Comemorações do Dia dos Açores em Toronto ... - Post Milenio

Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! 5 a 11 de Junho de 2009 9
Diáspora revive memórias
e cultura nas ruas de Toronto
Àentrada da Dundas,
perto do coração da
cidade de Toronto,
mesmo sem mapa era
fácil perceber que se
começava a entrar em
"território português".
Ostentando a imagem das
Portas da Cidade, a "Ponta
Delgada Jewellery", precedida de
uma agência do Banif Açores,
denunciava claros indícios de que
o local escolhido para a festa dos
açorianos deveria estar a escassos
metros. Alguns carros surgiam
apressados com bandeiras da
Região nas janelas, dirigindo-se
para a esquina de "College Street"
onde a comitiva açoriana aguardava
pelo presidente do Governo
para inaugurar o primeiro posto da
Rede Integrada de Apoio ao
Cidadão (RIAC) fora de Portugal,
o primeiro acto oficial das
comemorações do Dia da Região,
este ano tendo como palco território
canadiano. Este espaço,
instalado na Casa dos Açores de
Ontario, segundo Carlos César,
para além do seu valor simbólico,
tem um ainda um "valor real" por
permitir uma maior proximidade
da administração com os
cidadãos, permitindo assim que
muitos insulares possam tratar de
questões burocráticas sem terem
de se fazer deslocar para
longe."Quebramos barreiras e
obstáculos entre as ilhas e os continentes.
É uma faceta dos Açores
modernos que estamos a construir",afirmou,
não deixando de
apelar à mobilização das comunidades
espalhadas pela diáspora.
Um momento presenciado por
centenas de pessoas cujas vozes se
uniram em coro quando começou
a fazer-se ouvir o hino de
Portugal, pelos acordes da Banda
Filarmónica Coração de Jesus de
Santa Helena. Um misto de
emoções envolveu a rua, parcialmente
cortada ao trânsito, com
algumas pessoas a aproveitarem a
ocasião para reverem amigos e
conterrâneos. Foi o caso de
Filomena Silva.
"Vim de propósito de Quebec
para visitar os meus sobrinhos
aqui em Toronto e reviver as festas
do Espírito Santo que marcaram a
minha mocidade em São Miguel.
Acabei também por encontrar
aqui uma prima que não via há
anos! Estou muito feliz", assumia,
emocionada, enquanto passa os
olhos pelos stands de artesanato e
de promoção turística montados
mesmo na "College Street" em
escassos metros quadrados que
serviram para muitos recuarem no
tempo.
"Em pequena eram os nossos
brinquedos", recordava Fernanda
Arruda, natural da Ribeirinha, em
São Miguel mas a viver há mais
de 40 anos no Canadá, enquanto
contemplava o artesão Eduardo
Gouveia, à volta de uns tarecos de
barro.
Também ele, radicado há
décadas em Kingston, não se
coíbe de mostrar o seu entusiasmo
por estar a participar num evento
com alma e até sabores das ilhas.
"Para além da festa e da folia,
nada melhor do que recordar
como sabem as sopas do Espírito
Santo". Aliás, esse foi o motivo de
António Aguiar também ter feito
vários quilómetros para estar presente.
"Ouvi dizer que vinha o
presidente do Governo e que ia ser
uma grande festa! Tinha mesmo
de vir! Só espero que as sopas
cheguem para mim e para o meu
neto porque já não sei o que é
prová-las há quase 20 anos e
gostava de dar a conhecer ao
pequenino". Uma dúvida que
Maria José Moniz, uma das
responsáveis pela organização e
confecção de tão apreciado manjar,
esclareceu logo de seguida.
"Temos preparadas sopas para
cinco mil pessoas", indicou, lembrando
todo o esforço desenvolvido
por incansáveis homens e mulheres
que com a Casa dos Açores
de Ontário deram forma a tão
emotivo e participado momento.
Uma sinergia de vontades e de
apego à cultura da terra que os viu
nascer que não passa despercebida
às entidades oficiais do Canadá,
pois numa cidade que reúne cerca
de 200 mil portugueses e lusodescendentes,
a comunidade açoriana
é apontada pelo embaixador
de Portugal no Canadá, Pedro
Moutinho de Almeida, como "um
exemplo de sucesso de integração",
até porque, refere,
"destes não tem havido nenhuma
queixa mas sim elogios".