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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Propagação <strong>do</strong> Espiritismo<br />

Propagação <strong>do</strong> Espiritismo<br />

<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, setembro de <strong>1858</strong><br />

Passa-se, na propagação <strong>do</strong> Espiritismo, um fenômeno digno de nota. Há apenas alguns anos<br />

que, ressuscita<strong>do</strong> das crenças antigas, fez sua aparição entre nós, não mais como outrora, à<br />

sombra <strong>do</strong>s mistérios, mas claramente e à vista de to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Para alguns, foi objeto de<br />

uma curiosidade passageira, um divertimento que se deixa como um brinque<strong>do</strong> para tomar<br />

um outro; em muitos não encontrou senão a indiferença; na maioria a incredulidade,<br />

malgra<strong>do</strong> a opinião <strong>do</strong>s filósofos <strong>do</strong>s quais se invoca, a cada instante, o nome como<br />

autoridade. Isso nada atem de surpreendente: o próprio Jesus convenceu to<strong>do</strong> o povo judeu<br />

com seus milagres? Sua bondade e a sublimidade de sua <strong>do</strong>utrina fizeram-lhe encontrar<br />

graça diante de seus juizes? Não foi ele trata<strong>do</strong> como patife e como impostor? E se não lhe<br />

aplicaram o epíteto de charlatão, foi porque não se conhecia, então, esse termo da nossa<br />

civilização moderna. Todavia, os homens sérios viram, nos fenômenos que ocorrem em<br />

nossos dias, outra coisa além de um objeto de frivolidade; eles estudaram, aprofundaram<br />

com o olho <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r consciencioso, e neles encontraram a chave de uma multidão de<br />

mistérios até então incompreendi<strong>do</strong>s; isso foi, para eles, um raio de luz, e eis que desses<br />

fatos saiu toda uma <strong>do</strong>utrina, toda uma filosofia, podemos dizer, toda uma ciência,<br />

divergente segun<strong>do</strong> o ponto de vista ou a opinião pessoal <strong>do</strong> observa<strong>do</strong>r, mas tenden<strong>do</strong>,<br />

pouco a pouco, para a unidade de princípios. Apesar da oposição interessada de alguns,<br />

sistemática entre aqueles que crêem que a luz não pode sair senão de seu cérebro, essa<br />

<strong>do</strong>utrina encontra numerosos adeptos, porque ela esclarece o homem sobre seus verdadeiros<br />

interesses presentes e futuros, porque responde às suas aspirações quanto ao futuro,<br />

torna<strong>do</strong>, de alguma sorte, palpável; enfim, porque satisfaz, ao mesmo tempo, sua razão e<br />

suas esperanças, e dissipa as dúvidas que degeneram em incredulidade absoluta. Ora, com o<br />

Espiritismo, todas as filosofias materialistas ou panteístas caem por si mesmas; não é mais<br />

possível a dúvida quanto à Divindade, à existência da alma, sua individualidade, sua<br />

imortalidade; seu futuro nos aparece como a luz <strong>do</strong> dia, e sabemos que esse futuro, que<br />

deixa sempre uma porta aberta à esperança, depende de nossa vontade e <strong>do</strong>s esforços que<br />

fazemos para o bem.<br />

Enquanto não se viu, no Espiritismo, senão fenômenos materiais, nele não se interessou<br />

senão como um espetáculo, porque se dirigia aos olhos; mas <strong>do</strong> momento em que se elevou<br />

à categoria de ciência moral, foi toma<strong>do</strong> a sério, porque fala ao coração e à inteligência, e<br />

nele cada um encontra a solução daquilo que procurava vagamente em si mesmo; uma<br />

confiança baseada sobre a evidência substituiu a incerteza <strong>do</strong>lorosa; <strong>do</strong> ponto de vista tão<br />

eleva<strong>do</strong> em que nos coloca, as coisas daqui parecem tão pequenas e tão mesquinhas que as<br />

vicissitudes deste mun<strong>do</strong> nada mais são <strong>do</strong> que incidentes passageiros, que se suporta com<br />

paciência e resignação; a vida corpórea não é senão uma curta parada na vida da alma; para<br />

nos servir da expressão <strong>do</strong> nosso sábio e espiritual confrade, senhor Jobard, não é mais que<br />

uma má hospedagem onde não se tem necessidade de desfazer a mala. Com a Doutrina<br />

<strong>Espírita</strong>, tu<strong>do</strong> está defini<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> está claro, tu<strong>do</strong> fala à razão; em uma palavra, tu<strong>do</strong> se<br />

explica, e aqueles que se aprofundaram em sua essência nela hauriram uma satisfação<br />

interior à qual. não querem mais renunciar. Eis porque ela encontrou, em tão pouco tempo,<br />

tão numerosas simpatias, e essas simpatias as recruta não no círculo restrito de uma<br />

localidade, mas no mun<strong>do</strong> inteiro. Se os fatos não estivessem aí para prová-lo, julgaríamos<br />

por nossa <strong>Revista</strong>, que não tem senão alguns meses de existência, e da qual os assinantes,<br />

embora não se contem ainda por milhares, estão dissemina<strong>do</strong>s sobre to<strong>do</strong>s os pontos <strong>do</strong><br />

globo. Além daqueles de Paris e suas províncias, temo-los na Inglaterra, na Escócia, na<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/09a-propagacao.html (1 of 5)7/4/2004 08:16:06

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