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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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A floresta de Do<strong>do</strong>ne e a estátua de Memnon<br />

conhecimentos e, sobretu<strong>do</strong>, a presciênda; é, também, com a melhor fé <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que<br />

pedem notícias de to<strong>do</strong>s os seus negócios, sem pensarem que deles teriam sabi<strong>do</strong> tu<strong>do</strong><br />

igualmente junto ao primeiro le<strong>do</strong>r de boa sorte. Para eles, a mesa falante não é um objeto<br />

de estu<strong>do</strong> e de observação, é um oráculo. Não têm contra ela senão a sua forma trivial e os<br />

usos muito vulgares, mas que a madeira, da qual está feita, em lugar de estar configurada<br />

para as necessidades <strong>do</strong>mésticas, estivesse de pé, teríeis uma árvore falante ; se estivesse<br />

talhada numa estátua, teríeis um í<strong>do</strong>lo diante <strong>do</strong> qual os povos crédulos viriam se prosternar.<br />

Agora, transponhamos os mares e vinte e cinco séculos, e transportan<strong>do</strong>-nos ao pé <strong>do</strong> monte<br />

Tomarus, em Epire, aí encontraremos a floresta sagrada, cujos carvalhos representavam<br />

oráculos; acrescentai o prestígio <strong>do</strong> culto e a pompa das cerimônias religiosas, e explicar-voseis,<br />

facilmente, a veneração de um povo ignorante e crédulo que não podia ver a realidade<br />

através de tantos meios de fascinação.<br />

A madeira não é a única substância que pode servir de veículo para a manifestação <strong>do</strong>s<br />

<strong>Espírito</strong>s bate<strong>do</strong>res. Vimo-las se produzirem numa parede, por conseqüência, na pedra.<br />

Temos, pois, também pedras falantes. Que essas pedras representem um personagem<br />

sagra<strong>do</strong>, teremos a estátua de Memnon, ou a de Júpiter Ammon, representan<strong>do</strong> oráculos<br />

como as árvores de Do<strong>do</strong>ne.<br />

A história, é verdade, não nos disse que esses oráculos eram representa<strong>do</strong>s por pancadas,<br />

como vemos em nossos dias. Era, na floresta de Do<strong>do</strong>ne, pelo assovio <strong>do</strong> vento através das<br />

árvores, pelo sussurro das folhas, pelo murmúrio da fonte que jorra ,ao pé <strong>do</strong> carvalho<br />

consagra<strong>do</strong> a Júpiter. A estátua de Memnon, diz-se, produzia sons melodiosos aos primeiros<br />

raios <strong>do</strong> sol. Mas, a história nos disse, também, como tivemos ocasião de demonstrá-lo, que<br />

os antigos conheciam perfeitamente os fenômenos atribuí<strong>do</strong>s aos <strong>Espírito</strong>s bate<strong>do</strong>res.<br />

Ninguém duvide de que não esteja aí o princípio da sua crença na existência de seres<br />

anima<strong>do</strong>s nas árvores, nas pedras, nas águas, etc. Mas, desde que esse gênero de<br />

manifestações foi explora<strong>do</strong>, os golpes não bastavam mais; os visitantes eram muito<br />

numerosos para que se pudesse dar, a cada um, uma sessão particular; isso teria si<strong>do</strong>, aliás,<br />

coisa muito simples; seria preciso o prestígio e, no momento em que eles enriqueciam o<br />

templo com as suas oferendas, seria preciso dar-se-lhes pelo seu dinheiro. O essencial era<br />

que o objeto fosse olha<strong>do</strong> como sagra<strong>do</strong> e habita<strong>do</strong> por uma divindade; podia-se, desde<br />

então, fazê-lo dizer tu<strong>do</strong> o que se quisesse sem tomar muitas precauções.<br />

Os sacer<strong>do</strong>tes de Memnon, diz-se, usavam de fraude; a estátua era oca, e os sons que ela<br />

fornecia eram produzi<strong>do</strong>s por algum meio acústico. Isso era possível e mesmo provável. Os<br />

<strong>Espírito</strong>s, mesmo os simples bate<strong>do</strong>res, que são em geral menos escrupulosos <strong>do</strong> que os<br />

outros, não estão sempre, como dissemos, à disposição <strong>do</strong> primeiro que chegue; têm sua<br />

vontade, suas ocupações, suas suscetibilidades, e nem uns e nem outros gostam de ser<br />

explora<strong>do</strong>s pela cupidez. Que descrédito, para os sacer<strong>do</strong>tes, se não tivessem podi<strong>do</strong> fazer<br />

falar oportunamente seu í<strong>do</strong>lo! Seria preciso suprir o seu silêncio, e, se fosse necessário, dar<br />

um golpe de mão; aliás, seria bem mais cômo<strong>do</strong> <strong>do</strong> que se dar tanto trabalho, e se poderia<br />

formular as respostas segun<strong>do</strong> as circunstâncias. O que vemos em nossos dias, não prova<br />

menos que as crenças antigas tinham, por princípio, o conhecimento das manifestações<br />

espíritas, e foi com razão que dissemos que o Espiritismo moderno é o despertar da<br />

antigüidade, mas da antigüidade esclarecida pelas luzes da civilização e da realidade.<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/02e-a-floresta-de-<strong>do</strong><strong>do</strong>ne.html (3 of 3)7/4/2004 08:13:04

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