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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Utilidade de certas evocações particulares<br />

Utilidade de certas evocações<br />

particulares<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, março de <strong>1858</strong><br />

As comunicações que se obtêm de <strong>Espírito</strong>s muito superiores, ou daqueles que animaram os<br />

grandes personagens da antigüidade, são preciosas pelo alto ensinamento que encerram.<br />

Esses <strong>Espírito</strong>s adquiriram um grau de perfeição que lhes permite abranger uma esfera de<br />

idéias mais extensa, penetrar mistérios que ultrapassam a capacidade vulgar da humanidade,<br />

e, por conseguinte, de nos iniciar, melhor <strong>do</strong> que outros em certas coisas. Não se segue disso<br />

que as comunicações de <strong>Espírito</strong>s de uma ordem menos elevada não tenham utilidade; longe<br />

disso: o observa<strong>do</strong>r nelas haure mais de uma instrução. Para se conhecer os costumes de um<br />

povo, é preciso estudá-lo em to<strong>do</strong>s os graus da escala. Quem não o tivesse visto senão sob<br />

uma face, conhecê-lo-ia mal. A história de um povo não é a <strong>do</strong> seu rei e das sumidades<br />

sociais; para julgá-lo, é preciso vê-lo em sua vida íntima, em seus hábitos priva<strong>do</strong>s. Ora, os<br />

<strong>Espírito</strong>s superiores são as sumidades <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espírita; sua própria elevação os coloca de<br />

tal mo<strong>do</strong> acima de nós, que nos assusta pela distância que nos separa. <strong>Espírito</strong>s mais<br />

burgueses (que se nos per<strong>do</strong>e essa expressão) nos tornam mais palpáveis as circunstâncias<br />

da sua nova existência. Entre eles, a ligação entre a vida corporal e a vida espiritual é mais<br />

íntima, nós a compreendemos melhor, porque nos toca mais de perto. Aprenden<strong>do</strong>, por eles<br />

mesmos, em que se tornaram, o que pensam, o que sentem os homens de todas as<br />

condições e de to<strong>do</strong>s os caracteres, os homens de bem como os viciosos, os grandes e os<br />

pequenos, os felizes e os infelizes <strong>do</strong> século, em uma palavra, os homens que viveram entre<br />

nós, que vimos e conhecemos, <strong>do</strong>s quais conhecemos a vida real, as virtudes e os defeitos,<br />

compreendemos suas alegrias e os seus sofrimentos, nos associamos a eles e neles haurimos<br />

um ensinamento moral tanto mais proveitoso quanto as relações, entre eles e nós, sejam<br />

mais íntimas. Colocamo-nos mais facilmente no lugar daquele que foi nosso igual <strong>do</strong> que<br />

daquele que não vemos senão através da miragem de uma glória celeste. Os <strong>Espírito</strong>s<br />

vulgares nos mostram a aplicação prática das grandes e sublimes virtudes, das quais os<br />

<strong>Espírito</strong>s superiores nos ensinam a teoria. Aliás, no estu<strong>do</strong> de uma ciência, nada é inútil:<br />

Newton encontrou a lei de forças <strong>do</strong> Universo, no mais simples fenômeno.<br />

As comunicações têm uma outra vantagem, que é de constatar a identidade de <strong>Espírito</strong>s de<br />

um mo<strong>do</strong> mais preciso. Quan<strong>do</strong> um <strong>Espírito</strong> nos diz ter si<strong>do</strong> Sócrates ou Platão, somos<br />

obriga<strong>do</strong>s a crer, sob palavra, porque não carrega com ele um certifica<strong>do</strong> de autenticidade;<br />

podemos ver, em seus discursos, se ele desmente ou não a origem que se dá: nós o<br />

julgaremos <strong>Espírito</strong> eleva<strong>do</strong>, eis tu<strong>do</strong>; que ele tenha si<strong>do</strong>, em realidade, Sócrates ou Platão,<br />

pouco nos importa. Mas quan<strong>do</strong> o <strong>Espírito</strong> de nossos parentes, de nossos amigos ou daqueles<br />

que conhecemos, se nos manifesta, se apresentam mil circunstâncias de detalhes íntimos <strong>do</strong>s<br />

quais a identidade não poderia ser colocada em dúvida: adquire-se aí; de algum mo<strong>do</strong>, a<br />

prova material. Pensamos, pois, que gostarão de nos dar, de tempos em tempos, algumas<br />

dessas evocações íntimas: é o romance <strong>do</strong>s costumes da vida espírita, menos a ficção.<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/03e-utilidade-de-certas-evocacoes.html7/4/2004 08:13:32

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