição de<br />

quem cobra para a de quem é cobrado<br />

O maior erro de avaliação que se pode cometer<br />

em relação aos resultados das eleições<br />

municipais deste ano é enxergá-los<br />

como uma antecipação das eleições para a<br />

presidência da República que acontecerão<br />

daqui a dois anos. Não são. As eleições municipais<br />

(como foi dito mais de uma vez<br />

neste espaço ao longo da campanha) são<br />

especialmente cruéis na cobrança de eficiência.<br />

É mais fácil um prefeito tirar do<br />

que dar votos a seu partido na próxima disputa<br />

para o governo federal e os governos<br />

estaduais. Ainda é cedo para dizer se Fernando<br />

<strong>Haddad</strong> fará uma administração decente<br />

ou se ele não se<br />

mostrará à altura de<br />

um desafio complexo<br />

como é a prefeitura de<br />

São Paulo. Isso seria<br />

péssimo não para as<br />

pretensões eleitorais<br />

do político, mas para a<br />

população de uma cidade<br />

que, nos últimos<br />

anos, nunca experimentou<br />

o sabor de ter<br />

uma administração municipal alinhada<br />

com o governo federal. Desde que as capitais<br />

recuperaram o direito de escolher seu<br />

prefeito, em 1985, a eleição municipal para<br />

a maior capital do país nunca foi vencida<br />

por um candidato alinhado com Brasília.<br />

Jânio Quadros, eleito em 1985, não era<br />

do mesmo grupo que estava no Planalto<br />

àquela altura. O mesmo vale para Luiza<br />

Erundina (1988), Paulo Maluf (1992), Celso<br />

Pitta (1996), Marta Suplicy (2000), José<br />

Serra (2004) e Gilberto Kassab (2008).<br />

A população de São Paulo poderá testar,<br />

pela primeira vez, o que é ter um prefeito<br />

São Paulo deve à<br />

União R$ 50 bi e paga<br />

juros de 9% ao ano,<br />

mais IGP-DI.<br />

Quando foi negociada,<br />

a taxa era vantajosa.<br />

Hoje, não é mais<br />

alinhado com Brasília. E se a consequência<br />

desse alinhamento for a injeção de uma<br />

quantidade maior de recursos do que a cidade<br />

recebeu nos últimos anos, ótimo. O<br />

prefeito eleito estreou em grande estilo. No<br />

dia seguinte à sua vitória, foi a Brasília agradecer<br />

o apoio da presidente <strong>Dilma</strong> Rousseff<br />

e, na saída da reunião, bateu na tecla certa:<br />

é preciso <strong>renegociar</strong> com urgência a dívida<br />

do município com a União. A cidade deve<br />

cerca de R$ 50 bilhões a Brasília e paga<br />

uma taxa de juros de 9% ao ano, mais correção<br />

pelo IGP-DI. Quando foi negociada,<br />

na gestão de Celso Pitta, essa taxa era muito<br />

vantajosa. Em janeiro<br />

deste ano, o prefeito<br />

de São Paulo, Gilberto<br />

Kassab, disse em entrevista<br />

ao BRASIL ECONÔMI-<br />

CO que a taxa é “inadequada”.<br />

O termo, como<br />

se vê, é extremamente<br />

polido. Com o<br />

esforço que o governo<br />

tem feito para exigir<br />

que os bancos reduzam<br />

as taxas cobradas do tomador final de empréstimos,<br />

exigir que a prefeitura da maior<br />

cidade do país continue arcando com uma<br />

taxa desse tamanho é incoerente.<br />

Com a dívida renegociada, <strong>Haddad</strong> terá<br />

uma vantagem que seus antecessores não<br />

tiveram: mais dinheiro para gastar em<br />

seus projetos. Isso permitirá que ele construa<br />

uma boa parte do que prometeu. Mas<br />

não tudo. Para fazer tudo o que disse que<br />

ia fazer, Brasília terá que vir em socorro<br />

ao prefeito que ajudou a eleger. <strong>Haddad</strong>,<br />

agora, sai da posição de quem cobra para a<br />

posição de quem é cobrado. ■<br />

PODER ECONÔMICO<br />

JORGE FELIX<br />

jfelix@ig.com<br />

Uma dívida entre <strong>Haddad</strong> e <strong>Dilma</strong><br />

Durante toda a campanha eleitoral em São<br />

Paulo, o prefeito eleito Fernando <strong>Haddad</strong><br />

exaltou sua parceria com o governo federal.<br />

No dia seguinte à vitória, <strong>Haddad</strong> esteve,<br />

ontem, com <strong>Dilma</strong> Rousseff no Palácio<br />

do Planalto. Discurso e gesto estão em linha.<br />

Mas há o desafio das decisões administrativas.<br />

Nenhum deles é maior do que a renegociação<br />

da dívida da cidade. O tema é o<br />

mais importante para afastar o risco de boa<br />

relação entre o dois gestores do PT ficar<br />

mais na perfumaria do que no relevante.<br />

Quem conhece finanças públicas e já esteve<br />

com ela nas mãos (tanto em governos do<br />

>>> Leia mais em www.ig.com/poder-economico<br />

PT como do PSDB), desconfia que no momento<br />

de o tema ser discutido para valer,<br />

há perigo de uma grande frustração nessa<br />

parceria. Não por divergência entre os dois.<br />

Mas porque a dívida da cidade está atrelada<br />

a dos cinco estados que reivindicam a renegociação.<br />

E o governo federal, como se sabe,<br />

não pode tudo. Tem um compromisso<br />

com o superávit primário e com a Lei de<br />

Responsabilidade Fiscal. Essa novela arrasta-se<br />

desde 1998. Pressão sempre existiu e<br />

nunca o governo cedeu (ou pode ceder).<br />

Se <strong>Haddad</strong> conseguir arrancar essa renegociação,<br />

aí sim, será sua grande vitória. ■<br />

●<br />

Igo Estrela<br />

A dívida da capital hoje gira em<br />

➤<br />

torno dos R$ 60 bilhões e a<br />

prefeitura gasta 13% da arrecadação no<br />

pagamento de juros. Hoje há um consenso<br />

de que não basta a troca de indexador<br />

(de IGP-DI +9% pela Selic ou TJLP),<br />

mas há necessidade da revisão<br />

do saldo devedor em troca de uma<br />

antecipação da amortização para a União.<br />

●<br />

Dois economistas são os mais<br />

➤<br />

próximos dos próximos do prefeito<br />

eleito Fernando <strong>Haddad</strong>: Leda Paulani,<br />

professora da Universidade de São Paulo,<br />

e Nelson Machado, ex-ministro da<br />

Previdência (governo Lula) e ex-secretárioexecutivo<br />

de Guido Mantega (até 2010).<br />

Leda é unha e carne com <strong>Haddad</strong> e todos<br />

dão como certo sua volta ao governo<br />

municipal (já esteve lá na época de<br />

João Sayad, no governo Marta Suplicy).<br />

Coordenador do programa de <strong>Haddad</strong><br />

na área de desenvolvimento econômico,<br />

Machado, por sua experiência no governo<br />

federal, porém, é mais apontado por quem<br />

conhece o assunto e por integrantes do PT.<br />

●➤<br />

➔<br />

E a Petrobras, hein?<br />

Uma caixinha de surpresa.<br />

Colaborou<br />

Klinger Portella<br />

www.brasileconomico.com.br

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