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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Contradições na linguagem <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s<br />

suspeito <strong>do</strong> que os procedimentos vulgares. Quem poderia dizer o número daqueles que<br />

sonharam com uma fortuna fácil pela revelação de tesouros escondi<strong>do</strong>s, com descobertas<br />

industriais ou científicas, que não teriam custa<strong>do</strong>, aos inventores, senão o trabalho de<br />

escrever os procedimentos sob o dita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sábios <strong>do</strong> outro mun<strong>do</strong>! Deus sabe, também,<br />

quantas decepções e desapontamentos! Quantas pretensas receitas, mais ridículas umas <strong>do</strong><br />

que as outras, foram dadas pelos falsários <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> invisível! Conhecemos alguns que<br />

pediram um procedimento infalível para tingir os cabelos; foi-lhes dada a fórmula de<br />

composição, espécie de enceramento que fez da cabeleira uma massa compacta, da qual o<br />

paciente teve todas as dificuldades <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para se livrar. Todas essas esperanças<br />

quiméricas deveram se desvanecer à medida que melhor se conheceu a natureza desse<br />

mun<strong>do</strong> e o objetivo real das visitas que nos fazem seus habitantes. Mas, então, para muita<br />

gente, qual era o valor desses <strong>Espírito</strong>s que não tinham nem mesmo o poder de proporcionar<br />

alguns pequenos milhões sem nada fazer? Não poderiam ser <strong>Espírito</strong>s. A essa febre<br />

passageira sucedeu a indiferença; depois, em alguns, a incredulidade. Oh! quantos prosélitos<br />

os <strong>Espírito</strong>s teriam feito se tivessem podi<strong>do</strong> fazer vir o bem <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>! Teriam a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong> o<br />

próprio diabo se tivessem sacudi<strong>do</strong> sua bolsa.<br />

Ao la<strong>do</strong> desses sonha<strong>do</strong>res encontraram-se pessoas sérias que viram, nesses fenômenos,<br />

outra coisa além <strong>do</strong> vulgar observaram atentamente, sondaram os recônditos desse mun<strong>do</strong><br />

misterioso, e reconheceram facilmente, nesses fatos estranhos, senão novos, um fim<br />

providencial da mais elevada ordem. Tu<strong>do</strong> mu<strong>do</strong>u de face quan<strong>do</strong> se soube que esses<br />

mesmos <strong>Espírito</strong>s não são outros que aqueles que viveram na Terra, e <strong>do</strong>s quais, em nossa<br />

morte, iremos aumentar o número; que não deixaram, neste mun<strong>do</strong>, senão seu envoltório<br />

grosseiro, como a lagarta deixa a sua crisálida para se tornar borboleta. Não pudemos disso<br />

duvidar, quan<strong>do</strong> vimos nossos parentes, nossos amigos, nossos contemporâneos virem<br />

conversar conosco, e nos darem as provas irrecusáveis de sua presença e de sua identidade.<br />

Consideran<strong>do</strong> as variedades, tão numerosas, que a Humanidade apresenta, sob o duplo<br />

ponto de vista intelectual e moral, e a multidão que, cada dia, emigra da Terra para o mun<strong>do</strong><br />

invisível repugna à razão crer que o estúpi<strong>do</strong> Samoie<strong>do</strong>, o feroz canibal, o vil criminoso,<br />

sofram na morte uma transformação que os coloque no nível <strong>do</strong> sábio e <strong>do</strong> homem de bem.<br />

Compreendeu-se, pois, que podia e devia haver <strong>Espírito</strong>s mais ou menos avança<strong>do</strong>s, e, desde<br />

então, foram explicadas, muito naturalmente, essas comunicações tão diferentes, das quais<br />

umas se elevam até o sublime, ao passo que outras se arrastam na poeira. Compreendeu-se<br />

melhor ainda quan<strong>do</strong>, deixan<strong>do</strong> de crer nosso pequeno grão de areia perdi<strong>do</strong> no espaço, o<br />

único habita<strong>do</strong> entre milhões de globos semelhantes, soube-se que, no Universo, não ocupa<br />

senão uma classe intermediária, vizinha <strong>do</strong> mais baixo escalão; que haveria, pois,<br />

conseqüentemente, seres mais avança<strong>do</strong>s que os mais avança<strong>do</strong>s entre nós, e outros ainda<br />

mais atrasa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que os nossos selvagens. Desde então, o horizonte intelectual e moral se<br />

estendeu, como ocorreu com o nosso horizonte terrestre quan<strong>do</strong> se descobriu a quarta e a<br />

quinta partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; a força e a majestade de Deus, ao mesmo tempo, se<br />

engrandeceram aos nossos olhos, <strong>do</strong> finito ao infinito. Desde então, também foram<br />

explicadas as contradições na linguagem <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s, porque compreendeu-se que, seres<br />

inferiores em to<strong>do</strong>s os pontos, não poderiam nem pensar e nem falar como seres superiores;<br />

que não poderiam, por conseqüência, nem tu<strong>do</strong> saber, nem tu<strong>do</strong> compreender, e que Deus<br />

deveria reservar unicamente aos seus eleitos o conhecimento <strong>do</strong>s mistérios que a ignorância<br />

não poderia alcançar.<br />

A escala espírita, segun<strong>do</strong> os próprios <strong>Espírito</strong>s e a observação <strong>do</strong>s fatos, nos dá, pois, a<br />

chave de todas as aparentes anomalias da linguagem <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s. É preciso, por hábito,<br />

chegar a conhecê-los, por assim dizer, à primeira vista, e poder lhes assinalar a classe<br />

segun<strong>do</strong> a natureza de suas manifestações; é preciso poder dizer, se necessário, a um que é<br />

mentiroso, a outro que é hipócrita, a este que é mau, àquele que é engraça<strong>do</strong>, etc., sem se<br />

deixar prender nem à sua arrogância, nem à sua fanfarrice, nem às suas ameaças, nem aos<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/08a-contradicoes.html (3 of 8)7/4/2004 08:15:50

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