Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Júpiter e alguns outros mun<strong>do</strong>s<br />
aparecer algumas virtudes. Se os bons estiverem em minoria, serão vítimas <strong>do</strong>s maus; mas,<br />
à medida que aumente a sua preponderância, a legislação será mais humana, mais<br />
eqüitativa, e a caridade cristã não será, para to<strong>do</strong>s, uma letra morta. Desse próprio bem, vai<br />
nascer um outro vício. Malgra<strong>do</strong> a guerra que os maus declarem, sem cessar, aos bons, não<br />
poderão impedi-los de os estimar em seu foro íntimo; ven<strong>do</strong> a ascendência da virtude sobre o<br />
vício, e não ten<strong>do</strong> nem a força e nem a vontade de praticá-la, procurarão parodiá-la; tomamlhe<br />
a máscara; daí os hipócritas, tão numerosos em toda sociedade onde a civilização é<br />
imperfeita.<br />
Continuemos nossa rota através <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s, e detenhamo-nos neste, que nos vai repousar<br />
um pouco <strong>do</strong> triste espetáculo que acabamos de ver. Não é habita<strong>do</strong> senão por <strong>Espírito</strong>s da<br />
segunda ordem. Que diferença! O grau de depuração que alcançaram exclui, entre eles, to<strong>do</strong><br />
pensamento <strong>do</strong> mal, e só essa palavra nos dá a idéia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> moral dessa feliz região. A<br />
legislação, aí, é bem simples, porque os, homens não têm <strong>do</strong> que se defenderem, uns contra<br />
os outros; ninguém quer o mal para o seu próximo, ninguém se apropria <strong>do</strong> que não lhe<br />
pertence, ninguém procura viver em detrimento <strong>do</strong> seu vizinho. Tu<strong>do</strong> respira a benevolência<br />
e o amor; os homens não procuram se prejudicar; não há ódio; o egoísmo é desconheci<strong>do</strong> e<br />
a hipocrisia não teria finalidade. Aí, todavia, não reina a igualdade absoluta, porque a<br />
igualdade absoluta supõe uma identidade perfeita no desenvolvimento intelectual e moral;<br />
ora, veremos, pela escala espiritual, que a segunda ordem compreende vários graus de<br />
desenvolvimento; haverá, pois, nesse mun<strong>do</strong>, desigualdades, porque uns serão mais<br />
avança<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que outros; mas, como entre eles não há senão o pensamento <strong>do</strong> bem, os mais<br />
eleva<strong>do</strong>s não conceberão nada de orgulho, e os outros nada de ciúme. O inferior compreende<br />
a ascendência <strong>do</strong> superior e se submete, porque essa ascendência é puramente moral e<br />
ninguém dela se serve para oprimir.<br />
As conseqüências que tiramos, desses quadros, embora apresentadas de um mo<strong>do</strong><br />
hipotético, não deixam de ser perfeitamente racionais, e, cada um pode deduzir o esta<strong>do</strong><br />
social de um mun<strong>do</strong> qualquer, segun<strong>do</strong> a proporção <strong>do</strong>s elementos morais <strong>do</strong>s quais se o<br />
supõe composto. Vimos que, abstração feita da revelação <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s, todas as<br />
probabilidades são para a pluralidade <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s; ora, não é menos racional pensar que<br />
to<strong>do</strong>s não estão num mesmo grau de perfeição, e que, por isso mesmo, nossas suposições<br />
podem muito bem ser realidades. Não os conhecemos, senão o nosso, de um mo<strong>do</strong> positivo.<br />
Que categoria ele ocupa nessa hierarquia? Ah! basta considerar o que aqui se passa para ver<br />
que está longe de merecer a primeira categoria, e estamos convenci<strong>do</strong>s de que, len<strong>do</strong> estas<br />
linhas, já se lhe terá marca<strong>do</strong> seu lugar. Quan<strong>do</strong> os <strong>Espírito</strong>s nos dizem que estão, senão na<br />
última, pelo menos nas últimas, o simples bom senso nos diz, infelizmente, que não se<br />
enganam; temos muito a fazer para elevá-lo à categoria daquele que escrevemos em último<br />
lugar, e temos muita necessidade que o Cristo venha nos mostrar o caminho.<br />
Quanto à aplicação, que podemos fazer, <strong>do</strong> nosso raciocínio, aos diferentes globos <strong>do</strong> nosso<br />
turbilhão planetário, não temos senão os ensinamentos <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s; ora, para quem não<br />
admite senão provas palpáveis, é positivo que sua asserção, a esse respeito, não tenha a<br />
certeza da experimentação direta. No entanto, não aceitamos, to<strong>do</strong>s os dias com confiança as<br />
descrições, que os viajantes nos fazem, de países que jamais vimos? Se nós não devêssemos<br />
crer senão por nossos olhos, não creríamos em grande coisa. O que dá aqui, um certo peso<br />
ao dizer <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s, é a correlação que existe entre eles, pelo menos nos pontos principais.<br />
Para nós, que fomos cem vezes testemunhas dessas comunicações, que pudemos apreciá-las<br />
em seus menores detalhes, que nelas escrutamos o forte e o fraco, observamos as<br />
semelhanças e as contradições, encontramos to<strong>do</strong>s os caracteres da probabilidade; todavia,<br />
não lhes damos senão sob benefício de inventário, a título de notícias, aos quais cada um<br />
está livre para ligar a importância que julga adequada. Segun<strong>do</strong> os <strong>Espírito</strong>s, o planeta Marte<br />
seria ainda menos avança<strong>do</strong> <strong>do</strong> que a Terra; os <strong>Espírito</strong>s que nele estão encarna<strong>do</strong>s<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/03b-jupiter-e-alguns-outros.html (2 of 4)7/4/2004 08:13:25