Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Da pluralidade das existências<br />
pensamento. Temos ainda uma outra refutação a opor é de que não foi ensinada somente a<br />
nós; ela o foi em muitos outros lugares, em França e no estrangeiro; na Alemanha, na<br />
Holanda, na Rússia, etc. e isso antes mesmo da publicação de O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s.<br />
Acrescentamos ainda que, desde que nos entregamos ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espiritismo, tivemos<br />
comunicações por mais de cinqüenta médiuns, escreventes, falantes, videntes, etc., mais ou<br />
menos esclareci<strong>do</strong>s, de uma inteligência normal ou menos limitada, alguns mesmo<br />
completamente iletra<strong>do</strong>s, e por conseqüência inteiramente estranhos às matérias filosóficas,<br />
e que, em nenhum caso, os <strong>Espírito</strong>s foram desmenti<strong>do</strong>s sobre essa questão; ocorre o<br />
mesmo em to<strong>do</strong>s os círculos que conhecemos, onde o mesmo princípio foi professa<strong>do</strong>. Esse<br />
argumento não é sem réplica, nós o sabemos, por isso nele não insistiremos mais que o<br />
razoável.<br />
Examinemos a coisa sob um outro ponto de vista, e abstração feita de toda intervenção <strong>do</strong>s<br />
<strong>Espírito</strong>s; deixemos estes de la<strong>do</strong> por um instante; suponhamos que essa teoria não seja<br />
deles; suponhamos mesmo que jamais foi questão de <strong>Espírito</strong>s. Coloquemo-nos, pois,<br />
momentaneamente, sobre um terreno neutro, admitin<strong>do</strong> o mesmo grau de probabilidade para<br />
uma e outra hipótese, a saber a pluralidade e a unicidade das existências corpóreas, e<br />
vejamos de qual la<strong>do</strong> nos levará a razão e nosso próprio interesse.<br />
Certas pessoas repelem a idéia da reencarnação só pelo motivo de não lhes convir, dizen<strong>do</strong><br />
que têm por bastante uma existência e que não querem recomeçar uma semelhante; nós<br />
conhecemos as que, tão-só o pensamento de reaparecer na Terra faz saltar de furor. Não<br />
temos senão uma coisa a lhes perguntar, é se elas pensam que Deus deva tomar seus<br />
conselhos e consultar seus gostos para regular o Universo. Ora, de duas coisas uma: ou a<br />
reencarnação existe, ou ela não existe; se existe, irá contrariá-los, e lhes será necessário<br />
suportá-la, e Deus, para isso, não lhes pedirá permissão. Parece-nos ouvir um <strong>do</strong>ente dizer<br />
Já sofri bastante hoje, e não quero mais sofrer amanhã. Qualquer que seja seu mau-humor,<br />
não lhes será necessário sofrer menos o amanhã e os dias seguintes até que esteja cura<strong>do</strong>;<br />
portanto, se devem reviver corporalmente, reviverão, se reencarnarão; debalde se rebelarão<br />
como uma criança que não quer ir à escola, ou um condena<strong>do</strong> à prisão, é preciso que passem<br />
por lá. Semelhantes objeções são muitos pueris para merecerem um exame mais sério.<br />
Diremos, entretanto, para confortá-los, que a Doutrina <strong>Espírita</strong> sobre a reencarnação não é<br />
tão terrível como crêem, e se a tivessem estuda<strong>do</strong> a fun<strong>do</strong> não estariam tão assusta<strong>do</strong>s;<br />
saberiam que a condição dessa nova existência depende deles: ela será feliz ou infeliz,<br />
segun<strong>do</strong> o que fizeram neste mun<strong>do</strong>, e podem desde esta vida se elevarem tão alto, que não<br />
terão mais a temer cair no lamaçal.<br />
Supomos que falamos a pessoas que crêem num futuro qualquer depois da morte, e não<br />
àquelas que se dão o nada como perspectiva, ou que querem afogar sua alma num to<strong>do</strong><br />
universal, sem individualidade, como as gotas de chuva no Oceano, o que vem a ser quase o<br />
mesmo. Se, pois, credes num futuro qualquer, sem dúvida, não admitis que ele seja o<br />
mesmo para to<strong>do</strong>s, de outro mo<strong>do</strong> onde estaria a utilidade <strong>do</strong> bem? Por que se constranger?<br />
Por que não satisfazer todas as suas paixões, to<strong>do</strong>s os seus desejos, fosse mesmo às<br />
expensas de outrem, uma vez que nele não seria nem mais e nem menos? Credes que esse<br />
futuro será mais ou menos feliz segun<strong>do</strong> o que tivermos feito durante a vida; tendes então o<br />
desejo de ser tão feliz como seja possível, uma vez que isso deve ser pela eternidade?<br />
Teríeis, por acaso, a pretensão de ser um <strong>do</strong>s homens mais perfeitos que tenham existi<strong>do</strong> na<br />
Terra, e ter assim direito, de uma só vez, à felicidade suprema <strong>do</strong>s eleitos? Não. Admitis,<br />
assim, que há homens que valem mais que vós e que têm direito a um melhor lugar, sem,<br />
por isso, que estejais entre os condena<strong>do</strong>s. Pois bem! Colocai-vos, um instante pelo<br />
pensamento, nessa situação média que será a vossa, uma vez que vindes disso convir, e<br />
suponde que alguém venha vos dizer: Sofreis, não sois tão felizes como poderíeis sê-lo, ao<br />
passo que tendes, diante de vós, seres que gozam de uma felicidade sem mácula, quereis<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/11b-da-pluralidade-das-existencias.html (2 of 6)7/4/2004 08:17:01