Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Platão: <strong>do</strong>utrina de escolha das provas<br />
circunferências (1).( (1) Essas são as diversas esferas <strong>do</strong>s planetas ou os diversos estágios<br />
<strong>do</strong> céu, giran<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r da Terra fixada ao próprio eixo <strong>do</strong> fuso. (V. COUSIN))<br />
"Ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Fuso, e a distâncias iguais, tinham assento sobre os tronos as três Parcas:<br />
Láqueis, C loto e Átropos, vestidas de branco e com a cabeça coroada com uma faixinha. Elas<br />
cantavam, unin<strong>do</strong>-se ao concerto das sereias: Láqueis o passa<strong>do</strong>, Cloto o presente, Átropos o<br />
futuro. Cloto tocava, por intervalos, com a mão direita, o exterior <strong>do</strong> fuso; Átropos, com a<br />
mão esquerda, imprimia movimento aos círculos internos, e Láqueis, com uma e com a outra<br />
mão, alternativamente, tocava ora o fuso, ora as balanças interiores.<br />
"Logo que as almas chegavam, era-lhes preciso se apresentarem diante de Láqueis. <strong>Primeiro</strong><br />
um hierofante faziam-nas enfileirar em ordem, uma depois da outra. Em seguida, ten<strong>do</strong><br />
toma<strong>do</strong> de sobre os joelhos de Láqueis as sortes ou números na ordem pela qual a alma<br />
deveria ser chamada, assim como as diversas condições humanas oferecidas à sua escolha,<br />
monta<strong>do</strong> em um estra<strong>do</strong>, falava assim: " Eis o que disse a virgem Láqueis, filha da<br />
Necessidade; Almas passageiras, ides começar uma nova carreira e renascer na condição<br />
mortal. Não se vos assinalará vosso gênio, será vós que o escolhereis por vós mesmas.<br />
Aquela primeira que a sorte chamar escolherá, e sua escolha será irrevogável. A virtude não<br />
está com ninguém: ela se prende a quem a honre, e aban<strong>do</strong>na quem a negligencia. Cada um<br />
é responsável por sua escolha, Deus é inocente." A essas palavras esparramou os números, e<br />
cada alma pegou aquele que caiu diante dela, exceto o Armênio, aquém não se lhe permitiu.<br />
Em seguida o hierofante expôs sobre a terra, diante delas, os gêneros de vida de toda<br />
espécie, em número muito maior que não havia de almas reunidas. A variedade deles era<br />
infinita; ali se achavam, ao mesmo tempo, todas as condições de homem, assim como de<br />
animais. Havia tiranias: umas que duram até a morte, as outras bruscamente interrompidas<br />
acaban<strong>do</strong> na pobreza, no exílio e no aban<strong>do</strong>no. A ilustração se mostrava sob várias faces:<br />
podia-se escolher a beleza, a arte de agradar, os combates, a vitória ou a nobreza de raça.<br />
Condições sociais completamente obscuras por to<strong>do</strong>s esses lugares, ou intermediárias,<br />
misturas de riqueza e de pobreza, de saúde e de enfermidade, eram oferecidas à escolha:<br />
haviam, também, condições de mulher da mesma variedade.<br />
"Evidentemente, aí está, caro Glauco, a prova terrível para a Humanidade. Que cada um de<br />
nós nela pense, e que deixe to<strong>do</strong>s os vãos estu<strong>do</strong>s, para não se entregar senão à ciência que<br />
faz a sorte <strong>do</strong> homem. Procuremos um mestre que nos ensine a discernir o bom e o mau<br />
destino, e a escolher to<strong>do</strong> o bem que o céu nos entrega. Examinemos com ele quais situações<br />
humanas, separadas ou reunidas, conduzem às boas ações: se a beleza, por exemplo, unida<br />
à pobreza ou à riqueza, ou se tal disposição da alma deve produzir a virtude ou o vício; que<br />
vantagem pode ter um nascimento brilhante ou comum, a vida privada ou pública, a força ou<br />
a fraqueza, a instrução ou a ignorância, enfim, tu<strong>do</strong> o que o homem recebe da Natureza e<br />
tu<strong>do</strong> o que tem de si mesmo. Esclareci<strong>do</strong>s pela consciência, decidamos qual destino nossa<br />
alma deve preferir. Sim, o pior <strong>do</strong>s destinos é aquele que a toma injusta, e o melhor aquele<br />
que a formará, sem cessar, para a virtude: tu<strong>do</strong> o mais nada é para nós. Iríamos esquecer<br />
que não há nenhuma escolha mais salutar depois da morte como durante a vida! Ah! que<br />
esse <strong>do</strong>gma sagra<strong>do</strong> se identifique para sempre com a nossa alma, a fim de que ela não se<br />
deixe ofuscar, lá embaixo, nem pelas riquezas nem pelos outros males dessa natureza, e que<br />
ela não se exponha, lançan<strong>do</strong>-se na condição <strong>do</strong> tirano ou em qualquer outra semelhante, a<br />
cometer um grande número de males sem remédio e a sofrê-los ainda maiores.<br />
"Segun<strong>do</strong> o relato de nosso mensageiro, o hierofante dissera: Aquele que escolherá por<br />
último, contanto que o faça com discernimento, e que em seguida seja conseqüente em sua<br />
conduta, pode se prometer uma vida feliz. Aquele que escolherá primeiro, guarde-se de<br />
muita confiança, e que o último não se desespere." Então aquele que a sorte nomeou o<br />
primeiro avançou com diligência e escolheu a mais considerável tirania; leva<strong>do</strong> por sua<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/09b-platao.html (3 of 5)7/4/2004 08:16:08