Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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O Espiritismo entre os Druidas<br />
O Espiritismo entre os Druidas<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, abril de <strong>1858</strong><br />
Sob esse título: O velho novo, o senhor E<strong>do</strong>uard Fournier publicou, no Século, há uns dez anos,<br />
uma série de artigos tão notáveis, <strong>do</strong> ponto de vista da erudição, quanto interessantes sob o<br />
aspecto histórico. O autor, passan<strong>do</strong> em revista todas as invenções e descobertas modernas,<br />
prova que se nosso século tem o mérito da aplicação e <strong>do</strong> desenvolvimento, não tem, pelo<br />
menos para a maioria, o da prioridade. À época em que o senhor E<strong>do</strong>uard Fournier escrevia o<br />
seu folhetim, não havia, ainda, a questão <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s, sem o que não teria deixa<strong>do</strong> de nos<br />
mostrar que tu<strong>do</strong> o que se passa hoje não é senão uma repetição <strong>do</strong> que os Antigos sabiam<br />
muito bem, e talvez melhor <strong>do</strong> que nós. E o lastimamos por nossa conta, porque as suas<br />
profundas investigações lhe teriam permiti<strong>do</strong> pesquisar a antigüidade mística, como pesquisouse<br />
a antigüidade industrial; fazemos coro para que um dia dirija para esse la<strong>do</strong> suas laboriosas<br />
pesquisas. Quanto a nós, nossas observações pessoais não nos deixam nenhuma dúvida sobre a<br />
antigüidade e a universalidade da <strong>do</strong>utrina que os <strong>Espírito</strong>s nos ensinam. Essa coincidência<br />
entre o que nos dizem hoje e as crenças <strong>do</strong>s mais recua<strong>do</strong>s tempos, é um fato significativo da<br />
mais alta importância. Faremos notar, todavia, que, se encontramos por toda parte traços da<br />
Doutrina <strong>Espírita</strong>, em nenhuma parte a vemos completa: parece haver si<strong>do</strong> reserva<strong>do</strong> à nossa<br />
época coordenar esses fragmentos esparsos entre to<strong>do</strong>s os povos, para chegar à unidade de<br />
princípios, no meio de um conjunto mais completo e, sobretu<strong>do</strong>, mais geral de manifestações,<br />
que parecem dar razão ao autor <strong>do</strong> artigo que citamos mais acima, sobre o perío<strong>do</strong> psicológico<br />
no qual a Humanidade parece entrar.<br />
A ignorância e os preconceitos, quase por toda parte, desfiguraram essa <strong>do</strong>utrina, cujos<br />
princípios fundamentais estão mistura<strong>do</strong>s a práticas supersticiosas de to<strong>do</strong>s os tempos,<br />
exploradas para sufocar a razão. Mas sob esse montão de absur<strong>do</strong>s, germinam as mais<br />
sublimes idéias, como sementes preciosas ocultas sob os estorvos, e não esperan<strong>do</strong> senão a luz<br />
vivificante <strong>do</strong> Sol para alçar seu vôo. Nossa geração, mais universalmente esclarecida, descarta<br />
os estorvos, mas um tal cultivo não pode se cumprir sem transição. Deixemos, pois, às boas<br />
sementes, o tempo de se desenvolverem, e às más ervas o de desaparecerem. A <strong>do</strong>utrina<br />
druídica nos oferece um curioso exemplo <strong>do</strong> que acabamos de dizer. Essa <strong>do</strong>utrina, da qual<br />
conhecemos somente as práticas exteriores, se elevava, sob certos aspectos, até as mais<br />
sublimes verdades; mas essas verdades eram apenas para os seus inicia<strong>do</strong>s: o vulgo, terrifica<strong>do</strong><br />
pelos sangrentos sacrifícios, colhia com um santo respeito o visgo sagra<strong>do</strong> <strong>do</strong> carvalho, e não<br />
via senão a fantasmagoria. Isso se poderá julgar pela citação seguinte, extraída de um<br />
<strong>do</strong>cumento tanto mais precioso quanto é pouco conheci<strong>do</strong>, e que lança uma luz inteiramente<br />
nova sobre a verdadeira teologia de nossos pais.<br />
"Entregamos, à reflexão <strong>do</strong>s nossos leitores, um texto céltico publica<strong>do</strong> há pouco e cuja<br />
aparição causou uma certa emoção no mun<strong>do</strong> sábio. É impossível saber, ao certo, quem lhe foi<br />
o autor, nem mesmo a que século remonta. Mas, o que é incontestável, é que pertence à<br />
tradição <strong>do</strong>s bar<strong>do</strong>s <strong>do</strong> país de Galles, e essa origem basta para lhe conferir um valor de<br />
primeira ordem.<br />
"Sabe-se, com efeito, que o país de Galles se constitui, ainda em nossos dias, no mais fiel<br />
abrigo da nacionalidade gaulesa, que, entre nós, experimentou modificações tão profundas.<br />
Apenas roça<strong>do</strong> pela <strong>do</strong>minação romana, que aí não toca senão por pouco tempo e fracamente;<br />
preserva<strong>do</strong> da invasão <strong>do</strong>s bárbaros pela energia <strong>do</strong>s seus habitantes e pelas dificuldades <strong>do</strong><br />
seu território; submeti<strong>do</strong>, mais tarde, pela dinastia normanda, que deveu, todavia, lhe deixar<br />
um certo grau de independência, o nome de Galles, Gallia, que sempre ostentou, é um traço<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/04b-o-espiritismo-entre-os-druidas.html (1 of 9)7/4/2004 08:13:55