16 18 a 24 de Novembro de 2005 O Milénio/Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!
O Milénio/Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! 18 a 24 de Novembro de 2005 17 Vítor Baía, a autobiografia As primeiras impressões da autobiografia de Vítor Baía, são as melhores. Um livro que promete ser um sucesso de bilheteira. Não tanto pelas grandes revelações, até porque não são tão grandes assim, mas sobretudo pelas pequenas estórias de 36 anos de vida que Vítor Baía conta - recordese que ele próprio insistiu em escrever esta biografia - com um talento desconhecido. Uma escrita escorreita, limpinha, cheia de imagens, com títulos prosaicos e uma série de metáforas que prendem o leitor e o fazem devorar com uma vontade ávida as 127 páginas que percorrem a vida do guarda-redes. O aspecto gráfico será o melhor de todos os livros de gente do futebol lançados nos últimos tempos, o papel tem uma qualidade próxima da folha de revista e as imagens trazem realmente uma mais-valia à obra, fotos desconhecidas, bem integradas e potenciadas pela qualidade do papel. Do percurso de uma vida revisitada nos seus momentos mais importantes sobram algumas revelações curiosas, sobra também uma opinião nova sobre algumas das polémicas - a zanga com Mourinho, o período negro de Barcelona, a insistência de Scolari em não o chamar à selecção -, mas sobram sobretudo pequenas estórias, a cobiça do Benfica, o dia em que um formigueiro no braço quase lhe colocou a vida em risco, o período em que teve de deixar o futebol para se alistar na tropa. Muitas estórias embrulhadas num livro acompanhado de um DVD bem montado, onde a entrevista de Miguel Sousa Tavares explora o que ficou por escrever. Mas voltemos ao livro. Começa assim: "DEZ DEDOS DE CONVERSA. Chamei a esta introdução Dez dedos de conversa porque são dez os capítulos em que a autobiografia está dividida, como são dez os dedos das mãos. As MÃOS de um guarda-redes estão sempre na mira do adversário e do adepto. Segurar a bola, agarrá-la, dizer com força É minha. É o diálogo que tenho quase inconscientemente com elas. Porque um dia percebi que tenho mãos de guarda-redes. Entendam isto como uma imagem, já que todo o corpo é fundamental para um guarda-redes. Ainda assim dou graças a Deus pelas mãos que me deu. Convido-os agora a entrarem nesta conversa comigo, com a esperança de que saiam satisfeitos quando chegarem ao fim da história, porque um dia vou voltar para a completar". Vítor Baía, a autobiografia: o dia em que quase colocava a vida em risco e outro susto de morte Vítor Baía tem tido uma carreira marcada pelo infortúnio das lesões. Mas não só. O guardaredes conta no livro que já viveu dois sustos de morte. Um nos juniores, outro na final da Taça Intercontinental. Veja como ele os explica no livro: Juniores "A tromboflebite aconteceu na véspera de ir jogar à Luz, na fase final do Campeonato de Juniores. Tinha ficado a dormir em casa do Fernando Santos. Ao despertar senti um formigueiro no braço, como se tivesse dormido em cima dele. Tinha acordado naquela posição e pensei que tivesse sido isso. Quando me preparava para o treino, estava de manga curta, porque era Verão, e os meus colegas repararam que estavam com o braço fortíssimo. Na brincadeira até me disseram que parecia o Rambo. Comecei a reparar naquilo e apercebi-me depois que o braço estava pesado. Fui falar com o enfermeiro, Eduardo Braga, que percebeu logo que havia algo de anormal. Viajei na mesma para Lisboa, fiz alguns exames e disseramme que era de cervical e que, provavelmente, teria que ser operado. No entanto, o Dr. Fernando Povoas descansou-me um pouco e colocou de parte a operação. A caminho de Lisboa comecei a sentir muitas dores. Tirei a ligadura que me tinham colocado e mostrei o braço ao Dr. Povoas, que, a brincar e para me animar, disse: "Isso não é nada...". Soube mais tarde que o Dr. Povoas ameaçou abandonar o clube se nessa noite eu não fizesse um exame rigoroso. Sabia como eu era importante para esse jogo, mas colocou a minha saúde à frente. Fiz o exame e o diagnóstico não enganava. Estava uma veia entupida, formaram-se coágulos e, se jogasse, poderia ter colocado a minha vida em risco. Fiquei eternamente agradecido ao Dr. Povoas. Acabei por ser internado na Ordem do Carmo onde fiquei durante mês e meio. Nasceu a incógnita se poderia voltar a jogar. Fui a última consulta a Paris. (...) Três semanas após a alta médica, fiz o meu primeiro jogo pelos seniores". Final da Taça Intercontinental "Senti-me tonto, com dificuldades de visão. Só me lembro de ter chamado pelo Bicho e de me estender no relvado. Jamais esquecerei esse dia! Essencialmente, porque foi algo que me apanhou desprevenido. Sentiame normalíssimo e, de repente, senti algo de estranho, o coração a bater de uma forma acelerada, e muitas dificuldades em respirar nos primeiros instantes. Entrei em pânico e aconteceu a taquicardia. Passou-me muita coisa pela cabeça. Não desejo a ninguém o que me aconteceu ali naquele relvado. Foi algo de novo para mim. Depois de ter estado no hospital e de me encontrar tranquilo é que cheguei à conclusão de que