02.05.2014 Views

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

As habitações <strong>do</strong> planeta Júpiter<br />

muitas coisas."<br />

A grande janela da direita apresenta um exemplo de gênero de ornamentação, uma de suas<br />

bordas não é outra coisa senão um caniço enorme <strong>do</strong> qual se conservaram as folhas. Ocorre<br />

o mesmo com o coroamento da janela principal, que apresenta a forma de claves de sol: são<br />

plantas sarmentosas enlaçadas e petrificadas. E por esse procedimento que eles obtêm a<br />

maioria <strong>do</strong>s coroamentos de edifícios, de grades, de balaústres, etc. Freqüentemente mesmo,<br />

a planta é colocada na parede, com suas raízes, em condições de crescer livremente. Ela<br />

cresce, se desenvolve; suas folhas desabrocham ao acaso, e o artista não a congela no lugar<br />

senão quan<strong>do</strong> adquiriu to<strong>do</strong> o desenvolvimento deseja<strong>do</strong> para a ornamentação <strong>do</strong> edifício: a<br />

casa de Palissy é quase inteiramente decorada desse mo<strong>do</strong>.<br />

Destinada primeiro unicamente aos móveis, depois às molduras de portas e de janelas, esse<br />

gênero de ornamento se aperfeiçoou pouco a pouco e acabou por invadir toda a arquitetura.<br />

Hoje, não são apenas a flor e o arbusto que se petrificam no esta<strong>do</strong>, mas a própria árvore da<br />

raiz ao topo; e os palácios, como os edifícios sagra<strong>do</strong>s quase nada mais têm de outras<br />

colônias.<br />

Uma petrificação da mesma natureza serve também para a decoração das janelas. De flores<br />

ou de folhas muito amplas, são habilmente despojadas de sua parte carnuda: não resta mais<br />

<strong>do</strong> que uma rede de fibras, tão fina quanto a mais fina musselina. E cristalizada, e dessas<br />

folhas unidas com arte, constrói-se toda uma janela, que não deixa filtrar, para o interior,<br />

senão uma luz muito <strong>do</strong>ce: ou bem as reveste com uma espécie de vidro líqui<strong>do</strong> e colori<strong>do</strong><br />

com todas as nuanças, que se endurece no ar e que transforma a folha em uma espécie de<br />

vidraça. Do conjunto dessas folhas resultam, para janelas, encanta<strong>do</strong>res bosquezinhos<br />

transparentes e luminosos.<br />

Quanto à própria duração dessas aberturas, e a mil outros detalhes que podem surpreender<br />

ao primeiro contato, sou força<strong>do</strong> a adiar-lhes a explicação: a história da arquitetura em<br />

Júpiter exigiria um volume inteiro. Renuncio igualmente a falar <strong>do</strong> mobiliário, para não me<br />

ater aqui senão à disposição geral da casa.<br />

O leitor deve ter compreendi<strong>do</strong>, depois de tu<strong>do</strong> o que precede, que a casa <strong>do</strong> continente não<br />

deve ser, para o <strong>Espírito</strong> senão uma espécie de pequena casa de passagem. A cidade baixa<br />

não é quase freqüentada senão por <strong>Espírito</strong>s de segunda ordem, encarrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s interesses<br />

planetários, da agricultura, por exemplo, ou das trocas, e da boa ordem a manter entre os<br />

servi<strong>do</strong>res. Também todas as casas que repousam sobre o solo, geralmente, não têm senão<br />

um térreo e um andar: um destina<strong>do</strong> aos <strong>Espírito</strong>s que agem sob a direção <strong>do</strong> senhor, e<br />

acessível aos animais; o outro, reserva<strong>do</strong> só ao <strong>Espírito</strong>, que nele não mora senão por<br />

ocasião. É isso que explica por que vemos, nas várias casas de Júpiter, nesta por exemplo, e<br />

na de Zoroastro, uma escada e mesmo uma rampa. Aquele que rasa a água como uma<br />

an<strong>do</strong>rinha, e que pode correr sobre as hastes de trigo sem curvá-las, dispensa muito bem<br />

escada e rampa para entrar em sua casa; mas os <strong>Espírito</strong>s inferiores não têm o vôo tão fácil:<br />

não se elevam senão pela agitação, e a rampa não lhes é sempre inútil. Enfim, a escada é<br />

absoluta necessidade para os animais serviçais, que não caminham senão como nós. Estes<br />

últimos têm também seus compartimentos, muito elegantes, de resto, que fazem parte de<br />

todas as grandes habitações; mas suas funções os chamam, constantemente, à casa <strong>do</strong><br />

senhor: é preciso facilitar-lhes a entrada e o percurso interior. Daí essas construções<br />

bizarras, que, pela base, assemelham-se ainda aos nossos edifícios terrestres, e que deles<br />

diferem absolutamente pelo vértice.<br />

Este se distingue, sobretu<strong>do</strong>, por uma originalidade que seríamos incapazes de imitar. É uma<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/08e-as-habitacoes.html (6 of 8)7/4/2004 08:16:00

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!