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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Confissões de Luís XI<br />

tu<strong>do</strong> a temer dele; aliás, não tinha senão uma filha de tenra idade, o que teria produzi<strong>do</strong><br />

depois da morte <strong>do</strong> duque, que não parecia dever viver muito tempo, uma minoria que os<br />

Flamands, sempre turbulentos teriam torna<strong>do</strong> extremamente agitada. Teria podi<strong>do</strong>, então,<br />

me apossar facilmente, se não fora de to<strong>do</strong>s os bens da casa de Bourgogne, pelo menos de<br />

uma parte, seja esconden<strong>do</strong> essa usurpação numa aliança, seja deixan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> o que a força<br />

lhe dá de odioso. Havia mais razões, <strong>do</strong> que era preciso, para fazer envenenar o conde de<br />

Charolais; aliás, o pensamento de um crime não me espantava mais.<br />

"Consegui seduzir o copeiro <strong>do</strong> príncipe, Jean Constain. A Itália era, de algum mo<strong>do</strong>, o<br />

laboratório <strong>do</strong>s envenena<strong>do</strong>res: foi para lá que Constain enviou Jean d'lvy, que ele havia<br />

ganho com a ajuda de uma soma considerável que deveria pagar-lhe em seu retorno. D'lvy<br />

quis saber a quem esse veneno estava destina<strong>do</strong>; o copeiro teve a imprudência de confessar<br />

que era para o conde de Charolais.<br />

"Depois de ter feito sua incumbência, d'lvy se apresenta para receber sua soma prometida;<br />

mas, longe de dar-lha, Constain o cobre de injúrias. Furioso com essa recepção, d'lvy jura<br />

disso tirar vingança. Vai procurar o conde de Charolais e lhe confessa tu<strong>do</strong> o que sabia.<br />

Constain foi deti<strong>do</strong> e conduzi<strong>do</strong> ao castelo de Rippemonde. O me<strong>do</strong> da tortura fê-lo tu<strong>do</strong><br />

confessar, exceto minha cumplicidade, talvez, esperan<strong>do</strong> que intercedesse por ele. Já estava<br />

no alto da torre, lugar destina<strong>do</strong> ao seu suplício, e se apressava em decapitá-lo, quan<strong>do</strong><br />

testemunhou desejo de falar ao conde. Conta-lhe, então, o papel que eu havia toma<strong>do</strong> nessa<br />

tentativa. O conde Charolais apesar <strong>do</strong> espanto e da cólera que experimentou, cala-se, e as<br />

pessoas presentes não puderam formar senão vagas conjecturas fundadas sobre os<br />

movimentos de surpresa que o relato lhe arrancou. Malgra<strong>do</strong> a importância dessa revelação,<br />

Constain foi decapita<strong>do</strong> e seus bens foram confisca<strong>do</strong>s, mas entregues à sua família pelo<br />

duque de Bourgogne.<br />

"Seu denunciante experimentou a mesma sorte, que deveu em parte à imprudente resposta<br />

que deu ao príncipe de Bourgogne; este, ten<strong>do</strong>-lhe pergunta<strong>do</strong> se teria denuncia<strong>do</strong> o complô,<br />

se houvera si<strong>do</strong> pago da soma prometida, ele teve a inconcebível temeridade de dizer que<br />

não.<br />

"Quan<strong>do</strong> o conde veio a Tours, pede-me uma entrevista particular; lá deixa estourar toda a<br />

sua fúria e me cobre de censuras: Apazigüei-o dan<strong>do</strong>-lhe a tendência geral de Normandie e a<br />

pensão de trinta e seis mil libras; a tendência geral não foi senão um título vão; quanto à<br />

pensão, não recebeu senão o primeiro vencimento."<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/03c-confissoes-de-luis-xi.html (2 of 2)7/4/2004 08:13:27

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