02.05.2014 Views

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Henri Martin - sua opinião sobre as comunicações extracorpóreas<br />

manifestaram não somente entre os contemplativos, mas entre os mais poderosos e os mais<br />

ativos gênios, entre a maioria <strong>do</strong>s grandes inicia<strong>do</strong>res; que, tão insensatos que sejam muitos<br />

extáticos, nada há de comum entre as divagações da loucura e as visões de alguns; que<br />

essas visões podem se reduzir a de certas leis; que os extáticos, de to<strong>do</strong>s os países e de<br />

to<strong>do</strong>s os séculos, tem aquilo que se pode chamar uma íngua comum, a íngua <strong>do</strong>s símbolos,<br />

da qual a língua da poesia não é senão um deriva<strong>do</strong>, língua que exprime com pouca diferença<br />

as mesmas idéias e os mesmos sentimentos pelas mesmas imagens.<br />

"É mais temerário, talvez, tentar concluir em nome da filosofia; todavia a filosofia, depois de<br />

ter reconheci<strong>do</strong> a importância moral desses fenômenos, tão obscuros que sejam para nós a<br />

lei e o objetivo, depois de ter neles distingui<strong>do</strong> <strong>do</strong>is graus, um, inferior, que não é senão uma<br />

extensão estranha ou um deslocamento inexplicável da ação de órgãos; o outro, superior,<br />

que é uma exaltação prodigiosa das forças morais e intelectuais; a filosofia poderia sustentar,<br />

ao que nos parece, que a ilusão de inspirá-la consiste em tomar por uma revelação trazida<br />

por seres exteriores, anjos, santos ou gênios, as revelações interiores dessa personalidade<br />

infinita que está em nós e que, às vezes, entre os melhores e os maiores, se manifesta por<br />

relâmpagos de forças latentes exceden<strong>do</strong>, quase sem medida, as faculdades da nossa<br />

condição atual. Em uma palavra, na língua da escola, estão aí para nós fatos de<br />

subjetividade; na língua das antigas filosofias místicas, e das religiões mais elevadas, são as<br />

revelações <strong>do</strong> ferouer masdeísta, <strong>do</strong> bom demônio (o de Sócrates), <strong>do</strong> anjo guardião, desse<br />

outro Eu que não é senão o Eu eterno, em plena posse de si mesmo, planan<strong>do</strong> sobre o eu<br />

envolvi<strong>do</strong> nas sombras desta vida (é a figura <strong>do</strong> magnífico símbolo Zoroastriano figura<strong>do</strong> por<br />

toda parte em Persépolis e em Ninive; o ferouer ala<strong>do</strong> ou o eu celeste planan<strong>do</strong> sobre a<br />

pessoa terrestre.)<br />

"Negar a ação de seres exteriores sobre o inspira<strong>do</strong>, não ver em suas supostas manifestações<br />

senão a forma dada às intuições <strong>do</strong> extático pelas crenças de seu tempo e de seu país,<br />

procurar a solução <strong>do</strong> problema nas profundezas da pessoa humana, isso não é de nenhum<br />

mo<strong>do</strong> colocar em dúvida a intervenção divina nesses grandes fenômenos e nessas grandes<br />

existências. O autor e o sustentáculo de toda a vida, por essencialmente independente que<br />

seja de cada criatura e de toda a criação, por distinto que seja <strong>do</strong> nosso ser contingente sua<br />

personalidade absoluta, não é um ser exterior, quer dizer, estranho a nós, e não é de fora<br />

que nos fala; quan<strong>do</strong> a alma mergulha em si mesma, ela o encontra, e, em toda inspiração<br />

saudável, nossa liberdade se associa à sua previdência. É preciso, aqui como em toda parte,<br />

o duplo obstáculo da incredulidade e da piedade mal esclarecida: uma não vê senão ilusões e<br />

senão impulsos puramente humanos; a outra recusa admitir qualquer parte de ilusão, de<br />

ignorância ou de imperfeição ali onde vê o de<strong>do</strong> de Deus. Como se os envia<strong>do</strong>s de Deus<br />

deixassem de ser homens, os homens de um certo tempo e de um certo lugar, e como se os<br />

relâmpagos sublimes que lhe atravessam a alma nela colocam a ciência universal e a<br />

perfeição absoluta. Nas inspirações mais evidentemente providenciais, os erros que vêm <strong>do</strong><br />

homem se misturam à verdade que vem de Deus. O Ser infalível não comunica sua<br />

infalibilidade a ninguém.<br />

"Não pensamos que esta digressão possa parecer supérflua; devíamos nos pronunciar sobre o<br />

caráter e sobre a obra daquela das inspiradas que testemunhou, no mais alto grau, as<br />

faculdades extraordinárias de que falamos a toda hora, e que as aplicou na mais brilhante<br />

missão das idades modernas; seria preciso, pois, tentar exprimir uma opinião quanto à<br />

categoria de seres especiais à qual pertence Jeanne d'Arc."<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/06g-henri-martin.html (2 of 2)7/4/2004 08:15:10

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!