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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Propagação <strong>do</strong> Espiritismo<br />

Holanda, na Bélgica, na Prússia, em São Petersburgo, Moscou, Nápoles, Florença, Milão,<br />

Gênova, Turim, Genève, Madri, Shangai, na China, Batávia, Cayenne, México, no Canadá, nos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, etc. Não o dizemos por fanfarrice, mas como um fato característico. Para que<br />

um jornal novo, tão especial, seja desde hoje pedi<strong>do</strong> em países tão diversos e tão distantes,<br />

é preciso que o objeto que trata encontre seus partidários, de outro mo<strong>do</strong> não o fariam, por<br />

simples curiosidade, vir de várias milhares de léguas, ainda que fosse <strong>do</strong> melhor escritor. É,<br />

pois, por seu objeto que interessa e não por seu obscuro redator; aos olhos de seus leitores,<br />

seu objeto, portanto, é sério. Torna-se assim evidente que o Espiritismo tem raízes em todas<br />

as partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e, sob esse ponto de vista, vinte assinantes, reparti<strong>do</strong>s em vinte países<br />

diferentes, provariam mais <strong>do</strong> que cem, concentra<strong>do</strong>s em uma única localidade, porque não<br />

se poderia supô-lo senão como a obra de um grupo.<br />

A maneira pela qual se propagou o Espiritismo até agora, não merece uma atenção menos<br />

séria. Se a imprensa tivesse feito soar sua voz em seu favor, se o tivesse enalteci<strong>do</strong>, em uma<br />

palavra, se o mun<strong>do</strong> o tivesse repeti<strong>do</strong> fastidiosamente, poder-se-ia dizer que se propagou<br />

como todas as coisas que encontram consumo em razão de uma reputação factícia, da qual<br />

se quer experimentar, não fora senão por curiosidade. Mas nada disso ocorreu: a imprensa,<br />

em geral, não lhe deu voluntariamente nenhum apoio; ela o desdenhou, ou se, em raros<br />

intervalos, dele falou, foi para torná-lo em ridículo e enviar seus adeptos aos manicômios,<br />

coisa pouco encoraja<strong>do</strong>ra para aqueles que tivessem ti<strong>do</strong> a veleidade de se iniciar. Apenas o<br />

próprio senhor Home obteve as honras de algumas menções semi-sérias, ao passo que os<br />

acontecimentos mais vulgares nela encontram um grande espaço. Aliás, é fácil de ver, na<br />

linguagem <strong>do</strong>s adversários, que estes falam dele como os cegos das cores, sem<br />

conhecimento de causa, sem exame sério e aprofunda<strong>do</strong>, e unicamente sobre uma primeira<br />

impressão; também seus argumentos se limitam a uma negação pura e simples, porque não<br />

honramos com o nome de argumentos as piadas engraçadas; os gracejos, por espirituais que<br />

sejam, não são razões. Todavia, não é preciso acusar de indiferença, ou de má vontade, to<strong>do</strong><br />

o pessoal da imprensa. Individualmente, o Espiritismo nela conta com partidários sinceros, e<br />

os conhecemos, mais de um, entre os mais distintos homens de letras. Porque, pois,<br />

guardam o silêncio? Porque ao la<strong>do</strong> da questão de crença, há a da personalidade to<strong>do</strong>poderosa<br />

neste século. A crença, entre eles, como entre muitos outros, é concentrada e não<br />

expansiva; por outro la<strong>do</strong>, são obriga<strong>do</strong>s a seguirem os trâmites de seu jornal, e tal jornalista<br />

teme perder assinantes, arvoran<strong>do</strong> francamente uma bandeira cuja cor poderia desagradar a<br />

alguns dentre eles. Esse esta<strong>do</strong> de coisas durará? Não; ocorrerá com o Espiritismo como com<br />

o Magnetismo, <strong>do</strong> qual outrora não se falava senão em voz baixa, e que não mais se teme<br />

confessar hoje. Nenhuma idéia nova, por bela e justa que seja, não se implanta<br />

instantaneamente no espírito das massas, e aquela que não encontrasse oposição seria um<br />

fenômeno inteiramente insólito. Por que o Espiritismo faria exceção à regra comum? É preciso<br />

às idéias, como aos frutos, o tempo para amadurecer; mas a leviandade humana faz com que<br />

sejam julgadas antes de sua maturidade, ou sem se dar ao trabalho de sondar-lhes as<br />

qualidades íntimas. Isso nos lembra a espiritual fábula a jovem macaca, o macaco e a noz.<br />

Essa jovem macaca, como se sabe, colhia uma noz em sua casca verde; levou-a ao dente,<br />

fez careta e a rejeitou, espantan<strong>do</strong>-se em não achar boa uma coisa tão amarga; mas um<br />

velho macaco, menos superficial e sem dúvida profun<strong>do</strong> pensa<strong>do</strong>r em sua espécie, apanhou a<br />

noz, a parte, a descasca, a come e acha deliciosa; o que acompanha com uma bela moral<br />

endereçada a todas as pessoas que julgam as coisas novas pelas aparências.<br />

O Espiritismo, pois, deveu caminhar sem o apoio de nenhum recurso estranho, e eis que, em<br />

cinco ou seis anos, ele se vulgarizou com uma rapidez prodigiosa. Onde hauriu essa força,<br />

senão em si mesmo? É preciso, pois, que haja, em seu princípio, alguma coisa bem poderosa<br />

para estar assim propaga<strong>do</strong> sem os meios superexcitantes da publicidade. É que, como<br />

dissemos acima, quem quer que se dê ao trabalho de se aprofundar nele, encontra o que<br />

procurava, o que sua razão lhe faz entrever, uma verdade consola<strong>do</strong>ra, e, afinal de contas,<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/09a-propagacao.html (2 of 5)7/4/2004 08:16:06

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