02.05.2014 Views

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A floresta de Do<strong>do</strong>ne e a estátua de Memnon<br />

A floresta de Do<strong>do</strong>ne e a estátua<br />

de Memnon<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, fevereiro de <strong>1858</strong><br />

Para chegarmos à floresta de Do<strong>do</strong>ne, passamos pela rua Lamartine, e nos detemos um<br />

instante na casa <strong>do</strong> senhor B"*, onde vimos um móvel dócil nos colocar um novo problema<br />

de estática.<br />

Os assistentes, em um número qualquer, estão coloca<strong>do</strong>s ao re<strong>do</strong>r da mesa em questão, em<br />

uma ordem igualmente qualquer, porque não há, aí, nem números e nem lugares<br />

cabalísticos; têm as mãos pousadas sobre a beirada; fazem, seja mentalmente, seja em voz<br />

alta, apelos aos <strong>Espírito</strong>s que têm o hábito se atenderem o seu convite. Conhece-se a nossa<br />

opinião sobre esse gênero de <strong>Espírito</strong>s, por isso nós os tratamos um pouco sem cerimônia.<br />

Quatro ou cinco minutos apenas são decorri<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> um ruí<strong>do</strong> claro de toe, toe, se faz<br />

ouvir na mesa, freqüentemente, bastante forte para ser ouvi<strong>do</strong> da peça vizinha, e se repete<br />

ainda por muito tempo, e ainda com a freqüência que seja desejada. A vibração se faz sentir<br />

nos de<strong>do</strong>s, e, aplican<strong>do</strong>-se o ouvi<strong>do</strong> contra a mesa, reconhece-se, não ao ponto de se<br />

enganar, que o ruí<strong>do</strong> tem a sua fonte na própria substância da madeira, porque toda a mesa<br />

vibra, desde os pés até a superfície.<br />

Qual é a causa desse ruí<strong>do</strong>? É a madeira que opera ou é como se disse, um <strong>Espírito</strong>?<br />

Descartemos, primeiro, toda idéia de fraude; estamos entre pessoas muito sérias, e de muito<br />

boa companhia, para se divertir às custas daqueles que, entre elas, querem muito admitir;<br />

aliás, essa casa não é privilegiada; os mesmos fatos se produzem em cem outras, também<br />

muito louváveis. Permita-nos, à espera da resposta, uma pequena digressão.<br />

Um jovem candidato bacharel estava em seu quarto ocupa<strong>do</strong> em decorar o seu exame de<br />

retórica; bate-se à sua porta. Admitis, penso, que se pode distinguir a natureza <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> e,<br />

sobretu<strong>do</strong>, sua repetição, se é causa<strong>do</strong> por um estali<strong>do</strong> da madeira, a agitação <strong>do</strong> vento ou<br />

uma outra causa toda fortuita, ou se é alguém que bate para pedir entrada. Neste último<br />

caso, o ruí<strong>do</strong> tem um caráter intencional com o qual não se pode equivocar-se; é o que a si<br />

mesmo diz nosso estudante. Entretanto, para não se desviar <strong>do</strong> dever inutilmente, quis se<br />

assegurar pon<strong>do</strong> o visitante em prova. Se é alguém, disse, que bata uma, duas, três, quatro,<br />

cinco, seis pancadas; batei no alto, a em baixo, à direita, à esquerda; batei o compasso;<br />

batei a chamada, etc. e, a cada um desses coman<strong>do</strong>s, o ruí<strong>do</strong> obedece com a mais perfeita<br />

pontualidade. Certamente, pensa ele, não pode ser nem o jogo da madeira, nem o vento,<br />

nem mesmo um gato, por inteligente que se o suponha. Eis um fato, vejamos a quais<br />

conseqüências nos conduzirão os argumentos silogísticos. Fez, ainda, o seguinte raciocínio:<br />

Ouvi um ruí<strong>do</strong>, portanto, alguma coisa o produziu; esse ruí<strong>do</strong> obedece ao meu coman<strong>do</strong>, pois<br />

a causa que o produziu me compreende; ora, quem compreende tem inteligência, portanto, a<br />

causa desse ruí<strong>do</strong> é inteligente. Se ela é inteligente, não é nem a madeira e nem o vento, é,<br />

pois, alguém. Em razão disso, vai abrir a porta. Vê-se que não há necessidade de ser <strong>do</strong>utor<br />

para tirar essa conclusão, e nós cremos o nosso aprendiz bacharel bastante aterra<strong>do</strong> aos seus<br />

princípios para tirar a seguinte. Suponhamos que ele vá abrir a porta e não encontre<br />

ninguém, e que o ruí<strong>do</strong> nem por isso continue exatamente <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>; perseguirá seu<br />

raciocínio: "Acabo de me provar, sem contestação, que o ruí<strong>do</strong> foi produzi<strong>do</strong> por um ser<br />

inteligente, uma vez que responde ao meu pensamento. Ouço sempre esse ruí<strong>do</strong> diante de<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/02e-a-floresta-de-<strong>do</strong><strong>do</strong>ne.html (1 of 3)7/4/2004 08:13:04

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!