Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Perío<strong>do</strong> psicológico<br />
Perío<strong>do</strong> psicológico<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, abril de <strong>1858</strong><br />
Se bem que as manifestações espíritas hajam ocorri<strong>do</strong> em todas as épocas, é incontestável<br />
que se produzem hoje de um mo<strong>do</strong> excepcional. Os <strong>Espírito</strong>s, interroga<strong>do</strong>s sobre esse fato,<br />
foram unânimes em sua resposta: "Os tempos, disseram eles, marca<strong>do</strong>s pela Providência,<br />
para uma manifestação universal, são chega<strong>do</strong>s. Estão encarrega<strong>do</strong>s de dissiparem as trevas<br />
da ignorância e os preconceitos; é uma era nova que começa e prepara a regeneração da<br />
Humanidade." Esse pensamento se encontra desenvolvi<strong>do</strong>, de um mo<strong>do</strong> notável, em uma<br />
carta que recebemos de um <strong>do</strong>s nossos assinantes, e da qual extraímos a passagem seguinte:<br />
"Cada coisa tem o seu tempo; o perío<strong>do</strong> que vem de se escoar, parece ter si<strong>do</strong> especialmente<br />
destina<strong>do</strong>, pelo To<strong>do</strong>-Poderoso, ao progresso das ciências matemáticas e físicas, e,<br />
provavelmente, foi ten<strong>do</strong> em vista dispor os homens aos conhecimentos exatos, que se terá<br />
oposto, durante longo tempo, à manifestação <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s, como se essa manifestação<br />
devesse prejudicar o positivismo que pede o estu<strong>do</strong> das ciências; quis, em uma palavra,<br />
habituar o homem a pedir, às ciências de observação, a explicação de to<strong>do</strong>s os fenômenos<br />
que deveriam se produzir a seus olhos.<br />
"O perío<strong>do</strong> científico parece, hoje, se enfraquecer, e, depois <strong>do</strong>s progressos imensos que viu<br />
se cumprirem, não seria impossível que o novo perío<strong>do</strong>, que deve suceder-lhe, fosse<br />
consagra<strong>do</strong>, pelo Cria<strong>do</strong>r, às iniciações de ordem psicológica. Na imutável lei de<br />
perfectibilidade que colocou para os humanos, que pode fazer depois de havê-los inicia<strong>do</strong> nas<br />
leis físicas <strong>do</strong> movimento, e lhes haver revela<strong>do</strong> os motores com os quais muda a face <strong>do</strong><br />
globo? O homem tem sonda<strong>do</strong> as profundezas mais recuadas <strong>do</strong> espaço; a marcha <strong>do</strong>s astros<br />
e o movimento geral <strong>do</strong> Universo nada têm mais de segre<strong>do</strong> para ele; lê nas camadas<br />
geológicas a história da formação <strong>do</strong> globo; a luz, à sua vontade, se transforma em imagens<br />
dura<strong>do</strong>uras; <strong>do</strong>mina o raio; com o vapor e a eletricidade suprime as distâncias, e o<br />
pensamento vence o espaço com a rapidez <strong>do</strong> relâmpago. Chega<strong>do</strong> a esse ponto culminante,<br />
<strong>do</strong> qual a história da Humanidade não oferece nenhum exemplo, qualquer que tenha podi<strong>do</strong><br />
ser o grau <strong>do</strong> seu avanço nos séculos recua<strong>do</strong>s, parece-me racional pensar que a ordem<br />
psicológica lhe abre uma nova pista no caminho <strong>do</strong> progresso. É, pelo menos, o que se<br />
poderia deduzir <strong>do</strong>s fatos que se produzem em nossos dias e se repetem por toda parte.<br />
Esperemos, pois, que o momento se aproxime, se ainda não chegou, no qual o To<strong>do</strong>-<br />
Poderoso vai nos iniciar em novas, grandes e sublimes verdades. Cabe a nós compreendê-lo<br />
e secundá-lo na obra da regeneração."<br />
Essa carta é <strong>do</strong> senhor Georges, <strong>do</strong> qual havíamos fala<strong>do</strong> no nosso primeiro número. Não<br />
podemos senão felicitá-lo pelos seus progressos na Doutrina; os conhecimentos eleva<strong>do</strong>s que<br />
desenvolve mostram que a compreende sob seu verdadeiro ponto de vista; para ele, ela não<br />
se resume numa crença nos <strong>Espírito</strong>s e nas suas manifestações: é toda uma filosofia.<br />
Admitimos, como ele, que entramos num perío<strong>do</strong> psicológico e achamos as razões que nos<br />
dá, perfeitamente racionais, sem crer, no entanto, que o perío<strong>do</strong> científico tenha dito a sua<br />
última palavra; cremos, ao contrário, que nos reserva muitos outros progressos. Estamos<br />
numa época de transição, na qual os <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s se confundem.<br />
Os conhecimentos que os Antigos possuíam sobre as manifestações de <strong>Espírito</strong>s, não seriam<br />
um argumento contra a idéia <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> psicológico que se prepara. Notemos, com efeito,<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/04a-perio<strong>do</strong>-psicologico.html (1 of 2)7/4/2004 08:13:50