VEJA O NOSSO ANÚNCIO NA ÚLTIMA PÁGINA - Post Milenio
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<strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!<br />
20 a 26 de Abril de 2007 9<br />
RECITADO<br />
POR UM ANJO<br />
AIDA BAPTISTA<br />
Há rituais de que já não prescindo há vários anos.<br />
Hábitos que se entranharam e se repetem semana<br />
a semana. Às vezes assusta-me um pouco<br />
esta ideia das rotinas, tantas vezes repetidas, que se transformam<br />
em tiques. Dizem que é por aí que começam os<br />
indícios de que estamos a envelhecer. Deve-me faltar, por<br />
isso, apenas um pequeno passo para começar a ser rotulada<br />
de velha. Habituei-me, durante anos, a ouvir enumerar<br />
tiques que servem para arrumar pessoas em categorias.<br />
Consola-me o facto de saber que o prolongamento da esperança<br />
de vida está prestes a inaugurar a chamada "quarta<br />
idade". Como me falta algum tempo para atravessar a terceira,<br />
posso ainda permitir-me certas práticas sem que estas<br />
venham já acompanhadas da etiqueta "isso é coisa de<br />
velho!".<br />
Regressando aos rituais, um dos que pratico religiosamente<br />
à quinta-feira é, logo que saio à rua, dirigir-me à<br />
papelaria mais à mão para comprar a revista "Visão".<br />
Depois dela, já surgiram outras revistas com o mesmo formato<br />
mas, sem pôr em causa a qualidade das mesmas, a<br />
verdade é que me fidelizei de tal modo à primeira que, até<br />
hoje, a mantenho como favorita.<br />
Gosto seu aspecto gráfico, das capas (excepção para<br />
esta nova moda da capa dupla que em nada facilita a leitura),<br />
da actualidade das reportagens, da qualidade dos textos<br />
de opinião dos seus colaboradores - uns mais antigos, outros<br />
mais recentes - mesmo quando não estou inteiramente<br />
de acordo com eles. Privilegio a argumentação inteligente!<br />
Nos últimos tempos, habituei-me às belíssimas crónicas<br />
de Lobo Antunes.<br />
No início, ainda comecei a arquivar algumas, mas rapidamente<br />
concluí que teria de abandonar este meu outro<br />
tique de recortar e guardar tudo aquilo de que gosto. Não há<br />
espaço para tanto!<br />
Além disso, perante um autor desta estatura, o futuro se<br />
encarregará de dar à estampa tudo quanto ele produziu.<br />
O meu primeiro contacto com a prosa deste autor,<br />
chegou-me logo no início da década de 80, pelas mãos de<br />
um colega e amigo, o Camilo, professor de Matemática do<br />
meu filho, que me ofereceu "Memória de Elefante".<br />
Apreciei o gesto e também a desmistificação de um conceito<br />
muito em voga na época, entre a classe docente, de<br />
que os números eram incompatíveis com a literatura.<br />
Só mais tarde, e com uma passagem mais atenta pela<br />
obra de Lobo Antunes , me fui apercebendo que não de trata<br />
de um autor fácil. "Não Entres por Essa Noite Escura", por<br />
exemplo, é um dos livros cuja leitura, apesar de várias<br />
vezes iniciada, continua na minha estante à espera de uma<br />
disponibilidade que a dê por concluída.<br />
Ao contrário, as crónicas são textos curtos que eu lia<br />
com a satisfação de quem fruía de toda a beleza que saltava<br />
da profundidade de uma escrita que atingia os mais elevados<br />
padrões de um texto literário.<br />
Gostava tanto de as ler que era a única revista em que<br />
eu subvertia a ordem dos textos apresentados - guardava-o<br />
sempre para depois.<br />
À semelhança das Bodas de Caná, em que o melhor<br />
vinho ficara para o fim, saboreava-o frase a frase em final<br />
de festa, reservando-lhe um lugar especial da minha<br />
atenção. Gostava daquele seu tom intimista, da forma como<br />
criava os ambientes e o seu mundo.<br />
Chegava a sentir-lhe os cheiros, por mais que tentasse<br />
disfarçar que nada daquilo tinha uma ponta de autobiográfico.<br />
Surpreendia-me a translineação de certas frases: discursos<br />
directos, diálogos soltos, monólogos repetidos,<br />
