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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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Correspondência<br />

Conto logo atravessar Paris, onde tenho tantos amigos para ver e tantas coisas a fazer; mas<br />

deixarei tu<strong>do</strong> para tentar ir vos apertar a mão.<br />

JOBARD<br />

Diretor <strong>do</strong> Museu Real da Indústria.<br />

Uma adesão tão limpa e tão franca, da parte de um homem <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> senhor Jobard é, sem<br />

contradita, uma preciosa conquista à qual aplaudirão to<strong>do</strong>s os partidários da Doutrina<br />

<strong>Espírita</strong>; todavia, na nossa opinião, aderir é pouca coisa; mas reconhecer, abertamente, que<br />

se enganou, abjurar idéias anteriores que se publicaram, e isso sem pressão e sem interesse,<br />

unicamente porque a verdade abriu caminho, está aí o que se pode chamar a verdadeira<br />

coragem de sua opinião, sobretu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se tem um nome popular. Agir assim é próprio<br />

<strong>do</strong>s grandes caracteres, os únicos que sabem se colocar acima <strong>do</strong>s preconceitos. To<strong>do</strong>s os<br />

homens podem se enganar; mas há grandeza em reconhecer os erros, ao passo que não há<br />

senão pequenez em perseverar numa opinião que se sabe falsa, unicamente para se dar, aos<br />

olhos <strong>do</strong> vulgo, um prestígio de infalibilidade; esse prestígio não poderia enganar a<br />

posteridade, que extirpa, sem piedade, to<strong>do</strong>s os ouropéis <strong>do</strong> orgulho; só ela cria as<br />

reputações; só ela tem o direito de inscrever, em seu templo: Este era, verdadeiramente,<br />

grande de espírito e de coração. Quantas vezes não escreveu também: Esse grande homem<br />

foi bem pequeno.<br />

Os elogios conti<strong>do</strong>s na carta <strong>do</strong> senhor Jobard nos teriam impedi<strong>do</strong> de publicá-la se fossem<br />

dirigi<strong>do</strong>s a nós pessoalmente; mas, como ele reconhece em nosso trabalho a obra <strong>do</strong>s<br />

<strong>Espírito</strong>s, <strong>do</strong>s quais não fomos senão muito modesto intérprete, to<strong>do</strong> mérito lhes pertence, e<br />

nossa modéstia nada tem a sofrer com uma comparação que não prova senão uma coisa:<br />

que esse livro não pode ter si<strong>do</strong> dita<strong>do</strong> senão por <strong>Espírito</strong>s de uma ordem superior.<br />

Responden<strong>do</strong> ao senhor Jobard, lhe havíamos pedi<strong>do</strong> autorização para publicarmos sua carta;<br />

ao mesmo tempo, estávamos encarrega<strong>do</strong>s, da parte da Sociedade Parisiense de Estu<strong>do</strong>s<br />

<strong>Espírita</strong>s, de lhe oferecer o titulo de membro honorário e de correspondente. Eis a resposta<br />

que achou por bem nos endereçar, e que estamos felizes em reproduzir:<br />

Bruxelles, 22 de junho de <strong>1858</strong>.<br />

Meu caro colega,<br />

Me perguntais, com espirituosas perífrases, se ousaria confessar publicamente minha crença<br />

nos <strong>Espírito</strong>s e nos Perispíritos, em vos autorizan<strong>do</strong> publicarem minhas cartas, e em<br />

aceitan<strong>do</strong> o título de correspondente da Academia <strong>do</strong> Espiritismo que fundastes, o que seria<br />

ter, como se disse, a coragem de sua opinião.<br />

Estou um pouco humilha<strong>do</strong>, vos confesso, por vos ver empregar, comigo, as mesmas<br />

fórmulas e os mesmos discursos que com os tolos, quan<strong>do</strong> deveis saber que toda a minha<br />

vida foi consagrada em sustentar a verdade, e em testemunhar em seu favor todas as vezes<br />

que a encontrava, seja em física, seja em metafísica. Sei que o papel <strong>do</strong> adepto das idéias<br />

novas não é sempre sem inconveniente, mesmo neste século de luzes, e que se pode ser<br />

ridiculariza<strong>do</strong> por dizer que é dia em pleno meio-dia, porque o menos que se arrisca é ser<br />

trata<strong>do</strong> de louco; mas como a Terra gira e que o pleno meio-dia brilhará para cada um, será<br />

bem preciso que os incrédulos se rendam à evidência. É tão natural ouvir negar a existência<br />

<strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s por aqueles que não o têm, quanto a existência da luz por aqueles que ainda<br />

estão priva<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus raios. Pode-se comunicar com eles? Aí está toda a questão. Vede e<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/07g-correspondencia.html (2 of 6)7/4/2004 08:15:38

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