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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Platão: <strong>do</strong>utrina de escolha das provas<br />

ordenaram escutar e observar tu<strong>do</strong> o que se lhe oferecia.<br />

"Viu primeiro as almas julgadas desaparecerem, umas subin<strong>do</strong> ao céu, outras descen<strong>do</strong> sob a<br />

terra pelas duas aberturas que se correspondiam: enquanto que, pela segunda abertura, via<br />

saírem as almas cobertas de pó e de imundície, ao mesmo tempo, pela segunda abertura <strong>do</strong><br />

céu desciam outras almas puras e sem mácula. Todas pareciam vir de uma longa viagem e<br />

deterem-se com prazer na campina como num lugar de reunião. Aquelas que se conheciam,<br />

se saudavam, umas às outras, e perguntavam as novidades <strong>do</strong> que se passava nos lugares<br />

de onde vinham: o céu e a terra. Aqui, entre os gemi<strong>do</strong>s e as lágrimas, evocava-se tu<strong>do</strong> o<br />

que se sofrerá, ou vira sofrer, viajan<strong>do</strong> sob a terra; lá, contavam-se as alegrias <strong>do</strong> céu e a<br />

felicidade de contemplar as maravilhas divinas.<br />

"Seria muito longo seguir o discurso inteiro <strong>do</strong> Armênio, mas eis, em suma, o que dizia. Cada<br />

uma das almas levava dez vezes a pena das injustiças que cometera durante a vida. A<br />

duração de cada punição era de cem anos, duração natural da vida humana, a fim de que o<br />

castigo fosse, sempre, o décuplo para cada crime. Assim os que fizeram perecer em grande<br />

quantidade seus semelhantes, atraiçoa<strong>do</strong> cidades, exércitos, reduzi<strong>do</strong> seus concidadãos à<br />

escravidão ou cometi<strong>do</strong> outros crimes enormes, eram atormenta<strong>do</strong>s no décuplo para cada um<br />

<strong>do</strong>s seus crimes. Aqueles, ao contrário, que fizeram o bem ao seu re<strong>do</strong>r, que foram justos e<br />

virtuosos, recebiam, na mesma proporção, a recompensa de suas boas ações. O que dizia<br />

das crianças que a morte levou pouco tempo após o seu nascimento, merece menos ser<br />

repeti<strong>do</strong>; mas assegurava que ao ímpio, ao filho desnatura<strong>do</strong>, ao homicida, estavam<br />

reservadas as penas mais cruéis, e ao homem religioso e ao bom filho as maiores felicidades.<br />

"Presenciara quan<strong>do</strong> uma alma perguntou a uma outra onde estava o grande Ardieu. Esse<br />

Ardieu fora um tirano de uma cidade de Panfília mil anos antes; ele havia mata<strong>do</strong> seu velho<br />

pai, seu irmão mais velho, e cometi<strong>do</strong>, dizia-se, vários outros crimes enormes. "Ele não veio,<br />

respondeu a alma, e não virá jamais aqui. To<strong>do</strong>s fomos testemunhas, a esse respeito, de um<br />

horrível espetáculo. Quan<strong>do</strong> estávamos sobre o ponto de sair <strong>do</strong> abismo, depois de<br />

cumprirmos nossas penas, vimos Ardieu e um grande número de outros, <strong>do</strong>s quais a maioria<br />

eram tiranos como ele ou seres que, numa condição particular, haviam cometi<strong>do</strong> grandes<br />

crimes: faziam vãos esforços para subirem, e todas as vezes que esses culpa<strong>do</strong>s, cujos<br />

crimes eram irremediáveis, ou não haviam suficientemente expia<strong>do</strong>, tentavam sair, o abismo<br />

repelia-os rugin<strong>do</strong>. Então personagens horríveis, de corpo inflama<strong>do</strong>, que se achavam lá,<br />

acorriam a esses gemi<strong>do</strong>s. Carregaram primeiro, com viva força, um certo número desses<br />

criminosos; quanto a Ardieu e aos outros, uniram-lhes os pés, as mãos e a cabeça, e os<br />

ten<strong>do</strong> lança<strong>do</strong> à terra e os esfola<strong>do</strong> à força de pancadas, arrastaram-nos fora <strong>do</strong> caminho,<br />

através de sarças sangrantes, repetin<strong>do</strong> às sombras, à medida que passava algum: "Eis<br />

tiranos e homicidas, nós os carregamos para lançá-los no Tártaro."<br />

Essa alma acrescentou que, entre tantos objetos terríveis, nada lhe causou mais me<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

que o mugi<strong>do</strong> <strong>do</strong> abismo, e que foi uma extrema alegria para ela sair dali em silêncio.<br />

"Tais eram, mais ou menos, os julgamentos das almas, seus castigos e suas recompensas.<br />

"Depois de sete dias de repouso nessa campina, as almas deveram dali partir no oitavo, e se<br />

puseram na estrada. Ao cabo de quatro dias de caminho, perceberam no alto, sobre toda a<br />

superfície <strong>do</strong> céu e da terra, uma imensa luz, direita como uma coluna e semelhante à íris,<br />

mas mais brilhante e mais pura. Um único dia bastou-lhes para atingi-la, e elas viram, então,<br />

na direção <strong>do</strong> meio dessa muralha, a extremidade das correntes que nela prendem os céus.<br />

Aí está o que a sustenta, é o envoltório <strong>do</strong> vaso <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o vasto cinto que o rodeia. No<br />

topo, estava suspenso o Fuso da necessidade, ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> qual se formam todas as<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/09b-platao.html (2 of 5)7/4/2004 08:16:08

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