Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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O <strong>Espírito</strong> bate<strong>do</strong>r de Bergzabem<br />
advertência era tão positiva que ninguém, no futuro, a esqueceu.<br />
Depois de algum tempo, ao ruí<strong>do</strong> e à arranhadura se juntou um zumbi<strong>do</strong> que se pode<br />
comparar ao som produzi<strong>do</strong> por uma grossa corda de baixo; um certo silvo se misturava a<br />
esse zumbi<strong>do</strong>. Se alguém pedisse uma marcha ou uma dança, seu desejo era satisfeito: o<br />
músico invisível se mostrava muito complacente. Com a ajuda da arranhadura, chama<br />
nominalmente as pessoas da casa ou os estranhos presentes; estes compreendem facilmente<br />
a quem se dirige. Ao chama<strong>do</strong> pela arranhadura, a pessoa designada responde sim, Para dar<br />
a entender que sabe que se trata dela; então executa, em intenção, um trecho de música que<br />
dá, às vezes, lugar a cenas agradáveis. Se uma outra pessoa, que aquela chamada,<br />
respondesse sim, a arranhadura faria compreender, por um não, expresso à sua maneira,<br />
que não tinha nada a dizer-lhe para o momento. Foi na noite de 10 de novembro que esses<br />
fatos se produziram pela primeira vez, e continuaram a se manifestar até este dia.<br />
Eis agora como o espírito bate<strong>do</strong>r procedia para designar as pessoas. Depois de várias noites,<br />
notou-se que aos diversos convites para fazer tal ou tal coisa, ele respondia por um golpe<br />
seco ou por uma arranhadura prolongada. Logo que o golpe seco era da<strong>do</strong>, o bate<strong>do</strong>r<br />
começava a executar o que se desejava dele; quan<strong>do</strong>, ao contrário, ele arranhava, não<br />
satisfazia o pedi<strong>do</strong>. Um medico teve, então, a idéia de tomar por um sim o primeiro ruí<strong>do</strong>, e o<br />
segun<strong>do</strong> por um não, e, desde então, essa interpretação foi sempre confirmada. <strong>Ano</strong>tou-se,<br />
também, que por uma série de arranhaduras mais ou menos fortes, o espírito exigia certas<br />
coisas das pessoas presentes. A força de atenção, e anotan<strong>do</strong> a maneira pela qual o ruí<strong>do</strong> se<br />
produzia, pôde-se compreender a intenção <strong>do</strong> bate<strong>do</strong>r. Assim, por exemplo, o pai Senger<br />
contou que pela manhã, ao romper <strong>do</strong> dia, ouvia ruí<strong>do</strong>s modula<strong>do</strong>s de um certo mo<strong>do</strong>; sem<br />
ligar-lhes primeiro nenhum senti<strong>do</strong>, notou que não cessavam senão quan<strong>do</strong> estava fora da<br />
cama, de onde compreendeu que significavam: Levanta-te. Foi assim que, pouco a pouco,<br />
familiarizou-se com essa linguagem, e que por certos sinais as pessoas designadas puderam<br />
se reconhecer.<br />
Chegou o aniversário <strong>do</strong> dia em que o espírito bate<strong>do</strong>r havia se manifesta<strong>do</strong> pela primeira<br />
vez; numerosas mudanças se operam no esta<strong>do</strong> de Philippine Senger. Os golpes, a<br />
arranhadura e o zumbi<strong>do</strong> continuaram, mas a todas essas manifestações se juntou um grito<br />
particular que se assemelhava ora ao de um ganso, ora ao de um papagaio ou de qualquer<br />
outra grande ave; ao mesmo tempo ouvia-se uma espécie de picada contra a parede,<br />
semelhante ao ruí<strong>do</strong> que faria um pássaro bican<strong>do</strong>. Nessa época, Philippine Senger falava<br />
muito durante seu sono, e parecia, sobretu<strong>do</strong>, preocupada com um certo animal que se<br />
assemelhava a um papagaio, manten<strong>do</strong>-se ao pé da cama, gritan<strong>do</strong> e dan<strong>do</strong> bicadas contra a<br />
parede. Ao desejo de ouvir o papagaio gritar, este lançava gritos penetrantes. Colocaram-se<br />
diversas perguntas às quais fez responder por gritos <strong>do</strong> mesmo gênero; várias pessoas lhe<br />
mandaram dizer: Kakatoés, e ouviu-se, muito distintamente, a palavra Kakatoés, como se<br />
tivesse si<strong>do</strong> pronunciada pelo próprio pássaro. Silenciaremos os fatos menos interessantes, e<br />
nos limitaremos a narrar o que houve de mais notável sob o aspecto das mudanças<br />
sobrevindas no esta<strong>do</strong> corporal da jovem.<br />
Algum tempo antes <strong>do</strong> Natal, as manifestações se renovaram com mais energia; os golpes e<br />
a arranhadura tomaram-se mais violentos e prolongaram-se por mais longo tempo.<br />
Philippine, mais agitada que de costume, pedia, com freqüência, não mais <strong>do</strong>rmir em sua<br />
cama, mas na de seus pais; ela rolava na sua gritan<strong>do</strong>: Não posso mais permanecer aqui;<br />
vou sufocar, socorro! e sua calma não retornava senão quan<strong>do</strong> era transportada para outra<br />
cama. Logo que ali se encontrava, pancadas muito fortes se faziam ouvir no alto; pareciam<br />
partir de um celeiro, como se um carpinteiro tivesse bati<strong>do</strong> sobre vigas, sen<strong>do</strong> mesmo,<br />
algumas vezes, tão vigorosas que a casa era abalada, que as janelas vibravam, e que as<br />
pessoas presentes sentiam o solo tremer sob seus pés; golpes semelhantes eram igualmente<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/06b-o-espirito-bate<strong>do</strong>r.html (4 of 7)7/4/2004 08:14:50