Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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O senhor Home<br />
O senhor Home<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, fevereiro de <strong>1858</strong><br />
Os fenômenos realiza<strong>do</strong>s pelo senhor Home produziram tanto mais sensações porque vieram<br />
confirmar as narrações maravilhosas chegadas de além-mar, e a cuja veracidade se ligou<br />
uma certa desconfiança. Ele nos mostrou que, deixan<strong>do</strong> de la<strong>do</strong> a maior possibilidade ao<br />
exagero, deles restou o bastante para confirmar a realidade de fatos cumprin<strong>do</strong>-se fora de<br />
todas as leis conhecidas.<br />
Tem-se fala<strong>do</strong> <strong>do</strong> senhor Home em senti<strong>do</strong>s muito diversos, e confessamos que seria preciso<br />
muito para que to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> lhe fosse simpático, uns por espírito de sistema, outros por<br />
ignorância.<br />
Queremos mesmo admitir, nestes últimos, uma opinião conscienciosa, pela falta de terem<br />
podi<strong>do</strong> constatar os fatos por si mesmos; mas se, nesse caso, a dúvida é permitida, uma<br />
hostilidade sistemática e apaixonada está sempre deslocada. Em to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> de processo,<br />
julgar o que não se conhece é uma falta de lógica, o de apreciar sem provas é um<br />
esquecimento das conveniências. Façamos, por um instante, abstração da intervenção <strong>do</strong>s<br />
<strong>Espírito</strong>s, e não vejamos, nos fatos narra<strong>do</strong>s, senão simples fenômenos físicos. Quanto mais<br />
esses fatos sejam estranhos, mais merecem atenção. Explicai-os como quiserdes, mas não os<br />
contesteis a prior/, se não quiserdes fazer duvidar <strong>do</strong> vosso julgamento. O que deve<br />
espantar, e o que nos parece mais anormal ainda <strong>do</strong> que os fenômenos em questão, é de ver<br />
esses mesmos que debateram, sem cessar, contra a oposição de certos corpos sábios com<br />
relação às idéias novas, que lhes lançam, incessantemente, à face, e isso em termos os<br />
menos circunspectos, os dissabores suporta<strong>do</strong>s pelos autores das mais importantes<br />
descobertas, Fulton, Jenner e Galileu, que citam a toda hora, eles mesmos caírem num<br />
defeito semelhante, eles que dizem, com razão, que há poucos anos ainda, quem houvesse<br />
fala<strong>do</strong> em se corresponder, em alguns segun<strong>do</strong>s, de um canto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ao outro, teria<br />
passa<strong>do</strong> por insensato. Se crêem no progresso, <strong>do</strong> qual se dizem apóstolos, que sejam, pois,<br />
coerentes consigo mesmos, e não atraiam para si a censura que endereçam aos outros de<br />
negarem o que não compreendem.<br />
Voltemos ao senhor Home. Chega<strong>do</strong> a Paris no mês de outubro de 1855, encontrou-se, desde<br />
o início, lança<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> mais eleva<strong>do</strong>, circunstância que deveria ter imposto mais<br />
circunspeção no julgamento que se lhe fez, porque quanto mais o mun<strong>do</strong> é eleva<strong>do</strong> e<br />
esclareci<strong>do</strong>, menos é suspeito de estar sen<strong>do</strong> benevolentemente engana<strong>do</strong> por um<br />
aventureiro. Mesmo essa posição tem suscita<strong>do</strong> comentários. Pergunta-se quem é o senhor<br />
Home. Para viver neste mun<strong>do</strong>, para fazer viagens custosas, diz-se, é necessário que se<br />
tenha fortuna. Se não a tem, é preciso que seja sustenta<strong>do</strong> por pessoas poderosas.<br />
Alinhavaram-se, sobre esse tema, mil suposições, uma mais ridícula <strong>do</strong> que as outras. O que<br />
não se disse também de sua irmã que ele veio procurar, há um ano mais ou menos; era,<br />
dizia-se, um médium mais poderoso <strong>do</strong> que ele; os <strong>do</strong>is deveriam realizar prodígios de<br />
fazerem empalidecer os de Moisés. Mais de uma vez, perguntas nos foram dirigidas a esse<br />
respeito; eis a nossa resposta.<br />
O senhor Home, vin<strong>do</strong> à França, não se dirigiu ao público; ele não ama e nem procura a<br />
publicidade. Se tivesse vin<strong>do</strong> com objetivo de especulação, teria corri<strong>do</strong> o país solicitan<strong>do</strong> a<br />
propaganda em sua ajuda; teria procura<strong>do</strong> todas as ocasiões de se promover, ao passo que<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/02h-o-senhor-home.html (1 of 4)7/4/2004 08:13:10