Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Obseda<strong>do</strong>s e subjuga<strong>do</strong>s<br />
como deuses. O demônio disse a Jesus: Eu te darei to<strong>do</strong> o poder. A ti o disse uma vez que<br />
creste em nossas palavras: Nós te amamos; saberás tu<strong>do</strong>... Tu serás rei da Polônia."<br />
"Perseverarás nas boas disposições onde te colocamos. Esta lição dá um grande passo à<br />
ciência espírita. Ver-se-á que os bons <strong>Espírito</strong>s podem dizer futilidades e mentiras para se<br />
divertirem com os sábios. Allan Kardec disse que esse era um meio mau para reconhecer os<br />
<strong>Espírito</strong>s, em fazê-los confessar Jesus em carne. Eu digo que só os bons <strong>Espírito</strong>s confessam<br />
Jesus em carne e eu o confesso. Diga isso a Kardec."<br />
Todavia o <strong>Espírito</strong> teve o pu<strong>do</strong>r de não aconselhar o senhor F... para imprimir essas belas<br />
máximas; se o tivesse dito tê-lo-ia feito, sem nenhuma dúvida e seria uma ação má, porque<br />
deu-as como uma coisa séria.<br />
Encheríamos um volume com todas as tolices que lhe foram ditadas e com todas as<br />
circunstâncias que a seguiram. Fizeram-no, entre outras coisas, desenhar um edifício cujas<br />
dimensões eram tais que as folhas de papel necessárias, coladas em conjunto, ocuparam a<br />
altura de <strong>do</strong>is andares.<br />
Notar-se-á que, em tu<strong>do</strong> isso, não há nada de grosseiro, nada de trivial; é uma seqüência de<br />
raciocínios sofísticos que se encadeiam com uma aparência de lógica. Há, nos meios<br />
emprega<strong>do</strong>s para enganar, uma arte verdadeiramente infernal e se pudéssemos narrar todas<br />
essas conversas, ver-se-ia até que ponto se estendia a astúcia e com que agilidade as<br />
palavras melosas eram prodigalizadas oportunamente. O <strong>Espírito</strong> que desempenhava o<br />
principal papel, nesse assunto, tomava o nome de François Dillois, quan<strong>do</strong> não se cobria com<br />
a máscara de um nome respeita<strong>do</strong>. Soubemos mais tarde o que esse Dillois fora quan<strong>do</strong> vivo,<br />
e então nada nos admirou mais em sua linguagem. Mas, no meio de todas essas<br />
extravagâncias, era fácil reconhecer um bom <strong>Espírito</strong> que lutava por fazer ouvir, de tempo<br />
em tempo, algumas boas palavras para desmentir os absur<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s outros; havia um combate<br />
evidente, mas a luta era desigual; o jovem estava de tal mo<strong>do</strong> subjuga<strong>do</strong>, que a voz da razão<br />
era impotente sobre ele. O <strong>Espírito</strong> de seu pai, particularmente, fê-lo escrever isto: "Sim,<br />
meu filho, coragem! Sofres uma rude prova, que é para o teu bem futuro; infelizmente nada<br />
posso, neste momento, para dela te livrar, isso me custa muito. Vai ver Allan Kardec; escutao<br />
e ele te salvará."<br />
O senhor F..., com efeito, veio me procurar contou-me sua história; fi-lo escrever em minha<br />
presença, e, desde o início, reconheci, sem dificuldade, a influência perniciosa sob a qual se<br />
encontrava, seja pelas palavras, seja por certos sinais materiais que a experiência faz<br />
reconhecer e que não podem enganar. Retornou várias vezes; empreguei toda a força de<br />
minha vontade para chamar os bons <strong>Espírito</strong>s por seu intermédio, toda a minha retórica, para<br />
provar-lhe que era o joguete de <strong>Espírito</strong>s detestáveis; o que ele escrevia não tinha o senso<br />
comum, e além disso era profundamente imoral; associei-me, para esta obra cari<strong>do</strong>sa, a um<br />
<strong>do</strong>s meus colegas mais devota<strong>do</strong>s, o senhor T..., e, por nós <strong>do</strong>is, pouco a pouco, chegamos a<br />
fazê-lo escrever coisas sensatas. Tomou aversão pelo seu mau gênio, repelia-o, por sua<br />
vontade, cada vez que tentava se manifestar, e, pouco a pouco, só os bons <strong>Espírito</strong>s<br />
sobressaíam. Para desviar suas idéias, se entregava, da manhã à noite, segun<strong>do</strong> o conselho<br />
<strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s, a um trabalho rude que não lhe deixava tempo para escutar as más sugestões.<br />
O próprio Dillois acabou por se confessar venci<strong>do</strong> e por exprimir o desejo de se melhorar em<br />
uma nova existência; confessou o mal que havia queri<strong>do</strong> fazer, e disso testemunhou seu<br />
arrependimento. A luta foi longa, penosa, e ofereceu particularidades verdadeiramente<br />
curiosas para o observa<strong>do</strong>r. Hoje que o senhor F... se sente livre, está feliz; parece-lhe estar<br />
alivia<strong>do</strong> de um far<strong>do</strong>; retomou sua alegria, e nos agradece pelo serviço que lhe prestamos.<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/10a-obseda<strong>do</strong>s-e-subjuga<strong>do</strong>s.html (6 of 9)7/4/2004 08:16:31