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Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito

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O suicida de Samaritana<br />

um ferro em brasa na ferida que sangra.<br />

8. Desejais dizer-nos vosso nome, vossa idade, vossa profissão, vosso <strong>do</strong>micílio? - R. Não... A<br />

tu<strong>do</strong>: não...<br />

9. Tínheis uma família, uma mulher, filhos? - R. Estava aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>; nenhum ser me amava.<br />

10. Que fizestes para não ser ama<strong>do</strong> por ninguém? - R. Quantos são como eu!... Um homem<br />

pode ser aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> no seio de sua família, quan<strong>do</strong> nenhum coração o ame.<br />

11. No momento de consumar vosso suicídio, não experimentastes nenhuma hesitação? - R.<br />

Tinha sede da morte... esperava o repouso.<br />

12. Como o pensamento <strong>do</strong> futuro não vos fez renunciar ao vosso projeto? - R. Nele não<br />

acreditava mais; estava sem esperança. O futuro é a esperança.<br />

13. Que reflexões fizestes no momento em que sentistes a vida se extinguir em vós? - R. Não<br />

refleti; senti... Minha vida não está extinta... minha alma está ligada ao meu corpo... Sinto os<br />

vermes que me roem.<br />

14. Que sentimento experimentastes no momento em que a morte se completou? - R. Ela se<br />

completou?<br />

15. O momento em que a vida se extinguiu vos foi <strong>do</strong>loroso? -R. Menos <strong>do</strong>loroso <strong>do</strong> que<br />

depois. Só o corpo sofreu. - São Luís continuou: O <strong>Espírito</strong> se descarregou de um far<strong>do</strong> que o<br />

oprimia; sentiu a volúpia da <strong>do</strong>r. (A São Luís.) Esse esta<strong>do</strong> é sempre a conseqüência <strong>do</strong><br />

suicídio? - R. Sim; o <strong>Espírito</strong> <strong>do</strong> suicida fica liga<strong>do</strong> ao seu corpo até o termo de sua vida. A<br />

morte natural é o enfraquecimento da vida: o suicida a quebra inteiramente.<br />

16. Esse esta<strong>do</strong> é o mesmo de toda morte acidental independente da vontade, e que abrevia<br />

a duração natural da vida? - R. Não. Que entendeis pelo suicídio? O <strong>Espírito</strong> não é culpável<br />

senão por suas obras.<br />

Nota.- Havíamos prepara<strong>do</strong> uma série de perguntas que nos propúnhamos dirigir ao <strong>Espírito</strong><br />

desse homem sobre a sua nova existência; em presença dessas respostas, tornaram-se sem<br />

objeto; estava evidente para nós que ele não tinha nenhuma consciência de sua situação;<br />

seu sofrimento era a única coisa que poderia nos descrever.<br />

Essa dúvida da morte é muito comum entre as pessoas falecidas há pouco, e, sobretu<strong>do</strong>,<br />

naqueles que, durante sua vida, não elevaram sua alma acima da matéria. É um fenômeno<br />

bizarro à primeira vista, mas que se explica muito naturalmente. Se a um indivíduo posto em<br />

sonambulismo pela primeira vez, perguntar-se se ele <strong>do</strong>rme, responderá quase sempre que<br />

não, e essa resposta é lógica: foi o interroga<strong>do</strong>r que colocou mal a pergunta em se servin<strong>do</strong><br />

de uma palavra imprópria. A idéia de sono, em nossa linguagem usual, está ligada à da<br />

suspensão de todas as nossas faculdades sensitivas; ora, o sonâmbulo que pensa e vê, que<br />

tem consciência de sua liberdade moral, não crê <strong>do</strong>rmir e, com efeito, não <strong>do</strong>rme, na acepção<br />

vulgar da palavra. Por isso, responderá não até que esteja familiariza<strong>do</strong> com essa nova<br />

maneira de entender as coisas. Ocorre o mesmo no homem que vem de morrer, para ele a<br />

morte era o nada; ora, igual ao sonâmbulo, ele vê, sente, fala; para ele, pois, não é a morte,<br />

e o dirá até que haja adquiri<strong>do</strong> a intuição de seu novo esta<strong>do</strong>.<br />

http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/06e-o-suicida-de-samaritana.html (2 of 2)7/4/2004 08:15:04

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