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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Reconhecimento da existência <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s e das suas manifestações<br />

agente, que remove as mesas, age como causa inteligente e livre, ao mesmo tempo que<br />

mostra uma inteligência e uma vontade que lhes são próprias, quer dizer, superiores ou<br />

contrárias à inteligência e à vontade <strong>do</strong>s médiuns, <strong>do</strong>s experimenta<strong>do</strong>res, <strong>do</strong>s assistentes;<br />

distintas, em uma palavra, destas, qualquer que possa ser o mo<strong>do</strong> que ateste essa distinção.<br />

Em casos semelhantes, se é bem força<strong>do</strong> a admitir, seja como for, que esse agente é um<br />

espírito e não um espírito humano, e que, desde então, está fora dessa ordem, dessas causas<br />

que costumamos chamar naturais, daquelas, dizemos, que não ultrapassam as forças <strong>do</strong><br />

homem.<br />

'Tais são, precisamente, os fenômenos que, como dissemos mais acima, resistiram a toda<br />

outra teoria fundada sobre os princípios puramente naturais, ao passo que, na nossa,<br />

encontram sua explicação, a mais fácil e a mais clara, já que cada um sabe que a força <strong>do</strong>s<br />

<strong>Espírito</strong>s sobre a matéria sobrepassa, em muito, as forças <strong>do</strong> homem; e uma vez que não há<br />

efeito maravilhoso entre aqueles cita<strong>do</strong>s, da necromancia moderna, que não possa ser<br />

atribuí<strong>do</strong> à sua ação.<br />

"Sabemos muito bem que, ven<strong>do</strong>-nos colocar, aqui, os <strong>Espírito</strong>s em cena, mais de um leitor<br />

sorrirá de piedade. Sem falar dessas pessoas que, em verdade materialistas, não crêem na<br />

existência <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s e rejeitam, como uma fábula, tu<strong>do</strong> o que não é matéria ponderável e<br />

palpável, não mais que aqueles que, admitin<strong>do</strong> inteiramente que existem <strong>Espírito</strong>s, recusamlhes<br />

toda influência, toda intervenção no que toca ao nosso mun<strong>do</strong>; há, em nossos dias,<br />

muitos homens que, tu<strong>do</strong> atribuin<strong>do</strong> aos <strong>Espírito</strong>s o que nenhum bom católico não poderia<br />

lhes recusar, a saber: a existência e a faculdade de intervir nos fatos da vida humana, de<br />

mo<strong>do</strong> oculto ou patente, ordinário ou extraordinário, parece desmentir, entretanto, na<br />

prática, sua fé e considerar uma vergonha, como um excesso de credulidade, como uma<br />

superstição de velhas, admitir a ação desses mesmos <strong>Espírito</strong>s, em certos casos especiais,<br />

contentan<strong>do</strong>-se em não negá-la em tese geral. E, para dizer a verdade, depois de um século,<br />

zombou-se tanto da simplicidade da Idade Média, acusan<strong>do</strong>-a de ver, por toda parte,<br />

<strong>Espírito</strong>s, malefícios e feiticeiros e tanto se declamou a esse respeito, que não é maravilha se<br />

tantas cabeças fracas, que querem parecer fortes, experimentarem, de hoje em diante,<br />

repugnância, e como uma espécie de vergonha crer na intervenção <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s.<br />

Mas, esse excesso de incredulidade, não é nada menos insensato <strong>do</strong> que não o fora, em<br />

outras épocas, o excesso contrário, e se, em semelhante matéria, muito crer conduz a<br />

superstições vãs, não queren<strong>do</strong> nada admitir, em compensação, vai direto à impiedade <strong>do</strong><br />

naturalismo. O homem sábio, o cristão prudente, deve, pois, evitar, igualmente, esses <strong>do</strong>is<br />

extremos e se colocar firme sobre a linha intermediária: porque é aí que se encontram a<br />

verdade e a virtude. Atualmente, nessa questão de mesas falantes, de qual la<strong>do</strong> uma fé<br />

prudente nos fará inclinar?<br />

"A primeira, a mais sábia das regras que nos impõe essa prudência, nos ensina que, para<br />

explicar os fenômenos que oferecem um caráter extraordinário, não se deve recorrer às<br />

causas sobrenaturais, senão quan<strong>do</strong> as que pertencem à ordem natural não bastem para darlhe<br />

conta. De onde se segue, em compensação, a obrigação de admitir a primeira quan<strong>do</strong> as<br />

segundas são insuficientes. Está aí, justamente, nosso caso; com efeito, entre os fenômenos<br />

<strong>do</strong>s quais falamos, há os que nenhuma teoria, nenhuma causa puramente natural, poderia<br />

dar razão. É, pois, não somente prudente, mas, ainda, necessário procurar-lhe a explicação<br />

na ordem sobrenatural, ou, em outras palavras, atribuí-las aos puros <strong>Espírito</strong>s, uma vez que,<br />

fora e acima da Natureza, não existe outra causa possível.<br />

"Eis uma segunda regra, um critério infalível para pronunciar, a respeito de um fato qualquer,<br />

se ele pertence à ordem natural ou sobrenatural: é o de examinar-lhe bem os caracteres, e<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/01k-reconhecimento.html (3 of 4)7/4/2004 08:12:30

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