VEJA O NOSSO ANÚNCIO NA ÚLTIMA PÁGINA - Post Milenio
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20 a 26 de Abril de 2007 <strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!<br />
Estados Unidos<br />
ASSASSINO COPIA FILME<br />
Filme sul-coreano premiado<br />
terá inspirado atirador de Virgínia.<br />
Oldboy é um filme sul-coreano<br />
de 2004 e é apontado como<br />
uma possível inspiração do atirador<br />
da Universidade da Virgínia para o<br />
massacre que matou 32 pessoas. O filme<br />
violento tem cenas semelhantes às poses de<br />
Cho Seung-hui nas fotografias que enviou à<br />
redacção da NBC.<br />
As parecenças começaram a ser comentadas<br />
em vários blogs na Internet. Também<br />
o professor Paul Harrill, da Universidade da<br />
Virgínia, notou o paralelo e alertou as<br />
autoridades, segundo o The New York<br />
Times. A pose de Cho a segurar um martelo<br />
é semelhante à do actor do filme Oldboy<br />
e é um dos exemplos apontados.<br />
Oldboy relata a história de um comerciante<br />
que é misteriosamente capturado e<br />
mantido numa cela, sem nenhuma explicação,<br />
durante 15 anos. Depois do cativeiro<br />
a personagem principal é solta e procura a<br />
vingança. Para isso, recebe um telemóvel e<br />
uma quantia em dinheiro. O filme retrata a<br />
luta pela descoberta dos alvos a abater. A<br />
trama, intrigante, garantiu ao filme o<br />
Grande Prémio do Júri em Cannes.<br />
O paralelo com a enclausura da personagem,<br />
a revolta e o desejo de vingança são<br />
fáceis de estabelecer se pensarmos que Cho<br />
vivia isoladamente, afastado da sociedade,<br />
e culpava os outros pela sua incapacidade<br />
de integração.<br />
Nos vídeos enviados à NBC o autor do<br />
maior massacre na história dos EUA diz:<br />
"Vocês adoravam crucificar-me. Adoravam<br />
induzir cancro na minha cabeça, terror no<br />
meu coração, arrancando a minha alma".<br />
Também a polícia acredita que Cho viu<br />
o filme e encenou as cenas como<br />
preparação para a matança que protagonizou.<br />
Algumas das poses são ainda associadas<br />
a cenas de filmes do realizador Jonh<br />
Woo, que dirigiu filmes como Face Off.<br />
Nas imagens, Cho aparece a usar um<br />
boné de basebol ao contrário, luvas pretas e<br />
um colete com vários bolsos. Segundo<br />
algumas testemunhas esta terá sido a roupa<br />
que usou durante o massacre.<br />
As motivações de Cho parecem estar<br />
directamente ligadas às características das<br />
sociedades modernas: "Os vossos Mercedes<br />
não eram suficientes, seus fedelhos. Os vossos<br />
colares de ouro não chegavam, seus<br />
snobs. Os vossos fundos de investimento...<br />
a vossa vodka e conhaque não eram suficientes.<br />
Os vossos deboches não eram suficientes...<br />
para preencher as vossas necessidades<br />
hedonísticas".<br />
Portuguesa:<br />
"O massacre foi no edifício ao lado"<br />
"Estava na universidade já há algum<br />
tempo a trabalhar no projecto de doutoramento<br />
numa secretária junto à janela, como<br />
todas as manhãs. Uma colega entrou no<br />
gabinete para me dizer para sair daquela<br />
sala, situada no rés-do-chão, pois um<br />
homem armado andava à solta na faculdade<br />
e já tinha atingido duas pessoas", testemunhou<br />
Ana Filipa Filipe, uma aluna portuguesa<br />
a estudar na Universidade Técnica<br />
da Virgínia. A mesma que avisou o aluno<br />
Fernando Freitas, também a estudar naquela<br />
instituição.<br />
Na altura do incidente, a estudante estava<br />
no edifício ao lado do West Amber<br />
Johnston, o primeiro prédio onde se registaram<br />
disparos junto dos dormitórios de<br />
alguns estudantes.<br />
Ana Filipa pegou no computador<br />
portátil e foi para um gabinete interior onde<br />
sintonizou a CNN, via Internet, para saber o<br />
que se estava a passar. "Recebi também<br />
vários e-mails da universidade a avisar para<br />
não sairmos e nos afastarmos das janelas",<br />
conta a estudante, acrescentando que soube<br />
depois, através da televisão, que "mais pessoas<br />
tinham sido atingidas".<br />
"O mais terrível foi não saber onde estava<br />
o assassino"<br />
Segundo a portuguesa, perto das 12<br />
horas locais, as autoridades deram a quem<br />
ainda ali permanecia dez minutos para<br />
evacuarem o edifício. "O mais terrível<br />
naqueles momentos foi não saber o que de<br />
facto se estava a passar e onde estaria o<br />
