Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Contradições na linguagem <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s<br />
males os homens teriam evita<strong>do</strong> se tivessem sempre agi<strong>do</strong> assim!<br />
Os <strong>Espírito</strong>s, como se vê, também fazem uso de precauções oratórias, mas, nesse caso, a<br />
divergência está no acessório e não no principal. Levar os homens ao bem, destruir o<br />
egoísmo, o orgulho, o ódio, a inveja, o ciúme, ensiná-los a praticarem a verdadeira caridade<br />
cristã, para eles, é o essencial; o resto virá em tempo útil, e pregam tanto pelo exemplo<br />
quanto pelas palavras quan<strong>do</strong> são <strong>Espírito</strong>s verdadeiramente bons e superiores; tu<strong>do</strong> neles<br />
respira a <strong>do</strong>çura e a benevolência; a irritação, a violência, a grosseria e a dureza da<br />
linguagem, fosse mesmo para dizer boas coisas, jamais são o sinal de uma superioridade<br />
real. Os <strong>Espírito</strong>s verdadeiramente bons não se irritam nem se enfurecem nunca: se não são<br />
escuta<strong>do</strong>s, vão-se; eis tu<strong>do</strong>.<br />
Há, ainda, duas causas de contradições aparentes que não devemos passar em silêncio. Os<br />
<strong>Espírito</strong>s inferiores, como dissemos em muitas ocasiões, dizem tu<strong>do</strong> o que querem sem se<br />
importarem com a verdade; os <strong>Espírito</strong>s superiores se calam ou se recusam a responder<br />
quan<strong>do</strong> alguém lhes faz uma pergunta indiscreta, ou sobre a qual não lhes é permiti<strong>do</strong> se<br />
explicarem. Nesse caso, disseram-nos, "não insistais nunca, porque são os <strong>Espírito</strong>s levianos<br />
que respondem e que vos enganam, credes que somos nós, e podeis pensar que nos<br />
contradizemos. Os <strong>Espírito</strong>s sérios não se contradizem nunca; sua linguagem é sempre a<br />
mesma, com as mesmas pessoas. Se um deles diz coisas contrárias sob um mesmo nome,<br />
estejais seguros de que esse não é o mesmo <strong>Espírito</strong> que fala ou, pelo menos, que não é um<br />
bom <strong>Espírito</strong>. Reconhecereis os bons pelos princípios que ensinam, porque to<strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> que<br />
não ensina o bem não é um bom <strong>Espírito</strong>, e deveis repeli-lo."<br />
O mesmo <strong>Espírito</strong>, queren<strong>do</strong> dizer a mesma coisa em <strong>do</strong>is lugares diferentes, não se servirá<br />
literalmente das mesmas palavras, para ele o pensamento é tu<strong>do</strong>; mas o homem,<br />
infelizmente, é mais leva<strong>do</strong> a se prender à forma <strong>do</strong> que ao fun<strong>do</strong>; é a forma que ele<br />
interpreta, freqüentemente, ao capricho de suas idéias e de suas paixões, e dessa<br />
interpretação podem nascer as contradições aparentes, que também têm a sua fonte na<br />
insuficiência da linguagem humana para exprimir as coisas extra-humanas. Estudemos o<br />
fun<strong>do</strong>, escrutemos o pensamento íntimo, e veremos, muito freqüentemente, a analogia lá<br />
onde um exame superficial nos fazia ver um disparate.<br />
As causas de contradições na linguagem <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s podem, pois, resumir-se assim:<br />
1 º O grau de ignorância ou de saber <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s aos quais se dirige;<br />
2° A fraude de <strong>Espírito</strong>s inferiores que podem, toman<strong>do</strong> nomes empresta<strong>do</strong>s, dizer, por<br />
malícia, ignorância ou maldade, o contrário daquilo que disse alhures o <strong>Espírito</strong> <strong>do</strong> qual<br />
usurparam o nome;<br />
3 º Os defeitos pessoais <strong>do</strong> médium, que podem influir sobre a pureza das comunicações,<br />
alterar ou mascarar o pensamento <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong>;<br />
4 º A insistência para obter uma resposta que um <strong>Espírito</strong> se recusa a dar, e que, então, é<br />
dada por um <strong>Espírito</strong> inferior;<br />
5 º A vontade <strong>do</strong> próprio <strong>Espírito</strong>, que fala segun<strong>do</strong> os tempos, os lugares e as pessoas, e<br />
pode julgar útil nem tu<strong>do</strong> dizer a to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/08a-contradicoes.html (7 of 8)7/4/2004 08:15:50