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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Um <strong>Espírito</strong> no enterro de seu corpo<br />

Um <strong>Espírito</strong> no enterro de seu<br />

corpo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, dezembro de <strong>1858</strong><br />

Esta<strong>do</strong> da alma no momento da morte.<br />

Os <strong>Espírito</strong>s sempre nos disseram que a separação da alma e <strong>do</strong> corpo não se faz<br />

instantaneamente; ela começa, algumas vezes, antes da morte real, durante a agonia,<br />

quan<strong>do</strong> a última pulsação se faz sentir, o desligamento não está ainda completo; ele se opera<br />

mais ou menos lentamente segun<strong>do</strong> as circunstâncias, e até a sua inteira liberdade a alma<br />

experimenta uma perturbação, uma confusão que não lhe permite conscientizar-se de sua<br />

situação; está no esta<strong>do</strong> de uma pessoa que desperta e cujas idéias são confusas. Esse<br />

esta<strong>do</strong> nada tem de penoso para o homem cuja consciência é pura; sem muito se explicar <strong>do</strong><br />

que vê, é calmo e espera sem me<strong>do</strong> o despertar completo; ao contrário, é cheio de angústias<br />

e de terror para aquele que teme o futuro. A duração dessa perturbação, dizemos nós, é<br />

variável; é muito menos longa naquele que, durante a vida, já elevou seus pensamentos e<br />

purificou sua alma; <strong>do</strong>is ou três dias lhe bastam, ao passo que, em outros, é preciso,<br />

algumas vezes, oito ou mais. Freqüentemente, assistimos a esse momento solene, e sempre<br />

vimos a mesma coisa; isso não é, pois, uma teoria, mas um resulta<strong>do</strong> da observação, uma<br />

vez que é o <strong>Espírito</strong> quem fala e quem pinta sua própria situação. Eis aqui um exemplo mais<br />

característico e tanto mais interessante para o observa<strong>do</strong>r, que não se trata mais de um<br />

<strong>Espírito</strong> invisível escreven<strong>do</strong> por um médium, mas bem de um <strong>Espírito</strong> visto e ouvi<strong>do</strong> na<br />

presença de seu corpo, seja na câmara mortuária, seja na igreja durante o serviço fúnebre.<br />

O senhor X... vinha de ser atingi<strong>do</strong> por um ataque de apoplexia; algumas horas depois de sua<br />

morte, o senhor Adrien, um de seus amigos, se encontrava em seu quarto com a mulher <strong>do</strong><br />

defunto; ele viu distintamente o <strong>Espírito</strong> deste passear em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s, olhar<br />

alternativamente seu corpo e as pessoas presentes, depois sentar-se numa poltrona; tinha<br />

exatamente a mesma aparência de quan<strong>do</strong> vivo; estava vesti<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong>, sobrecasaca<br />

preta, calça preta; tinha as mãos nos bolsos e o ar preocupa<strong>do</strong>.<br />

Durante esse tempo, a mulher procurava um papel na escrivaninha, seu mari<strong>do</strong> a olha e diz:<br />

Procuras inutilmente, não encontrarás nada. Ela não desconfiava nada <strong>do</strong> que se passava,<br />

porque o senhor X... não era visível senão para o senhor Adrien.<br />

No dia seguinte, durante o serviço fúnebre, o senhor Adrien viu de novo o <strong>Espírito</strong> de seu<br />

amigo perambular ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> caixão, mas não tinha mais o vestuário da véspera; estava<br />

envolvi<strong>do</strong> com uma espécie de roupagem. A conversação seguinte se iniciou entre eles.<br />

Notemos, de passagem, que o senhor Adrien não é sonâmbulo; que nesse momento, como<br />

no dia precedente, estava perfeitamente desperto, e que o <strong>Espírito</strong> lhe aparecia como se<br />

fosse um <strong>do</strong>s assistentes <strong>do</strong> enterro.<br />

- P. Diga um pouco, caro <strong>Espírito</strong>, que sentes agora? - R. Do bem e <strong>do</strong> sofrimento. - P. Não<br />

compreen<strong>do</strong> isso. - R. Sinto que estou vivo, com minha verdadeira vida e, entretanto, sinto<br />

que vivo, que existo: sou, pois, <strong>do</strong>is seres? Ah! deixai-me sair desta noite, tenho pesadelo.<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/12c-um-espirito-no-enterro.html (1 of 2)7/4/2004 08:17:39

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