como se pensasse alto e ecoasse em sonoridades de coro de<br />
tragédia grega.<br />
No canto superior direito da capa desta semana, 12 de<br />
Abril, vinha a sua fotografia e, por baixo, a legenda em<br />
diagonal<br />
LOBO ANTUNES<br />
UMA CRÓNICA CORAJOSA<br />
A chamada de atenção, desta vez, alterou-me os hábitos.<br />
Folheei logo a revista à procura da página. Lá estava o título<br />
"Crónica do Hospital". Comecei a ler a única crónica que<br />
eu nunca gostaria de ter lido. Quantos de nós, depois de<br />
lerem um determinado texto, chegam ao fim e pensam: "É<br />
exactamente assim que penso. Este era o texto que eu<br />
gostaria de ter escrito". Mas esta, esta última é a única<br />
crónica que eu gostaria de nunca ter de escrever porque, tal<br />
como ele diz, alterou, de cabo a rabo, a sua vida. Saiu-lhe<br />
das entranhas de uma doença que "ratando, ratando" o colocou<br />
no papel de personagem principal . Talvez nunca se<br />
tivesse imaginado no tríplice papel de narrador, personagem<br />
e sujeito de uma trama que lentamente e, à semelhança<br />
dos seus romances, se foi lentamente urdindo dentro<br />
de si. Pela primeira vez está confrontado com a dolorosa<br />
situação de ter de mover todos os cordelinhos dos avanços<br />
e recuos de uma narrativa que não concebeu, criando e<br />
recriando as pausas que darão o verdadeiro ritmo a um destino<br />
previamente traçado.<br />
Acabara de receber um prémio literário, mais um<br />
galardão a juntar a tantos outros que atestavam a qualidade<br />
da sua obra. No entanto, na cama do Hospital de Santa<br />
Maria não estava o escritor laureado. Apenas o homem<br />
reduzido à sua mais ínfima condição de ser humano que<br />
tem de viver sujeito às regras circunstanciais do imprevisto<br />
e do imprevisível. Nas entrelinhas do diploma que nos<br />
reconhece o mérito, pode sempre vir lavrado um diagnóstico<br />
que nos dita um fim sem glória nem dignidade.<br />
A nós, como prémio de consolação, fica-nos a certeza<br />
do livro que há-de vir:<br />
"Esse livro tem a melhor prosa que fiz até hoje, parece<br />
recitado por um anjo."<br />
"RAÍZES DA LOURINHÃ"<br />
ENTREGA DO<strong>NA</strong>TIVO A "ON YOUR MARK"<br />
Amanhã, Sábado, 21 de Abril, os elementos do "Raízes da Lourinhã" vão efectuar uma<br />
visita aos responsáveis do programa "On Your Mark", para efectuarem a entrega dos fundos<br />
angariados num Jantar de Gala recentemente levado a cabo.<br />
A entrega será feita na Escola Secundária da Bloor, mais concretamente no auditório, no<br />
1141 Bloor St. West, perante os alunos, os tutores e os pais.<br />
O programa "On Your Mark" foi estabelecido para ajudar os estudantes de descendência<br />
Portuguesa a darem continuidade aos seus estudos, promovendo conselhos individuais<br />
através de conselheiros voluntários. Tutores e estudantes reúnem-se após as aulas, aos<br />
sábados de manhã, durante pelo menos uma hora, para serem ajudados nos seus deveres<br />
caseiros, literacia básica e aritmética.<br />
Aqui fica o convite a todos quantos estejam interessados neste excelente programa, a<br />
estarem presentes, amanhã, sábado, no acto da entrega dos fundos angariados pelo "Raízes<br />
da Lourinhã".<br />
Para mais informações poderão contactar Marcie Ponte: 416-532-2824, ou enviar um<br />
e.mail a marcie@workingwomencc.org<br />
Sociedade dos Deficientes<br />
Portugueses<br />
Convidamos toda a Comunidade<br />
para o Baile da Primavera<br />
Sabádo, 26 de Maio, 2007,<br />
a partir das 7:00 da noite<br />
na sede dos Deficientes Portugueses<br />
2295 St. Clair Ave West<br />
Haverá Jantar e artistas comunitários, muita música para dançar e ainda a<br />
actuação de uma peça teatral pelo grupo de teatro da Sociedade dos<br />
Deficientes Portugueses…<br />
Adultos $35.00 Crianças 1 a 2 anos $25.00<br />
Para mais informações contactar Isaura Carneiro :<br />
Tel. 416- 536-4679 ou Marilene Santos Tel. 416-761-9761