Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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As habitações <strong>do</strong> planeta Júpiter<br />
As habitações <strong>do</strong> planeta Júpiter<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Espírita</strong>, agosto de <strong>1858</strong><br />
(pelo senhor Victorien Sar<strong>do</strong>u)<br />
Um grande motivo de espanto para certas pessoas, convencidas aliás da existência <strong>do</strong>s<br />
<strong>Espírito</strong>s (não vou aqui me ocupar das outras), é que tenham, como nós, suas habitações e<br />
suas cidades. Não me pouparam as críticas: "Casas de <strong>Espírito</strong>s em Júpiter!... Que<br />
gracejo!..." - Gracejo, se assim se o deseja; nada tenho com isso. Se o leitor não encontra<br />
aqui, na verossimilhança de explicações, uma prova suficiente de sua verdade; se não está<br />
surpreso, como nós, quanto ao perfeito acor<strong>do</strong> dessas revelações espíritas com os da<strong>do</strong>s<br />
mais positivos da ciência astronômica; se não vê, numa palavra, senão uma hábil mistificação<br />
nos detalhes que seguem e nos desenhos que os acompanham, convi<strong>do</strong>-o a se explicar com<br />
os <strong>Espírito</strong>s, <strong>do</strong>s quais não sou senão um instrumento e o eco fiel. Que ele evoque Palissy ou<br />
Mozart ou um outro habitante dessa morada bem-aventurada, que o interrogue, que controle<br />
minhas afirmações pelas suas, enfim, que discuta com ele: porque, por mim, não faço senão<br />
apresentar aqui o que me foi da<strong>do</strong>, senão repetir o que me foi dito; e para esse papel<br />
absolutamente passivo, creio-me ao abrigo tanto da censura como também <strong>do</strong> elogio.<br />
Feita essa reserva, e uma vez admitida a confiança nos <strong>Espírito</strong>s, aceita como verdade a<br />
única <strong>do</strong>utrina verdadeiramente bela e sábia que a evocação <strong>do</strong>s mortos nos revelou até<br />
hoje, quer dizer, a migração das almas de planetas em planetas, suas encarnações<br />
sucessivas e seu progresso incessante pelo trabalho, as habitações de Júpiter não terão mais<br />
motivo para nos espantar. Desde o momento em que um <strong>Espírito</strong> se encarna em um mun<strong>do</strong><br />
submeti<strong>do</strong>, como o nosso, a uma dupla revolução, quer dizer, à alternativa de dias e de<br />
noites e ao retorno periódico das estações, <strong>do</strong> momento em que ele possui um corpo, esse<br />
envoltório material, tão frágil que seja, não pede senão uma alimentação e roupas, mas<br />
também um abrigo ou, pelo menos, um lugar de repouso, conseqüentemente uma moradia.<br />
Com efeito, é bem o que nos foi dito. Como nós, e melhor <strong>do</strong> que nós, os habitantes de<br />
Júpiter têm seus lares comuns e suas famílias, grupos harmônicos de <strong>Espírito</strong>s simpáticos,<br />
uni<strong>do</strong>s no triunfo depois de sê-lo na luta: daí as habitações tão espaçosas, as quais se pode<br />
aplicar, com justiça, o nome de palácios. Ainda como nós, esses <strong>Espírito</strong>s têm suas festas,<br />
suas cerimônias, suas reuniões públicas: daí certos edifícios especialmente destina<strong>do</strong>s a<br />
esses usos. É preciso prever, enfim, encontrar nessas regiões superiores toda uma<br />
Humanidade ativa e laboriosa, como a nossa, submetida como nós às suas leis, às suas<br />
necessidades, aos seus deveres; mas com essa diferença de que o progresso, rebelde aos<br />
nossos esforços, torna-se uma conquista fácil para os <strong>Espírito</strong>s desliga<strong>do</strong>s, como eles o são,<br />
de nossos vícios terrestres.<br />
Não deveria me ocupar aqui senão da arquitetura das suas habitações, mas para a própria<br />
inteligência <strong>do</strong>s detalhes que vão seguir, uma palavra de explicação não será inútil. Se<br />
Júpiter não é abordável senão pelos bons <strong>Espírito</strong>s, não se segue que seus habitantes sejam<br />
to<strong>do</strong>s excelentes no mesmo grau: entre a bondade <strong>do</strong> simples e a <strong>do</strong> homem de gênio, é<br />
permiti<strong>do</strong> contar muitas nuanças. Ora, toda a organização social desse mun<strong>do</strong> superior<br />
repousa precisamente sobre essas variedades de inteligências e de aptidões; e, em razão de<br />
leis harmoniosas, que seria muito longo explicar aqui, aos <strong>Espírito</strong>s mais eleva<strong>do</strong>s, os mais<br />
depura<strong>do</strong>s, é que pertence a alta direção de seu planeta. Essa supremacia não se detém aí;<br />
ela se estende até os mun<strong>do</strong>s inferiores, onde esses <strong>Espírito</strong>s, por suas influências,<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/08e-as-habitacoes.html (1 of 8)7/4/2004 08:16:00