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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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A Caridade<br />

A caridade é a virtude fundamental, que deve sustentar to<strong>do</strong> o edifício das virtudes<br />

terrestres; sem ela, as outras não existem: sem caridade, não há fé nem esperança; porque,<br />

sem a caridade, não há esperança em uma sorte melhor, nenhum interesse moral que nos<br />

guie. Sem a caridade, não há fé, porque a fé não é senão um raio puro que faz brilhar uma<br />

alma cari<strong>do</strong>sa; é a sua conseqüência decisiva.<br />

Quan<strong>do</strong> deixar o coração se abrir ao pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> primeiro infeliz que vos estende a mão;<br />

quan<strong>do</strong> lhe der, sem perguntar se sua miséria não é fingida, ou se o mal num vício lhe é<br />

causa; quan<strong>do</strong> deixar toda justiça nas mãos divinas; quan<strong>do</strong> deixar o castigo das misérias<br />

mentirosas ao Cria<strong>do</strong>r; enfim, quan<strong>do</strong> fizer a caridade tão-só pela felicidade que ela<br />

proporciona, e sem procurar a sua utilidade, então, sereis os filhos que Deus amará e que ele<br />

chamará para si.<br />

A caridade é a âncora eterna da salvação em to<strong>do</strong>s os globos: é a mais pura emanação <strong>do</strong><br />

próprio Cria<strong>do</strong>r; é sua a própria virtude, que ele dá à criatura. Como desejaríeis desconhecer<br />

essa suprema bondade? Qual seria, com esse pensamento, o coração bastante perverso para<br />

pisotear e enxotar esse sentimento to<strong>do</strong> divino? Qual seria o filho bastante mau para se<br />

revoltar contra essa <strong>do</strong>ce carícia: a caridade?<br />

Não ouso falar daquilo que fiz, porque os <strong>Espírito</strong>s também têm o pu<strong>do</strong>r das suas obras; mas<br />

creio que a obra que comecei, é uma daquelas que devem mais contribuir para o alívio de<br />

vossos semelhantes. Vejo, freqüentemente, <strong>Espírito</strong>s pedirem, por missão, para continuarem<br />

a minha obra; eu as vejo, minhas <strong>do</strong>ces e caras irmãs, em seu pie<strong>do</strong>so e divino ministério;<br />

vejo-as praticar as virtudes, que vos recomen<strong>do</strong>, com toda a alegria que proporciona essa<br />

existência de devotamento e de sacrifício; é uma grande felicidade, para mim, ver quanto o<br />

seu caráter é honroso, quanto sua missão é amada e <strong>do</strong>cemente protegida Homens de bem,<br />

de boa e forte vontade, uni-vos para continuar, grandemente, a obra de propagação de<br />

caridade; encontrareis a recompensa dessa virtude pelo seu próprio exercício; não há alegria<br />

espiritual que ela não dê desde a vida presente. Sede uni<strong>do</strong>s; amai-vos uns aos outros,<br />

segun<strong>do</strong> os preceitos <strong>do</strong> Cristo. Assim seja.<br />

Agradecemos a São Vicente de Paulo pela bela e boa comunicação que consentiu nos dar. -<br />

Gostaria que fosse proveitosa a to<strong>do</strong>s.<br />

Poderíeis nos permitir algumas perguntas complementares, a respeito <strong>do</strong> que acabais de nos<br />

dizer? - Eu o desejo muito; meu objetivo é vos esclarecer; perguntai o que quiserdes.<br />

1. A caridade pode entender-se de <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s: a esmola propriamente dita, e o amor aos<br />

semelhantes. Quan<strong>do</strong> nos dissestes que é preciso deixar seu coração abrir ao pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

infeliz que nos estende a mão, sem perguntar se sua miséria não é fingida, não quisestes<br />

falar da caridade <strong>do</strong> ponto de vista da esmola? - R. Sim, unicamente nesse parágrafo.<br />

2. Dissestes que é preciso deixar à justiça de Deus a apreciação da miséria fingida; parecenos,<br />

entretanto, que dar sem discernimento às pessoas que não têm necessidade, ou que<br />

poderiam ganhar sua vida por um trabalho honroso, é encorajar o vício e a preguiça. Se os<br />

preguiçosos encontrassem, muito facilmente, a bolsa <strong>do</strong>s outros aberta, eles se<br />

multiplicariam ao infinito, em prejuízo <strong>do</strong>s verdadeiros infelizes. - R. Podeis discernir aqueles<br />

que podem trabalhar, e então a caridade vos obriga tu<strong>do</strong> fazer para lhes proporcionar<br />

trabalho; mas há, também, pobres mentirosos que sabem simular o jeito das misérias que<br />

não têm; é para estes que é preciso deixar a Deus toda a justiça.<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/08b-a-caridade.html (2 of 3)7/4/2004 08:15:52

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