assassino. Depois viemos a saber que o<br />
massacre das vinte e tal pessoas tinha sido<br />
mesmo no edifício ao lado", explica.<br />
Ana Filipa alude ao facto de os EUA<br />
estarem actualmente envolvidos em várias<br />
guerras, mas diz que sempre sentiu que<br />
"dentro do país haveria bastante segurança".<br />
"Esta é uma cidade pacata, com<br />
muito poucos assaltos, e com muito raros<br />
acontecimentos de violência. As pessoas<br />
são muito simpáticas e generosas e receberam-me<br />
sempre muito bem tanto na comunidade<br />
como na universidade. Além disso a<br />
polícia é uma força bastante presente nas<br />
ruas e com autoridade", contou a portuguesa.<br />
JUÍZ LUSO-AMERICANO<br />
APELA A EMIGRANTES A REQUEREREM CIDADANIA<br />
Ojuiz luso-americano, Phillip<br />
Raposo, apelou aos emigrantes<br />
portugueses que vivem nos<br />
Estados Unidos a requererem a cidadania<br />
norte-americana, para aumentar "a voz" da<br />
comunidade lusa junto das autoridades<br />
daquele país.<br />
O actual presidente do Tribunal<br />
Supremo de Recurso do Estado de<br />
Massachusetts adiantou à Agência Lusa<br />
que, sem a cidadania norte-americana, a<br />
comunidade portuguesa "não pode votar e,<br />
sem votos, não tem voz" para participar nas<br />
decisões do país.<br />
Neto de emigrantes portugueses oriundos<br />
da ilha de São Miguel, nos Açores,<br />
Phillip Raposo, 57 anos, conta já com um<br />
vasto currículo profissional nos Estados<br />
Unidos da América e no estrangeiro, onde<br />
liderou o Tribunal Internacional da ONU<br />
em Timor-Leste, entre 2002 e 2005.<br />
Apesar de existirem "alguns receios"<br />
junto da comunidade portuguesa, o magistrado<br />
referiu que o processo para aceder à<br />
cidadania norte-americana é relativamente<br />
simples, bastando preencher os impressos,<br />
demonstrar conhecimentos básicos de<br />
inglês escrito e falado e da história do país.<br />
"Os portugueses agora votam mais e há<br />
um grande interesse em participar civicamente,<br />
mas tradicionalmente não era<br />
assim", afirmou Phillip Raposo, acrescentando<br />
que a comunidade luso-americana<br />
está a atravessar um "período de mudança".<br />
De acordo com um estudo realizado<br />
pela Universidade de Massachusetts, é cada<br />
vez maior a participação da comunidade<br />
portuguesa na vida política norte-americana,<br />
indicou Phillip Raposo, um dado que<br />
considerou ser sintomático das transformações<br />
em curso nas novas gerações.<br />
Segundo disse, será mais fácil aos filhos<br />
dos imigrantes afirmarem-se civicamente,<br />
devido ao seu estatuto de cidadãos norteamericanos,<br />
com formação académica e<br />
adopção plena do estilo de vida do país.<br />
"Eu fui, por exemplo, o primeiro membro<br />
da minha família que entrou para a faculdade",<br />
afirmou o Phillip Raposo, que é<br />
um dos dois juízes portugueses no total dos<br />
450 magistrados que trabalham no estado<br />
de Massachusetts.<br />
O luso-descendente, recentemente homenageado<br />
na terra natal dos avós, será dentro<br />
de três anos o único magistrado descendente<br />
de portugueses em Massachusetts,<br />
devido à reforma do outro colega.<br />
A confirmar-se este cenário, Phillip<br />
Raposo considerou ser "uma vergonha"<br />
para os portugueses a viver neste estado<br />
americano, dado que outras comunidades<br />
menos expressivas na zona, mas com<br />
grande intervenção cívica, estão mais representadas<br />
ao nível judicial.<br />
O juiz, que disse ser "mais rico"<br />
enquanto ser humano por pertencer a dois<br />
países, destacou, ainda, que a lei norteamericana<br />
não permite a deportação de<br />
cidadãos com dupla nacionalidade, um<br />
dado que entende ser mais um motivo para<br />
que todos os emigrantes lusos tratem da<br />
dupla nacionalidade.<br />
Phillip Raposo adiantou, ainda, desconhecer<br />
dados oficiais sobre o número de<br />
deportados luso-descendentes nos últimos<br />
tempos, dado que esta matéria compete à<br />
justiça federal e não estadual, onde trabalha.<br />
O magistrado, que fundou em 1997 um<br />
programa de intercâmbio jurídico entre os<br />
Estados Unidos e Portugal, recebeu em<br />
2002 do Presidente da República Jorge<br />
Sampaio, o grau de Comandante da Ordem<br />
do Infante D. Henrique, pelo seu esforço na<br />
promoção e estreitamento das relações<br />
entre os sistemas judiciais dos dois países.<br />
RME.