Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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O <strong>Espírito</strong> bate<strong>do</strong>r de Bergzabem<br />
bati<strong>do</strong>s contra a parede, perto <strong>do</strong> leito. Às perguntas feitas, os mesmos golpes respondiam<br />
como de hábito, alternan<strong>do</strong>-se sempre com a arranhadura. Os fatos seguintes, não menos<br />
curiosos, foram muitas vezes reproduzi<strong>do</strong>s.<br />
Quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> ruí<strong>do</strong> havia cessa<strong>do</strong> e a jovem repousava tranqüilamente em sua pequena<br />
cama, freqüentemente era vista prosternar-se de repente e juntar as mãos, ten<strong>do</strong> os olhos<br />
fecha<strong>do</strong>s; depois virava a cabeça para to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s, ora à direita ora à esquerda, como se<br />
alguma coisa extraordinária houvesse atraí<strong>do</strong> sua atenção. Um sorriso amável, então, corria<br />
sobre os seus lábios; dir-se-ia que ela se dirigia a alguém; estendia as mãos, e, nesse gesto,<br />
compreendia-se que apertava as de alguns amigos ou conheci<strong>do</strong>s. Foi vista, também, depois<br />
de semelhantes cenas, retomar a sua primeira atitude suplicante, juntar de novo as mãos,<br />
curvar a cabeça até tocar a coberta, depois se endireitar e verter lágrimas. Suspirava então e<br />
parecia orar com um grande fervor. Nesses momentos, sua figura estava transformada; era<br />
pálida e tinha a expressão de uma mulher de 24 a 25 anos. Esse esta<strong>do</strong> durava,<br />
freqüentemente, mais de meia hora, esta<strong>do</strong> durante o qual ela não pronunciava senão ah!<br />
ah! Os golpes, a arranhadura, o zumbi<strong>do</strong> e os gritos cessavam até o momento <strong>do</strong> despertar;<br />
então o bate<strong>do</strong>r se fazia ouvir de novo, procuran<strong>do</strong> a execução de música alegre para dissipar<br />
a penosa impressão produzida sobre a assistência. Ao despertar, a criança estava muito<br />
abatida; podia com dificuldade levantar os braços, e os objetos que se lhe apresentava, não<br />
permaneciam mais suspensos de seus de<strong>do</strong>s.<br />
Curiosos em conhecerem o que ela havia experimenta<strong>do</strong>, a interrogaram várias vezes. Não<br />
foi senão sob reiteradas instâncias que ela se decidiu a dizer que havia visto conduzir e<br />
crucificar o Cristo, no Gólgota; que a <strong>do</strong>r das santas mulheres prosternadas ao pé da cruz, e<br />
a crucificacão haviam produzi<strong>do</strong> sobre ela uma impressão que não podia reproduzir. Havia<br />
visto também uma multidão de mulheres, e de jovens virgens em roupas negras, e pessoas<br />
jovens em longas roupas brancas, percorrerem processionalmente as ruas de uma bela<br />
cidade, e, enfim, se achou transportada para uma vasta igreja onde havia assisti<strong>do</strong> a um<br />
serviço fúnebre.<br />
Em pouco tempo o esta<strong>do</strong> de Philippine Senger muda de mo<strong>do</strong> a dar inquietação sobre a sua<br />
saúde, porque no esta<strong>do</strong> de vigília ela divagava e sonhava em voz alta; não reconhecia nem<br />
seu pai, nem sua mãe, nem sua irmã, nem qualquer outra pessoa, e esse esta<strong>do</strong> vinha ainda<br />
agravar-se com uma surdez completa, que persistia durante quinze dias. Não podemos<br />
passar em silêncio o que ocorreu durante esse lapso de tempo.<br />
A surdez de Philippine se manifestava <strong>do</strong> meio-dia às três horas, e ela mesma declarou que<br />
permanecerá surda durante um certo tempo e que cairá enferma. O que há de singular, é<br />
que, às vezes, ela recobrava o ouvi<strong>do</strong> durante uma meia hora, com o que se mostrava feliz.<br />
Ela mesma predizia o momento em que a surdez deveria tomá-la e deixá-la. Uma vez entre<br />
outras, anunciou que à noite, às oito horas e meia, ela ouviria claramente durante uma meia<br />
hora; com efeito, na hora dita, seu ouvi<strong>do</strong> havia volta<strong>do</strong>, e isso durou até as nove horas.<br />
Durante sua surdez, seus traços estavam muda<strong>do</strong>s; seu rosto tomava uma expressão de<br />
estupidez, que perdia logo que reentrava em seu esta<strong>do</strong> normal. Nada, então, fazia<br />
impressão sobre ela; mantinha-se sentada, olhan<strong>do</strong> as pessoas presentes com um olhar fixo<br />
e sem reconhecê-las. Não se podia fazer compreender senão por sinais aos quais, com<br />
freqüência, não respondia, limitan<strong>do</strong>-se a fixar os olhos sobre aquele que lhe dirigia a<br />
palavra. Uma vez agarrou, de repente, pelo braço, uma das pessoas presentes e lhe disse,<br />
empurran<strong>do</strong>-a: Quem és, pois? Nessa situação, permanecia, algumas vezes, mais de uma<br />
hora e meia imóvel em sua cama. Seus olhos estavam meio abertos e para<strong>do</strong>s sobre um<br />
ponto qualquer, de tempo em tempo viravam à direita e à esquerda, depois retornavam ao<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/06b-o-espirito-bate<strong>do</strong>r.html (5 of 7)7/4/2004 08:14:50