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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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A rainha de Oude<br />

30. Vossa Majestade compreendia a língua francesa? - Resp. Por que não a compreenderia?<br />

Eu sabia tu<strong>do</strong>.<br />

31. Vossa Majestade gostaria de nos responder em inglês? - Resp. Não... Não me deixareis,<br />

pois, tranqüila?». Quero ir-me daqui... Deixai-me... Julgais-me submissa aos vossos<br />

caprichos?... Sou rainha e não sou escrava.<br />

32. Pedimos somente consentir em responder, ainda, a duas ou três perguntas.<br />

Resposta de São Luís, que estava presente: Deixai-a, a pobre enganada; tende piedade de<br />

sua cegueira. Que vos sirva de exemplo! Não sabeis o quanto sofre seu orgulho.<br />

Nota. - Essa entrevista oferece mais de um ensinamento. Evocan<strong>do</strong> essa majestade decaída,<br />

agora no túmulo, não esperávamos respostas de uma grande profundidade, ten<strong>do</strong> em vista o<br />

gênero de educação das mulheres nesse país; mas não pensávamos encontrar, nesse<br />

<strong>Espírito</strong>, senão a filosofia, pelo menos um sentimento mais verdadeiro da realidade, e idéias<br />

mais sadias sobre as vaidades e as grandezas deste mun<strong>do</strong>. Longe disso: nela, as idéias<br />

terrestres conservaram toda a sua força; é o orgulho que nada perdeu de suas ilusões, que<br />

luta contra a sua própria fraqueza, e que deve, com efeito, muito sofrer por sua impotência.<br />

Na previsão de respostas de uma natureza diferente, havíamos prepara<strong>do</strong> diversas perguntas<br />

que se tornaram sem objeto. Essas respostas são tão diferentes daquelas que esperávamos,<br />

assim como as pessoas presentes, que não se poderia, nelas, ver a influência de um<br />

pensamento estranho. Por outro la<strong>do</strong>, têm uma marca de personalidade tão caracterizada<br />

que acusam, claramente, a identidade <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> que se manifestou.<br />

Poder-se-ia estranhar, com razão, em ver Lemaire, homem degrada<strong>do</strong> e mancha<strong>do</strong> por to<strong>do</strong>s<br />

os crimes, manifestar, por sua linguagem de além-túmulo, sentimentos que denotam uma<br />

certa elevação e uma apreciação bastante exata da sua situação, ao passo que, na rainha de<br />

Oude, cuja categoria que ocupava deveria ter desenvolvi<strong>do</strong> o senso moral, as idéias<br />

terrestres não sofreram nenhuma modificação. A causa dessa anomalia nos parece fácil de<br />

explicar. Lemaire, por degrada<strong>do</strong> que era, vivia no meio de uma sociedade civilizada e<br />

esclarecida, que havia reagi<strong>do</strong> sobre a sua natureza grosseira; inconscientemente, ele havia<br />

absorvi<strong>do</strong> alguns raios da luz que o cercava, e essa luz deveu fazer nascer nele pensamentos<br />

sufoca<strong>do</strong>s pela sua abjeção, mas cujos germes nele não subsistiram menos. Ocorre de mo<strong>do</strong><br />

diferente com a rainha de Oude: o meio onde viveu, os hábitos, a falta absoluta de cultura<br />

intelectual, tu<strong>do</strong> deveu contribuir para manter, com toda a sua forca, as idéias das quais<br />

estava imbuída desde a infância; nada veio modificar essa natureza primitiva, sobre a qual os<br />

preconceitos conservaram to<strong>do</strong> o seu império.<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/03g-a-rainha-de-oude.html (3 of 3)7/4/2004 08:13:35

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