Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Henri Martin - sua opinião sobre as comunicações extracorpóreas<br />
manifestaram não somente entre os contemplativos, mas entre os mais poderosos e os mais<br />
ativos gênios, entre a maioria <strong>do</strong>s grandes inicia<strong>do</strong>res; que, tão insensatos que sejam muitos<br />
extáticos, nada há de comum entre as divagações da loucura e as visões de alguns; que<br />
essas visões podem se reduzir a de certas leis; que os extáticos, de to<strong>do</strong>s os países e de<br />
to<strong>do</strong>s os séculos, tem aquilo que se pode chamar uma íngua comum, a íngua <strong>do</strong>s símbolos,<br />
da qual a língua da poesia não é senão um deriva<strong>do</strong>, língua que exprime com pouca diferença<br />
as mesmas idéias e os mesmos sentimentos pelas mesmas imagens.<br />
"É mais temerário, talvez, tentar concluir em nome da filosofia; todavia a filosofia, depois de<br />
ter reconheci<strong>do</strong> a importância moral desses fenômenos, tão obscuros que sejam para nós a<br />
lei e o objetivo, depois de ter neles distingui<strong>do</strong> <strong>do</strong>is graus, um, inferior, que não é senão uma<br />
extensão estranha ou um deslocamento inexplicável da ação de órgãos; o outro, superior,<br />
que é uma exaltação prodigiosa das forças morais e intelectuais; a filosofia poderia sustentar,<br />
ao que nos parece, que a ilusão de inspirá-la consiste em tomar por uma revelação trazida<br />
por seres exteriores, anjos, santos ou gênios, as revelações interiores dessa personalidade<br />
infinita que está em nós e que, às vezes, entre os melhores e os maiores, se manifesta por<br />
relâmpagos de forças latentes exceden<strong>do</strong>, quase sem medida, as faculdades da nossa<br />
condição atual. Em uma palavra, na língua da escola, estão aí para nós fatos de<br />
subjetividade; na língua das antigas filosofias místicas, e das religiões mais elevadas, são as<br />
revelações <strong>do</strong> ferouer masdeísta, <strong>do</strong> bom demônio (o de Sócrates), <strong>do</strong> anjo guardião, desse<br />
outro Eu que não é senão o Eu eterno, em plena posse de si mesmo, planan<strong>do</strong> sobre o eu<br />
envolvi<strong>do</strong> nas sombras desta vida (é a figura <strong>do</strong> magnífico símbolo Zoroastriano figura<strong>do</strong> por<br />
toda parte em Persépolis e em Ninive; o ferouer ala<strong>do</strong> ou o eu celeste planan<strong>do</strong> sobre a<br />
pessoa terrestre.)<br />
"Negar a ação de seres exteriores sobre o inspira<strong>do</strong>, não ver em suas supostas manifestações<br />
senão a forma dada às intuições <strong>do</strong> extático pelas crenças de seu tempo e de seu país,<br />
procurar a solução <strong>do</strong> problema nas profundezas da pessoa humana, isso não é de nenhum<br />
mo<strong>do</strong> colocar em dúvida a intervenção divina nesses grandes fenômenos e nessas grandes<br />
existências. O autor e o sustentáculo de toda a vida, por essencialmente independente que<br />
seja de cada criatura e de toda a criação, por distinto que seja <strong>do</strong> nosso ser contingente sua<br />
personalidade absoluta, não é um ser exterior, quer dizer, estranho a nós, e não é de fora<br />
que nos fala; quan<strong>do</strong> a alma mergulha em si mesma, ela o encontra, e, em toda inspiração<br />
saudável, nossa liberdade se associa à sua previdência. É preciso, aqui como em toda parte,<br />
o duplo obstáculo da incredulidade e da piedade mal esclarecida: uma não vê senão ilusões e<br />
senão impulsos puramente humanos; a outra recusa admitir qualquer parte de ilusão, de<br />
ignorância ou de imperfeição ali onde vê o de<strong>do</strong> de Deus. Como se os envia<strong>do</strong>s de Deus<br />
deixassem de ser homens, os homens de um certo tempo e de um certo lugar, e como se os<br />
relâmpagos sublimes que lhe atravessam a alma nela colocam a ciência universal e a<br />
perfeição absoluta. Nas inspirações mais evidentemente providenciais, os erros que vêm <strong>do</strong><br />
homem se misturam à verdade que vem de Deus. O Ser infalível não comunica sua<br />
infalibilidade a ninguém.<br />
"Não pensamos que esta digressão possa parecer supérflua; devíamos nos pronunciar sobre o<br />
caráter e sobre a obra daquela das inspiradas que testemunhou, no mais alto grau, as<br />
faculdades extraordinárias de que falamos a toda hora, e que as aplicou na mais brilhante<br />
missão das idades modernas; seria preciso, pois, tentar exprimir uma opinião quanto à<br />
categoria de seres especiais à qual pertence Jeanne d'Arc."<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/06g-henri-martin.html (2 of 2)7/4/2004 08:15:10