Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Uma advertência de além-túmulo<br />
"O senhor de S... teve vontade de tomar uma pitada e percebeu que esquecera sua<br />
tabaqueira no quarto. Tinha o hábito de servir-se, ele mesmo; deixou um momento seus<br />
hóspedes e subiu para o primeiro andar de sua casa, onde se achava o seu quarto de <strong>do</strong>rmir.<br />
"Não havia acendi<strong>do</strong> a luz.<br />
"Quan<strong>do</strong> entrou num longo corre<strong>do</strong>r que conduzia ao seu quarto, se deteve de repente, e foi<br />
força<strong>do</strong> a se apoiar contra a parede. Diante dele, na extremidade da galeria, estava o<br />
fantasma <strong>do</strong> homem assassina<strong>do</strong>; o fantasma não pronunciou nenhuma palavra, nem fez<br />
nenhum gesto, e, depois de um segun<strong>do</strong>, desapareceu.<br />
"Era a advertência prometida.<br />
"O senhor de S..., que tinha a alma forte, depois de um momento de desfalecimento,<br />
reencontrou sua coragem e seu sangue frio, caminhou para seu quarto, ali tomou sua<br />
tabaqueira e desceu de novo para o salão.<br />
"Quan<strong>do</strong> ele entrou, nenhum sinal de emoção aparecia em seu rosto. Misturou-se à<br />
conversação, e, durante uma hora mostrou to<strong>do</strong> o seu espírito e toda a sua jovialidade<br />
costumeiros.<br />
"Em minutos seus convida<strong>do</strong>s se retiraram. Então, ele se sentou e passou três quartos de<br />
hora no recolhimento; depois ten<strong>do</strong> posto em ordem seus negócios, se bem que não sentisse<br />
nenhuma moléstia, retornou ao seu quarto de <strong>do</strong>rmir.<br />
"Quan<strong>do</strong> abriu a porta, um tiro o estendeu morto, justo duas horas depois da aparição <strong>do</strong><br />
fantasma.<br />
"A bala que lhe despedaçou o crânio era destinada ao seu emprega<strong>do</strong>.<br />
"HENRY D'AUDIGIER."<br />
O autor <strong>do</strong> artigo quis, a to<strong>do</strong> preço, cumprir a promessa que fizera ao jornal de contar<br />
alguma coisa de emocionante, e para esse efeito tomou a ane<strong>do</strong>ta que narra com sua<br />
fecunda imaginação, ou ela é real? É o que não sabemos afirmar. De resto, isso não é o mais<br />
importante; verdadeiro ou suposto, o essencial é saber se o fato é possível. Pois bem, não<br />
hesitaremos em dizer: Sim, as advertências de além-túmulo são possíveis, e numerosos<br />
exemplos cuja autenticidade não poderia ser posta em dúvida, aí estão para atestá-lo. Se,<br />
pois, a ane<strong>do</strong>ta <strong>do</strong> senhor Henry d'Audigier é apócrifa, muitas outras, <strong>do</strong> mesmo gênero, não<br />
o são; diremos mesmo que esta não oferece nada senão bastante comum. A aparição ocorreu<br />
em sonho, circunstância muito vulgar, ao passo que é notório que elas podem se produzir à<br />
visão durante o esta<strong>do</strong> de vigília. A advertência <strong>do</strong> instante da morte não é mais insólita; os<br />
fatos desse gênero são muito mais raros, porque a Providência, em sua sabe<strong>do</strong>ria, nos oculta<br />
esse momento fatal. Não é, pois, senão excepcionalmente que pode nos ser revela<strong>do</strong>, e por<br />
motivos que nos são desconheci<strong>do</strong>s. Eis aqui um outro exemplo mais recente, menos<br />
dramático, é verdade, mas cuja exatidão podemos garantir.<br />
O senhor Watbled, negociante, presidente <strong>do</strong> tribunal de comércio de Boulogne, morreu em<br />
12 de julho último, nas circunstâncias seguintes: Sua mulher, que ele havia perdi<strong>do</strong> há <strong>do</strong>ze<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/09c-uma-advertencia.html (3 of 4)7/4/2004 08:16:11