nunca me consegui adaptar às diferenças horárias. Fiz o filme dos dias anteriores no Japão e, realmente, concluí que não tinha dormido bem, que tinha estado acordado nos momentos em que devia estar a dormir. Ou seja, dei-me mesmo muito mal com o jet-lag. (...) Tinha muitas dores no peito, pensei que estava a passar por algo idêntico ao que aconteceu com o Fehér, por exemplo. (...) Foi sem dúvida a situação mais dramática que já vivi durante um jogo". Vítor Baía: uma carreira notável Vítor Baía lançou a autobiografia, história de uma vida de 36 anos e de uma carreira cujo fim, felizmente, ainda se desconhece. O livro e o dvd, que inclui a entrevista feita por Miguel Sousa Tavares, permitem que fiquemos a saber mais sobre o campeão dos campeões. Vítor Baía é há muito anos a face dourada de um clube que nunca se preocupou em ser fácil de entender, quanto mais simpático. Para quem não pertence ao F.C. Porto, é natural ver em Pinto da Costa a forma viva de todos os males do futebol português. Percebese que o estilo de Jorge Costa (e alguns exageros) também não encontre muitos adeptos em outros clubes. Mas com Baía sempre foi diferente. Apesar de ser inequivocamente um dos maiores símbolos da história do F.C. Porto, Vítor Baía é um jogador admirado por pessoas de outros clubes e respeitado por quase todos. Até pelos que questionam o seu valor, como forma indirecta de tentar atingir o clube que representa. Sem ser um jogador unânime (em Portugal, só talvez Figo e Cristiano, porque saíram cedo, se aproximem desse estatuto), Vítor Baía é um exemplo. Ler com atenção o livro que agora publica ajuda a compreender como é ténue a fronteira entre o sucesso e o insucesso. Claro que o livro só não explica um dos maiores mistérios do futebol português dos últimos anos: por que não vai Baía à selecção, nem quando os preferidos estão no banco ou na bancada. Mas, claro, essa resposta nunca poderia ser dada pelo guarda-redes que na entrevista com Miguel Sousa Tavares tem um momento fantástico ao confessar que já chegou a pedir a colegas para que tentassem sacar, assim com jeitinho, o segredo de Scolari. Por nada, só para saber. Pelo menos isso merecia. "MUNDIAL SUB-21" DE 2007 GARANTIDO… EM TORONTO! Depois da FIFA ter anunciado a efectivação do Campeonato do Mundo de Futebol de Sub-21 no Canadá, com jogos a serem disputados nas cidades de Vancouver, Montreal, Otava e Toronto, a capital da província do Ontário passou alguns meses de grandes incertezas. Isto, porque primeiro a Federação de Futebol do Canadá teve a informação de que um estádio com capacidade para vinte mil espectadores, seria construído nos terrenos da Universidade de York, o que, no entanto, passadas algumas semanas, acabou por ser um projecto rejeitado pelo Ministério da Educação e pela Direcção da própria Universidade. <strong>Post</strong>eriormente, foram apresentados os planos para que o já famoso projecto da construção do Estádio para o "Mundial'2007" fosse erigido nos terrenos de Downsview, a norte da cidade de Toronto, local onde o Papa João Paulo II proferiu a sua missa campal durante a sua última visita. Desta feita foram os vereadores da Câmara Municipal de York que não concordaram e voltou tudo ao ponto zero. Finalmente, e quando a Federação de Futebol do Canadá já se preparava para riscar Toronto do mapa do "Mundial'2007", eis que a Câmara Municipal de Toronto resolveu agarrar neste projecto e garantir a construção de um Estádio com a capacidade para vinte mil espectadores, nos terrenos da CNE (Canadian National Exhibition), em pleno coração da baixa de Toronto, e onde em tempos que já lá vão (até ao principio dos anos 80) existiu um estádio, onde se praticava Basebol, Futebol Americano e o nosso Futebol, muito embora o mesmo deixasse bastante a desejar. MLS APROVOU EQUIPA DE TORONTO Com a construção do novo estádio a ser uma realidade a partir de Janeiro de 2006, eis que de imediato a Maple Leaf Sports & Entertainment submeteu um pedido de aceitação de uma equipa de Futebol, profissional, para participar na MLS (Major League Soccer) a exemplo das equipas que são já sua propriedade, o Maple Leafs de Toronto, da NHL (National Hockey League) e os Raptors, da NBA (National Basketball Association). Depois de uma curta espera, eis que a Direcção da MLS acaba de aprovar o pedido da Maple Leafs Sports & Entertainment, e a partir da temporada de 2007 Toronto vai ter também uma equipa de futebol, profissional, ao mais alto nível norte-americano. Se tomarmos em consideração o facto da MLS estar já a ser considerada como um dos melhores campeonatos do mundo, não temos a menor duvida em como a equipa de Toronto vai proporcionar a esta cidade um extraordinário objectivo para os jovens canadianos que em termos de registos reconhecidos na Federação Canadiana de Futebol, ultrapassam o numero total de jogadores inscritos na Federação de Hóquei-no-Gelo do Canada, a modalidade desportiva mais apaixonante de todos quantos são oriundos deste maravilhoso país. Toronto está de parabéns. Pelo Mundial'2007... e pela nova equipa profissional de futebol que também em 2007 vai passar a ser uma realidade.